quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Por Amor X

Deixemos... – falou o delegado.
   - Alô! – Luiza – tente manter o maior tempo possível na ligação. – sussurrou o delegado.
   - Espero que tenha visto o vídeo.
   - Devolva Larissa vamos pagar.
   - Ótimo. Se eu sentir cheiro de cana envolvido eu arranco os olhos dela e mando para vocês.
   - Não a machuquem. – se desesperou Luiza.
   - Entrarei em contato para dizer quando e onde pagar.
Desligou.
   - Saiam daqui, saiam daqui – gritou Luiza – se eles souberem que vocês estão aqui vão matá-la.
   - Senhora...
Luiza foi para cima do delegado o puxando pelo palito.
   - Eles vão arrancar os olhos dela, saiam.
            Luiza estava muito assustada, o delegado entendeu, Duda tentava acalmar a mulher, essa altura Sr. Augusto e dona Laura estavam dopados. A polícia tentava descobrir de onde tinha vindo à chamada.
    - Vamos dar o que eles querem. – informou Maria Eduarda, não queremos a polícia envolvida mais, esse tempo todo vocês não fizeram nada, agora vai ser do nosso jeito.
   - As coisas não são bem assim – Henrique interveio era primo de Larissa mais também policial.
   - Localizamos!
 Antes de uma discussão começa o técnico informou.
    - A ligação foi originada do estado do Rio de Janeiro.
 O delegado começou a agir.
 Na manhã seguinte para surpresa da própria polícia o vídeo vazou na internet a população cobrava justiça.
    - Como isso foi acontecer – gritava o delegado andando de um lado para o outro contra seus subordinados. Quero saber quem colocou aquele vídeo na internet agora. – gritou.
           Larissa passou dois dias naquela cadeira amarrada, não era alimentada, a cada hora levava um banho de água de gelo, as roupas molhada, sua fraqueza já davam sinal de pneumonia. Alicia parecia inquieta na velha rede onde estava deitada, parecia procurar uma posição boa, movimentava-se de um lado para o outro, estava na verdade tendo um pesadelo há dois dias era proibida de ver a mulher, acordou com os gemidos dela. Levantou ainda meio assustada, foi até a porta do quarto, tentou abrir, mas estava trancada, ordenou que abrissem a porta, apesar de estar um pouco relutante, Lobo abriu. Alicia encontrou a morena tremendo, seu corpo queimava, estava delirando. A loirinha não sabia o que fazer Lobo se recusava a ajudar.
    - Meu Deus!- se apavorou. – precisamos...
   - Não precisamos nada, a deixa morrer de uma vez, quero ir para casa – resmungou.
   - Se ela morrer eu te mato Lobo, juro que te mato. – enfrentou o homem.
   - Você não mata nem uma mosca. – debochou.
   - Você tem razão eu não mato, mas o Raul quando chegar aqui e ver essa mulher morta morre nos dois. – alertou. – ele a quer viva.
 Mesmo resmungando Lobo se levantou do sofá e foi até o quarto.
    - O que quer que faça, nem sonhe em tirá-la daqui.
                                                                                      
   - Precisamos dá banho frio só assim pra baixar a febre.
 Lobo gostou da idéia pegou um balde de água e jogou em cima de Larissa, que passou a tremer ainda mais.
   - Olha ai – gargalhou o homem cruelmente.
   - Seu imbecil. – Alicia foi pra cima dele. Começou a batê-lo.
   - Você tem sorte de ser mulher dele. – falou saindo do quarto.
Alicia o acompanhou.
   - Vem cá. – Alicia chamou Zé que fazia segurança da porta do quarto – preciso que a leve até o banheiro - ele pegou Larissa no colo.
Lobo observava de longe.
   - Se não quiser ficar mal com Raul trate de colocar um colchão decente naquele quarto e lençóis limpos. – ordenou.
   - E onde vou arrumar, acha que aqui é hotel é? – ironizou.
   - Tires os seus. – Alicia saiu.
            Lobo fingiu que não escutou, porém sabia do quanto Ruth era manipuladora se falasse mal dele para Raul, era bem capaz de ficar mal com ele, acabou acatando a ordem da mulher.
Alicia tirou as roupas de Larissa, Zé lhe ajudava.
    - Que está olhando. – ela percebeu o olhar de cobiça do homem diante do corpo nu da mulher. – se não quiser que eu arranque seus olhos sugiro olhar pro outro lado.
           O homem ficou de cara feia, Alicia mandou esperar lá fora. Larissa estava sentada numa cadeira debaixo do chuveiro, não reagia a nada, a loirinha murmurava em seu ouvido que tudo ficaria bem, Larissa balbuciava palavras sem nexo, chamou muitas vezes pelo pai e pela mãe.
   - Me tira daqui... – sussurrou. – me tira daqui. Eu não agüento mais...
 Alicia buscou os olhos antes negros e brilhantes, mas encontrou um cinzento, mórbidos...
    - Se eu tirar você daqui, ele mata meu filho.
           Suas palavras saíram triste. Larissa, apesar de fraca, continuava ciente. Sabia definir o que estava ocorrendo ao seu redor, não entendeu o que Alicia quis dizer com aquilo. Não conseguiu dizer mais nada depois daquilo, a loirinha lhe deu um banho demorado, lavou cada centímetro do corpo agora magro e fraco. Depois de tudo, a envolveu em uma toalha e a ajudou a voltar para quarto. Larissa cambaleava não se surpreendeu ao ver no canto esquerdo do quarto um colchão novo e lençóis limpos. Deitou a morena que se encolheu toda, estava com frio.
    - Espera que vou buscar uma roupa. – beijou sua testa e saiu do quarto, não viu que Lobo estava atrás da porta, se aproximou da morena, a toalha deixava a mostra o par de coxas definidas da promotora, apesar de ter perdido peso, a mulher continuava irresistível. O homem não resistiu, tocou o corpo dela, era possível ver o desejo em seus olhos, logo lhe arrancou a toalha, Larissa estava tão fraca que nem ao menos conseguia lutar contra as investidas do criminoso. Alicia, já estava na porta do quarto, seu corpo ficou inerte ao ver a cena macabra a sua frente. Lobo estava em cima do corpo nu de Larissa, beijava seu pescoço, suas mãos acariciavam as coxas, Alicia entrou no quarto, pegou a primeira coisa que viu em sua frente, um pedaço de madeira e bateu nas costas do homem que arqueou de dor. Xingando a mulher de tudo que era nome.
    - Não faça isso. – alertou inclinando o pedaço de pau como fosse machucá-lo mais uma vez.
   - Até que ela é gostosa. – falou se levantando.
    Larissa encarou a lourinha com os olhos aflitos, não tinha força para se defender.
    - Se tocar nela, vou contar para o Raul. Pior vou dizer que você me tocou também. – Alicia pensou rápido precisava fazer o homem recuar.
            Lobo saiu de cima de Larissa nos pulos, encarou Alicia, não pensou duas vezes em sair do quarto. A morena ainda delirava, pedia por ajudava, chorava... O coração de Alicia estava partido, ver a mulher que amava naquela situação era um tormento, um verdadeiro castigo. Pior sabia que tinha uma grande porcentagem de culpa sobre todo aquele sofrimento, aproximou-se da mulher que tentava se afastar, seu corpo tremia, estava com medo, Alicia a abraçou:
    - Não irei deixa que nada ruim te aconteça... – Alicia a abraçou com carinho. Larissa chorava muito seu corpo tremia. – não vou deixar nada te acontecer... Alicia a beijou com carinho, um beijo demorado, com o sabor salgado das lágrimas de ambas.
   – Porque você... – falava Larissa nos lábios de Alicia, entristecendo ainda mais. Alicia se afastou um pouco, levantou o queixo da mulher, procurou seus olhos – fiz isso por amor a meu filho, você não entende agora, mais um dia vai entender. Não contava que fosse me apaixonar por você Larissa, eu te amo mesmo que não acredite. Eu te amo. – ela levou os lábios no ouvido da morena – você foi à única pessoa que já amei na vida. A única pessoa que me tocou além do Raul.
Depois daquela revelação passaram-se longos minutos em silêncios até que a lourinha falou.
   - Vou busca algo para você comer. – ela se levantou.
          Na verdade Alicia precisava fugir daquele olhar quer a matava por dentro. Voltou meia hora depois, trouxe uma canja, não houve dificuldade para morena se alimentar. Ela tomou tudo depois tomou um copo de suco de laranja, a lourinha observava penalizada. Larissa se encolheu no colchão, sua mente fervilhava, as palavras de Alicia viajavam em sua cabeça, sentiu uma imensa vontade de chorar.
    - Raul é pai do meu filho – Alicia quebrou aquele silêncio, não podia mais se calar - somos casados há seis anos – continuou sua voz saia baixa, porém bastante clara - ele não conhece o filho. Quando fugir pela primeira vez, nem sabia que estava grávida. Soube mês depois. Fiquei surpresa, de início sentir raiva de mim mesma, mais logo que minha barriga foi crescendo percebi que estava tendo a oportunidade te ter uma vida de verdade, as coisas foram muito difíceis. Tive que me separar do meu filho quando ele ainda mamava; mas não me arrependo, fiz o que considero melhor para ele – Alicia procurou o olhar de Larissa mais não o encontrou – nada do que eu possa lhe dizer pode aliviar seu sofrimento. Fiz escolhas ruins em minha vida, deixei que o dinheiro me cegasse, mais há muitas coisas por debaixo dessa capa – ela falou referente ao seu corpo – o Vinicius meu filho tem o direito de ter uma vida diferente da minha e do pai dele. Ele é uma criança inocente, não tem culpa de sua genética, hoje sua segurança está ameaçada. Tentei sair desse jogo mais foi tarde de mais, hoje não é apenas minha vida que está em jogo, mais a vida daquela criança também. Sinto muito, Deus sabe o quanto sinto muito.
    - Sente muito. - Larissa a encarou. – parecendo não acreditar no que acabara de ouvir.
   - Ele me ameaçou. Sei que me odeia e mereço seu ódio, mais a única coisa que quero é ver meu menino bem. – ela começou a chorar. – eu o amo, você nunca vai entender Larissa, porque você nunca teve um filho, mais eu o amo, se qualquer coisa ruim acontecer com ele serei a culpada. Eu te amo Lary...
   - Por mais que você me explique, eu nunca vou conseguir entender. E que amor é esse capaz de causar tanto sofrimento a quem só te deu amor, carinho... Diga-me, que amor é esse? – Larissa mantinha um tom de voz calmo, queria respostas e queria tê-las naquele momento, Alicia permaneceu calada, as lágrimas já invadiam sua face de forma indesejada. - Não pense que suas lágrimas vão me comover. – Larissa se levantou com certa dificuldade.
   - Eu nunca quis te fazer mal... Não esperava que fosse me apaixonar por você...
   - Mas fez Ruth, você não imagina o mal que me causou. Você não imagina – sua voz expressava nada além de tristeza e decepção - Como você pode falar em paixão, em amor? Tudo que eu vivi com você não passou de uma farsa, de uma mentira... – Larissa estava perdendo o controle, segurou Alicia pelos braços, estava fraca, se quisesse a loirinha poderia ter se livrado, mas tudo que ela queria era sentir novamente o toque da morena. Mesmo que fosse daquela forma. Larissa a sacudia. Queria respostas em meio aquilo tudo. Os corpos se uniram um meio abraço. Um movimento involuntário, os braços de Alicia envolveram a cintura da morena grudou os lábios no ouvido da mulher...
    - Você foi única na minha vida. Verdadeiramente a única pessoa a quem eu quis amar... A única que eu realmente amei. Você me teve por completo em seus braços Lary, e por mais que me odeia, você sabe disso – Larissa tentou não se abalar com as palavras da loirinha, mas era impossível. Apesar de tudo ainda sentia muito amor por aquela mulher, não entendia o que estava acontecendo e naquele momento não quis entender, apenas queria sentir um pouco mais seu corpo, seu cheiro, seu toque.
Mas não duraram muito, mesmo estando completamente envolvidas pela circunstância, as lembranças vieram fortes, depois as dúvidas, infinitas dúvidas, dolorosas dúvidas. Como saber que ela não estava mentindo. Pensou em gritar, queria ofendê-la, mas apenas foi se afastando vagarosamente se desvinculou dos seus abraços. Alicia entendeu o que ela queria dizer com aquele gesto, não podia culpá-la. Seguiu para a porta.
    - Tudo que eu fiz se antes foi por dinheiro hoje é por amor, amor a vida do meu filho Larissa, meu filho! – as lágrimas ainda deslizavam pelo rosto de Alicia quando ela saiu do quarto, deixando a promotora perplexa e completamente confusa, mil coisas começaram a passar por sua cabeça, tentava analisar a situação, mas não conseguia chegar a uma explicação concreta. Sentiu-se tonta, voltou a sentar no colchão, não conseguiu mais dormir.                                                                                                                                                              
    O dia amanheceu frio, já não chovia. Por volta das 10h00 Raul chegou de mau humor como sempre.  
   - E como foram as coisas por aqui? – Lobo parecia meio receoso – To esperando... Fala. – o capanga contou tudo que havia se passado, Raul que já não estava em seus melhores dias, ficou ainda mais furioso ao saber que Alicia havia passado a noite com a promotora.                                                    
   - A vadia ta bem agora... Talvez se ela não tivesse cuidado já estaria até morta. As duas passaram a noite juntas. A galega saiu do quarto quase de manhã. – a cada palavra que o homem dizia, o sangue de Raul fervilhava em suas veias. Deixou Lobo falando sozinho e caminhou até a cozinha, onde Alicia comia um pedaço de pão. A loirinha se assustou ao vê-lo parado na porta.
   - Por que está me olhando assim? – encarou o olhar frio do ex-amante. 
   - Quer dizer que você passou a noite com a vagabunda? - sua voz era assustadoramente calma.
   - Você devia me agradecer por não deixá-la morrer. – falou Alicia fingindo indiferença, embora por dentro estivesse entrando em pavor.
           Raul encarava Alicia sem piscar, sem dizer uma só palavra sua cabeça fervilhava, a única coisa que conseguia lembrar naquele momento era as insinuações de Beto, afirmando que Alicia havia se apaixonado pela promotora. Seu sangue ferveu, aquilo jamais iria tolerar. A loirinha sentiu a mão de Raul tocar-lhe o ombro, iniciando um carinho aproximou-se um pouco mais, os corpos já estavam colados, Alicia sentiu um embrulho no estômago não conseguia reagir à investida de Raul. Ele insistia sentia uma necessidade extrema de possuí-la. Alicia não disse uma palavra, mas não era necessário, seu corpo não reagia aos toques do homem. Raul perdeu a paciência, empurrou a loirinha contra uma parede, antes que ela pudesse se recuperar deu-lhe um tapa no rosto que veio seguido de vários outros.                                                              - O que aconteceu você sempre foi uma cadela fogosa! – falou irritado tentando apalpar suas intimidades, Alicia num ato de auto defesa impedia o toque. - Eu não vou ser humilhado por você – puxava os cabelos da mulher, tentava beijá-la – Você é minha, só minha! – voltou a estapeá-la ao ver sua negação, o rosto de Alicia já estava vermelho, havia um pouco de sangue do lado esquerdo de seu lábio inferior, as súplicas feitas a Raul não eram ouvidas, o homem estava fora de si.                                                                                                      
   - Lobo! Vem aqui, agora! – gritou – Amarre a vadia em uma cadeira.
   - Como senhor? – indagou o homem na dúvida.
   - A promotora seu imbecil. – retrucou.
             Depois de ouvir a ordem o homem saiu em disparada para o quarto onde Larissa estava. Alicia tentava imaginar o que se passava na cabeça de Raul, dez minutos depois Lobo voltou, já havia feito o que o chefe ordenou. Raul pegou Alicia pelo braço arrastava a loirinha pelo pequeno corredor até chegar ao quarto.
     - Eu não quero ser interrompido, entendeu? – Lobo apenas fez um sinal positivo coma a cabeça.
            Raul jogou Alicia dentro do quarto, a mulher caiu no chão, já não tinha forças, estava fraca. Larissa estava no canto esquerdo, sentada toda amarrada e com a boca armodaçada. Seus olhos se arregalaram ao ver a mulher, Raul tinha um sorriso faceiro na face comprimento Larissa como de costume.
      - Porque esta aqui doutora? – indagou o homem.
                                                                                          
           Larissa já chorava seus olhos estava fixado em Alicia que ainda estava caída no chão, parecia machucada. Raul tirou a jaqueta que vestia, aproximou-se de Larissa.                                                
      - Bom dia senhora promotora. Ainda sem minha resposta! – Larissa estava assustada, se remexia na cadeira e tentava falar. - Vou aceitar seu silêncio como um sim.  – Raul percebeu o olhar de Larissa para a loirinha que ainda se recuperava. – Tá vendo essa mulher ai... Tem muitas coisas que você não sabe sobre ela. – Raul se aproximava de Alicia, a mulher tentava se esquivar dos chutes e pontapés que Raul lhe dava. Larissa estava em pânico. – Já contou pra ela qual é seu verdadeiro nome? – Raul parecia se divertir com a situação, Alicia permanecia calada – O nome dela e Alicia e ela enganou você direitinho, olha que eu duvidei que fosse capaz, mas ela fez o trabalho direitinho.  – Alicia lançava um olhar de ódio para Raul, não tinha forças para lutar contra ele, sabia que se tentasse fazer qualquer coisa seria pior. Larissa permanecia calada com um olhar desesperado - Não se engane com essas lágrimas, ela é uma ótima atriz. – Raul continuava envenenando a cabeça de Larissa – Sabe o que ela me dizia... Que sentia nojo de ficar com você. – Nesse momento, Alicia conseguiu se levantar, mas Raul voltou a empurrá-la.
   - Mentira – gritou ela. – eu fazia amor com você Lary, não sexo. Mas amor...
Aquela negação o irritou ainda mais.
    - Mentira – foi se aproximando – você esta dizendo que estou mentindo? - em um movimento rápido deitou a mulher e ficou por cima dela, Larissa assistia a tudo, era como se fosse um pesadelo em tempo real. Alicia se debatia, mas Raul era mais forte logo conseguiu dominá-la. – Vou mostrar pra você do que ela gosta! – virou-se para Larissa que começou a se sacudir na cadeira, não poderia deixar aquilo acontecer, só então pode ver como cruel e violento aquele homem era. – vou fazer amor com a sua namoradinha promotora Couto. – ironizou Raul.
           Raul rasgou as roupas de Alicia que se debatia, o homem beijava, lambia, mordia sua pele, vez ou outra lançava olhares de provocação para Larissa.  À promotora estava desesperada, mas nada podia fazer. Os gritos de Alicia foram abafados pela mão de Raul, o homem baixou as calças e antes de penetrá-la voltou a olhar para Larissa.
    - Ela é minha... – Larissa apertou os olhos com força, ainda podia ouvir os gemidos abafados de Alicia, as lágrimas já se faziam presentes em seu rosto.
                                                                                        
          Raul possuía a loirinha com vontade, não parecia se preocupar com mais nada. Alicia lutava em vão, por todo o quarto podem-se ouvir seus os gritos de dor, de desespero. Larissa se sacudia na cadeira ver aquilo lhe causava uma dor antes nunca sentida, ver a mulher que amava sofrendo aquele tipo de violência foi doloroso demais. A tortura durou quase 40 minutos, depois de se saciar, ele saiu de cima da mulher que parecia hipnotizada, Alicia não se movia, não chorava, a respiração estava lenta, mantinha os olhos abertos. Raul se recompôs, vestiu a jaqueta, aproximou-se de Larissa, deixando um sorriso escapar pelo canto da boca disse:
    - Eu sou o homem dela espero que isso tenha ficado bem claro! – aproximou-se um pouco mais, deslizou a ponta do dedo sobre a face da morena – Não fique com inveja, logo será você! – Larissa sentiu todo seu corpo amolecer, o sangue parecia ter congelado em suas veias. Raul saiu do quarto como se nada tivesse acontecido.
          Durante alguns minutos Alicia permaneceu ali completamente nua, o corpo estendido no colchão, havia sinal de sangue em suas pernas, seu rosto estava machucado. Não se movia e aquilo desesperava Larissa que não sabia se a mulher estava desacordada. João entrou no quarto foi até Larissa retirou o adesivo que tapava sua boca.
    - Ruth – gritou à morena, não obteve resposta, seu grito de agonia tomava o quarto. Alicia de fato estava desacordada.
          João aproximou-se da mulher estendida no chão, ficou um pouco espantado com aquela brutalidade não entendia como Raul podia fazer aquilo com a própria mulher. Imaginou o que ele faria com quem não acatasse suas ordens. Ele a cobriu com um lençol depois a pegou no colo.
Antes de sair escutou.
     - Não a machuquem mais, não a machuquem... – implorava. 
                                                                                    
O homem parou na porta e olhou para trás.
    - Ela vai ficar bem dona, ela vai ficar bem. – o homem apesar do tamanho monstruoso, da imagem ameaçadora tinha uma compaixão na voz. – não faça nada, pra ele não fazer a mesma coisa com a senhora.

 Larissa permaneceu ali toda amarrada, chorando, já não sabia o que pensar, sentia-se confusa, penalizada com Alicia. O que Raul disse já não importava, não naquele momento. Passou horas presa a cadeira, seus pulsos estavam ficando roxo, João entrou no quarto e desamarrou a levou até o outro cômodo onde ela ficava.
    - Ela está bem, tomou um banho e está dormindo agora.
   - Me ajude a fugir – pediu Larissa – você parece ser um homem bom... – Larissa tentou persuadir o homem.
   - Moça a senhora não conhece mesmo o patrão, desobediência para ele resolve na bala, tenho cinco filhos para criar.
   - Você sabe quem eu sou, devem está me procurando, você pode ser preso, posso ajudá-lo...
   - Coma isso. – homem deixou comida no colo dela depois saiu.
              Passaram-se três dias, Larissa não voltou a ver Alicia, ela se recusava levar sua comida, Lobo se irritava, sempre que entrava no quarto era bombardeado de perguntas que não estava a fim de responder.
    - Você não entendeu mesmo cadela, a galega é mulher do chefe – gritou Lobo irritado, dando um chute em Larissa. – não foi difícil se apaixonar por ela não é? Gostosa daquele jeito. – o homem riu.
          Passaram-se mais uma semana, Lobo havia viajado junto com João, Raul enviou dois homens para ficar de olho nas duas, à vigilância era serrada, mesmo possuída em vergonha Alicia entrou no quarto, trazia comida logo encontrou aqueles olhos negros apagados.
    - Pensei que nunca mais fosse te ver – Larissa num ato impulsivo levantou-se e correu até a lourinha a abraçando, não foi correspondida.
 Alicia estava pálida, abatida, tinha marcas roxas pelos braços, pescoço. Abaixou a cabeça dando passos para trás.
   - Pegue, ontem não deixaram eu te trazer comida – sua voz saia em sussurros. Colocou a badeja com um prato de comida e um copo de água perto do colchão, ergueu o corpo já caminhava em direção à porta.    
   - Ruth! – Larissa chamou. A lourinha se virou agora encarava seus olhos.
   - Meu nome é Alicia, não me chame de Ruth, meu nome é Alicia! – parou diante da porta, Larissa caminhou, parando em frente à loirinha, com muito custo. Alicia levantou os olhos para encarar os da morena, havia um vazio neles nunca visto antes, Larissa sentiu uma pontada no peito.                     
   - Aquele homem é um sádico... Precisamos sair daqui! – foi mais uma suplica do que um pedido.                                                                                                                                        
   - Eu... Eu... Eu não posso.                                        
 Alicia saiu do quarto o mais rápido que pôde, tinha ordens para não passar muito tempo lá dentro. Sentia-se suja. Mal conseguia encarar os olhos assustados de Larissa. Sua alma estava em pedaços, não se preocupava com a violência que havia sofrido, até por que não era a primeira vez, mas ter acontecido na presença de Larissa a machucou muito. Não sabia mais como reagir, sentia-se perdida. As visitas de Raul ao casebre tornaram-se constantes, não violentava mais nem batia, mas obrigava a mulher a ficar por perto, sempre pedia para que massageasse seus pés. Olhava para a loirinha com um olhar vitorioso, como se fosse o dono do mundo. Em uma dessas visitas, Alicia fingia cozinhar, Raul e Beto estavam no terraço. Ela pode ouvir a conversa dos dois. Falavam do pai de Alicia. Raul encomendava o Beto o seqüestro do homem.                                                                                           
   - Vou matá-lo e ela vai assistir a tudo. Apenas assim saberá o que sentir, só assim minha vingança estará completa. – Raul tomou o último gole de sua vodka.
   - Vai matá-la depois? – indagou Beto, também virando o copo.
   - Não! – Beto quase se engasgou, ao perceber a surpresa só amigo explicou - Vou a deixar conviver com a culpa de ter matado o próprio pai. Por que foi isso que ela fez quando condenou meu pai. – sorriu – Quero a ver sofrer dia após dia, lamentando sua morte.                                                                                       Um frio percorreu sua espinha.
    - Meu Deus! – exclamou Alicia. Se afastando antes que eles percebessem sua presença.
           Alicia corria contra o tempo, a situação estava se piorando Raul esta preste a concluir sua vingança, a lourinha precisava impedi-lo. O homem entrou na cozinha ela fingia cozinhar ele pegou uma cerveja na geladeira.
    - Essa porra não fica pronto não?
   - Falta fazer o purê apenas. – disse.
            Raul observava a mulher tinha um olhar enigmático, Alicia queria saber o que se passava na cabeça daquele homem que se mostrava cada dia mais cruel. Depois de almoçar ele exigiu que a mulher transasse com ele, horas depois foi embora deixando ordem restrita para que Alicia não tivesse contato com Larissa.
                                                                                                                                       
   - Trouxe a comida dela! – disse a mulher – abra! – ordenou.
O menino olhou desconfiado já tinha sido alertado para não acatar ordem dela.
   - Se vai deixá-la com fome mais um dia problema é seu depois você se resolve com o Raul. – disse a mulher com ar de que não estava nem ai, o menino vacilou.
   - Espera dona!
Rapidamente ele abriu a porta e ela entrou.
          Larissa estava deitada, olhava para o buraco no teto estava perdida em seus pensamentos não notou alguém entrando. Seu estômago roncava, seus lábios secos pediam por água, havia dois dias que recebia alimentação, nem água. Algo de estranho estava acontecendo, do outro lado da porta um silêncio absoluto, se perguntara tantas vezes onde estaria Alicia, havia partido. Como? No fundo a morena tinha esperança de que a mulher fosse a tirar dali.
          Alicia estava angustiada principalmente depois do que escutou, não sabia o que fazer lá fora tinha dois homens fortemente armado que não hesitaria em matá-la caso cometesse alguma loucura. Larissa finalmente captou um aroma diferente aquele perfume despertou de seus devaneios levantou de sobressalto. A lourinha nada falou lhe entregou a bandeja e saiu rapidamente, alguns dias ela vinha evitando entrar ali, na verdade as coisas pioraram muito depois da violência que sofreu em frente à promotora. Naquele mesmo instante ela agradeceu a própria sorte, assim que saiu do quarto escutou os gritos do homem que acabara de voltar ao casebre. Raul estava muito nervoso, pela primeira vez desde que tinha seqüestrado a promotora não sabia o que fazer. Alicia tentou aproximar queria saber o que estava acontecendo, jogou todo seu charme. Mas ele não queria nem vê-la, o jogo havia mudado. Raul passou dias no casebre, sua raiva e frustração foram descontadas em Larissa que era torturada dias pós dias, da forma mais variada possível. Alicia não agüentava ver aquilo, levou uma surra daquelas por se colocar na frente da mulher evitando que ela tomasse um banho de água fervente, Raul furioso arrastou Alicia voltando a possuí-la na frente da mulher que amava. Mais uma vez ele tomou uma atitude inusitada, horas depois do estupro, Alicia já tinha se banhado estava encolhida na cama, chorava como ninguém. Raul a arrastou até onde Larissa estava a jogou lá dentro como se jogasse um saco de batata.
    - Olha ai se comam agora – rosnou o homem as trancando no quarto. 



domingo, 25 de novembro de 2012

Por Amor IX

Alicia sentiu um frio no estômago. Fechou a porta atrás de si.
           A morena não quis comer, embora estivesse faminta, ainda doía àquela revelação. Tentou canalizar sua dor, agora mais do que nunca precisava sair dali. Sua mente habilidosa estudava todas as possibilidades, tinha algo que não se encaixava ainda. Buscou em sua mente todas as pessoas relacionada à Ruth, mais não conseguiu lembrar ninguém, a mulher era de poucos amigos, nunca vira com Raul antes. Raul, Larissa focalizou em Raul, em seu rosto, estava tendo dificuldade, buscou algo mais antigo, ele parecia familiar. Até que uma luz acendeu.
    - Merda! É ele! – exclamou a morena, mais uma vez sua memória lembrou-se de um homem na platéia no julgamento de um réu. A memória de Larissa parecia um computador, em questão de segundos relacionou o homem que a torturava ao homem daquele julgamento. Era a mesma pessoa.
   - Porque você esta aqui doutora? – lembrou-se daquele olhar, diferente dos outros, Raul fazia questão de mostrar seu rosto. Havia um motivo para ela esta ali, mas a morena ainda não sabia qual é.
           Larissa tinha um grande trabalho a frente, por mais que tentasse não conseguia entender o motivo. Muito menos sobre o envolvimento da namorada naquele seqüestro, Larissa não era rica, Ruth sabia disso, então porque estava ali. Havia muitas perguntas, a morena sabia que a única chance de resposta seria Ruth. Precisava falar com ela, mas faltava coragem, aquilo ainda parecia surreal.
          Alicia estava ao desespero, não saia como agir, voltou no início da noite, trazia comida, percebeu que a morena não tinha tocado na comida, apenas o copo de água estava vazio. 
      - Você precisa comer.
 Larissa permanecia em silêncio sentada olhando para Alicia que se sentia desconfortável.
    - Por que estou aqui? – indagou à promotora deixando a lourinha surpresa. – você sabe que não sou rica. O que querem de mim?
   - Larissa, me perdoa...
Larissa deu uma risada irônica.
   - O único perdão que você vai ter que pedi é a um juiz quando eu te colocar na cadeia.
   - Você não entende – olhou já chorosa, deixando a morena mais irritada.
   - Eu não entendo, claro que não entendo – perdeu a paciência, puxou Alicia pelo braço com força – você está acabando com minha vida, nem mesmo sei por que – gritou sacudindo a mulher. – porque eu estou aqui, porque você fez isso comigo? – Larissa estava frustrada, diante daquela gritaria Lobo entra como um furação dentro do quarto.
- Solta ela sua cadela.
Ele é bruto da um chute no estômago de Larissa que a faz perder o fôlego.
   - Não faz isso.
     Alicia se coloca em frente ao homem. Impedido que ele volte a chutar a morena.
   - Sai daqui galega, essa vadia vai vê quem manda.
   - Não! – grita tentando puxa o homem para fora do quarto.
     Larissa fica se contorcendo de dor. Por fim a lourinha arranca o bandido do quarto.
   - Nunca mais encoste as mãos nela seu imbecil, nunca mais.
          Lobo não estava nem ai, virou-se para mesa pegou seu sanduíche e voltou à sala para seu jogo de vídeo game. Alicia voltou ao quarto. Larissa estava deitada chorava baixinho segurando a barriga, agora sangrava muito, Lobo acertou bem onde tinha um antigo ferimento, ao ver a presença da loura ela gritou.
   - Me deixe morrer sozinha. Saia daqui.
   - Não!
   - Preciso cuidar de você. – falou baixinho se agachando.
   - Não chega perto de mim. Vou te colocar na cadeia, vou te fazer pagar por tudo isso.
Alicia buscou os olhos da morena abriu o coração.
   - Eu nunca disse isso a ninguém – pausou – mas você foi à única pessoa em que amei em toda minha existência.
   - Você vai apodrecer na cadeia. – vociferou Larissa, disfarçando o peso das palavras de Alicia. – sai daqui, sai daqui – chorava.
   - Eu não tive escolha... Eu... Eu... Eu fiz por amor!
   - Por amor? – Larissa tinha um sinal de interrogação na testa, balançava a cabeça em um sinal de desaprovação...
   - Galega! – Lobo voltou a chamar a mulher.
   - Saia daqui... – pediu mais uma vez, não queria escutar nada.
   - Lary... Um dia você vai entender. – Alicia se aproximava, queria abraçá-la.
   - Nunca mais chegue perto de mim, você já conseguiu o que queria, destruiu minha vida. Acaba logo com isso Ruth.
   - Você pode não acreditar agora – Alicia se aproximou um pouco mais - mas você foi à única pessoa que eu já amei de verdade, tem mais coisa em jogo do que você pensa. Não medi as conseqüências agora estou pagando um alto preço.                                                                             
           Larissa levantou os olhos ficando frente a frente com a lourinha, tocou o rosto da garota como se quisesse fazer um carinho.
   - Se depender do meu amor, você vai apodrecer na cadeia. – vociferou Larissa deixando toda sua raiva sair junto com aquelas palavras. - Você conheceu meu amor agora vai conhecer minha ira, se eu sair viva daqui Ruth, você e seus cúmplices estarão perdidos.
   - Galega! – Lobo voltou a gritar, Alicia resolveu sair dali antes que ele entrasse.  Também não agüentaria sentir por mais nenhum minuto o olhar de desprezo de Larissa. Andou até a porta vagarosamente, antes de abri-la enxugou as lágrimas, não queria que Lobo a visse daquele jeito, quando sentiu que estava pronta deixando para trás uma Larissa completamente inerte.
           Seu coração doía mais que seu corpo. Pediu a inúmeras vezes a Deus para morrer naquela noite, preferia ser maltratada, torturada. Qualquer coisa a sofrer tamanha desilusão. Buscava uma explicação, sentia como se estivesse em um filme de terror, onde ela era a protagonista.
– Por quê? Por quê? – seus gritos mesmo sendo abafados ecoavam por toda a casa, Alicia do lado de fora do quarto, podia ouvir nitidamente o choro descompassado da promotora, a lourinha também chorava.
           Lobo gritava pedindo que as duas se calassem, estava impaciente com aquela situação. Larissa não conseguia se controlar, o mundo parecia girar rapidamente ao seu redor. O homem perdeu a paciência e entrou no quarto da mulher, aproximou-se e a viu sentada no colchão.
    - É melhor fechar o bico se não quiser levar uma surra daquelas. – apertava o maxilar da promotora, Alicia entrou no quarto, puxou o homem, fazendo-o largar Larissa.
   - Não a machuque. – berrou, Lobo se levantou e respirou fundo, estava cansado de tudo aquilo, não queria agredir nenhuma das duas, segurou Alicia pelo braço e saiu do quarto, deixando Larissa de sobre aviso para que não fizesse mais barulho. Naquela noite Larissa foi incomodada com todas as lembranças felizes que cismavam em atormentar sua mente, amaldiçoando cada uma delas.
          Os dias seguintes foram bem piores, a morena não reagia a nada, não queria comer, limitava-se a beber um pouco de água durante o dia, sua alma pesava toneladas... Esperava para morrer, esperava para viver, esperava por uma absolvição de nunca viria. Alicia já não sabia o que fazer. Sua preocupação aumentava à medida que entrava no quarto, o estado de Larissa era lamentável. Estava desnutrida, o medo aumentava à medida que o telefone tocava Raul queria saber a situação. Por sorte ele estava enrolado na cidade, ainda não tinha conseguido apagar um dos seqüestradores, o que o deixava apreensivo. A polícia começava a trabalhar com outras hipóteses, até o presente momento os seqüestradores não tinham entrado em contado, as autoridades já cogitava que o crime podia ser por vingança.
   - Merda! Quando der uma ordem quero que seja executada. – berrou Raul numa reunião com seus comparsas. – em 24 horas quero Marcão liquidado caso contrário, a limpeza começa por aqui. – ameaçou - cadê o Beto?
Os homens se entreolharam.
   - Cadê o Beto? – gritou.
   - Ele viajou senhor.
Raul bateu com os punhos na mesa.
   - Aquele filho da puta viajou sem me avisar e para onde ele foi? – os homens não souberam responder - saiam daqui e façam o que são pago para fazer.
         Os homens se dissiparam do escritório. Beto tinha outros planos, sabia que o cerco estava se fechando, precisava driblar a polícia, acionou uns amigos do Rio de Janeiro.

 O apartamento de Larissa estava tumultuado, seus pais parentes estavam de prontidão esperando algum contato dos seqüestradores, essa espera já faz 20 dias, apelos diários o tempo todo circulava na imprensa, tarde de quinta quinta-feira o telefone toca.
    - Estamos com a promotora queremos um milhão em 24 horas ou ela morre.  – desliga.
          Do outro lado da linha seu Augusto sente um supapo no coração, as suspeita se confirmaram, estavam com sua filha. Ocorre um alvoroço, diante daquela situação e de sua saúde frágil senhor passa mal e é hospitalizado, Henrique primo de Larissa, informa ao delegado da ligação. A polícia federal organiza uma operação.

     Raul soube dos planos de Beto, acho meio arriscado.
    - Isso pode dá em merda!
   - Merda já ta! Precisamos tirar esses canas de cena. Quando rastrearem a ligação vão descobri que foram originada daqui, o problema é descobri em que ponto dessa favela foi. Acaba logo com essa vadia. – aconselhou.
   - Não! – gritou! – quero o pai! Vou matá-lo, ela vai ter que conviver que essa dor. – disse Raul rancoroso. Lembrando do próprio pai. – coloca os caras na fita e volta para cá, quero Marcão morto. Tarefa dada tarefa comprida. – ficou um minuto em silêncio consultou o relógio - O carregamento? – indagou.
          Raul passou algumas intrusões a Beto, ele ia aproveita a estada do amigo no Rio para resolver algumas pendências de uns carregamentos de drogas. A polícia tinha mordido a isca, dois dias depois Raul vai fazer uma visita à promotora.
           Alicia, senti um pavor invadir seu corpo com a presença do amante. O homem chegou sério mal falou com ela, ele e os homens que faziam vigilância da casa ficaram durante uns trintas minutos conversando no lado de fora. A lourinha até que tentou mais não conseguiu escutar nada.
   - Leva a vadia até o outro quarto.
          Lobo acatou a ordem de Raul, a fraqueza da mulher impossibilitava de andar, ao ver o homem na porta já deduziu que iria ser torturada. Fechou os olhos e relaxou o corpo tinha se habituado, qualquer forma de resistência só aumentaria o martírio. O homem a colocou sentada na cadeira, amarrou seus pés e o seu tronco deixando suas mãos livres. Ficou longo tempo sozinha. Raul entrou, como sempre estava muito arrumado, calça jeans e blusa social, perfume francês, correntes de ouro, exibia sempre o sorriso vitorioso na face. Ficou de frente a mulher, outro homem estava trás dele, usava máscara.
   - Pega a câmera ve se está carregada, vamos fazer um filme - disse rindo.
                                                                                 
           O homem saiu voltou minutos depois, com a câmera na mão entregou ao patrão.
Raul então saiu do quarto, trouxe Alicia arrastada.
   - Vamos fazer um filme galega e você vai ser a câmera man.
            Alicia não entendeu o que o homem queria exatamente. Ele lhe entregou a câmera, ela olha para Larissa que tinha um olhar vazio.

   - Liga essa porra!
   - Raul...
                                                                                            
         Raul deu um puxão nos cabelos de Alicia a fazendo arquear seu corpo para trás. Larissa a se remexeu na cadeira, o homem foi até ela e lhe deu uma tapa.
   - Fique quietinha, sua miserável. – apertou o pescoço da mulher.
   - Raul... 
Ele então soltou.
   - Vamos fazer um vídeo. – falou no ouvido dela.
                                                                                        
            Alicia ligou a câmera, o quarto não tinha muita iluminação, Larissa direcionou a vista no ponto vermelho a sua frente. Raul então colocou uma máscara no rosto, ficou diante as câmeras.
    - Boa... – parou consultando o relógio. Era horário de verão então ele lembro-se da diferença de horário entre Recife e Rio, corrigiu-se antes de falar. Propositalmente ele queria que soubesse que era horário de verão – bem aqui já são 4 da tarde... - sua voz saia rouca, forçou um pouco – vou ser breve, quanto vale a vida de uma pessoa – levou a arma até a cabeça como se tivesse pensando – bem acho que vocês tão procurando essa aqui. – ele deu espaço para mostra Larissa.
                                                                                        
Alicia começou a tremer.
   - Vamos ver quanto vocês me pagam por ela, um milhão até as 4 da tarde de manhã, não quero gracinha, polícia envolvida meto chumbo, - Raul foi até atrás de Larissa puxou seu rosto bruscamente, fazendo a câmera foca bem.
            Depois se voltou para sua frente encarou fixamente os olhos na promotora, desceu até suas mão deu um sorriso diabólico, olhou novamente para uma bancada que estava do lado, pegou um alicate, Larissa arregalou, sua boca estava armodaçada. A imagem parecia uma cena de filme de horror, o homem levantou sua mão, pegando um dos seus dedos ia cortá-lo. Virou-se um pouco para a câmera foca.

   - Uma amostra para saber que não estou brincando! - ele arrancou a unha de Larissa que gritou de dor, Alicia não agüentou jogou a câmera no chão e foi para cima dele.

   - Não faz isso. – o puxou o deixando irritado.
   - Como é que é?

           Raul foi para cima de Alicia e começou a batê-la, depois a arrastou até o quarto espancou até não agüentar mais, deixou a mulher caída no chão toda machucada. Larissa ignorou a própria dor diante do desespero ao ver a forma brutal que o homem agrediu a mulher. Raul voltou ao quarto onde sua vítima estava.

   - Está vendo o que ela me faz fazer, logo eu que sou um bom homem. Peguem à câmera. – ordenou.
   - E a vadia?
   - Divirtam-se um pouco depois a deixem lá, dois dias gelo. Sem comida, nem trepem com ela, esse prazer terei primeiro.

           Quando Zé lhe entregou a câmera, Raul que foi embora. Estava furioso olhou indignado para a câmera, amaldiçôo a mulher por aquilo.

   - Se esse filme não pegar juro que acabo com aquela vadia de vez. – falou socando o volante do carro.

            Assim que chegou a Recife foi procurou por Tadeu especialista em eletrônica, pediu para que o homem recuperasse o vídeo. No dia seguinte o homem informou a Raul que o vídeo não foi danificado, lhe entregou dois CDs, depois de um bom pagamento o homem sumiu.
Raul assistiu inúmeras vezes, queria ter certeza de que não tinha ficado nada que pudesse identificá-lo e nem identificar o cativeiro. Tadeu teve que corta alguns pedaços mais tinha ficado ótimo. Seguiria com o plano, junto com uma carta mandou uma mula entregar o pacote. O rapaz estava vestido com um uniforme dos correios, na embalagem tinha selos do Rio de Janeiro, Raul precisava atrair a atenção da polícia para outro lugar, queria pegar o pai de Larissa e acabar logo com isso, mas o homem não tinha lhe oferecido uma oportunidade.
   - Bom dia correspondência – o homem pegou o pacote dentro da bolsa e entregou ao porteiro.
   - Obrigado.  – o porteiro nem olhou para cara do carteiro, pegou o pacote e colocou dentro da gaveta.
           Apenas no início da tarde que Luiz o porteiro percebeu que o pacote era para senhorita Larissa Couto, ficou pálido feito papel tinha sido alertado pela polícia para se informado qualquer coisa que chegasse endereçado à promotora. Sem saber o que fazer diante do deslize que acabou de fazer, subiu apressado até o vigésimo andar onde a mulher morava.
   - Pois não! – falou a empregada da casa.
   - Maria chegou esse pacote para dona Larissa.
           Maria pegou desconfiada para o pacote, a casa tinha sempre dois policiais de vigia. A mulher foi até dona Laura.
   - Estranho é do Rio de Janeiro. – falou. – mais não tem remetente. Ela abriu o pacote, era uma caixa de papelão, seu coração ficou em disparada, assim que abriu a caixa deu um grito. 
           Henrique ouviu o grito da tia do banheiro, todo ensaboado enrolado na toalha foi averiguar, dona Laura chorava em suas mãos segurava uma caixinha onde continha algumas unhas ensangüentada.                                                                                   
           O horror tomou conta daquela casa, o rapaz leu uma carta onde mandava checar o cd. A imagem era nítida, o seqüestrador falava dona Laura se agarrou nos braços do sobrinho ao ver a imagem da filha toda machucada sendo brutalmente torturada, os gritos dela ao ter suas unhas arrancadas. A polícia federal monta acampamento na casa de Larissa. No início da noite o telefone toca.
    - Devolvam minha filha, devolva – grita dona Laura.  
   - É a Luiza tia, algum contato?
            Henrique toma o telefone das mãos da tia, conta à amiga que aconteceu, a polícia continua as escuras.
    - Já faz dias que minha filha sumiu.
   - Senhora. Estamos trabalhando no caso, algumas pistas estão surgindo, tenha calma. – falava o delegado.
   - Vamos pagar a droga desse resgate – gritou Luiza também perdendo a paciência com a incompetência da polícia.
   - Vocês não entendem se pagar o resgate ela morre, a cada dez seqüestro que são pago apenas três as vítimas saem vivas.
     A discussão e interrompida com o som do telefone. Luiza correu para atender ao telefone.


   


domingo, 18 de novembro de 2012

Por Amor VIII


Minutos depois ele voltou tinha uma sacola plástica nas mãos abriu a porta de trás e jogou em cima de Alicia. Tratava-se de medicamentos e coisas para primeiro socorros. Voltou a um grupo de homens, conversaram por alguns minutos, depois Raul voltou ao carro sozinho, ordenou que ela passasse para o banco da frente. Ele tinha um sorriso na face, parecia pensar em alguma coisa, ora e outra olhava para Alicia e balançava a cabeça rindo em sinal de negação. Ela olhava atentamente as placas adiante tentando descobrir para onde ele estava lhe levando, a viagem era longa. Logo ela reconheceu um lugar, Surubim. Muitas vezes tinha ido aquela cidade assistir a vaquejada que acontecia lá.

   - Raul... – Alicia tentou falar alguma coisa.

        Ele parecia não querer escutar a voz dela, logo ligou o som do carro alto, olhava fixamente para estrada, agora haviam entrado numa estrada de terra. Raul parecia se divertir por dentro, era óbvio os questionamentos da mulher ao seu lado.

   - Você vai ter uma ótima surpresinha sua cadela. – pensou.

          A estrada que ele tinha tomado era distante da cidade, muito distante à medida que prosseguia, a única paisagem que ela podia apreciar era o da terra seca, sem mata e os gados quase esqueléticos. Foram 30 minutos, até que ao longe ela avistou uma casa. O carro parou em frente, Raul estacionou o carro e saiu, deu a volta no automóvel e abriu a porta ordenou que a loirinha saísse. Alicia estava muito abatida, havia perdido muito peso, estava cheia de hematomas. Saiu do carro com muito medo, Raul segurou seu braço com força e foi guiando-a até o velho casebre. A loirinha olhava para os lados, ainda tentando reconhecer, caminharam cerca de 150 metros, Alicia conseguiu avistar um homem na porta, Raul cumprimentou ele abriu a porta para que o chefe entrasse, os dois entraram na casa. Lobo logo se aproximou.

   - Patrão!
   - Como está as coisas? – perguntou soltando Alicia que esfregava o braço que estava doendo. Ela o acompanhou ambos pararam na porta.
   - Nada bem! – informou.
Raul franziu o cenho.
   - Toma. – estendeu a mão com as chaves do carro – tem uns remédios esta no bando de trás.
Raul entrou na casa, Alicia ficou parada da porta.
   - Vem cá. – puxou o homem para dentro.  

        Outro homem se aproximou, cumprimentou o patrão logo Raul ordenou que saísse. Lobo entrou com a sacola de medicamento.
Um frio percorreu a espinha de Alicia, agora sabia onde esta. Raul tinha a levado até o cativeiro de Larissa, seu coração ficou apertado, sua mente fervilhava, ali em algum lugar estava naquele lugar pensou no pior.
   - Desculpa minha intromissão chefe, mas, o senhor não acha melhor ela dar uma olhada na vadia? – apontou para Alicia. – ela parece uma morta.
Raul respirou fundo, Alicia olhou atônita para os dois homens.
   - Me deixe sozinho. – ordenou o homem.

           Lobo e o outro capanga saíram do casebre. Raul sentou-se no sofá. Alicia permanecia em pé parada, não sabia o que fazer milhões de coisas passava por sua mente. Olhou ao redor, a casa era pequena, pouco habitável, notou que nos fundo um pequeno corredor, seu desejo era correr atrás de Larissa. Mas seu lado racional manda ficar no mesmo lugar que estava. Raul acendeu o cigarro. Sua voz saia forte e vibrante.

- Você sabe que tem sorte por estar viva não é? Já poderia ter me livrado de você desde o primeiro instante.  – suas palavras saiam pausadamente – Mas não galega, vou te dá um castigo bem mais. – fez silêncio, procurou os olhos da mulher, depois abriu um sorriso macabro – mais... Vou ser bem generoso com você Ruth, para depois você não dizer por ai que não sou um bom homem. Você vai assistir a morte daquela vadia. – ele se levantou e ficou frente a frente com ela – E não pense em tentar nada ou seu filhinho vai sofrer as conseqüências. Seu castigo vai ser ter que conviver com isso.

          O coração de Alicia disparou. Sentiu todo o sangue congelar em seu corpo. Suas pernas tremiam, não acreditava no que havia acabado de ouvir. Um misto de ódio e medo possuía seu corpo.

   -Não envolva o Vinicius nisso. – sua voz era meio chorosa.
   -Você achou que eu nunca iria encontrá-lo? – Raul sentou-se, mantinha um sorriso de pura vaidade no rosto – Eu sou o rei.
   - Você me prometeu que nunca cometeria nenhuma loucura com ele, que o deixaria fora de tudo isso. Ele é seu filho Raul... Seu filho. – argumentou desesperada se ajoelhando nos pés do homem.
   - Agora você lembrou que eu sou pai! – deu uma gargalhada - eu não tenho por esse garoto nenhum sentimento, você o tirou de mim, ele não passa de um desconhecido por culpa sua. – tinha rancor na voz.
   - Você é capaz de matar seu próprio sangue...

          Raul se levantou, levantou Alicia bruscamente, deu a volta entre seu corpo, colocou a boca em seu ouvido e sussurrou.

   - Vou, matar aquela vagabunda, e se você me fizer raiva, mato o menino. E te deixo viva para viver com a consciência pesada.

         Raul voltou a ficar de frente para a loirinha, os olhos se encaravam, Alicia já não duvidava de nada, sabia que Raul seria sim capaz de matar o próprio filho. Estava disposta a ajudar Larissa, mas pensaria mil vezes antes de tomar uma atitude, por a segurança do filho a prova era um risco que ela não queria correr. 

   - Olha aqui! – Raul jogou uma sacola cheia de remédios, não queria a morte da promotora, não agora, ainda tinham que pegar seu pai, os planos tinham se interrompido com a polícia federal envolvida os pais de Larissa estavam sobre guarda. – Lobo – gritou.
   - Oi.
   – Ela vai ficar por aqui. – informou – de olho nela. Se fizer qualquer gracinha meta chumbo. – ordenou Raul. – a coloque para alimentar a outra.

          Raul voltou a Recife, tinha negócios a tratar, um de seus capangas tinha sido preso, uma câmera de segurança identificou um suspeito do seqüestro. Raul já tinha expressado ordem para apagar Marcão antes que ele falasse algo. As coisas estavam se complicando.
   
 Larissa estava deitada no colchão, sua mente estava longe, uma semana se passou e ela nem se deu conta, sem ver a luz do sol, nem o brilho da estrela, já tinha se perdido no tempo. Ora ou outra ela via uma luz, a luz que vinha do outro ambiente onde era brutalmente torturada. Seu corpo não sentia dor alguma, sua alma estava anestesiada, já não tinha esperança de sair viva daquele lugar. Os ratos tornaram-se amigos. Presa naquela imundice buscava desesperadamente algumas lembranças boas de sua vida, em intuito de aliviar seu sofrimento. Abraçada ao seu próprio corpo, já não tinha mais lágrimas. Pensou em sua família, no quanto tinha tido uma vida feliz ao lado de pessoas queridas, lembrou-se da mulher que realmente amou. Como a amava, um amor que ela acha que só existisse nos romances dos antigos livros de literatura, nunca imaginou que pudesse ou soubesse amar como todo seu ser. Amava Ruth, e tudo que mais queria era que estivesse bem. Aos poucos boas lembranças foram surgindo. Suplicava a Deus em suas orações para que protegesse a todos que amava, pois sua vida já não importava.
          Uma discussão havia começado no outro lado. Lobo queria que Alice fosse ver se a promotora estava morta ou vida. Da última vez que tinha visto ela não estava nada bem, a idéia de rasga a barriga de Larissa escrevendo as iniciais do nome do patrão não tinha dado muito certo. O ferimento tinha se infeccionado. Alicia relutava não por desejo de saber como estava à amada, mais um medo estarrecedor a impedia.
          Um fecho de luz entrou no quarto, à claridade lhe incomodava, tanto tempo no escuro. Ela elevou a mão até seu rosto no intuito de proteger seus olhos, pode ver uma resta entrando no quarto. Um perfume embriagador se destacou no meio daquele odor desagradável. Larissa sentiu um cheiro de perfume doce, um ato involuntário inspirou forte para senti aquele cheiro. Seus olhos foram se acostumando, Larissa abriu os olhos, a silhueta era visivelmente de uma mulher, a cativa tentou sentar-se com certa dificuldade, sua barriga doía muito.
        A imagem que a outra pessoa via era dolorosa demais, principalmente quando se conhecia a vítima. Estava suja, seus cabelos cortado, seu rosto machucado, havia sinal de desnutrição, em sua barriga havia manchas de sangue em sua camiseta, ainda estava vestida com a roupa de ginástica. Estava descalça, a cabeça dos seus dedos dos pés estava com sangue seco, como se tivessem arrancado às unhas. Alicia quase caiu para trás com a cena, seu estômago deu uma reviravolta, ela virou-se o rosto, saindo dali imediatamente. A cativa viu a escuridão mais uma vez. Naquele momento Larissa não pensava em nada, estava faminta, a única coisa que queria era um pouco de água e comida. Nunca desejou tanto a presença de Lobo no quarto, ao menos ele trazia comida. Alicia fechou a porta atrás de si, correu até o outro quarto, caiu no choro, era demais para ela, nunca havia sentido tanta dor em seu coração. As horas passaram, ela estava lá deitada na cama, perdida em seus arrependimentos. Lobo entrou no quarto, tinha uma bandeja nas mãos.

Leva pra vadia. – ordenou.
   Alicia não esboçou reação continuou deitada da cama.
   - Vai logo galega, ordens são ordens. A vagaba ta por sua conta agora.
   - Vai você.
   - Olha aqui!- se irritou – ou você leva ou eu ligo para o chefe.

          Alicia não tinha escolha, criou força para entrar ali novamente, engoliu o choro, colocou um capuz na cabeça, não queria ser reconhecida, entrou vagarosamente, olhou ao redor, se entristeceu ainda mais, um aperto no peito. Seu coração disparou seus olhos a avistaram Larissa estava deitada no colchão, seu olhar estava perdido parecia que não tinha notado a presença da mulher ali. Alicia caminhou em silêncio. Ela não conseguia ter domínio de suas pernas que tremiam involuntariamente, a promotora agora tinha percebido sentou-se, seu olhar era de um animal faminto, sua vista estava focalizada na bandeja adiante, Alicia se agachou.

   - Trouxe comida! – falou a lourinha quase inaudível.

          Larissa não ouviu estendeu a mão para pegar a bandeja, por segundos suas mãos se tocaram, Alicia estava com o pulso posicionado para cima.
Larissa sentiu uma batida tão forte no coração que pensou que fosse ter um ataque cardíaco. Seus olhos avistaram um desenho. Num ato involuntário ela jogou a bandeja do lado e segurou com força o pulso de Alicia, que se assustou.
  
   - Me solta! – gritou. 

O coração em disparada, milhões de lembranças povoaram sua mente.

- Não podia ser. – não pode ser! – disse para si mesmo a morena. A vida não seria tão injusta com ela. Ela se fixou naquele desenho tatuado no pulso da mulher. Uma lembrança clara.

   - O que é isso? – perguntou à morena no primeiro encontro com Alicia.

          Alicia sorriu, já esperava pela pergunta, normalmente a pessoa sempre perguntava o significado daquela tatuagem que representava tanto para ela.

   - O terceiro olho, mais conhecido olho de Hórus ou 'Udyat' é um símbolo, proveniente do Egito Antigo, que significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. – pausou dando um sorriso. Larissa vislumbrou - Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas. Gosto muito das lendas egípcias – explicava Alicia - Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Hórus pôde organizar novos combates que o levaram à Maria Luiza decisiva sobre Set. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além. – fez um gesto como se quisesse fazer medo. - Hoje em dia, o Olho de Hórus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar inveja (mau-olhado), mas continua com a idéia de trazer proteção, vigor e saúde.
   - Hum interessante, não sabia que você era uma apreciadora de lendas egípcias. – brincou Larissa.

      Essa lembrança foi dando sentindo a Larissa que parecia que uma luz tinha surgido no meio daquela escuridão. Ela foi levantando o olhar, jogando os ombros para trás, tudo fazia sentido. A promotora começou a raciocinar, tocou o braço da mulher, sentiu a pele macia, aquele perfume, como esquecer... Sua mente fervilhava.

   - Estive em uma palestra ministrada por você.  – disse a lourinha um tanto nervosa, lembrou-se da primeira vez que viu Alicia.
    
      Naquele dia Larissa olhou fixamente para mulher, sentiu-se envergonhada como não lembrar de uma mulher tão bonita, pela primeira vez sua memória fotográfica lhe falhou, foi o que a morena pensou na época. Como lembrar de um rosto se nunca o viu até aquele presente momento.

   - Não existe nenhuma Ruth Lima. – a recepcionista da faculdade.

        Sua mente parecia um computador trabalhando, juntando todos os dados que antes parecia indiferentes, a conclusão que chegou ia contra seu consciente. Seu corpo desfaleceu uma tristeza devastadora lhe tomou o corpo, seus olhos procuraram à facada final. E encontrou. Aqueles olhos castanhos apagados nunca esquecerá ele um só minuto desde que entrou em sua vida, Larissa baixou a cabeça deixando as lágrimas vim. O silêncio pesado doía ainda mais. Podia sentir a mão dela tremula ainda pegada na sua

    - Você... – a morena forçava as palavras.

     Alicia não agüentou, arrancou a máscara do rosto abraçando a morena, indescritível o que se passava dentro dela, ela também chorava. Suas palavras eram desconexas.

   - Me perdoa, me perdoa – implorava – O que eu fiz foi por amor... – as palavras saiam sem nexo. Sussurrava um pedido de perdão no ouvido de Larissa. Buscava seus lábios, a promotora correspondeu às investidas também em um ato involuntário. Logo seu raciocínio lógico voltou a agir e com a pouca força que tinha, empurrou a mulher fazendo com que ela caísse a sua frente.

           Larissa se esquivava indo mais para trás, parecia ainda não acreditar no que estava acontecendo, Alicia forçava uma aproximação.

   - Larissa... – tentou falar.
   - Sai daqui! – Larissa não queria ouvir – encostou-se à parede e se abraçou as próprias pernas, abaixando a cabeça, aquilo estava lhe doendo demais. 

            Alicia já não se controlava, tentava abraça a morena a todo custo pedindo perdão.
   - Sai daqui... – sussurrava.

           Alicia se afastou quando percebeu que estava piorando a situação. Já não encontrou aquele olhar apaixonado da mulher que amava. Agora um olhar de dor.
 
    - Sai daqui... – gritou aos prantos.
 
           Mesmo contra vontade Alicia saiu, embora estivesse sofrendo também, não podia imaginar a dor que acabou de causar a Larissa. Saiu do quarto a deixando sozinha.

   - Por quê?

          Larissa sentiu aquela dor em silêncio, chorou copiosamente. Sua mente buscava um motivo, até se derrubada pelo sono. Na manhã seguinte, não era pesadelo ao abri os olhos deparou que Alicia lhe observando. Ao cruzar com aqueles olhos, uma raiva lhe subiu, respirou fundo tentou se controlar. Com dificuldade levantou-se e sentou-se se encostando à parede, seu estômago dava reviravolta. Alicia tinha a cabeça baixa, estava muito pálida, mantinha o olhar fixo no chão. Sua voz saia tremula.

   - Trouxa comida, lençóis limpos...
Larissa permanecia calada, olhando fixamente para a mulher adiante.
   - Me perdoa... – Alicia levantou o rosto, os olhares se cruzaram, Larissa permanecia séria. Parecia estudar seu oponente.  – Eu... – foi interrompida.
   - Galega! – gritou o homem.
Larissa a olhou para porta.
   - Eu... – Alicia não conseguia se explicar diante daquele olhar.
   - Galega! – gritou mais uma vez abrindo a porta – o chefe quer falar com você. – Lobo mostrou o celular. Larissa balançou a cabeça em sinal de negação, como tivesse compreendido tudo. Antes que a lourinha atravessasse a porta à morena falou.
   - Vou colocar você e seus cúmplices na cadeia, eu juro.