sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Por Amor XXIV



Amor...
   - Preciso saber me fale por sua experiência jurídica o que me espera?
 Larissa soltou o ar com força, escolheu bem as palavras não queria apavorar ainda mais a mulher.
    - São muitas acusações cai sobre você. Como deve saber ou ao menos tem noção pelo tempo que estudou direito, muito deles são crimes de natureza grave, Alicia se Camila não conseguir reverter esse quadro você será condenada a passar muitos anos na cadeia. O seqüestro pouco importa para o promotor, são as outras acusações. Você esta sendo relacionada a uma quadrilha internacional de trafico de drogas, você não tem noção da magnitude dos negócios do seu ex-amante.  
   - Mas não sei de nada, não sou dona desse dinheiro todo, Larissa eu não sou criminosa. – disse quase chorando.
   - As provas dizem o contrário, mais há uma chance, Camila sabe o que está fazendo.  
   - Camila não é você. – disse já se entregando ao choro. Larissa tentou acalmá-la.
   - Camila foi e é minha melhor aluna, a treinei. Se tem uma coisa que tenho orgulho é disso, eu a treinei. Se há uma chance de te tirar daqui pode ter certeza que ela achará. Agora você mais que nunca precisa cooperar.
   - Eu tenho medo, você não sabe do que ele é capaz.
   - Alicia você é a ponta solta dessa quadrilha, você foi o maior erro que aquele traficante podia ter cometido. Viu e ouviu muitas coisas. Você sabe. Você sabe.
 Alicia calou-se, realmente sabia muitas coisas muitas até hoje não sabia como ainda estava viva.
    - Enquanto deixar o medo lhe governar vai ser impossível ajudarmos.
 Alicia se levantou de imediato. Olhou seriamente para Larissa. Sua voz saiu forte e vibrante.
    - Você viu do que aquele homem é capaz – seus olhos refletiam um medo absurdo  - ele é perigoso, seus amigos são perigosos, preferia a morte a colocar sua vida e a vida do meu filho em risco mais uma vez.
 Foi à vez e Larissa se levantar furiosa, falando no mesmo tom para não deixar dúvida.
   - Pois você perderá nos dois se não testemunhar naquele tribunal. Se nos ama como diz, se ama a memória da sua avó, honre á, ela foi assassinada brutalmente por aquele criminoso. Eu quero mais que isso Alicia – disse fazendo gesto do lugar a sua volta – se você não pode me dá mais que isso sairei agora mesmo da sua vida definitivamente.
 Alicia sentiu o peso das palavras de Larissa sabia a morena cumpriria sua palavra. Agarrou-se em seus braços.
    - Estaremos em segurança até isso acabar, eu prometo. – disse a promotora.
   - Acabei com sua vida, arruinei sua carreira. Como pode me amar tanto...
   - Não Alicia, você não arruinou minha carreira, Camila é uma advogada muito competente, conseguiu evitar que minha carreira fosse afetada, confesso que dei muito trabalho a ela, eu já voltei a trabalhar, tenho minha vida profissional e social no eixo. Sentimentos não se mandam simplesmente a amo com todas as minhas forças e razão.
   - Amor, tenho vergonha de encarar seus amigos.
   - Vai ser difícil para nós duas, mas somos um casal perante a lei, vamos ter que passar por isso, seu julgamento já foi marcado.
Ela abaixou a cabeça.
   - Camila já me avisou, sinto medo. Vou passar muitos anos de minha vida aqui ainda.
   Larissa preferiu não comentar. No fundo queria que Alicia tivesse consciência das conseqüências dos seus atos, como advogada sabia que ela tinha grandes chances de sair dali.  No final da tarde a morena se despediu. Aquela seria a última visita, logo seria o julgamento da mulher.
 Com a data definida Camila ajustava os últimos detalhes da sua defesa. Estava muito confiante, finalmente tinha conseguido bons frutos, ao decorrer dos meses sua primeira vitória, conseguiu que o promotor do caso fosse questionado pelo próprio Ministério Público, já que ele conhecia o réu e tinha vinculos com ela, para não se comprometer Dr. Aguiar nomeiou outro promotor para o caso. 
   Com a mudança do promotor no caso Camila se sentiu mais solta para trabalhar, teria um duelo mais justo, conhecia o perfil do novo promotor. Já havia topado com ele em outros julgamentos só que ao mesmo lado da bancada, sabia exatamente como o homem trabalhava e conhecia principalmente suas falhas. Larissa vibrou de longe com á vitória da ex-assistente. Camila também conseguiu evitar que Larissa servisse como testemunha. Tinha conseguido também um acordo com a promotoria.


Dias antes.

   Estava ela no restaurante na hora marcada, logo o homem de meia idade chegou a sua mesa. Os dois se cumprimentaram. A lourinha foi direta, mostrou o que tinha, o homem analisou com calma. Coçou a cabeça inúmeras vezes. Finalmente cedeu.
   - O que você quer? – indagou colocando os papéis sobre a mesa.
  - Que retirem todas as acusações.
  O homem se remexeu na cadeira.
  - Você é muito audaciosa menina.
  - É isso ou nada. – falou convicta. Silêncio prolongado – temos um acordo. – insistiu a advogada.
   - Ela vai a julgamento pelo sequestro, os outros crimes são retirados.
   - Tudo ou nada.
   - É o que posso oferecer. – concluiu o homem. Camila pensou por um tempo. Já  ganhara muito. Finalmente concordou.
 - Ok! – dos dois apertaram a mão.
   - Hoje mesmo as acusações serão retiradas.
    Camila saiu do restaurante não estava muito satisfeita, resolveu procurar   Larissa.  Assim que se encontraram a advogada contou do acordo.
  - Sei que não é muito – disse.
  - Camila você foi genial. Encontrou uma lacuna. Trabalhou bem em cima dela, meus parabéns.
   - Larissa eu não consegui livrar Alicia de todas as acusações.
   - Não seja ingênua Camila, mesmo que você trouxesse aquele criminoso de bandeja você não conseguiria tirar todas as acusações. – falou a voz da experiência – Existe um clamor público em cima desse sequestro, o povo já querem a condenação da acusada, se o Ministério Público, retirasse as acusações já pensou na imagem negativa. A sociedade não ia querer saber se Alicia pode servir de testemunha chave para colocar uma quadrilha inteira nos bancos dos réus. Ia ficar feio demais pra imagem do escritório e você sabe o quanto Silvio preza a imagem. Já no lado da justiça a importância do testemunho de Alicia é mais importante do que o crime que ela cometeu. Não estou diminuindo o que ela fez, pense como promotora agora. Alicia é a ponta do ninho entende. Ela é o erro que Raul cometeu e nunca percebeu.  
   - Eu sei, mas queria...
  - Agora é apenas sequestro Camila, é apenas sequestro. Agora com toda autoridade que tenho como sua mentora lhe digo, quero Alicia absolvida. Absolvida. – frisou, com um sorriso na face.
             Larissa sentia-a uma alegria lhe subir. Advogar era mais que uma paixão, era um dom. Dom esse que ela soube nutrir a cada vitória e derrota no tribunal, a mulher conseguia reeditar o entendimento da lei, sabia mudar qualquer sentido de entendimento de uma norma. Larissa era uma fera e treinava Camila para seguir seus passos. Larissa olhou para aquela jovem advogada, Camila era um dos maiores orgulho profissional que a promotora tinha. Deu uma gargalhada estrondosa, sentia uma felicidade tão grande. Sua mente já via tudo, julgamento, depoimentos, podia prever a atuação da sua aprendiz, olhou para Camila tão orgulhosa, a lourinha não entedia.
    - Absolvida Drª Lafaiete. – disse abraçando – você é brilhante. – disse.  
   - As coisas não são fáceis e você sabe disso, ela vai a júri popular, ela é réu confesso. Larissa.
   - São nos piores caminhos que se encontram as melhores vitórias. Lembra-se do primeiro caso que você atuou.
   - Como não lembrar – disse contrariada, por ter sido massacrada pelo promotor.
   - Onde você errou? – indagou Larissa.
   - Na perspicácia, em não usar as provas a nosso favor.
   - Pois é. No direito tudo é contestável, em um julgamento não se pode haver possibilidade pra dúvida, é ai que agente entra Camila, os réus confessos são sempre os mais fáceis de trabalhar. – abriu o sorriso. – volte ás provas, volte ao processo, eu gosto de marionetes Camila. – Larissa deu uma piscadinha. Depois se levantou para sair. – você tem muito trabalho. Não vou testemunhar. O caminho estará livre.
            Camila permaneceu no escritório da promotora, parecia confusa ainda. Foi pro presídio dá a notícia a sua cliente. A detenta não pareceu muito animada.
    - Isso não muda muita coisa?
   - Claro que muda, os crimes que você estava sendo acusada eram bem mais graves do  que o que você vai responder agora. Vamos trabalhar unicamente na sua participação do sequestro. Isso facilita meu trabalho 70%.
   - Minhas chances são poucas não é Camila, eu confessei.
   - Vou usar isso a nosso favor.
   - Como ela está? – indagou Alicia, fazia quase um mês que Larissa não a visitava a pedido da advogada.
   - Está bem, tive que mantê-la afastada, finalmente conseguir evitar que Larissa servisse de testemunha.
   - Como isso é possível? Ela é a principal interessada.
   - No direito a vítima não é obrigada servi de testemunha, tanto eu quanto a promotoria acabou não a chamando para testemunhar. Agora falta pouco Alicia, dentro de uma semana seu julgamento começa. – finalizou a advogada. 
Alicia voltou ainda mais preocupada para cela, sua mente fervilhava, seu destino estava próximo de ser traçado, em poucos dias sentaria nos bancos dos réus onde teria que encarar a justiça e a sociedade. Os dias seguintes foram angustiante. Alicia se manteve isolada das demais presas, ficava sempre em sua cela, pensava muito em tudo, temia pelo que estava por vim. Nas vésperas do julgamento recebeu uma visita inesperada, era uma agente, ela bateu com o cassetete na grade fazendo um barulho estrondeante, a lourinha acordou assustada, a mulher foi breve, lhe deu um recado:
   - Pupilo mandou um recado – disse a mulher no meio da escuridão – se abri o bico a promotora e o bastado morre. – a mulher se evadiu do local.
          Alicia sentiu o sangue congelar, sentou-se de imediato na cama, suas pernas tremiam, faltava-lhe ar nos pulmões, seu estômago dava reviravolta, PUPILO reapareceu para trazer medo e angustia a sua vida.  A muito não ouvia falar de Raul, Camila sempre lhe dizia que ele estava foragido, a polícia estava a trás, mas havia poucas pistas, mais uma vez o homem parecia viver na impunidade.

 ***
 Capítulo quinze

Retrocedendo ao dia da fuga.

         A troca de tiro esta intensa, Beto e Raul fugiram por um beco sem saída, param diante de um buero, sem pensar duas vezes Beto puxou uma tábua que dava para o esgoto, Raul ainda olhou para trás, queria levar o filho a todo custo, mas não havia tempo a polícia já tinha invadido sua casa, os dois caminhavam pelo esgoto, no meio de uma encruzilhada Beto encontrou o que queria duas mochilas, seguiram até o bairro vizinho o traficante sabia exatamente aonde ia, ao subir finalmente havia chegado, foi até onde parecia um barraco abandonado, abriu a porta com um chute, lá estava a moto e o capacete.
    - Bora, bora, bora – dizia o homem apressado lhe estendendo o capacete e ligando a moto. Raul não hesitou, pegou o outro capacete subiu da garupa e os dois saíram em disparada. Beto pilotou com velocidade, até chegar em outro bairro, lá um dos seus comparsas já os aguardavam.
    - Se livra disso aqui. – ordenou Beto, dando-lhe a chave da moto.
            Raul parecia não esta se importando com a gravidade da situação, sua cabeça estava no pequeno Vinicius, homem parecia preocupado com o filho, Beto resolveu tudo os dois ficaram escondido ali, na manhã seguinte em posso de documentos falsos os dois homem fugiram para Bolívia onde Raul tinha propriedade e negócios. A ação da polícia ganhava destaque internacional, muita gente importante tinha sido preso, o rosto dos dois tomava o noticiário.
    - Otários! – zombava Beto ao ver os repórteres dizer que alguns suspeitos ainda estavam foragidos. – vem em pega bando de filha da puta...
             Com o passar dos dias Beto foi percebendo que Raul estava estranho, o homem não se mostrava preocupado pelo que estava acontecendo, muitos dos seus sócios ligaram apavorado com o andar das coisas, com medo de serem descobertos. Raul passava a maior parte do tempo preso a si mesmo, sua mente girava em torno de um único ser, sua vontade era voltar ao Brasil para buscar seu filho. Pelos informantes ficou sabendo da prisão de Alicia, outra coisa que lhe preocupava muito, Beto resolveu tomar a frente dos negócios de Raul, que estava por vez caindo por terra. O traficante não conseguia movimentar seu dinheiro, as coisas estavam começando a ficar difíceis, Beto que era o responsável pelas finanças parecia muito preocupada, principalmente porque Raul se organizada para uma missão suicida.

   - O quê, você enlouqueceu? – gritou o homem ao ser informado que um ano    depois voltaria para o Brasil.
   - Preciso pegar minha mulher e meu filho de volta.
   - Se voltarmos ao Brasil podemos ser pegos.
   - Precisamos voltar. – disse Raul perdendo a paciência.
   - Será que você nunca vai tirar essa vagabunda da cabeça? Vamos aproveitar e deixar que ela apodreça na cadeia.
   - Não. – disse calmamente.
   - Seu pai se envergonharia de você, colocar tudo a perder por causa de uma mulher. – disse com desdém o que deixou Raul possesso.
   - Essa vadia é dona de tudo que tenho – gritou pegando Beto pelo colarinho – tudo, tudo é no nome dela, absolutamente tudo. Casa, dinheiro, até essa porra aqui está no nome dela. Você acha que sempre a mantive por perto por quê? Se não a matei porque preciso dela e agora ela está presa numa porra de presídio, estamos sem nada, nada. – gritou.
      Beto ficou completamente bestificado, nunca imaginou que toda fortuna de Raul estivesse em nome de Alicia. Agora podia compreender muitas coisas, não era o amor que o ligava à vadia e sim o dinheiro. Raul sempre a usou para esconder seus faturamentos ilícitos, nem mesmo à mulher sabia o homem sempre mandava assinar documentos que ela não lia. O mundo caiu na cabeça dos dois traficantes, estavam falidos. Com a prisão de Alicia todos os bens e contas foram bloqueados, foi então que Raul e Beto resolveram voltar ao Brasil, precisava arrumar um jeito de reverter esse quadro.   Ambos voltaram Raul sem medo retornou ao seu trono, tinha mais segurança que nunca. Com o passa dos meses chegando a ano, ele foi perdendo a perspectiva da vida. Pensara em Vinicius de forma doentia, sabia que o menino estava sobre guarda da promotora, pensaram muitas vezes arrancá-lo da mulher, mas era perigoso demais. Larissa estava sempre acompanhada de viatura de polícia. Se aproximar da mulher era quase impossível, pouquíssimas vezes o homem viu o filho de longe, lhe trazendo desespero e angustia. Seu fim se aproximava nem ele mesmo percebia. Muitas coisas estavam sendo abafada pela imprensa o que intrigava o traficante. Por um informante soube que o julgamento da ex-amante foi marcado, muitos de seus clientes o pressionavam com medo dos processos, alguns deles chegavam a pedi a cabeça de Alicia com medo de que ela testemunhasse contra eles, aquela mulher era uma imensa ameaça para quadrilha.  
O JULGAMENTO

          O grande dia finalmente tinha chegado manhã de terça feira. O dia começou cedo na penitenciária, Alicia não tinha conseguido dormi naquela noite, as palavras da agente lhe apavorava, Raul voltou. O medo era eminente. Logo recebeu ordem para se arrumar o julgamento tinha sido marcado para as 09h00min horas da manhã.
        Camila colocava os últimos papéis na maleta, tinha acordado cedo, tomou café com o filho e a esposa, tentava canalizar suas energias e limpas sua mente. Era um ritual que sempre fazia quando tinha julgamentos importantes. E aquele de certo era o mais importante para sua carreira. Vestiu seu melhor terno, caprichou no visual, a aparência era o cartão de visita de um advogado, principalmente sabendo que a impressa estava na porta do fórum. Ao se virar para sair fez uma prece baixinho. Pedia força, sabia que tinha uma difícil batalha pela frente, era pessoas demais que confiará nela. Amanda se ofereceu para levá-la até a audiência, no primeiro dia não ia pode assistir.
         O coração da advogada estava a mil, suas mãos suavam muito, volta e meia Amanda lhe apertava a mão com carinho lhe lançando um olhar de apoio, o carro se aproximava do fórum, muitos reportes estavam em frente ao fórum, Amanda ficou impressionada. 
   - Meu Deus.
   - Começou o show. – disse Camila, dando um sorriso amarelo. Despediu-se da mulher com um selinho, desceu do carro.
         Elevou a postura e caminhou até a entrada do fórum, nesse mesmo instante um batalhão de reportes veio a seu encontro. Camila no início tentou não falar, mais era inevitável, virou-se para os jornalistas, respondeu algumas perguntas. Depois seguiu para o tribunal.
   - Estamos aqui em frente ao fórum Joana bezerra para um dos julgamentos mais esperado do Estado, a estudante Maria Alicia de Albuquerque Couto é acusa de ter sido a mandante do sequestro e cárcere privado da promotora de justiça Larissa Couto... A promotora foi sequestrada em frente ao prédio em que morava, a mesma foi mantida em cativeiro onde sofreu muita tortura durante 52 dias. O julgamento esta previsto para começar as 09h00min horas da manhã, logo cedo à acusada chegou e foi escoltada para o fórum. – dizia a reporte. Camila Lafaiete Queiroz é advogada de defesa da acusada, a mesma também foi ex-assistente de promotoria da própria Dra. Larissa Couto...
        A notícia corria a solto em todo meio de imprensa, muitos estudante e pessoas se aglomeraram para ter a oportunidade de assistir ao julgamento. Mesmo aconselhada pela advogada, Larissa fazia questão de ver o julgamento, acompanhada pelo primo e as amigas, ela entrou pela porta do fundo do fórum evitando os jornalistas.
         Camila entrou no tribunal, ela se acomodou na sua bancada conversou com seu assistente. Larissa estava sentada na primeira fileira bem atrás da bancada da defesa. Luiza, seu primo e seus pais a acompanhava. Camila consultou o relógio, a promotoria também, já tinha chegado ambos se cumprimentam com cordialidade. A juíza entra, Camila vestiu sua toga, o julgamento começou à hora marcada. A juíza de início a seção.
    - Dou início à sessão. Maria Alicia de Albuquerque Couto é o réu. Vou me permitir fazer um resumo pela sentença de pronúncia também destacando que a nobre defesa trará suas teses no plenário, a imputação é por três crimes, seqüestro e cárcere privado com agravante, lesão corporal de natureza grave, extorsão. A juíza apresentou o caso. Encerrando sua manifestação inicial dando início aos debates.
         Um julgamento de júri segue determinados procedimentos. O primeiro dia foi bastante cansativo a juíza interrogou a acusada durante quase três horas, Alicia estava muito nervosa, diversas vezes seu testemunho foi interrompido para que ela se acalme. Logo depois foi dada a palavra ao Ministério Público que tripudiou em cima da acusada, trazendo relatos da vida anterior e tudo que ela tinha feito até ali. Camila protestou muitas vezes. Duas horas depois foi à vez de a defesa apresentar sua tese, a lourinha se saiu muito bem. Terminada a seção. O julgamento retornaria no dia seguinte.
    Camila saiu sem dá declaração alguma para imprensa.
    - Fomos bem, so que...
   - Só que o quê Camila? – indagou Larissa ao telefone.
   - A tia de Alicia vai depor como testemunha de acusação.
   - Aquela mulher é uma aproveitadora, ficou inconformada por eu ter conseguido a guarda de Vinicius e me recusei a dar mais dinheiro a ela. – disse a morena indignada.
   - Bem vou descansar um pouco, amanhã será a vez das testemunhas.
   - Quero a absolvição dela Camila, a quero livre. – disse Larissa com total convicção que a lourinha conseguiria reverter o quadro.  
        Camila parecia preocupada, a promotoria parecia muito forte em suas teses, o testemunho de Alicia não foi muito proveitoso talvez teria que fazer o que parecia loucura. Ela pegou o telefone e deu algumas ligações. No fim conseguiu.
         O segundo dia do julgamento a juíza ouviria as testemunha de defesa e acusação, para a surpresa de todos, Larissa subiu ao banco de testemunho era um estratégia muito ousada da advogada de defesa, Larissa foi muito objetiva em seu depoimento, contou absolutamente tudo que acontecera desde que conheceu Alicia. Como as duas começaram a se envolver. A promotoria foi muito dura com ela, chegando até a levantar suspeita sobre sua integridade, mas Larissa conhecia bem aquele jogo, dançou conforme a música dentro da legalidade dos fatos, quando foi à vez de Camila, ela jogou com os próprios questionamentos da promotoria.
    - Dra. Larissa as senhora pode afirma que a senhora Alicia participava das suas torturas.
   - Não.
   - Conte o que acontecia quando a senhora Alicia, ousava a desafiar o mandante do seqüestro o que lhe acontecia, ou melhor, segundo seu próprio depoimento a senhora afirma que foi obrigada a presencia um ato sexual do réu com o ex-amante.
   - O sexo não foi consensual. – afirmou à promotora.
   - Como a senhora pode ter tanta certeza? Aquela mulher que lhe jurou amá-la, respeitá-la, lhe levou em uma emboscada, segundo a promotoria por fins financeiros. Como à senhora que é vítima dela, pode ter tanta certeza que o sexo não foi consensual?
  Larissa olhava admirada para a advogada, a jovem fazia um jogo de acusação e defesa que caia por terra qualquer tese da acusação. Estava sendo brilhante. A morena procurou os olhos castanhos não muito distante dali, ao encontrá-lo Alicia baixou a cabeça aquela amarga lembranças lhe vieram à mente, Larissa sentiu um nó na garganta, uma tristeza. Lembrava bem, nunca esquecera aquela cena horrível. Sua voz saia tremula.
    - Não foi consensual – afirmou - ela estava machucada, quando ele invadiu o quarto, eu estava amarrada numa cadeira com a boca armodaçada, aquele homem fazia sempre a mesma pergunta, sua voz era repleta de ódio, seus olhos tinham um brilho negro, doentio – porque esta aqui doutora? Sempre uma indagação sem resposta... Alicia estava jogada no colchão, o sorriso faceiro daquele homem, ele queria ver o medo e o desespero em meus olhos, era isso com que se alimentava, não foi consensual. Não foi, ele tinha ódio, seu maior ódio foi o fato dela ter se apaixonado por mim. Ela me ajudava, me alimentava. Cuidava dos meus ferimentos quando ele não estava por perto, naquele momento que percebi que ela não passava de uma vítima como eu. – todo tribunal ficou perplexo com o relato da promotora, a acusação se remexia na cadeia - Raul rasgou as roupas de Alicia enquanto ela se debatia, ele era bem mais forte. O homem beijava. Lambia. Mordia sua pele, vez ou outra lançava olhares de provocação para mim, eu não pude fazer nada – Larissa começou a chorar - os gritos de Alicia foram abafados pela mão dele, o homem baixou as calças e antes de penetrá-la, buscou meus olhos. A violentou de forma bruta, não consensual. Seus gritos de desespero, sua luta perdida nunca se apagaram de minha mente. Não foi uma vez, foram outras vezes também.
    - E depois o que aconteceu depois? – indagou Camila.
 Larissa enxugou as lágrimas e tomou um copo de água. Minutos depois mais acalma prosseguiu.
    - Ele tinha um olhar vitorioso, levantou-se proferiu algumas palavras e saiu a deixando lá no chão a brutalidade foi tamanha que ela ficou inconsciente.
  - Sem mais perguntas meritíssimo.  
  - O advogado de acusação deseja fazer mais perguntas?
  - Não meritíssimo.
  - A testemunha esta dispensada.                                           
    O depoimento de Larissa foi vital para a defesa, reforçado com os testemunho, nem mesmo a testemunha chave da acusação que foi a tia de Alicia que tentou de todas as formas destruir a imagem de Alicia conseguiu causar o mesmo feito. Depois de mais de dez horas a juíza deu por encerrada a seção voltando na manhã seguinte.
    Todos chegaram cedo ao tribunal, Camila ignorou as provocações dos jornalistas sobre o desaninhar do caso, todos questionavam Larissa. A sala estava cheia, meia hora antes de começa. Um carro escoltado pela polícia chegar, Larissa desce do carro chamando a atenção de todos que correm. Policiais fazem sua segurança, a morena estava impecável, havia cortado o cabelo e mantém a mesma aparência de antes, belíssima.
    - Por favor, doutora uma declaração – pedia os jornalistas. Os flash e câmeras de TV sobre ela. Houve um maior alvoroço, Larissa tentava ganhar passagem, mas aparecia mais jornalista.
   - Doutora Couto é verdade que a acusada tem vinculo matrimoniais com a senhora?
Aquilo fez Larissa congelar, todos notaram a reação da promotora que buscou o dono da voz.
   - É por isso que a senhora não quer acusá-la em seu testemunho? – continuou.
    Houve um breve silêncio todos esperavam pela resposta da mulher, Larissa raciocinou, não poderia responder, mesmo que quisesse não poderia. Ela olhou para o policial e disse.
     - Me leve para dentro.
       Sem demora os policiais foram abrindo passagem para a mulher passar. Sua entrada no fórum causou muitos burburinhos, o salão estava repleto de estudantes e jornalistas, Larissa procurou pelas amigas, para surpresa de todos os presentes a mulher sentou-se na primeira fileira, ficando por trás de da mesa da defesa. Tinha outro espectador que ficou surpreso com a presença da promotora, Raul estava completamente fora de si, tentou disfarçar o cabelo mais comprido, barba grande, com documentos falsos se passou por estudante, havia chegado cedo para conseguir um lugar. A juíza entrou e deu início a seção, o coração de Alicia foi a mil quando ao entrar deu de cara com aqueles olhos negros, a emoção foi imediata. Larissa deu um sorriso discreto. Tudo começou, Amanda foi à primeira testemunha, a promotoria foi dura em suas perguntas deixando a morena muitas vezes desconcertada. Depois foi a vez de Camila. Camila agia com prudência, manda era uma testemunha de defesa, jogou com astucia com os próprios questionamentos da acusação, deixando os representantes da acusação inquietos na sua bancada. Depois de quase duas horas entra e segunda testemunha que era Marcela. Marcela conta tudo o que aconteceu desde que Alicia lhe procurou horas depois de ter ocorrido o sequestro.
    - Então é verdade que a senhora Albuquerque chegou muito ferida a sua casa em busca de abrigo?
   - Sim.
   - E o que ela alegou para a situação aparente em que se encontrava?
      Marcela contou tudo que se passou. Depois foi dispensada. Depois de ouvi todas as testemunhas defesa é encerrada a seção.
      O julgamento já entrava em seu terceiro dia dos debates entre promotoria e defesa estava peso a peso. Tinha chegado a hora das replicas.
    - E tem a palavra o Ministério Público.  – disse a juíza.
O promotor cumprimentou a todos e começou sua réplica.
    - É o júri que vai dizer a sociedade até que ponto nos poderá interferir na vida de uma pessoa e vamos fazer isso da forma mais justa possível, nos espelhando na situação daquela que ali estar. – apontou para Alicia - Cada cá dos senhores fizeram algo que me parece ser a grande mágica do júri, que é usar o outro como seu espelho. – pausa - Há um dado no júri que é o dado mais genial. Aqui nós somos todos iguais. – gesticulou - Não podemos julgar com preconceito, não podemos julgar com alienação como se aquilo que estamos julgando, aqui não se tratasse de um problema nosso. – apontou para o peito - O júri na verdade ocorreu porque acontece que ocorreu um crime contra a vida, a liberdade individual de uma pessoa. Que ocorreu na cidade em que vivemos, onde vivem nossos parentes, nossos filhos e até nossos inimigos. – todas suas frases saiam pausadas - e todos, temos responsabilidade de que rumo essa sociedade vai tomar; numa sociedade democrática existe um direito fundamental, um direito que nos assenta e que todos nos possuímos. O direito de que nós sejamos o que quisermos em um único lugar de nossas vidas, lá nós somos invioláveis, lá eu sou Júlio Moreira e apenas eu conheço ou quero conhecer é minha casa. – falava o promotor, fazendo seu show diante dos ali presentes, o homem ponderava a voz, gesticulava - Diz a constituição a casa é o abrigo inviolável da pessoa e do indivíduo. E esse júri e essa estória são de alguém que veio aos poucos, ninguém sabe quando isso começou ninguém sabe quando isso se deu, mas era numa casa que abrigava uma família comum e quando fechamos à porta, a vida é de cada um. Deus me livre do dia em que tivermos uma moral sexual oficial posta em lei, já pensou – nesse momento o promotor virou-se para a defesa Camila ficou vermelha de raiva mais se conteve - como fazermos, com quem, de que forma, dentro da minha casa? Todas as ditaduras começaram assim. Todas as ditaduras começam sempre em nome dos bons costumes. Esse casal – apontou para Alicia - vivia lá suas experiências sexuais que ele casal admitia viver, só que ali o réu tinha outras intenções. Intenções compactuada com outro criminoso. Um dia sempre a um dia da ruptura. Sem nenhum preconceito, por favor, senhores aqui presentes. – frisou o promotor - Quem tem um amigo chamado Raul Santos. Não tem esse amigo pra jogar paciência, senhores – ironizou - eu vou chamar o Raul para alguma coisa que o Raul vai fazer. É algo grandioso – gesticulou - algo que precisa de uma investidura, que precise de coragem, eles esperaram, esperaram à hora certa, a réu se aproximou, se insinuou até conseguir que a vítima se envolvesse, planejaram, articularam, até finalmente executar a ação pegando a mulher desprevenida, sem da oportunidade a uma defesa. Jogando um carro, esmurrando, batendo, ameaçando. – isso tudo o promotor fazendo gestos - Desalojando essa pessoa completamente debilitada. Mantendo uma pessoa inocente em cárcere, sofrendo os piores tipos de tortura, onde a réu muitas vezes participava.
Alicia chorava muito balançando a cabeça em sinal de negação, houve muito burburinho na sala. A juíza pedia silêncio.
    - O que ela vai dizer que foi coagida a participar desse ato bárbaro, que era coagida a dormir com a vítima até atraí-la para aquela emboscada? Ora senhores, não foram uma única tentativa, foram duas tentativas de sequestro, só que a última executado com sucesso. Como podem ver, a senhora Albuquerque teve sua chance de desistir, porém ela queria mais, queria a satisfação do amante, queria o dinheiro. Aqui esta o laudo do estado em que a vítima foi encontrada. Nos poucos minutos que me restam nos temos que pensar que essa mulher acabou destruindo toda possibilidade de família que havia. Não se afeta apenas a vítima, mas também a sua família. Pense na dor dos pais em ver o estado da filha. Na leitura do processo eu não me convenci que a vítima fosse apenas vítima de sua companheira. - muitos barulhos - afinal como não reconhecer seu sequestrador estando em sua companhia durante um ano de relacionamento, como não reconhecer, a voz. Como não reconhecer, não senhores jurados? Isso não ficou claro pra mim, a vítima foi então conivente com a ação.

   - Protesto meritíssimo, quem está em julgamento aqui é a acusada não a vítima. – falou Camila.
   - Aceito! Detenha aos fatos doutor.
    - Minha alegação é importante para mostrar os fatos, ela afirmou em seus depoimentos que não tinha visto o rosto dos sequestradores, pois ambos usaram máscaras. O que nos permite fazer outras relações, a prova que nos temos é essa. Quando vocês forem decidir, lembrar do juramento que fizeram examinar com imparcialidade e proferir a decisão de acordo com os trâmites da justiça e da consciência essa é a limitação dos jurados tão somente. É por isso que peço a condenação da acusada por todos os crimes aqui presentes. – finalizou a acusação.
    - Ordem, ordem nesse plenário – pedia a juíza - concedo a palavra ao nobre defensor Camila Lafaiete Queiroz para exercer o sagrado direito de defesa pelo prazo de uma hora e meia.

Um comentário:

  1. Developing quickly like in teenѕ, pregnancy,
    1 οf the most thrillіng occasions in a woman's life, or possessing lost a significant amount of weight can be the causes of it.

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