O julgamento estava na
reta final. Camila estava diante da única chance de conseguir a vitória, a
advogada chegou ao centro do salão, cumprimentou os jurados e todos ali
presentes. Depois deu início a sua oratória.
- O júri é
um dos melhores instrumentos para decidir certos tipos de caso. Arrisco a dizer
que é até mesmo melhores que o juiz togado concursado. Por quê senhores? –
indagou buscando os olhares atentos dos jurados - isso porque o juiz togado de
tanto lidar com o bandido, de tanto lidar com pessoas que vão ali para
enganá-lo, ele vai se deformando e acaba achando que todo mundo é culpado. Que
todas as pessoas estão ali vão para mentir para ele. E o réu por definição
merece punição. – Camila aumentou o tom de voz, tinha uma expressão muito forte
- Merecem pena, merecem serem condenados. – frisou - O júri não. Vocês estão
aqui para decidir o destino de alguém, o destino daquela mãe de família –
apontou para Alicia - vocês estão aqui para julga - lá por uma coisa que
efetivamente fez.
A afirmação da advogada
causou muitos comentários, Larissa sorria sabia o que Camila pretendia sua
visão profissional sobre a moça se engrandecia.
- Mas! Mas
existindo até a possibilidade de que ela não tenha feito. – pausou - E como
vamos julgar essa possibilidade: a ação aconteceu em julho de 2009. Três anos
atrás. Então para melhor compreendermos teremos que fazer um retrocesso no
tempo. Reconstruir aquela realidade que aconteceu naquele dia, naquela noite,
naquele lugar – gesticulava caminhando de um lado para o outro - com toda a sua
espessura e sua intensidade. Nós precisamos ser como o júri sabe ser. Nos
afastando do preconceito e decidirmos de acordo com as provas dos autos. A luz
de algumas critérios como verossimilhança, credibilidade com razoabilidade.
Porque nós não estávamos lá naquele momento. – Camila foi até a bancada e pegou
a cópia do processo - E como podemos saber o que realmente aconteceu naquela
noite fatídica, lendo o que foi trazido pelas testemunhas, pelos laudos e toda
a prova. Lembrando quê, as provas são contraditórias, as provas são fragmentadas.
Era um casal da periféria da cidade Alicia e Raul, porém Raul nutria uma raiva
obscura pela a vítima, segundo depoimento dos autos a vítima havia sido
promotora de acusação de um famoso traficante Malbec Santos, pai do suspeito,
ele depois de anos de impunidade atravez de muito trabalho foi condenado pelos
crimes cometido, porém covardemente o homem veio a se suicidar. Esse foi o
motivo senhores, Raul Santos queria vingança da promotora que levou seu pai a
cadeia.
Raul
no canto afastado se remexia na cadeira fuzilada a advogada por suas palavras.
- Então por
vingança, projeta um plano para se vingar da promotora Larissa Couto. Senhores
no início não foi a acusada a agir e sim uma outra mulher que inclusive prestou
depoimento aqui. Alicia se ofereceu para ajudar o amante, já que não houve
sucesso na tentativa de se aproximar da promotora. O que Raul nunca deixou
claro foram seus real motivo para aquela articulação criminosa, tudo parecia
ser apenas um sequestro, um simples sequestro, o real motivo era implícito, o
que o traficante não esperava era que minha cliente realmente se envolveu
emocionalmente com a vítima. - ponderou um pouco a voz - Não estamos aqui para
julgar esse tipo de relacionamento senhoras e senhores, nem julgar os sentimentos
de ninguem – frisou Camila para o promotor – um crime foi cometido contra a
liberdade individual de uma pessoa. A senhora Alicia tem consciência disso e é
por isso que estamos aqui. – ao se deparar com a resistência da amante em
ajudá-lo a prosseguir com o plano Raul passa a ameaçá-la. A senhora Albuquerque
foi tão vítima quando a própria vítima. Isso ficou provado com os depoimentos
das testemunhas e do outros acusados, Alicia foi alvo de gravíssimas
violências, ameaças, até mesmo estupro. Estupro – frisou – na frente da própria
vítima. Existem outras questões que nunca tiveram em causa, entre ela a
liberdade sexual. As pessoas efetivamente trancadas em seus quartos podem fazer
o que quiserem desde que as duas queiram. Como a promotoria pode dizer que foi
consensual um ato criminoso desse? Ato esse que foi testemunhado pela
própria vítima. E o que ela conta? Que ele obrigou a Alicia a fazer sexo. E
quais foram os motivos? Porque a senhora Albuquerque tinha levado comida para a
vítima que estava em cárcere. O orgulho daquele homem estava ferido, sua
masculinidade estava abalada ao saber que sua mulher havia se apaixonado pela
promotora. Ele a violentou de forma brutal fazendo a outra assistir a tudo
unicamente para provocar dor em ambas. Foi isso que aconteceu, foi isso que a
própria vítima contou em seus depoimentos. Que a senhora Albuquerque era
violentada, maltratada, ameaçada constantemente. E detalhe, por mais culpada
que fosse, era ela que apesar de todos os riscos que corria contra sua
integridade fisica. – Camila encarava um a um os jurados, suas palavras
causavam muita emoções nos presentes - alimentava, cuidava e tentava proteger a
vítima, evitando que ela levasse um banho de água fervente. – muito barulho, os
jurados arregalaram os olhos chocados - Agora senhores vocês devem está se
perguntando se não era por dinheiro então porque Alicia era conivente ao
seqüestro? A resposta é muito simples, POR AMOR... – mais barulho.
- Ordem! Ordem. –
pedia a juíza.
-
Alicia vivia com esse homem e dessa relação teve um fruto o pequeno Vinicius.
Quantos de vocês aqui no júri tem filhos, o que faria para proteger seu filho?
Foi em nome desse AMOR que a senhora Albuquerque se deixou coagir. Não foi
dinheiro senhoras e senhores foi POR AMOR. O articulador foi em seu ponto mais
fraco, seu amor de mãe. Mas foi esse mesmo sentimento que levou ao
arrependimento, foi esse amor que levou a salvar a vida da mulher que tinha
feito tanto mal. Estou aqui relembrando os fatos senhores, a luz das provas que
existem – silenciou - algumas pessoas dizem uma coisa, outras pessoas dizem
outras, mas essa versão que aqui descrevo está apoiada no depoimento da própria
vítima e de dois acusados. Eles deixaram claro que a galega, assim que chamavam
a acusada a senhora Albuquerque ela era uma mulher boa, mesmo assim o chefe
Raul vivia batendo-a principalmente quando ficava sabendo da ajuda que ela dava
a vítima. Senhores em depoimento a polícia um dos acusado afirma que recebia
ordem expressa para não deixar à senhora Alicia sair de casa, como pode a
própria articuladora ficar em cárcere. Como podemos ver essa mulher era tão
refém quanto à vítima. Olhem sem as vendas do preconceito senhoras e senhores,
o fato é que a senhora Albuquerque e a senhora Couto são um casal perante a lei
assim rege o documento de união estável. Não estamos aqui para negar o fato que
de forma passiva, mas existente a senhora Albuquerque participou do seqüestro.
Não estamos aqui para diminuir a sua culpa por ter enganado, agido de má fé a
alguém que sempre lhe ofereceu afeto. Minha cliente é culpada SIM. Ela
participou do planejamento, mas quando percebeu o erro que estava cometendo
tentou retroceder. Foi então que o seu ex-amante começou a ameaçá-la dizer que
iria matar seu filho. Imagina você receber uma ameaça de alguém de uma
pericolosidade monstruosa iria matar uma criança de três anos de idade, uma
criança inocente. Eu particulamente não arriscaria – disse a advogada - Quem
era essa mulher antes do acontecido, uma mulher de família humilde e de poucas
oportunidades que cometeu o ERRO – falou num tom alto – cometeu o erro de se
envolver com o homem errado. Essa mulher senhores nunca tinha cometido um crime
qualquer, nunca, nem multa de transito, nem um ato antiético, nenhuma falta
contra a sociedade. Era humilde, pobre, trabalhava e nunca tinha cometido
nenhum crime. Mas naquele dia enquanto as duas mulheres corriam no calçadão o
seu amante mesmo diante de protesto as seqüestras, arremeçando minha cliente do
carro para fora em alta velocidade onde por sorte não morreu.
Depois disso a senhora Alicia nunca mais cometeu nenhum outro crime,
nenhum. Fugiu porque temia pela própria vida e a vida de seu filho, não com
medo das autoridades, mas sim com medo do traficante. senhores Raul Santos é um
dos criminosos mais procurado do Estado, mesmo fugida ele a encontrou, a
machucou, ameaçou, matou sua avó materna a sangue frio na frente do próprio
filho que tinha três anos na época. Mais uma vez a tornando refém. Tanto é que
so quando a polícia invadiu a casa do traficante e ela foi presa que ela de
fato se tornou livre. Livre de sua violência de seus maustratos, na primeira
oportunidade senhores minha cliente a senhora Maria Alicia Albuquerque Couto
confessou toda sua participação no crime. O relato do próprio delegado afirmou
a suspeita não ofereceu resistência alguma. É ai onde o júri pode considerar a
verossimilhança do que se parece mais com a verdade. Será que essa mulher é uma
mulher boa que nunca tinha cometido nenhum tipo de crime, será que essa mulher
subitamente naquela noite se tornou uma criminosa? Uma louca, uma facínora,
capaz de torturar friamente sua companheira. Ou será muito mais razoável que
diante de tantas ameaças, ameaças de matarem seu único filho, ela se viu
obrigada a participar de forma passiva desse ato criminoso. O quê que se parece
mais com a verdade à estória da acusação ou a estória da defesa? – Camila ficou
um tempo em silêncio para que o júri pensasse um pouco, depois tomou a palavra
- Porque quando agente ver um sujeito que já matou cinco pessoas, já feriu
outras cincos é levado a acreditar que ele matou alguém porque já fez isso
antes – afirmou - essa pessoa é perigosa. Mas essa – se aproximou de Alicia
encarou seus olhos - com um passado e um futuro brancos e imaculados em relação
a qualquer tipo de crime. Será que ela virou um monstro ao seqüestrar a sua
companheira, depois virou boazinha de novo, porque foi ela, unicamente ela que
ajudou a vítima, foi ela que fez a denúncia dando a localização do cativeiro.
Foi essa mulher a quem querem condenar que devolveu a liberdade a vida. Não é
verocimero, não é razoável, não é lógico. Alguns doutrinadores italianos
costumam dizer que a lógica é a rainha das provas.
No fim da sua réplicar Camila dá sua cartada final. Posiciona-se
bem em frente do corpo de jurado, sua voz sai num tom mais baixo, a lourinha
encara um a um e toma a palavra mais uma vez.
- O que
realmente temos aqui senhora e senhores, quais são as reais provas para
condenar essa mulher? Na gravação colhida pela justiça da negociação dos
seqüestradores em momento algum aparece a voz da acusada, ou melhor, apenas
houve duas ligações durante todo período de seqüestro, deixando mais que óbvio
que o interesse dos seqüestradores não era fins financeiros. Até porque a
vítima segundo consta é funcionária pública e tem seus recursos limitados,
nunca podendo pagar o valor exigido pelo resgate na época, o que descaracteriza
o crime de extorsão. E Alicia sabia disso, namorou durante 13 meses a promotora,
sabia que ela sempre foi uma mulher honesta e sabemos que o salário de um
promotor de justiça que vive honestamente no máximo lhe dá uma vida
confortável. – agora Camila abriu um sorriso tinha chegado o momento - Sabem o
que é marionete senhoras e senhores. – nesse momento Camila foi até sua bancada
onde um de seus assistentes lhe entregou uma marionete para surpresa de todos
até mesmo de Alicia era um brinquedo com suas características fisica, houve
muito burburinho no tribunal com a ousadia da advogada.
– Isso é
uma marionete! Essa é minha cliente. Ela não passa de uma marionete dessa
quadrilha que usou como escudo humano. – me digam ela parece ter vontade
própria? – Camila foi ousada levantou o brinquedo para o júri que olhavam
curiosos realmente a boneca parecia com Alicia.
- Protesto.
– falou o promotor indignado.
- Aceito –
falou a juíza – isso não é um circo Dra. Lafaiete.
- Desculpe.
- O júri
deve desconsiderar o fato – falou a juíza aos jurados, mas Camila já tinha conseguido
o efeito que queria deixando Larissa mais que orgulhosa da atuação da advogada.
Lembrou-se do comentário que tinha feito meses atrás.
- As provas não provaram nada. A participação passiva foi admitida pela própria acusada, mas é mínima, uma vez que ela mesmo foi vítima desse homem que a manteve em cárcere durante muito tempo, que a violentou, machucou, assassinou sua avó na frente do próprio filho. Ela não passa de uma vítima também. Há uma teia imensa com uma aranha que manipula cada ponto. E vocês realmente acreditam que essa mulher é a mentora de tudo isso? Não senhoras e senhores, ela foi sim vítima das circunstâncias, ser mulher de um criminosos a torna criminosa? Apenas ,aqui apresento os reais fatos para que vocês possam julgá-la de forma justa, para que ela pague sua dívida com a sociedade. Não bastas pequenas evidências para condená-la. A passa tantos anos de sua vida em uma penitenciária, tendo muitas vezes seus direitos básicos violados, se até mesmo a própria vítima não a considera tão culpada assim, por que condená-la? Às vezes – Camila mudou o tom para passa mais emoção e estava conseguindo – pessoas boas podem fazer escolhas erradas, pessoas boas podem fazer coisa ruim, até agora não foi mostrada pela acusação uma prova razoável para condená-la. E a lei é clara se a promotoria não prova sem que reste qualquer dúvida da autoria do crime ela é inocente. Qual foi o crime que essa mulher cometeu? Proteger o filho acima de qualquer coisa? E é por esse motivo que peço a absolvição do réu.
Camila foi perfeita em
sua réplica. Conseguiu mexer com a cabeça dos jurados, todo tribunal se
remexia, a advogada conseguiu usar tudo a seu favor, já podia sentir o gosto da
vitória, a juíza pediu um recesso pra que os jurados pudessem deliberar, já que
o Ministério Público recusou o direito à tréplica. Antes de ser escoltada,
Larissa buscou os olhos de Alicia. Havia um sorriso na face de ambas. Sorriso
eu tornou-se mortal. Alguém não muito longe dali captou aquela mensagem. Raul
levantou de sobre salto um ódio possuiu a mente o cegando, aos empurro ele
caminhava em direção a promotora que parecia distraída. Ao se virar o homem
sacou a arma, parecia uma cena de filme, ao ver a arma apontada para Larissa
Alicia tentou correr mais era tarde demais, os policiais a segurava o estrondo
dos disparos assustou todos ali presente. Larissa parecia não entender o que
estava acontecendo virou-se para o lado foi quando reconheceu o homem, gritos,
dentro do fórum. Raul foi derrubado por um policial que o prendeu, em segundos
Larissa percebeu tinha tomado tiros no abdome, agora uma forte dor, o gosto de
sangue na boca, ai veio a escuridão.
- Me
solte. – gritava Alicia em desespero. Tinha sido levada dali.
Camila se apavora
ao ver o corpo da amiga no chão.
-
Saiam de perto. – gritava Luiza, dona Laura cai no maior desespero assim como
seu Augusto.
Luiza prestava os primeiro socorros a amiga, minutos
depois a ambulância chega e a promotora é levada para o hospital. O acontecido
passa em todos os noticiários da TV. Alicia é levada de volta a penitenciaria,
a agente tem dificuldade de conduzi-la para cela, a mulher estava transtornada,
a imagem de Larissa tomando um tiro lhe tirar o ar. Seu peito doía demais, ela
caiu sentada no chão da sua cela, aos prantos.
Enquanto isso o destino de Larissa estava nas
mãos de Luiza, a médica tomou a frente, levou Larissa para mesa de cirurgia,
seu estado era muito grave a bala perfurou alguns órgãos, a lourinha tentava
reverter o quadro mais estava difícil, Larissa teve que ser reanimada três
vezes, a cirurgia demorou quase 6 horas. Luiza sai da sala de cirurgia
arrasada, joga a toca no chão, Andréia se aproxima dela.
- Você
fez o melhor que pode.
- Ela não
responde. – disse se entregando ao choro. – a perdi três vezes...
- Você nunca
perdeu seu dom, você fez tudo que estava ao alcance da medicina.
- Devo minha
vida a essa mulher – disse Luiza encarando a antiga chefe – devo minha vida a
ela. – saiu precisava falar com a família de Larissa. Luiza antes tomou um
rápido banho. Vestiu uma roupa da Duda. Chegou na sala de espera, dona Laura
consolava o marido.
- Tia, -
chamou Luiza sentando próximo a eles.
Os olhos dos pais
de Larissa somavam tamanho desespero.
- Eu
conseguir retirar as balas, mas o estado dela é muito delicado as próximas
horas será decisivas.
Luiza abraçou os dois, os três choravam como criança,
Camila recebia o apoio da esposa e da amiga, tinha Larissa como uma irmã,
aprendeu amá-la e respeitá-la. Todos ficaram a madrugada inteira ali, os pais
de Larissa não saiam da capela.
-
Melhor você ir pra casa, - pediu Luiza.
- Estou
dizendo a Camila, mas ela é teimosa como uma mula – falou Amanda – vamos passar
na casa de Larissa e pegar o Vinicius, melhor ele ficar lá em casa, pelo menos
tem o Lucas pra ele brincar.
- Faz isso
mesmo, ele precisa ficar longe disso tudo.
Camila enxugou as
lágrimas e respirou fundo.
- Preciso ir
ao presídio Alicia deve está desesperada.
As três concordaram.
Alicia continuava deitada no chão frio da cela, toda encolhida
chorando, sua dor era tão grande que não tinha como descrevê-la. Orava baixinho
pedido pela vida de Larissa, fazendo mil promessas. Camila recebeu autorização
para falar com ela, as duas amigas se abraçaram, Camila contou tudo que tinha
corrido.
- Você
sabe que ela está sendo cuidada pelos melhores médicos daqui.
Alicia fez que sim mesmo
aquela notícia lhe doendo tanto.
- Ela vai
ficar bem. Mas preciso que você fique bem.
Alicia não tinha a mesma confiança, naquele momento era
atormentada por pensamentos ruim. As horas eram massacrante, Alicia chorava em
sua cela, ao lembrar-se da esposa.
Capítulo dezessete
No hospital o estado da promotora continuava crítico, ela
ainda estava na UTI. Raul finalmente foi preso, agora se encontrava numa cela
com mais 22 presos. O homem não parecia arrependido adotou o total silêncio.
Foi uma semana depois Camila fica surpresa, a juíza não queria prolonga
ainda mais aquele julgamento ela marca a seção para amanhã seguinte,
restringindo a abertura ao público, apenas as partes interessadas pode esta
presente. Alicia não entende porque tão rápida depois do que aconteceu esperava
mais tempo para finalizar o caso. Uma vez os jurados deliberando, a juíza
finamente ler a sentença.
- Com
cinco voto a dois o jurados consideram o réu inocente. Senhores jurados de
acordo com a consciência de acordo com os ditames da justiça absolveram o réu.
Que o réu permaneça em pé os demais pode permanecer sentado. Submetido a
julgamento o réu Maria Alicia de Albuquerque Couto perante o egrégio tribunal
de júri esta após reconhecer por cinco a dois a materialidade e a letalidade
por cinco a dois. Tenho para mim, entretanto uma vez absolvido do seqüestro é
tão abrangente que dou por encerrada essa seção.
A juíza bate com o martelo, Alicia não acredita no que
acabou de ouvir, Camila abri um sorriso imediatamente o promotor de aproxima
dela lhe cumprimentando. Alicia permanece sentada na cadeira. Sua mente ainda
não conseguia compreender inocente, Camila conseguiu o que prometera a Larissa
inocentaram Alicia.
- Deus está te
dando uma segunda chance, a sociedade está te dando uma segunda chance, faça-a
feliz, porque ela merece. – disse Camila, com toda sinceridade do seu coração.
Alicia sentou-se na cadeira boquiaberta, por muitos
momentos duvidou que sairia da cadeia. Mas a realidade se mostrava o contrário,
estava livre, livre.
- Você
está livre. – falou Camila, confirmando o que sua consciência negava. – você
está livre.
Alicia finalmente saiu de
transe, encarou sua advogada suas palavras saiam em burburinho.
- Ela
sempre acreditou em você. – disse a lourinha com os olhos cheios de lágrimas. Camila
abriu um sorriso.
- Ganhei por
ela, pra ela. – disse Camila abraçando a amiga. – vou providenciar seu alvará
de soltura.
Alicia ainda duvidava do que acabara de acontecer, o júri a
absolveu, estava livre. Livre. Sua advogada voltou meia hora depois com o
documento em mãos, os entregou a estudante. Alicia tremia diante dos papéis, os
leu atentamente, de fato buscou os olhos da advogada que continuava a sorrir.
-
Acredita agora?
Alicia balançou a cabeça em sinal de afirmação, ainda estava
muito emocionada, ganhara a liberdade. Tentou se recompuser. Enquanto Camila
dava a notícia por telefone aos familiares.
-
Alicia, vamos. – chamou.
- Preciso
vê-la.
- É pra lá
mesmo que vamos, Larissa está bem acabei de falar com Amanda, pouco a pouco ela
se recupera, sua presença vai lhe dá força para que ela melhore logo.
Camila pegou a pasta e seguia em frente, Alicia
permanecia no mesmo lugar, tinha medo. Logo atrás daquela porta tinha muitos
jornais e televisão. Ao observar a inquietude da cliente Camila retrocedeu,
estendeu-lhe a mão.
- Você
é uma mulher livre, e inocente a justiça entendeu assim. – falou a advogada com
convicção. – erga a cabeça e vamos sair.
Alicia estava corroída na vergonha não se considerava
inocente, saiu do fórum de cabeça baixa, muitos jornalistas se amontoaram,
fazendo mil perguntas a Camila.
-
Como podemos ver, minha cliente é inocente de todas as acusações, não restando
dúvida que ela foi sim uma vítima. Assim entendeu a própria vítima Larissa
Couto e a justiça. – finalizou a advogada, ganhando passagem.
Alicia não falou uma só palavra, entrou no carro de Camila
apressada. Ambas foram para o hospital, onde já as aguardavam. Milhões de
coisas passavam pela cabeça de Alicia, sentimentos diversos que a deixava
apavorada, o medo da rejeição, a alegria do amor, o remorso. O carro estacionou
ambas saiu, Camila teve que aparar a estudante, pois ela quase caiu, sentia uma
tremedeira, estava pálida como papel, suas mãos frias.
- Você
não está se sentindo bem?
- Estou com
medo. – confessou à lourinha.
- Medo de
quê?
Alicia caiu num choro desesperado, não sabia definir seus
sentimentos naquele momento, Camila a levou para dentro da clínica. Ficaram na
recepção, demorou cerca de dez minutos para que a mulher se acalmasse, logo em
seguida Luiza levou Alicia para o consultório de Duda.
- Me
deixa só com ela. – pediu Luiza.
Alicia estava sentada na poltrona de cabeça baixa
chorava feito criança. A se ver sozinha com a mulher Luiza puxou uma cadeira e
sentou-se em sua frente.
- Sei
que ai dentro deve está em revolução – começou a médica, seu timbre de voz era
amigo. – Larissa se feriu gravemente, por pouco a perdemos – Alicia a olhava –
por pouco ela morreu em minhas mãos – disse a lourinha tristonha – acho que
você conhece minha estória – Alicia fez que sim – minha vida esteve nas mãos de
Larissa por muitas vezes. Sou eternamente grata por isso, conseguir salva-lá,
não só da morte mais também de uma vida infeliz, através da minha irmã
devolvemos a felicidade aquela mulher que significa mais que uma amiga pra nós
duas. Larissa a ama, Larissa verdadeiramente a ama. Por Amor ela fez muitas coisas.
Se arriscar muitas outras, que são importantes pra ela. E você sabe disso,
senti muita raiva de você, a julguei muitas vezes, desde que soube. Mas hoje a
recebo de coração limpo. Sei que a ama, vejo esse amor em seus olhos. Levante a
cabeça Alicia, hoje você faz parte de nossa família. Larissa está bem, seu
estado é delicado, mas ela vai ficar bem. Agora preciso que você fique bem.
Vamos esquecer o passado. Se dê uma nova chance.
Alicia buscou o abraço de Luiza, chorou copiosamente, seu
coração sentia-se tão pesado diante do remorso que sentia. Luiza lhe deu um
calmante, meia hora depois ela estava mais calma. Reuniu força e foi até o
quarto de Larissa, no caminho encontrou com a sogra.
As duas mulheres se
fitaram por um momento. Alicia estava com os olhos vermelhos ainda. Dona Laura
parecia surpresa com a presença da nora.
Alicia... – falou a
mulher.
- Me
absolveram dona Laura, como ela está? – apressou-se a dizer.
- Minha
filha. – dona Laura puxou Alicia para um abraçado maternal. Sentira feliz em
saber que a nora estava livre. As duas mulheres choravam baixinho, Alicia pedia
perdão, nunca tivera a oportunidade de se desculpar com os pais de Larissa,
embora aquele momento não fosse o mais apropriado a lourinha precisava dizer.
- Preciso
vê-la. – pediu se afastando um pouco da mãe de Larissa.
- Ela está melhor,
Luiza disse que seu estado é delicado, mas minha filha é forte como um touro –
disse sorrindo – entre ela está acordada, ela está com o Vinicius e o Augusto.
O coração de Alicia bateu tão forte que
parecia sair pela boca, Camila já tinha informado para os pais de Larissa sobre
o resultado do julgamento. Só que eles preferiram não contar a morena ainda.
Queria fazer uma surpresa. Mas acabaram eles tendo uma surpresa. Larissa
parecia ter certeza que o resultado não seria diferente.
Alicia abriu a porta de vagar, podia ver o pequeno, que já
não estava tão pequeno assim, Vinicius estava sentado perto do senhor Augusto,
ao entrar olhos voltaram-se para ela. Um misto de emoção, o menino correu para
seus braços, Alicia se desmanchava em lágrimas, Larissa parecia não acreditar,
minutos depois Alicia foi até a morena que estava deitada na cama.
- Como você está? – perguntou chorando e rindo ao mesmo tempo - tô aqui amor,
nunca mais saio de perto de você.
Foi o que a lourinha conseguiu dizer abraçando à
morena que arrancava gemidos de dor, mas ambas precisavam daquilo. Seu Augusto
tirou o menino do quarto, Alicia estava muito nervosa, chorava muito. Larissa
não conseguia dizer uma só palavra. Demorou até que Alicia se recuperasse.
- Eu
tô aqui, eu tô aqui. – repetia. Pegando a mão da promotora e passando em seu
rosto.
- Eu estou
vendo – Larissa sussurrava ainda sentia-se muito fraca.
- Meu Deus
eu em cima de você. – disse ao perceber que a morena ainda estava muito
debilitada. – Camila conseguiu.
Larissa abriu um sorriso
que iluminou o quarto.
- Sempre
soube que ela conseguiria. – disse orgulhosa.
Alicia
baixou a cabeça, mesmo inocentada ainda sentia-se em dívida com Larissa.
- Você
não teve a oportunidade de escolha – disse a morena num tom mais sério – você
realmente quer ser minha esposa?
- Se você
ainda me quiser mesmo depois de tudo que fiz.
- Eu a amo.
Suas atitudes passadas não conseguiram mudar isso, então não vai ser agora que
você pode me mostrar que pode ser uma pessoa melhor que vai me fazer desistir.
Alicia
não tinha dúvida alguma, aproximou-se dos lábios da morena e a beijou com todo
amor que sentia, seu beijo foi correspondido na mesma proporção. Nos dias
seguintes Alicia não saia do hospital, a recuperação da promotora foi um tanto
demorada, Alicia passou por situações muito delicadas, mas depois de vinte dias
ela recebe alta. Muitos jornalistas se aglomeravam em frente ao hospital,
desejando uma declaração da promotora.
- Melhor
irmos por trás, lá na frente tem muitos jornalistas. – sugeriu dona Laura.
- Não mãe,
eu e Alicia vamos sair pela frente, não somos nenhuma criminosa.
- Filha,
você tem uma vida pública as pessoas ainda comentam sobre o julgamento e seu
casamento com a Alicia.
Larissa ignorou o apelo da mãe, não tinha
vergonha de nada muito menos na mulher que estava ao seu lado. Iria sair pela
porta da frente e sim daria uma declaração pública sobre o caso. Camila também
concordava com a posição da amiga. Aquilo colocaria por fim todas as fofocas
que surgia diante do caso. Assim que a família de Larissa apareceu na frente do
hospital muitos holofotes recaíram sobre elas. Larissa caminhava devagar com
Alicia ao lado, os jornalistas se aproximaram os seguranças rodearam as duas
mulheres evitando muita aproximação. Inúmeras perguntas foram feitas. Larissa
foi cordial, respondeu a maioria das perguntas dos jornalistas até as mais
inconvenientes. Logo em seguida foram para casa onde todos estavam reunidos.
A
mãe de Larissa fez um almoço caprichado, todos comemoravam. Alicia sentia-se
meio constrangida diante de todos, dentro dela sempre ia ficar o remorso.
Larissa volta e meia a abraçada mostrando-lhe que as coisas iam ficar bem.
Depois que todos foram embora dona Laura procurou pela nora que lavava os
pratos na cozinha, Larissa tinha ido se deitar sentia um pouco de dor havia
feito muitas extravagância.
-
Deixa isso ai. – disse a mulher.
- Já
terminei. – Alicia virou para pegar o pano de prato.
- Alicia. –
chamou dona Laura, finalmente a lourinha a encarou.
Dona
Laura captou o olhar de repleto de medo e vergonha. Desde que a nora chegou
para morar ali podia notar seu tamanho desconforto. Ela vivia sempre pelos
cantos da casa evitava todos.
- Você
não está
feliz?
Alicia então falou com
toda sinceridade de seu coração.
- Nunca
poderei ser totalmente feliz, por minha culpa minha avó morreu, causei uma dor
irreparável a vocês... Eu não mereço nada disso, sou culpada por tudo, mesmo
assim a justiça me inocentou.
Dona Laura se
aproximou, sua voz saiu branda.
- Você
é culpada sim, por todo sofrimento de minha família, mas você é a pessoa que
minha filha escolheu. Você foi culpada sim, mais seu arrependimento é sincero.
Desde que a conheci vi em seus olhos você ama a Larissa, acho que nem você
mesmo sabia. Há muito tempo. Lembro da primeira vez que Larissa lhe levou a
nossa casa, seu jeito tímido e humilde, você é uma pessoa simples e sem
frescura. Vi a felicidade em seus olhos em nosso seio familiar. Pra nós, para a
sociedade você já pagou pelo que fez. Seu sofrimento não foi menor ou maior que
o nosso. Se der uma segunda chance. Dê a Larissa e ao Vinicius uma segunda
chance. Seja onde sua avó estiver ela ia querer isso. Falo como mãe, filha.
Você tem uma família agora, você é minha filha agora.
Alicia abraçou a sogra com carinho. Depois dos
agradecimentos. Foi pro quarto. Larissa lia um livro a lourinha entrou
desconfiada, a morena a observava, esperou que ela tomasse banho e se trocasse.
Depois ela saiu para ver o filho, voltou minutos depois.
- Não
larga do leão aquele urso esta imundo. – falou Alicia deitando ao lado da
morena.
- E eu não
sei Maria já tentou lavar inúmeras vezes mais quando ele sai pro colégio
esconde o danado.
Alicia riu.
- Eu te amo.
– falou a morena toda apaixonada. – vamos começa do zero.
Alicia
fez que sim com a cabeça, a vida lhe dera uma segunda chance. Os olhos se
fundiram, os lábios se tocaram um beijo doce, apaixonado cheio de amor. Um
beijo de amor, um beijo de recomeço...
EPÍLOGO
Oito
meses depois
Depois da absolvição da loirinha muitas coisas
mudaram. Raul soube do resultado do julgamento ficou possesso. Mandou inúmeros
recados para Beto ordenando que o tirasse dali, mas o antigo parceiro não mais
o via como antes. Com a prisão de Raul, Beto resolveu à forte punho assumir o
comando do tráfico na favela onde Raul reinava, mesmo com toda pressão da
polícia o homem conseguia se sobrepuser. Raul se perdia na lamúria. Agora os
pesos dos seus atos caiam em suas costas, sem amigos, sem dinheiro, a vida no
presídio era cada dia pior. A falta do filho era latente, nunca mais o veria,
pediu inúmeras vezes para que o advogado o levasse, mas a promotora usou de
toda sua influência no âmbito jurídico para vetar qualquer possibilidade de
aproximação. Alicia, nunca passaria por cima de uma decisão da mulher.
Vinicius já não perguntava pelo pai
sentia-se muito feliz com suas mamães. Meses depois Alicia recebeu a notícia
que o traficante num ato covarde havia se suicidado, mesmo a contra gosto de
Larissa levou Vinicius para o velório do pai. O menino apesar de tudo era filho
dele, mas a mulher não permitiu a presença da esposa.
Beto acabou sendo preso, o depoimento de Alicia
foi crucial para colocar muitos homens importantes na cadeia. A vida havia
seguido seu curso. A loirinha resolveu voltar a estudar, voltou para a
faculdade de direito. A cada dia se mostrava mais interessada. Queria atuar na
área da família, apesar da felicidade que sentia ainda sofria com a perda da
avó queria que ela estivesse ali vendo seu crescimento. A convivência com
Vinicius mudou Larissa por completo. Hoje aos 35 anos a morena queria ser mãe,
mas não que ela gerasse, a morena tanto pediu que Alicia acabou cedendo. A loirinha
hoje gerava um filho de Larissa, a morena havia doado o óvulo e seu primo o
esperma, Alicia estava grávida de cinco meses e pra surpresa do casal eram
gêmeos. Na manhã de terça feira a morena acordou cedo, estava agitada.
- Que
agonia é essa amor? – indagava Alicia enquanto assaltava a geladeira a gestação
tinha lhe aberto um apetite monstruoso. Larissa folheava o diário oficial.
Larissa sentia o coração saltitando lembrou-se
há quase cinco anos atrás naquela agitação em busca do resultado. De repente os
gritos pela casa. Mulher explodia de felicidade, uma felicidade, orgulhosa. De
imediato ela pegou o telefone.
- Alô
– dizia uma voz sonolenta.
- Você
passou – gritou à morena.
Camila afastou o celular do ouvido tamanho
foi o grito da amiga, Larissa falava tão rápido que o raciocínio da advogada
estava lento. Finalmente entendeu. Levantou-se da cama e correu para pegar o
diário oficial, buscou seu nome. O encontrou com nota máxima. Camila sentiu uma
emoção explodir seu peito, realizara um dos seus maiores sonhos profissionais,
passara num dos concursos mais difíceis do país. Finalmente chegara onde foi
instruída para chegar. Tornara-se promotora, promotora assim como sua especial
mentora.
A felicidade estava
plena. E assim a vida vai seguindo seu curso fazendo do fim de uma história
sempre o recomeço para outra...
Seu conto é belíssimo. Você escreve textos maravilhosos. Seus contos nos prendem, sabia? Meus parabéns!
ResponderExcluirNatália
Olá,
Excluiros contos não são meus, são da Arien que gentilmente me autorizou a postar aqui :)
Maravilhoso...
ResponderExcluirACABOU??? o que você tem pra gente agora?
ResponderExcluirSim
ExcluirVou postar um outro conto curto
jah estou com saudades... vc nao pode para de postar mais contos.. vc é maravilhosaa
ResponderExcluirSim vai ter mais contos
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