sábado, 13 de julho de 2013

Contrastes Final



Chegamos ao elevador em silêncio, apenas trocávamos olhares. Acredito que as palavras eram desnecessárias, mesmo com os trejeitos enigmáticos. Era como se nos bastássemos aos ouvir a respiração da outra, ao saber que estava ao lado e estava bem. Pelo menos isso me bastava... E me enchia de vontade de tê-la novamente. Meus movimentos de puxá-la pela nuca e roubar-lhe um beijo foram quase que automáticos. Ela também não recuou, apenas se deixou levar por minhas carícias, enroscando sua língua com a minha, sugando meus lábios e segurando minha nuca, numa espécie de disputa sobre quem obedeceria quem, quem comeria quem, quando, no fim, ambas estavam totalmente entregues ao desejo insigne e latente que, praticamente, se assemelhava à presença de uma terceira pessoa. Suas mãos já me estavam bolinando os seios, enquanto a minha se atrevia a acariciar seu sexo por cima da calça.
Quando o elevador chegou ao nosso andar, desgrudamos os lábios e nos deparamos com uma vizinha confusa nos observando. O cachorrinho preto, preso a uma coleira, nos olhava de igual forma, como se compartilhasse com a dona a confusão. Eu e Maya voltamos a rir e fomos em direção ao apartamento, enquanto sentíamos os dois olhares atentos nos acompanhando.
— Além de me ouvir gemendo feito louca, a vizinha, agora, me viu sendo agarrada no elevador – debochei, ao fecharmos a porta – Vou ficar mal-falada nesse prédio.
— Aposto que ela ficou morrendo de vontade de estar entre nós. – disse Maya
— Isso seria um problema, pois não suporto que ninguém toque na minha namorada, afinal ela é uma gata no cio que não pode ver mulher. – provoquei, petulante
Mostrando-se contrariada com minha afirmação, ela agarrou-me pelos cabelos e disse:
— Vou já te mostrar quem é a gata no cio, filha da puta.
Dito isso, uma vertigem se apossou de meu ser, antes mesmo de seu corpo avançar contra o meu e me imprensar contra o braço do sofá. Eu simplesmente adorava o sentimento claustrofóbico que me dominava quando ela me agarrava em algum canto onde eu não tinha (e não queria ter) a mínima chance de escapar. O sentimento desesperador de falta liberdade assemelhava-se muito ao sentimento mortificante de falta dela. Suas mãos fortes me apertavam as nádegas, as coxas, os seios, a cintura, a nuca, os braços. Sua língua percorria cada espaço descoberto de pele, deixando um rastro úmido. Maya praticamente foi à loucura quando arranquei minha blusa e ofereci os seios para seus lábios famintos. Sua boca parecia querer me engolir. Ela sugava-os com volúpia, esbaforida como um náufrago chegando a terra. Um sorriso escancarou-se em meu rosto enquanto eu encurvava mais as costas, a fim de mostrar-lhe que meus seios eram inteiramente seus.
Uma de suas mãos escorregou para dentro de minha calça, alcançando minha umidade. Só o reencontro de seus dedos com minha boceta já me fez reviver o prazer que ela me fizera sentir há pouco tempo, na garagem, arrancando-me um gemido de prazer. Após alguns segundos, contrariada, ela resmungou que minha calça era muito justa e ajoelhou-se para tirá-la. Sua boca cobria de beijos cada milímetro de pele descoberto, com todo o cuidado do mundo. Ao ver a mancha gigante de minha umidade em minha calcinha, ela gemeu:
— Quero muito te chupar inteira, agora!
— E está esperando o que? – provoquei
— Você pedir.
Olhando-a de forma desafiadora, espremi os olhos. Ela, em contrapartida, abriu um sorriso safado e lambeu os lábios, tentadora. Levantou-se, tirou a calça e a blusa, para, depois, voltar a se ajoelhar. Maya fechou os olhos e fez cara de vagabunda enquanto sua língua se dirigia para minha virilha, deslizando por toda a sua extensão. Após uma pausa para umedecer os lábios e voltar a fazer cara de puta, ela se dirigiu ao outro lado e me lambeu novamente. Tive a impressão de que litros e litros estavam escorrendo por entre as minhas pernas e que iria morrer se não sentisse sua língua me fodendo inteira naquela hora. Fechei os olhos com força e gemi alto quando ela deslizou a língua sobre minha calcinha, pressionando meu clitóris. Abri bem as pernas e fiz menção de puxar sua cabeça com as duas mãos, mas ela logo se desvencilhou e, como era mais forte, segurou meus pulsos, voltando a lamber minha boceta por cima da calcinha.
Absurdamente molhada, senti vontade de sentar em sua boca e esfregar meu sexo incansavelmente em sua boca, até inundá-la com meu gozo. Maya se divertia com meu sofrimento, puxava, com os dentes, o tecido da calcinha para o lado, esbarrando em meu clitóris, passando os lábios suavemente por ele. Às vezes separava bem os lábios e soltava ar quente pela boca, me fazendo ir ao céu e voltar. “A filha da puta está brincando comigo!”, pensava eu. A provocação última foi quando, de forma quase que imperceptível, Maya deslizou a língua por toda a extensão de meu sexo, fazendo-me quase gritar de tesão.
— Eu quero que você me chupe, quero que você me foda, quero que você me coma inteira e agora, se não eu morro! – esbravejei, tomada por um descontrole impossível de se descrever
Não pude ver a sua expressão, mas ouvi seu risinho sem vergonha de quem havia conseguido o que queria. Não me aborreci. Apenas fiquei esfuziante por, finalmente, poder sentir sua língua percorrendo toda a minha boceta molhada, fazendo-me urrar de desejo.
O que ela me proporcionava era um dos mais profundos prazeres que poderia existir. Sua língua passeava pelo meu clitóris, pela minha virilha, por minha vulva inteira e, deliciosamente, enfiava-se dentro de mim com toda a lascívia possível. Eu abria, cada vez mais, as pernas, querendo senti-la toda dentro de mim. Com as mãos, eu massageava meus próprios seios, enquanto gemia incessantemente. Arqueei o corpo para trás a ponto de fazê-lo escorregar do braço do sofá. Maya, gulosa, acompanhou meu movimento, mal tirando sua boca de meu sexo. Seus lábios sugavam meu clitóris inteiro para dentro de sua boca, me fazendo serpentear o corpo no sofá. Suas mãos arranhavam minhas coxas e, quando sua língua estava ocupada me fodendo, massageavam-me o clitóris.
Ao sentir o orgasmo se aproximar, comecei a agarrar o sofá e puxar seus cabelos. Sua língua limitava-se a esfregar meu clitóris, em um vai-e-vem que me parecia deliciosamente infinito. Meu corpo contorcia-se, suava, movia-se conforme seu ritmo, e ela permanecia ali, me lambendo, se esfregando. Tudo o que eu conseguia pensar era: “Não para, não para!”. Segundos depois, eu pude notar que já estava gritando meus pensamentos.
O orgasmo chegou tão forte que perdi o fôlego enquanto meu corpo contorcia-se inteiro, convulsivo de prazer. Gritei seu nome tantas vezes e puxei tanto seus cabelos que até eu me estranhei. Meu corpo enrijeceu de forma que precisei esperar o terremoto inteiro passar, para poder voltar ao normal. Senti as coxas molhadas e Maya me lambendo toda.
Permaneci imersa na onda de plenitude que me dominara até que minha respiração se acalmasse. Maya deitou o corpo sobre o meu, levou os lábios até minha boca e me beijou de forma possessiva.
— Gostosa! – disse, com voz rouca – Te amo demais, sabia?
Com um sorriso satisfeito, enchi seu rosto com delicados beijos, como se tivesse medo de machucá-la. Seu rosto afundou em meu pescoço e eu passei a acariciar seus cabelos. Não demorou muito para que eu sentisse sua respiração pesada em meu pescoço. “Bebês dormem cedo”, pensei, divertida. Naquele momento, eu sentia que a amava mais que tudo. Atentei-me ao seu respirar até durante o máximo de tempo possível, durante o meu resfolegar. Gostava de ouvi-la respirar e precisava disso. Do ciúme de horas atrás, não havia nem rastro; e foi com esse pensamento que eu adormeci com ela, espremida num sofá e sendo deliciosamente prensada pelo peso de seu corpo.
*
Fomos comprar nosso desjejum. A manhã cheia de carícias maliciosas e respirações ofegantes havia atrasado nosso dia lotado, especialmente programado para fazermos nada além de ficarmos juntas.
Entramos na padaria de mãos dadas, enquanto ela ria das marcas de mordidas e arranhões em meu pescoço.
— Gata no cio também morde e arranha, amor! – foram as palavras dela, risonhas, quando descobri, em frente ao espelho, minhas mais novas marcas
Minha vingança foi, no mínimo, satisfatória. Deixei-lhe não só marcas e arranhões, mas, também, havia lhe proporcionado momentos enlouquecedores, que só foram interrompidos para que não morrêssemos de fome.
Como era de se esperar, Fernanda estava sentada em uma das mesas. Sempre tomava café ali, não importava de onde viesse. A minha surpresa foi ver que ela não estava desacompanhada.
— Vocês foram embora tão rápido ontem – disse Gisela
Fingindo que não havia escutado, voltei minha atenção para Fernanda, com quem conversei por alguns minutos. Intrometendo-se, Gisela comentou, com os olhos voltados para Maya:
— Hoje vai ter uma festa ótima, caso seja do interesse de vocês.
Dirigi o olhar para Maya, que não me deu atenção.
— Não dá, amanhã a Carol trabalha. – respondeu ela
— Então acredito que o convite seja só para você! – acrescentou Gisela, maliciosa
Antes que eu tivesse tempo de encontrar uma faca, minha Maya respondeu:
— Desculpe, mas eu não saio sem minha namorada!
Deixando Gisela, Fernanda e eu estupefatas, ela puxou-me pelo braço para ir embora.
O sorriso mais besta do mundo estampou-se em meu rosto e eu tinha a impressão de que ele não se desmancharia por nada no mundo. Não dissemos nada durante a viagem de volta para casa, mas, mesmo assim, eu estava feliz. Quando chegamos, sentei em uma poltrona e a fiquei observando enquanto ela tirava os sapatos e colocava as sacolas na mesa. Eu amava tanto que sorria, sozinha, só com a lembrança de que ela era minha.
— Não adianta fazer essa cara de puta satisfeita, eu vou querer uma ótima recompensa por ter feito isso. – disse ela, com lascívia nos olhos, interrompendo meus devaneios
Rindo de sua atitude, bati com uma das mãos na coxa e chamei:
— Vem cá, bebê!
Ela veio, sentou em meu colo e envolveu meu pescoço com um dos braços, oferecendo os lábios para um beijo, entregando-se irrestritamente a mim. Não me contive mais. Imergi em seu beijo e me deixei à mercê dos preciosos contrastes: eu quase junkie e ela toda fitness, eu tão Clarice e ela tão Martha, eu sempre orgulhosa e ela sempre compreensiva, eu toda contida e ela toda feroz, eu me perdendo e ela me encontrando...

4 comentários:

  1. Lindissimo conto... Tão envolvente..Fazia tempo que nao lia contos assim. PARABÉNS!!!; =P

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Méritos da Carol, uma pena que ela se aposentou da vida de escritora :(

      Excluir
  2. Nossa seu conto e realmente incrível gostei especificamente da sua linguagem e de com e capaz de descrever sentimentos e ações grande abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Repetindo méritos da Carol :)
      pena que não escreve mais...

      Excluir