Senti uma mão pousando sobre um de
meus ombros e girei o corpo bruscamente, dando de cara com um rosto confuso.
— Amor, o que está acontecendo? –
perguntou Maya
Fingindo que não a havia escutado,
virei as costas e saí andando, tentando enganar a mim mesma com a idéia de que
queria que ela me deixasse em paz, quando, na verdade, tudo o que eu queria era
que me prendesse em seus braços e não soltasse nunca mais.
Ouvi seu suspiro de indignação e
apertei o passo quando notei que ela não me seguia. Senti medo de que fosse
embora, ou que voltasse para Gisela, mas permaneci impassível. Logo ouvi seus
passos apressados atrás de mim e uma satisfação imensa se espalhou pelo meu
ser, mesmo com a raiva que eu sentia.
— Carol! – chamou, impaciente
Sem parar de andar, esbravejei:
— Vai fingir que não sabe por qual
motivo estou assim?
— Mas eu não sei!
— Então vá perguntar para a Gisela.
Quando estava quase chegando, senti
um puxão em meus cabelos e, logo em seguida, uma força jogou-me contra o carro.
— Meu Deus, Caroline! O que você
queria que eu fizesse? – perguntou Maya, indignada, com o rosto enrubescido
Eu achava estranho quando ela me
chamava pelo nome. Nosso tratamento se resumia a apelidos melosos e de
entendimento só nosso. Senti vontade de correr, gritar, chorar e abraçá-la com
todas as forças.
— Queria que você não tivesse dado
trela para aquela...
— Mas eu não dei, Carol! –
interrompeu-me, irritada, como se estivesse com vontade de me matar
— Então por que não a respondeu?
— Você não me deu chance!
Não querendo ouvir e tentando fugir
da admissão de meu erro, abri a porta do carro e entrei. Mal percebi quando ela
correu para a outra porta e sentou-se ao meu lado.
Dirigi em silêncio durante boa parte
do caminho, tentando pensar em uma forma de iniciar uma conversa sem, ao menos,
dar a impressão de que era aquilo que eu queria. “Não seria mais simples
você se desculpar, Caroline?”, pensei, com meu lado mais sensato. Porém tal
pensamento foi por água abaixo quando meu lado orgulhoso tomou conta e eu resolvi
que não era a única culpada. Observei-a pelo canto dos olhos e senti vontade de
apertá-la quando notei seu ar enraivecido. Seu cenho franzido dava-lhe uma
expressão de criança zangada, fazendo com que meu coração quase se derretesse
por inteiro. Pelos trejeitos que lhe dominavam a face, pude notar que estava
mordendo a mucosa da boca, ansiosa. Desci os olhos para seu corpo e minha boca
encheu-se d’água. Nossas brigas pareciam intensificar um fogo avassalador, que
me enlouquecia de vontade de tê-la.
— Não fica assim comigo! – resmungou
ela, manhosa, quebrando o silêncio
— Assim como? – perguntei, cínica
— Você sabe como!
— Estou normal.
Suspirando, Maya encostou a cabeça no
banco e fechou os olhos, tentando não se descontrolar. Senti a boca seca ao ver
seu pescoço estendido, como se implorasse por minha boca. Seu pescoço me
parecia mais apetitoso do que qualquer outro. Fazia-me salivar de vontade de
mordê-lo. Ela, inteira, me fazia salivar de vontade de mordê-la, chupá-la,
comê-la de todas as formas possíveis. Tirei uma das mãos do volante e a
escorreguei para uma das coxas. Apertei-a com força, como se aquilo pudesse me
tirar toda a tensão que sentia ao estar ao seu lado e não poder tocar.
Assim que avistei o prédio, senti o
alívio me invadir. “Isso é tortura! Ela gosta de me torturar! É gostosa e
sabe muito bem disso!”, resmunguei mentalmente, como se estivesse tentando
me lembrar a raiva que senti há pouco.
— Posso ficar com você? – perguntou
ela, quase que ronronando
— Não prefere ir para a casa da
Gisela? – provoquei
Com a cara amarrada, ela saiu do
carro e bateu, com força, a porta. Satisfeita, também levantei. Quando fiz
menção de sair da garagem, Maya tomou o controle de minha mão e fechou o
portão. Lancei-lhe um olhar confuso, sem entender quais as suas intenções, mas
tal confusão não durou muito tempo.
Maya veio em minha direção,
fazendo-me dar alguns passos para trás e encostar ao carro. Suas mãos prenderam
meus punhos e, aproximando-se de meus
ouvidos, ela sussurrou:
— Quando é que você vai entender que
você é a única?
Mal tive tempo de absorver a frase e
seus lábios já estavam buscando os meus, gulosos. Senti o gosto suave de sua
boca e a maciez de sua língua me entorpecendo. Trancei minha língua com a dela
e não demorei a sentir seus dentes, nada delicados, mordiscando meus lábios.
Ela estava com raiva. Aquilo, por algum motivo, me excitava. Passei, também, a
morder-lhe os lábios, faminta, como se aquela fosse uma forma de extravasar a
angústia que havia sentido.
— Você é minha única – repetiu, por
entre os beijos – Eu só quero você... Inteira... Mais ninguém!
Seus lábios desceram para meu pescoço
e suas mãos soltaram meus punhos, agarrando-me pela cintura. Enganchei,
desesperada, os dedos por entre os fios de seus cabelos e um gemido me escapou
da garganta. A tortura estava chegando ao fim e tudo o que se passava em minha
mente era o fato de que eu a amava com toda a minha energia vital, a ponto de
me sentir completa com o seu mais singelo toque.
— Já me perdoou? – perguntou ela, com
voz manhosa e rouca
— Não! – provoquei, mentirosa
Afastando o corpo do meu, Maya me
fitou com tanta intensidade que cheguei a me sentir tonta. Eu a queria tanto.
Com todas as forças, de todas as formas. Eu simplesmente a queria e era
orgulhosa demais para admitir aquilo em voz alta.
Ela virou-me de frente para o carro e
pressionou seu corpo contra minhas costas. Seu rosto afundou em meu pescoço,
com sua boca mordendo-me a pele quente, e uma de suas mãos escorregou, abusada,
para minhas coxas. Um sentimento desesperador, como naqueles sonhos em que você
tenta correr, mas não sai do lugar, formou-se em minha garganta e quando ela
começou a desabotoar minha calça, ele desceu para meu peito, passou pela
barriga, ganhou força no ventre e desmanchou-se por entre minhas pernas. Os
gemidos já haviam se tornado constantes, apesar de baixos, para não chamar a
atenção. Maya afastou-se, por um momento, de meu corpo e abaixou minha calça,
juntamente com a calcinha, com uma rapidez quase que desesperada. Quando ela voltou
a agarrar-me pela cintura e avançou, ferozmente, com uma das mãos para minhas
coxas, eu apertei minhas pernas, como se aquele fosse um último sinal de
resistência. Ela forçou a abertura por alguns instantes, mas quando viu que não
conseguiria, seus lábios desceram pelo lóbulo de minha orelha, escorregou por
meu pescoço e ombros, para, só então, sussurrar, com voz ardente, em meu
ouvido:
— Eu quero te comer!
Assustadoramente excitada com aquela
simples frase, que, na verdade, nada tinha de tão simples, considerando o fato
de que eu poderia ter deixado que meu gozo se desmanchasse inteiro por minhas
pernas só por ouvi-la, gemi em tom de protesto (ou em tom de súplica, não sei
bem) e imediatamente afastei as pernas.
Maya nada disse, apenas voltou a
morder meu pescoço e escorregou os dedos para dentro de mim. Gemidos escaparam
de mim e dela, sendo impossível saber qual dos dois estava mais intenso. Eu
sentia sua respiração descontrolada em meu pescoço, enquanto seus dedos me
fodiam com força e incansavelmente. Todo tipo de resistência ou raiva já havia
sido subjugado pelo desejo febril que me tomava conta. Ela me dominava de tal
forma que me parecia impossível agir de outro jeito que não se resumisse a uma
servidão irremediável e extrema.
A pressão que ela fazia dentro de
mim, seu ritmo, a forma com que apertava meus seios e minha cintura, o jeito
despudorado de sussurrar putarias em meu ouvido, seu perfume, seus gemidos e,
até mesmo, a temperatura de seu corpo... Tudo me fazia sair de mim e permanecer
à deriva em suas vontades. Eu inclinei o quadril para trás, ao perceber que ela
se roçava em mim, querendo provocá-la. Às vezes ela agarrava meus cabelos e me
mandava gemer mais alto, mais forte. Eu a obedecia e roçava ainda mais minha
bunda em seu sexo, enquanto sentia cada milímetro de seus dedos entrando e
saindo de dentro de minha boceta, arrancando-me espasmos e arrepios.
O gozo veio rápido, tão intenso em
força quanto em sentimento. Meu prazer escorreu por minhas coxas, melou seus
dedos e fez com que ela passasse a mão inteira em meu sexo, a fim de
lambuzar-se. Segurei os gritos o máximo que pude e encurvei o corpo para
frente, sentindo uma fraqueza dominar-me as pernas, fazendo-as implorar por
amparo. Maya segurou minha cintura com força e virou meu corpo para ela. Sua
mão subiu até minha boca, encharcada, e nossas línguas dividiram dedo por dedo,
como se aquela fosse uma maneira de partilhar do prazer que eu havia sentido
minutos atrás.
— Vamos subir! – disse ela,
apressada, interrompendo a calmaria
Dividida entre prazer e insulto,
apenas vesti minha calça, ajeitei minha blusa e peguei a bolsa, enquanto ela
abria o portão da garagem e saía, ordenando que eu a seguisse. Mesmo que
contrafeita, obedeci. Ao passarmos em frente à guarita do porteiro, tive um
breve sobressalto ao lembrar-me das câmeras espalhadas pelo local. Ignorei.
Pelo sorriso safado que lhe dominou o rosto, Maya havia percebido a mesma
coisa. “Algum porteiro vai dormir feliz esta noite”, pensei, enquanto
agarrava-a pela cintura de forma dominadora.
hmm conto muito bom. Excitante e envolvente. Parabéns.
ResponderExcluirNossa, você sumiu... #VoltaLogo
ResponderExcluirCalma mulher!!
ResponderExcluir:P