sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A fúria de Ana Parte I

Era sexta-feira, o dia mais esperado da semana. Dormíamos agarradas, as pernas e braços entrelaçavam-se em um abraço de corpo inteiro. Acordei sentindo o perfume entorpecente de seus cabelos, que impregnava os travesseiros, tirando-me a vontade de levantar da cama. Após me deleitar com a imagem serena do sono profundo em que Ana se encontrava, desvencilhei-me de seus braços e fui direto para o banho. Sabia que ela acordaria mais tarde do que o habitual, pois eu a havia deixado exausta no dia anterior. Um tanto quanto orgulhosa, resolvi preparar o desjejum por conta própria, não gostava de chegar atrasada no trabalho, ainda mais acompanhada dela.
Voltei para o quarto e ouvi o barulho do chuveiro, sinal de que Ana já estava acordada. Escolhi uma calça, uma camisa e um paletó, mas só vesti a calça. Abri a porta do banheiro e senti um calafrio percorrendo a espinha quando vi Ana ensaboando o corpo. Por mais natural que fosse vê-la nua, eu sempre ficava admirada. Exatos 1,75 metros de altura, seios fartos e arredondados, olhos acinzentados, lábios generosos e avermelhados, cabelos loiros que chegavam até os ombros, cintura fina, quadris largos, coxas grossas. Inteligente, bem resolvida, poderosa... Tantos adjetivos que chegavam a intimidar. “Tanta perfeição, tanta beleza!”, pensei.
Ela olhou-me e sorriu. Coloquei-me em frente ao espelho, peguei a escova e passei a pentear os cabelos, com a intenção de prendê-los. Ana saiu do boxe e enxugou os cabelos.
- Bom dia! – exclamei
Ana nada respondeu e, com o corpo ainda molhado, abraçou-me pela cintura, enquanto mordia meu pescoço. Minha pele arrepiou-se. Ela me envolveu com seus braços e as mãos escorregaram por todo o meu corpo. Apesar da pequena diferença de altura (seis centímetros), Ana me fazia sentir como se fosse muito mais baixa que ela. Imprensou-me contra a pia e continuou a mordiscar meu pescoço e ombros. Cada movimento denunciava sua lascividade. Senti seus seios intumescidos roçando em minha pele e logo meu sexo começou a ficar molhado. Despertando os instintos mais primitivos, seus dedos passaram a brincar com meus seios, ainda por cima do sutiã. Já denunciando minha fraqueza, minha respiração ficou entrecortada.
Gemidos tímidos escapavam de nossos lábios. Ela arranhava minha cintura, roçava seu sexo em meu bumbum, sem tirar a boca de meu pescoço. A boca, as mãos, a língua, os gemidos... Tudo nela me fazia perder o controle. Era um universo fechado, excluído, onde só nossos desejos e instintos reinavam, nada mais.
Ana, faminta, me tocava, mordia, apalpava, apertava. Meus olhos viravam e o suor anunciava meu estado de loucura. Ela desabotoou minha calça e, atrevida, enfiou uma das mãos, ansiosa por chegar a meu clitóris e sentir minha umidade. Descobriu um de meus seios e passou a apertá-lo. Minha cabeça se projetava para trás e eu tentava controlar os movimentos das mãos, impedindo-as de arranhá-la inteira. Ana passou a me penetrar com um dos dedos, delicadamente. Quando meus gemidos se tornaram mais freqüentes, ela me prendeu ela cintura e passou a esfregar-se em meu corpo com maior vontade. Atreveu-se a penetrar mais um dedo em mim, que demonstrei aprovar tal atitude com urros e gemidos. Mais violenta, descontrolada, Ana bufava em meu ouvido, aumentou a força dos dedos, me fazendo derreter em um prolongado orgasmo. Senti o corpo de minha namorada tremer logo atrás de mim e seus dentes cravando em meus ombros. Sua força se esvaiu aos poucos e ela desabou, sentando-se no vaso sanitário. Puxou-me para seu colo, deu-me o primeiro beijo da manhã, com o refrescante hálito de menta, sorriu e disse:




- Bom dia!
Depois de uma hora e meia, chegamos à empresa e voltamos a ser patroa e estagiária, dona Ana e Caroline, cada uma com suas respectivas responsabilidades. Só voltávamos a nos tratar como namoradas durante os raros intervalos. Nossa relação era sabida por muita gente, incluindo superiores, mas ninguém nunca fora corajoso o suficiente para questionar. Comentários maldosos nem sequer chegavam aos meus ouvidos, muito pelo contrário, homens e mulheres até me olhavam de forma diferente, quase libidinosa. Eu praticamente podia ler seus pensamentos e me divertia com eles. Nunca havia imaginado que namorar a patroa poderia ser tão sensual aos olhos de outrem.
- É hoje o show, não é? – perguntou Ana, durante o intervalo para almoço
Notei o ar aborrecido em sua voz e quase me arrependi de ter aceitado o convite de minha amiga para ir a tal show. Ana nunca escondera que achava Stela efusiva, indisciplinada e uma péssima companhia. Eu procurava não estar com as duas ao mesmo tempo, mas desde que começamos a estagiar, Stela e eu ficamos muito próximas, pois era interessante trocarmos impressões e experiências. Por Ana, quase recusei o convite, porém dois lugares na área VIP e uma cantora de MPB fantástica me fizeram dizer “sim”.
- É hoje, sim. Tem certeza de que não quer ir? – arrisquei
Ana fuzilou-me com o olhar por um instante e respondeu:
- Tenho. Você sabe que não gosto desse tipo de evento.
Concordei e logo mudei de assunto, procurando não aborrecê-la ainda mais.
Chegando o final do dia, Ana levou-me até meu apartamento e foi embora, pois não queria encontrar-se com minha colega. Não demorou muito para que Stela chegasse. Com seu jeito espalhafatoso, ela começou a falar sem parar e fazer cenas de drama, dizendo que iria desmaiar se a cantora chegasse pertinho do local onde estávamos. Eu achava graça no jeito de Stela, mas, ao vê-la, qualquer um poderia entender o que Ana queria dizer ao chamá-la de efusiva e indisciplinada.
Saímos de casa quando o relógio acusou 20 horas. Não demoramos muito para chegar ao local e agradeci aos céus por Ana não ter aceitado minha oferta, pois o lugar estava lotado e ela odeia multidões. Olhando em volta, pude notar claramente que o público, em sua maioria, era homossexual. Quando comentei o fato com Stela, ela logo se animou, pois se dizia bissexual, mas nunca havia ficado com outra moça. O show começou às 21 horas e eu passei boa parte do tempo rindo de minha colega, que gritava loucamente o nome da cantora e até dizia certas baixarias em momentos inconvenientes, obrigando-me a pedir que se controlasse.
Ao término da apresentação, Stela já se encontrava quase sem voz e um tanto despenteada. Assim que saímos do local, buscando um lugar mais silencioso, afastei-me de minha colega e liguei para Ana para pedir que fosse me buscar, conforme havíamos combinado. Ao reconhecer sua voz deliciosamente sonolenta, fechei os olhos por um instante e imaginei seu corpo esguio coberto por uma camisola de tecido fino e transparente. Tal imagem era tão apetitosa que cheguei a sentir uma leve vertigem.




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