Cresci em uma família muito voltada para o mundo da arte. Meus pais fizeram com que eu conhecesse música erudita, minha avó me dava aulas práticas e teóricas de pintura e eu sempre tinha que fazer parte do teatro da escola, mesmo que não quisesse. Por causa dessa obsessão, fui obrigada a ter aulas particulares de piano, com oito anos de idade.
Minha professora de piano se chamava Georgette e era muito amiga de minha mãe. Parecia uma típica mulher burguesa da Idade Média. Apesar de sua descendência francesa, minha professora possuía um corpo bastante curvilíneo. Ela tinha 38 anos, alta, cabelos claros, quase loiros. A postura proeminente, nariz arrebitado, todos os gestos eram delicados, apesar do olhar altivo e turrão. Havia acabado de se divorciar e tinha uma filha, que morava com o pai, na França. Minha professora era muito mandona e rabugenta durante as aulas, mas nas horas em que parávamos para lanchar, era uma verdadeira mãe. Ela era um livro de sabedoria e eu sua pequena ouvinte.
Durante os anos que estudei com Georgette, vi sua filha poucas vezes. Seu nome era Noelle e ela era dois anos mais velha que eu. Noelle sempre foi muito atentada. Gostava de me irritar, levantava meus vestidos, desabotoava minhas calças, puxava meus cabelos e morria de ciúme da mãe. A francesinha me odiava tanto quanto eu a ela, mas, como dizia minha mãe, sou manipuladora desde a nascença. Não revidava diretamente, apenas me fingia de boazinha para que minha professora brigasse só com a filha. Por algum motivo que desconheço, quando completou doze anos de idade, Noelle parou de vir para o Brasil.
O tempo passou e eu diminuí a carga-horária semanal de minhas aulas de piano. Com dezenove anos, eu apenas ia até a casa de Georgette para visitá-la.
Durante as férias de dezembro, descobri que aqueles seriam os dias mais entediantes de minha vida. Minha família resolvera não viajar e eu ficaria bastante desocupada na maior parte do tempo.
Em uma sexta-feira, fui até a casa de minha ex-professora, pois ela havia me pedido para que a ajudasse a escolher um traje para o encontro que teria mais tarde, com o namorado. Nessas horas, eu percebia que as mulheres mais velhas não se diferenciavam tanto das adolescentes. Cheguei a sua casa por volta das 18:00 horas. Georgette me cumprimentou toda risos e me puxou pela mão até seu quarto. Chegando lá, avistei uma moça de cabelos loiros e compridos, sentada na janela, observando a paisagem. Tomando a frente, Georgette chamou a atenção da moça e lhe disse:
- Adivinhe quem é essa.
A loira me olhou da cabeça aos pés, provocando a mesma reação em mim. Quando ela sorriu de forma sarcástica, não tive dúvidas de quem se tratava.
- Você fazia aulas de piano, n’est ce pas? – perguntou Noelle, com o forte sotaque francês
Confirmei com um movimento de cabeça e ela desceu da janela, vindo em minha direção. Observei cada detalhe de minha antiga rival. Seu modo de andar era despojado, suas roupas eram provocantes e seus olhos não haviam mudado nada, permaneciam com o mesmo tom de azul-escuro, sempre intrigantes e misteriosos. A menina franzina e branquela dera espaço a uma mulher de pele bronzeada e corpo desejável. Só de imaginar Noelle fazendo topless nas praias francesas, eu sentia calafrios percorrerem meu corpo.
Após um breve cumprimento, nos sentamos na cama e passamos a opinar sobre as roupas de Georgette. Estava claro que Noelle não gostava da idéia de saber que a mãe iria se encontrar com outro, mas notei que ela tentava controlar a irritação. Oito horas em ponto, minha professora saiu de casa, em direção ao carro do namorado. Fiquei observando da janela, junto com Noelle, e notei que ele havia elogiado o vestido que ela trajava, deixando-a completamente boba.
- O que faremos agora, Carol? – perguntou Noelle, com aquele jeito de carregar nos “erres”
- Eu vou para casa. – respondi
- Mais non! Fique aqui comigo, non tenho nada para fazer!
Fiquei um pouco desconfiada, pensando que a antiga inimizade poderia voltar a qualquer minuto, mas acabei por aceitar, pois não resisti ao charme do biquinho que seus lábios formavam, o típico biquinho francês. Ela tirou garrafas de vinho e cigarros do armário. Quando recusei a oferta, ela provocou:
- Non bebe, non fuma... Resta apenas uma coisa!
Minha professora de piano se chamava Georgette e era muito amiga de minha mãe. Parecia uma típica mulher burguesa da Idade Média. Apesar de sua descendência francesa, minha professora possuía um corpo bastante curvilíneo. Ela tinha 38 anos, alta, cabelos claros, quase loiros. A postura proeminente, nariz arrebitado, todos os gestos eram delicados, apesar do olhar altivo e turrão. Havia acabado de se divorciar e tinha uma filha, que morava com o pai, na França. Minha professora era muito mandona e rabugenta durante as aulas, mas nas horas em que parávamos para lanchar, era uma verdadeira mãe. Ela era um livro de sabedoria e eu sua pequena ouvinte.
Durante os anos que estudei com Georgette, vi sua filha poucas vezes. Seu nome era Noelle e ela era dois anos mais velha que eu. Noelle sempre foi muito atentada. Gostava de me irritar, levantava meus vestidos, desabotoava minhas calças, puxava meus cabelos e morria de ciúme da mãe. A francesinha me odiava tanto quanto eu a ela, mas, como dizia minha mãe, sou manipuladora desde a nascença. Não revidava diretamente, apenas me fingia de boazinha para que minha professora brigasse só com a filha. Por algum motivo que desconheço, quando completou doze anos de idade, Noelle parou de vir para o Brasil.
O tempo passou e eu diminuí a carga-horária semanal de minhas aulas de piano. Com dezenove anos, eu apenas ia até a casa de Georgette para visitá-la.
Durante as férias de dezembro, descobri que aqueles seriam os dias mais entediantes de minha vida. Minha família resolvera não viajar e eu ficaria bastante desocupada na maior parte do tempo.
Em uma sexta-feira, fui até a casa de minha ex-professora, pois ela havia me pedido para que a ajudasse a escolher um traje para o encontro que teria mais tarde, com o namorado. Nessas horas, eu percebia que as mulheres mais velhas não se diferenciavam tanto das adolescentes. Cheguei a sua casa por volta das 18:00 horas. Georgette me cumprimentou toda risos e me puxou pela mão até seu quarto. Chegando lá, avistei uma moça de cabelos loiros e compridos, sentada na janela, observando a paisagem. Tomando a frente, Georgette chamou a atenção da moça e lhe disse:
- Adivinhe quem é essa.
A loira me olhou da cabeça aos pés, provocando a mesma reação em mim. Quando ela sorriu de forma sarcástica, não tive dúvidas de quem se tratava.
- Você fazia aulas de piano, n’est ce pas? – perguntou Noelle, com o forte sotaque francês
Confirmei com um movimento de cabeça e ela desceu da janela, vindo em minha direção. Observei cada detalhe de minha antiga rival. Seu modo de andar era despojado, suas roupas eram provocantes e seus olhos não haviam mudado nada, permaneciam com o mesmo tom de azul-escuro, sempre intrigantes e misteriosos. A menina franzina e branquela dera espaço a uma mulher de pele bronzeada e corpo desejável. Só de imaginar Noelle fazendo topless nas praias francesas, eu sentia calafrios percorrerem meu corpo.
Após um breve cumprimento, nos sentamos na cama e passamos a opinar sobre as roupas de Georgette. Estava claro que Noelle não gostava da idéia de saber que a mãe iria se encontrar com outro, mas notei que ela tentava controlar a irritação. Oito horas em ponto, minha professora saiu de casa, em direção ao carro do namorado. Fiquei observando da janela, junto com Noelle, e notei que ele havia elogiado o vestido que ela trajava, deixando-a completamente boba.
- O que faremos agora, Carol? – perguntou Noelle, com aquele jeito de carregar nos “erres”
- Eu vou para casa. – respondi
- Mais non! Fique aqui comigo, non tenho nada para fazer!
Fiquei um pouco desconfiada, pensando que a antiga inimizade poderia voltar a qualquer minuto, mas acabei por aceitar, pois não resisti ao charme do biquinho que seus lábios formavam, o típico biquinho francês. Ela tirou garrafas de vinho e cigarros do armário. Quando recusei a oferta, ela provocou:
- Non bebe, non fuma... Resta apenas uma coisa!
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