Maya suspirou profundamente e fechou
os olhos, contrariada.
— Por favor. – pediu, timidamente
Rindo, eu provoquei:
— Fale mais alto.
— Por favor, Carol! – disse ela, aumentando
o tom de voz
— Agora seja mais específica. –
continuei a provocar
Lançando-me um olhar furioso, ela
espremeu levemente os lábios.
— Eu quero seus lábios, seus dentes,
sua língua, seus dedos – implorou – Quero você inteira!
Sentindo um calafrio na espinha, mal
esperei que ela terminasse de falar para socar-lhe o dedo com força e abocanhar
seu clitóris. Maya, num impulso, levantou as costas da cama e voltou a desabar,
gritando com um desespero rouco. Ansiosa por seu prazer, eu penetrei-a com força
e rapidez, como se quisesse arrancar-lhe o orgasmo à força. Minha boca sugava
seu clitóris, pausadamente, e o acariciava com a língua por entre os chupões.
Volta e meia e lhe mordiscava os grandes lábios e sugava-os, mas a minha
dedicação extrema era para seu clitóris inchado.
Senti seu orgasmo se aproximando e me
senti orgulhosa. Chupei-a com mais força, penetrei-a com mais um dedo. Não
demorou para que eu a sentisse se desmanchando em meus dedos, enquanto seu
corpo parecia dominado por algum tipo de terremoto interno. Agarrou-se aos
travesseiros como quem se agarra a algum tipo de salva-vidas e abafou os
gritos. Ainda tremendo, seu corpo serpenteava na cama, dificultando o meu
empenho em manter a língua em seu clitóris até o último espasmo.
Tirei os dedos de sua concavidade
quente e os substituí por minha língua. Lambi o líquido de seu prazer até a
última gota, como se precisasse dele para sobreviver. Seu corpo começou a
relaxar e ela espreguiçou-se feito uma gata. Ainda estava com os olhos fechados
quando fui beijá-la, mas não demorou a corresponder. Segurou meu rosto por
entre as duas mãos e sugou meus lábios, limpando os últimos resquícios de seu
próprio mel. Também chupou meu queixo e ao redor da boca, carinhosamente.
Deitei-me ao seu lado, a fim de
esperar que sua respiração voltasse ao normal, mas, com uma energia fora do
comum, ela enlaçou-me com uma das pernas e entrelaçou sua língua com a minha.
Sua mão deslizava por meu corpo, descendo de meus cabelos e indo até minha
barriga, para depois voltar pelo mesmo caminho. Seus lábios sugavam os meus e
meus dedos se entrelaçaram nos cabelos dela. Maya foi tão suave que eu quase
conseguia me imaginar flutuando. Eu sentia sua respiração em meu rosto e eu
apreciava como se esta fosse um sopro dos deuses. E, de certa forma, era. Era o
sopro de minha deusa.
Percebi quando sua mão passou a ficar
mais atrevida, porém não menos suave, e, aos poucos, sua boca também. Senti
arrepios com sua boca em meu pescoço e um sorriso enorme tomou conta de minha
face. Ela descia com a boca por minha pele, beijando cada milímetro. Era mais
do que um sonho bom. Era muito melhor do que qualquer outra coisa que eu havia
sentido. Seu corpo roçava no meu, fazendo-me quase ter certeza de que minha
teoria, de que faíscas estavam surgindo através daquele contato, era super
válida.
Afundei-me na maciez do colchão e
agarrei os lençóis, arrepiada, esperando por sua boca quente. Senti sua língua
passeando, suave, por cima do tecido da calcinha, em meu clitóris. Um tremor
forte sacudiu meu corpo, fazendo com que meu gemido desesperado soasse trêmulo,
também. Ouvi um risinho orgulhoso e ri junto. Nada poderia me fazer mais
completa e feliz.
Ela demorou-se na brincadeira de me
provocar e eu, inquieta, deixava que ela me usasse de forma irrestrita. Meu
coração bateu enlouquecido quando notei que ela tirava minha calcinha. O calor
em meu ventre aumentou, enquanto eu sentia um líquido viscoso escorrer por
entre minhas pernas. Maya soltou um gemido rouco, involuntário, sensual. Fui ao
inferno quando ela passou a língua, lentamente, por toda a extensão de minha
vulva, querendo sentir-me inteira.
Na segunda vez, tranquei a
respiração, em uma tentativa frustrada evitar que gemidos escandalosos me
escapassem dos lábios. Gemi alto, como um animal no cio, e agarrei em seus
cabelos desesperadamente, levando minha tentativa por água abaixo. Sua língua
passou a movimentar-se de forma irregular, ora fazendo círculos, ora
ziguezagueando. Seus lábios envolveram a minha vulva de forma terna e, ao mesmo
tempo, devoradora. Sua boca parecia estar dando um beijo de língua em meu sexo,
levando-me qualquer tipo de pensamento lógico embora. Eu só conseguia pensar na
quentura de sua boca, na maciez de seus lábios e na destreza de sua língua. O
mundo fora nós resumiu-se a nada. Meu mundo tornou-se ela.
A maciez de sua boca, a quentura de
sua pele, a suavidade de seu toque... Tudo nela me enlouquecia profundamente,
tudo a tornava tão dona de mim. E eu gostava. Estava quase morrendo em seus
braços, de tanto gostar. Ela me enlouqueceu como ninguém e meu corpo ficou ali,
à deriva em seus toques, seus carinhos, sua boca. Eu havia me rendido inteira.
Fechei os olhos com força, com a
mente quase explodindo de felicidade. Meu corpo serpenteava na cama, agoniado
com o verdadeiro caleidoscópio de sensações que Maya me proporcionava.
Mergulhei naquele universo tátil de tal forma, que mal me dava conta do
escândalo que estava fazendo e das frases absurdas que dizia. Todo aquele
prazer me cegava, enlouquecia. Ela gemia junto comigo, como se o fato de estar
me proporcionando prazer a fizesse sentir tanto tesão quanto eu. Isso me
estimulava a apreciar ainda mais cada movimento que ela fazia, tornando cada
sensação mais intensa. Perdi a conta de quantas vezes havia gritado seu nome e
dito que a amava. Não sabia mais onde estava, ou quem era. Eu sabia dela e só
dela. E foi com esse pensamento que um orgasmo avassalador fez com que meu
corpo se contorcesse inteiro, aflito, vigoroso, intenso. Um prazer indizível,
inexplicável, indubitável.
Desabei na cama como se tivessem me
roubado todas as forças. Seu corpo, delicadamente, deitou-se sobre o meu. Seus
lábios me presenteavam com beijos carinhosos, que pareciam transmitir todo o
amor do universo para o meu ser. Abracei-a com toda a força, como se tivesse
medo de acordar de um sonho e perdê-la. Um sentimento inexplicável me tomou
conta. Então eu senti, pela primeira vez, aquela necessidade absurda de
abraçá-la e tê-la inteira para mim. Para sempre. Então um desespero incomum me
dominou. Tive medo.
Ainda ali, rendida, contra a parede,
eu tentava permanecer firme em minha decisão de não acatar seu pedido.
Algumas horas mais cedo, Fernanda
havia nos proposto um encontro, naquela noite, em uma balada GLBT. Maya, que
nunca havia visitado tal tipo de estabelecimento, ficou animada para ir. Eu,
como uma nata ciumenta, senti como se alguém tivesse me jogado sal nas feridas.
Ela insistiu durante a tarde inteira, me fazendo utilizar os argumentos mais
absurdos possíveis:
— Você não vai gostar.
— Você vai se perder.
— Você vai ficar bêbada.
— Você vai ser atacada por uma drag.
— Você vai morrer.
Porém, apesar de meu esforço, nada
adiantou. Ali estava ela, implorando para que eu a levasse para a boate.
Amaldiçoei Fernanda tantas vezes que minhas macumbas se esgotaram.
Maya continuou forçando o corpo contra
o meu e nossos lábios estavam em um roçar quase que insuportável. Minha vontade
dela chegava a ser dolorida. Suas mãos desceram por minhas coxas, passeando
pela parte interna, arrancando-me suspiros e gemidos tímidos. Sua língua passou
a atiçar-me o lóbulo da orelha, a respiração quente que saía de sua boca só
fazia aumentar o meu suplício. Minhas mãos colavam em sua cintura com
desespero, porém sem forças.
— Ainda dá tempo de tomarmos um banho
bem gostoso, juntas – chantageou
– Depois é só colocarmos uma roupa e
seguirmos para a boate.
Sua voz era tão inocente que eu quase
acreditei que ela realmente estava convencida de que conseguiria me fazer mudar
de idéia.
— Eu aceito a idéia do banho, mas não
vamos sair para lugar algum! – rebati, com a voz trêmula de desejo
Maya estacionou as mãos e soltou um
longo suspiro. Como se tivesse levado um choque, ela afastou-se de mim mais do
que depressa, assumindo um ar aborrecido.
— Tá bom, Caroline – disse, quase
gritando – Não quer ir, não vai!
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