sábado, 1 de dezembro de 2012

Por Amor XII

No cativeiro Beto sorriu satisfeito, ergueu o corpo subiu as calça. - Nada mal moleque, nada mal. – disse sorrindo procurando a carteira no bolso traseiro. Tirou duas notas de 50 reais e entregou ao rapaz. Logo em seguida o homem entrou em casa. Extasiado com o prazer que acabou de receber deitou-se no sofá, por alguns minutos nem deu por falta da lourinha. Rodrigo foi tomar banho Beto tinha autorizado que ele fosse descansa queria o homem disposto na manhã seguinte. O rapaz sorria todo, todo com o dinheiro que acabou de receber. - Viadão! – disse baixinho, já imaginando que com o apetite sexual que Beto demonstrava ter lucraria bastante e ainda teria prazer garantido – pensava o garoto. Na casa do delegado estava tudo silencioso, depois de mais um dia exaustivo o homem tentava descansar o corpo e as idéias, seu sono foi interrompido pelo barulho do telefone, sua esposa que estava aconchegada em seus braços, virou-se para o outro lado e com um tom de decepção resmungou: – Atende, com certeza deve ser para você! – Ainda com os olhos fechados e um pouco sonolento, as mãos do delegado procuraram pelo aparelho que ficava no criado mudo, ao lado da cama. - Franco! – falou. A voz do outro lado da linha parecia agitada, as informações passadas fizeram o homem pular da cama. - Estou indo! – falou já se levantando procurando a calça. Doutor Franco de Azevedo era um homem de 50 anos, seguiu os passos do pai ingressou da polícia muito cedo, primeiro como policial até se forma em Direito e passar no concurso para delegado, incorrupto tinha mais amor pelo seu trabalho do que pela própria família, como sua esposa costumava dizer. 30 anos de sua vida para servir a polícia. E por suas atuações com finais favoráveis, sua grande experiência que acabou sendo nomeado para ficar a frente das negociações do seqüestro da promotora Larissa Couto. Na mesma semana que assumiu o caso o delegado conseguiu já havia conseguido desmascara a farsa sobre o suposto cativeiro no Rio de Janeiro. Havia conseguiu identificar o suposto funcionário dos correios que havia entregado o pacote com prova do seqüestro e o vídeo, o suspeito está mantido preso, infelizmente Dr. Franco não havia obtido o nome do mandante. Durante o percurso até a delegacia ele tentava fazer contatos com o capitão da equipe de ante -seqüestro. Com pressa a sirene ligada dando-lhe passagem, ele chega à delegacia a menos de vinte minutos após a chamada. Entrou pisando duro com o semblante sério, aparentava preocupação, não cumprimentou ninguém indo direto para o seu gabinete. Fernando aproximou-se da sala com vários papéis na mão, respirou fundo antes de bater na porta, bateu, aguardou a ordem de entrar. Recebeu. - Recebemos uma denuncia. – foi direto ao assunto. Estendendo os papéis. - Há quanto tempo?! – indagou o delgado passando a vista nos papéis que foi lhe entregue. - Cerca de uma hora. – disse o homem inseguro - Uma hora! – o homem levantou o olhar para o homem que esta diante de si, sua expressão ficou ainda mais pesada, seu rosto estava vermelho feito pimenta – Vocês recebem uma denuncia dando a localização de um cativeiro há uma hora e só me avisam agora? – berro. Jogando os papéis na mesa. Fernando tentava se explicar, o delegado não lhe dava oportunidade – Localizaram de onde partiu a ligação? - Sim senhor, ao norte, BR 232. - E o que esta fazendo aqui? - Mandei uma viatura apurar os fatos. - Quero uma varredura num raio de dez quilômetros da localidade, já perdemos muito tempo. - Senhor, já recebemos muitos trotes indicando localizações que poderiam definir o paradeiro da Sra. Couto e.... - Você não me entendeu sargento Messias? – antes mesmo que o homem pudesse responder o delegado voltou a falar – Esses miseráveis estão está brincando com o minha diligência e isso não vou tolerar. E já deixei claro que quero ser informado de qualquer informação sobre esse caso. Estamos entendidos? Se elas são falsas ou não cabe a eu descobrir. – o policial permanecia parado, não ousava nem piscar, o delegado andou de um lado para o outro, até depositar toda sua raiva dando dois murros na mesa a sua frente. - Quero a equipe do capitão Oliveira aqui na minha sala em dez minutos. – ordenou. - Sim senhor... – o homem só conseguiu respirar depois de sair da sala, sentiu-se envergonhado ao perceber que todos do departamento estavam lhe olhando – Será que vocês não ouviram o delegado. Houve um alvoroço no departamento, todos haviam percebido que o Dr. Franco não admitia erros a equipe de ante seqüestro já estava pronta para se reunir com o delgado, o capitão Almir Oliveira aparentava ser tão ou mais exigente que o próprio delegado. Toda a equipe estava concentrada analisando os mapas do município, circulavam as rotas de acesso mais próximas à localização que foi passada. O capitão formou três equipes de cinco pessoas, analisariam todo o espaço da localidade para tentar chegar até o cativeiro, claro que a divisão foi feita daquela forma para que um pudesse dar cobertura ao outro. - Silvio, você segue por essa via. – apontava no mapa por onde o líder da equipe deveria seguir – Elida você vai por essa mais ao sul e nós delegado vamos por essa via!- o homem apontando para uma estrada velha de barro, seus extintos o mandavam começar por lá, o delegado concordou com tudo que foi decidido. Todos estavam apreensivo esse era o seqüestro mais longo na daquela delegacia desde que Dr. Franco tinha assumido, ou seja, a 25 anos, já passava de mês que a vítima foi seqüestrada, havia poucas pista inúmeras pessoas foram presa mais ninguém falava, por falta de prova e a nova lei elas eram posta na rua. No último sábado Dr. Conseguiu um mandado de prisão para Jonatan Bezerra, ele foi identificado pelo porteiro do prédio como entregador dos correios. O homem pouco tinha falado, disse apenas que uma mulher lhe ofereceu 500 reais para se vesti com do uniforme e entregar um pacote. - Vamos! – disse entrando na viatura. Em quanto isso, Beto levantou-se inquieto, andava de um lado para o outro fumando cigarro, passou pelo corredor, Rodrigo tinha sido dispensado, o rapaz parecia cansado Beto para não cansar sua presa mandou dormi. Ele caminhou até o corredor, parou no quarto de Larissa aproximou o ouvido na porta, um silêncio absoluto, já dormia, parou na porta do quarto de Larissa, destrancou a porta e entrou sorrateiramente. A morena estava deitada de costas para a porta, parecia dormir. O homem foi até ela e mesmo sem motivo depositou um chute em suas costelas, a mulher acordou assustada e sentindo muita dor. - Ainda viva vadia! – disse em um tom de deboche, Larissa continuou se contorcendo de dor, Beto insatisfeito voltou a depositar vários chutes o homem parecia sentir prazer ao ver à expressão de dor e pânico no rosto da morena, quando ela já estava desacordada, o homem deu as costas e saiu. Seu coração estava acelerado, sentia algo estranho no ar, desconfiado demais vivia em estado de alerta constante. - Tem algo de errado! – retrucou pensativo ainda com a mão na maçaneta da porta lembrou-se de Alicia, foi até seu quarto, à lourinha estava em silêncio demais, achou por um momento que estivesse dormindo, assim que abriu a porta seus olhos percorreram o pequeno cômodo, buscou mais uma vez. Nada – Cadê ela? – indagou para si mesmo entrando no cômodo e procurando em todos os lugares. O sangue corria como brasa em suas veias, Beto tentava manter o controle, saiu apressado dando grito chamando pelo Rodrigo, os dois procuraram em todos os cômodos do casebre, ele brigava com sigo mesmo, sua mente fervilhava assim como a raiva aumentava. O homem estava elétrico, parecia ter tomado uma injeção de adrenalina, não conseguia raciocinar direito, Rodrigo apenas o seguia, também não sabia o que fazer naquela situação. Viu Beto parado no centro da sala, os olhos do homem brilhavam, parecia ter tido uma visão, respirou fundo soltando o ar com força e deixando escapar um pequeno sorriso no canto esquerdo da boca. - Como não pensei nisso antes! – disse em quanto caminhava, Rodrigo acompanhava seus movimentos com o olhar, não entendia o que o homem estava fazendo, Beto abriu a porta do quarto rapidamente, parecia ter ignorado a própria inteligência uma vez que minutos antes ele já tinha estado ali. Larissa já tinha acordado as pancadas que recebeu a pouco ainda doía ela chorava baixinho. - Galega! – gritou. Seu coração pedia por uma resposta, não obteve aquilo começou a frustrá-lo, onde estava Alicia, ela não podia ter fugido, Beto tentava se enganar, não acreditando nessa hipótese, seria um erro grave cometido por ele, como se explicaria para Raul. Não sua mente acreditava que a mulher estava ali em algum lugar, escondida. Precisava achá-la e quando fizesse isso daria um corretivo que ela jamais esqueceria sua paciência já tinha se esgotado. - Galega?!- chamou mais uma vez, Beto ignorou a presença da morena o cômodo era pequeno, parado na porta o homem conseguia ver tudo que estava naquele quarto, sentiu novamente seu coração acelerar, Alicia não estava lá. - O que você fez com ela? – Larissa se levantou com dificuldade, percebeu que havia algo de errado, ao percebe o nervosismo de Beto chamando por Alicia, seu coração ficou apertado. – O que vocês fizeram com ela?- insistiu. Beto não respondeu, olhava para Larissa com raiva, sua vontade era de matá-la a culpa por todos os infortúnios ao longo desse ano que vinha sofrendo desde que Raul ter obtido essa obsessão por Larissa, deu um passo para frente apenas o suficiente para ficar mais próximo da mulher, lhe deu um empurrão fazendo cair para trás, iria mata - lá pegou o revolver na cintura, Larissa sentiu um frio na espinha, o homem lhe apontou a arma e engatilhou, a morena fechou os olhos era a hora, mais Rodrigo entrou no quarto afobado, interrompendo o momento dos dois. - Chefe! – o garoto estava ofegante - Temos um problema. – respirou fundo antes de falar – Sua moto... Ela sumiu! – Beto arregalou os olhou, saiu apressado do quarto ordenando que voltasse a trancar, correu até a parte de trás da casa onde havia deixado a moto, estava vazia, voltou à sala em busca de suas chaves e seu capacete. - Filha da puta! – gritou levando as mãos até a cabeça. Beto não sabia bem o que fazer caminhava de um lado para o outro, saiu da casa olhou pelo terreno, o tempo frio a terra úmida ainda era visível o rastro da moto até a rua. Chegou à sala Rodrigo estava no canto, seus olhos estavam aflito, percebeu a gravidade da situação. Com medo ficou quieto. Beto pegou o celular precisava resolver aquilo o quanto antes, não fazia idéia há quanto tempo Alicia tinha fugido o que lhe deixava pouco tempo para agir. Mesmo de contra gosto discou para Raul ele precisava saber. Pensou no que diria ao homem. - Porra! – jogou o aparelho do outro lado da sala, Raul não atendia ao telefone. - Ele vai nos matar! – falou o rapaz com a voz temerosa. Beto o olhou fuzilando. - Quem vai te matar sou eu se você não calar essa boca. – gritou – Rodrigo se encolheu no canto da parede. - Aquele idiota deve estar por ai com alguma puta, me dê o telefone, já sei pra onde devo ligar. – pegou o aparelho e ligou para a linha especial que o pai de Raul usava para falar com seus cúmplices, inclusive com o próprio filho. Depois de tocar três vezes Raul atendeu, Beto estava certo, o homem estava em um motel com uma de suas amantes, precisava relaxa, os últimos dias tinham sido bem difíceis, assim que percebeu o celular tocar ordenou que a mulher saísse de cima dele; - Estamos com problemas. – Beto foi direto, Raul pediu que a mulher saísse do quarto, a mulher resmungou e depois de encarar o olhar serio do homem resolveu sair. - Espero que seja muito importante. – Raul foi seco, detestava ser interrompido principalmente quando estava com uma de suas vagabundas. - A galega, ela fugiu! – a voz do homem saiu firme - Como é? – Raul não parecia acreditar no que havia ouvido levantou-se de imediato e caminhou até o banheiro parou nu diante do espelho com o telefone no ouvido. - Foi exatamente isso que você ouviu, a vagabunda fugiu! - Como assim ela fugiu seu idiota? – seu semblante mudou por completo seus dentes se rangera seu tom de voz foi se alterando a medida que ele cuspias as palavras. - Não grite comigo que não sou seu capacho. – Beto se irritou com o modo que o Raul o tratou. - Se você não quer ser tratado como um capanga qualquer faça valer o dinheiro que eu lhe pago nessa porra, não serve nem para cuidar de duas vadias. A briga foi ficando mais tensa Raul esquecera com quem estava lidando e destilou toda sua raiva, Beto até tentou mais acabou perdendo a paciência a conversa se estendia. - Vou resolver isso. – afirmou Beto. – sou homem suficiente para limpar minhas cagadas. - Isso é o que espero, tire à promotora daí, se brincar aquela vadia já deu com as línguas nos dentes. – ordenou – vou matá-la com minhas próprias mãos. - Preciso de outro lugar e de um carro a vagabunda levou minha moto. - Você é mesmo um grande idiota, como deixou ela fugir com sua moto? – Raul apesar de furioso, debochava de Beto – Você é um fraco, um lerdo! - Raul. – gritou mais uma vez. – Pouco importa como você vai tirar ela daí, fuja a pé se preciso, quero a promotora na casa do rio, desfaça a merda que você fez – silêncio Raul podia escutar a respiração pesada do outro lado da linha – depois que colocar a promotora sobre vigilância quero que me traga aquela vagabunda, Ruth cometeu o pior erro da vida dela. Descubra para onde ela fugiu e a traga ela de volta sem nenhum arranhão! Às vezes acho que deveria ter colocado ela no seu lugar. – Raul desligou antes que Beto pudesse responder suas ofensas. - Vamos moleque, temos trabalho a fazer. Apesar de estar decepcionado com Beto, Raul não podia ficar de braços cruzados esperando que ele resolvesse tudo, sabia da dificuldade que o sócio tinha para encarar situações de tanta tensão, pegou outro celular e discou para outras pessoas, corria contra o tempo, localizou vários contatos que poderiam ser úteis nesse momento, enviou um pequena “tropa” até o velho casebre com ordens expressas de tirar a promotora de lá, meia hora após ter falado com Raul, Beto ouviu um barulho de carro, indo até a porta viu a caminhonete estacionada, dentro dela saíram Tulho, Greg e Jonias, todos cúmplices nos negócios de Raul. Depois de complementá-los Beto seguiu para o pequeno quarto onde Larissa esperava angustiada por alguma notícia, Beto chamou Rodrigo para ajudá-lo. - Amordace a vagabunda, amarre as mãos e coloque aquele capuz na cabeça dela, vamos levá-la para outro lugar. - Sim senhor. –Rodrigo caminhou até Larissa que estava sentada no velho colchão, Beto permaneceu parado na porta, estava ao telefone. - Junte os pulsos. – Rodrigo pediu - O que esta acontecendo, onde esta a Ruth? – Larissa perguntou baixinho para Rodrigo, Beto ainda estava ao telefone não pode ouvir o cochicho entre os dois. - É melhor a senhora ficar quieta. - Só me diga se ela esta bem, por favor! – o garoto não conseguiu fugir do olhar meloso e preocupado da promotora, o pedido veio quase como uma súplica. - Ela fugiu! – a frase saiu quase como um suspiro, antes que Larissa pudesse expressar qualquer sentimento Beto se aproximou, jogando o capuz ao lado do garoto. - Vamos logo com isso moleque! – Rodrigo apenas obedeceu, amordaçou a promotora e logo depois, colocou o capuz em sua cabeça. – Larissa podia ouvir, mas duas vozes dentro do quarto. - Eu vou com moleque e vocês limpem tudo, depois venham me encontrar, precisamos encontrar a vagabunda. - Viva? – um dos homens questionou, os olhos de Beto brilharam com essa pergunta, tudo que mais queria era ver Alicia morta. - É indiferente! – os homens fizeram um sinal positivo com a cabeça, o homem continuou – Limpem tudo, e você vadia, vem comigo. Larissa foi levada até a caminhonete e praticamente jogada dentro dela, em momento algum reagiu, estava perplexa, sentia um misto de esperança e medo, em vários momentos duvidou da capacidade de Alicia, não acreditava no que ela falava, não entendia como tudo aquilo poderia ter sido feito por amor a alguém, sabia que havia outros motivos para que ela ativesse participado do seqüestro, a verdade é que Larissa tentava encontrar um motivo para duvidar de Alicia, não queria ser enganada novamente, não queria se iludir, mas aquela atitude mudava muita coisa, ao mesmo tempo que sentia a raiz da esperança brotar em seu peito, tinha medo, pois sabia como aqueles homens eram violentos, especialmente Raul. Tinha medo do que ele pudesse fazer com ela se a encontra-se. Sentiu o motor do carro ligar Beto se despediu dos homens que ficaram no casebre, sabia que havia alguém sentado ao seu lado, provavelmente Rodrigo, logo sentiu o carro em movimento. E mesmo sem saber o que viria pela frente, Larissa estava feliz. Depois que a caminhonete foi embora os dois homens entrou na casa. Túlio tinha pressa, pegou alguns sacos de lixo e estendeu para Gred. - Que cara é essa? – indagou ao ver a cara fechada do parceiro. - Não to gostando nada de me meter nesse rolo. – disse com um olhar meio desconfiado. - Relaxa! Vamos ganhar pontos com o patrão. Túlio jogou os ombros para trás. Pouco se importava com Raul. - E você ta com medinho? – o homem sorriu, queria apenas provocar. - Medo o caralho! – gritou – só não gosto de limpar as merdas dos outros. Greg ficou calado pegou um saco de lixo e os dois começaram a recolher as coisas daquela casa. - Já terminamos liga para o Jônas vir nos buscar. – ordenou Túlio, que estava nervoso. – vamos incendiar isso tudo. Túlio não perdeu tempo pegou o galão de gasolina e começou a espalhar pela casa. Recebeu ordem para não deixar vestígio algum. Greg chega a sala com duas latas de cerveja. -Tá afim? – disse jogando uma das latas para o parceiro – E ai, que tal uma partidinha em quanto o Jônas não chega? – Túlio apenas fez sinal positivo com a cabeça, iniciou então uma partida de futebol no videogame, a partida durou mais de uma hora, os dois homens pareciam crianças em frente à pequena TV, se divertiam, até que o telefone de Greg tocou, era Raul. - Então, como estão indo as coisas? – tinha um ar de preocupação na voz. - Tudo certo, fiz exatamente o que você pediu. Vamos tacar fogo nessa porra. - Ótimo. – desligou sem se despedir. - Quem era? – perguntou o outro homem. - O Raul. – Greg parecia estar mais preocupado com a partida de futebol do que em efetuar as ordem do patrão. Nem o cheiro forte da gasolina incomodaram a disputa acirrada dos dois no jogo eletrônico. Não muito longe dali, oito policiais aproximavam-se da rota traçada, rasgando a escuridão da mata seca, tudo era feito no mais absoluto silêncio e cautela, Dr. Franco já podia avistar um ponto luminoso ao longe, um dos policiais conseguiu identificar o ponto como sendo uma casa. – no meio do nada! – pensou o delegado avaliando o local que os seqüestradores escolheram para coloca a vítima. – espertos, trecho de difícil acesso. Vamos ver o quanto espertos eles são! – concluiu o delegado. Sentindo uma excitação a medida que se aproximavam. - 800 metros! – informou o capitão Amorim. – 500 metros – o delegado se inquietava. – 300 metros... - Parem – ordenou o delegado – vamos seguir a pé, vamos cerca a casa. – capitão Amorim fez que sim com a cabeça. O grupo de policial foi dividido em dupla, a operação durou menos de 5 minutos, agiram com precisão. - No três! – disse o delegado. Os policiais que estavam posicionados ao redor da casa, ninguém entra ninguém sai sem eles verem. A ação foi rápida. - Polícia Federal – anunciou o capitão abrindo a porta com um ponta pé. Os dois suspeitos foram pegos de surpresa, Greg se jogou atrás do sofá, Túlio tentou fugir pela porta dos fundos, mas deu de cara com dois policiais que rapidamente o dominaram. Greg se escondeu atrás do sofá, sacou a arma, houve alguns disparos, dois minutos depois o homem foi atingido com uma bala na cabeça. - Esse individuo tentou fugir – disse um policial segurando Túlio. O capitão ordenou que algemassem o suspeito e o levassem para a viatura. Em quanto isso, os outros agentes e o delegado vasculhavam a casa em busca da vítima. - Nada! – informou o policial ao delegado. Dr. Franco ficou calado avaliando o local, chegara tarde demais, por dentro se consumia com o sentimento de impotência e frustração. Percorreu cada cômodo da casa, encontraram o saco de lixo onde tinha muitos objetos pessoas dos seqüestradores e inclusive da própria vítima, como suas roupas e um par de tens. - Quero a pericia aqui! – ordenou o delegado. O homem estava no quarto onde à vítima estava horas atrás, olhou minuciosamente o ambiente, ainda se encontrava um colchão, restos de comida e manchas de sangue por todo canto. - Dr. Franco, o capitão quer lhe mostrar algo. – um dos policiais levou o delegado até o outro cômodo da casa. - O que acha doutor? O delegado franziu a testa. Reconheceu o lugar. Fechou os olhos por alguns instante lembrou-se da imagem da promotora no vídeo que os seqüestradores tinha lhe enviado. - Cadê a perícia? – perguntou. - Esta a caminho – informou o capitão. Após vinte minutos de espera, pode-se ouvir um helicóptero da polícia federal aterrissa no casebre. Peritos e o legista iniciaram o trabalho. - Delegado, talvez o senhor queira ver isto. - O que é isso? – o delegado se aproximou do perito. - Uma camisinha – informou - e aparentemente foi usada há pouco tempo. Dr. Franco ficou pensativo, acompanhou todo o trabalho dos peritos. Um trabalho minucioso foram 3 horas de trabalho, digitais, fios de cabelos, sangue muito DNA concluiu o perito dando um novo impulso para as investigações. O material foi encaminhado para o laboratório. O lugar tinha sido isolado polícias ficaram de vigia. O delegado estava apreensivo, andava de um lado para o outro com o telefone no ouvido, encaminhava ordens para todos os distritos, batalhões e delegacias daquele município, tinha que fechar o cerco, sentia que aquele caso estava perto do fim. Dr. Franco não tinha pressa para interrogar o suspeito. - Senhor o suspeito esta na sala de interrogatório. – informou uma policial. - Dois minutos. Dr. Franco avaliou a ficha criminal do suspeito, precisava saber com quem estava lidando. Olhou por alguns minutos os papéis depois pegou sua velha caneca de café caminhou pelo corredor vazio até a sala de interrogatório. Ficou olhando pelo vidro, Túlio estava sentado de cabeça baixa. Parecia muito nervoso assim como o delegado gostava. Policial experiente, o delegado nunca tratava os suspeitos com violência, nem deixava que outros o fizessem. Muito diferente dos profissionais de sua área. Túlio permanecia sentado, algemado de cabeça baixa, estava nervoso, estava com muito medo, a coisas tinham se complicado, escutou o rangido da porta de metal se abrindo. Um homem alto, magro de cabelos grisalhos entrou; em uma das mãos segurava uma caneca de café som o símbolo de um time de futebol, na outra uns papéis. Sua aparência era calma, Túlio sentiu um frio percorrer a espinha. - Você esta bem encrencado rapaz. – afirmou o delegado com uma certa ironia na voz. O suspeito permanecia calado, seus lábios tremiam, Dr. Franco observava cada gesto do rapaz, pós a caneca de café sobre a mesa e sentou-se ficando frente a frente com o suspeito. - Túlio da Silva... – falou quebrando o silêncio folheava os papéis querendo intimidar o suspeito – Você tem uma ficha bem longa pra quem tem apenas 24 anos. – o homem permanecia calado, tentava não olhar para o delegado que continuou – Esta em condicional, já participou de um assalto a mão armada, tráfico de drogas, contrabando... E agora podemos acrescentar seqüestro seguido de morte. – o suspeito arregalou os olhos assustado. - Eu não fiz nada. – defendeu-se. - Onde está o corpo? - Não sei o que esta falando doutor. - Não sabe? – Dr. Franco aproximou-se mais do suspeito encarando seus olhos num duelo interminável. - Era o que você estava fazendo naquele casebre? Nada? Onde ela esta? - Não sei do que o senhor esta falando? - Filho, sua ambição te trouxe até aqui, um milhão é muito dinheiro para quem não sabe administrá-lo. - Eu não sei de nenhum milhão doutor. Não sei onde esta essa mulher, não sei do que esta falando. Túlio começou a suar frio. Olhava de um lado para o outro, se perdia nas palavras - Melhor começa a falar! Onde esta o corpo? – o delegado usou um tom mais forte intimidando ainda mais o suspeito. - Eu não sei, eu não matei ninguém. – Túlio já começava a ceder. – sou ladrão não assassino. – com voz tremula e os olhos lacrimejando, era perceptível o desequilíbrio do homem. - Rapaz, você foi preso na cena do crime. Quem são seus cúmplices, onde esta o corpo, você tem noção de quem seqüestrou? – o homem apenas fez sinal negativo com a cabeça. – Uma promotora de justiça. Então antes que as coisas piorem ainda mais me diga quem são seus cúmplices. Onde esta o corpo? - Não... – o homem gaguejava. Túlio estava mais pálido que papel. O delegado estava chegando ao que queria a pressão psicológica nunca tarda a chegar, daí o fato dele alegar com tanta veemência que a promotora estaria morta, isso tudo era uma tática, o homem estava caindo, logo ele começaria a falar. Túlio estava suando frio, não sabia o que dizer nem o que fazer, o cerco esta se fechando não queria ser acusado de homicídio principalmente de alguém da justiça, o homem sabia o que isso acarretaria, mas entregar seus chefes estava fora de cogitação, era uma faca de dois gumes, apesar de já ter passado por uma prisão, sua preocupação maior era o que Raul faria se soubesse que alguém o traiu? - Quem é o mandante? – indagou o delegado num timbre de voz mais ameaçador. - Pense bem rapaz, se colaborar podemos fazer um acordo com o ministério público. Túlio deu uma risada nervosa. - Acordo! Sou um mero pião nesse tabuleiro. Sabemos que tipo de acordo acontece quando agente mexe com gente de vocês. O delegado se levantou de imediato derrubando a cadeira, havia se irritado com a petulância do suspeito. - Se quer assim, Túlio da Silva você esta sendo acusado de seqüestro e homicídio qualificado da senhora Larissa Couto... – o delegado começou a ler os direitos do acusado o deixando atônito. - Eu não seqüestrei ninguém, ela ta viva, ela ta viva. – gritou o homem desesperado. - Então melhor começar a falar. – deu dois murros na mesa encarando o suspeito. O homem finalmente começou a falar, foi claro em suas declarações, detalhou toda a ação desde o início, confirmou as ordens expressas do chefe para que limpassem a casa e colocassem fogo em tudo, para que não deixassem rastros. Por mais que fosse pressionado Túlio não contou de onde tinha vindo à ordem, denominava apenas de “Chefe” o tal mandante, mas o rapaz era esperto, sabia que revelando outras informações estaria ajudando no caso, então deu o número da placa do carro em que estavam. O delegado satisfeito por ter arrancado tudo que queria do suspeito o mandou para cela. Rodrigo olhou incrédulo para Beto, estavam entrando na favela onde ele morava. Raul não queria Larissa por perto estava com tanta raiva que seria capaz de por um fim na vida da promotora, não tinha mais tempo arquitetar uma saída, sua vingança foi deixada de lado, seus planos tinham que ser alterados. Beto estacionou no barraco de Rodrigo, deu ordens para que o garoto retirasse a mulher do carro e a levasse para dentro. Rodrigo até pensou em falar algo, mas sabia que naquele momento o melhor seria não contrariar o patrão, seguindo suas ordens, retirou Larissa do carro e a levou para dentro, a mulher ainda estava com o capuz, mas sentia que estava em outro ambiente, bem mais urbano, pode ouvir sons variados ao redor. Rodrigo levou à promotora até o quarto, ajudou Larissa a se sentar, pediu que esperasse um pouco, havia uma grande janela com grades do lado direito do quarto, o garoto fechou a janela e prendeu as grades com uma corrente e um cadeado, depois cobriu com um pano preto tirando a luminosidade que havia no local, precisava se assegurar de que Larissa não fugiria. Depois de ajudar à promotora e soltar seus pulsos ainda presos, Rodrigo pede que a mulher tenha calma e que não tente fazer nada, afirma que logo trará água e comida. Larissa apenas faz um sinal positivo com a cabeça, depois de retirar o capuz e a fita adesiva que prendiam seus lábios, a promotora passa os olhos rapidamente o local, sente certa vertigem de repente, depois passa a analisar melhor o local, não era exatamente um cativeiro, tinha até certo conforto. - Depois eu volto! – o garoto não percebe que a promotora não prestou atenção no que ele disse se retira do quarto deixando uma Larissa confusa e muito curiosa. A promotora analisou bem cada pedacinho daquele quarto. Os lençóis da cama estão limpos. O quarto também tem lá sua organização. Não dava pra ver a rua da janela, tentou até forçar um pouco o cadeado, mas foi inútil, o lugar tinha um cheiro agradável, havia uma TV no quarto, talvez por ironia do destino, Larissa voltou a sentar na cama, estava assustada, temerosa, amedrontada com aqueles homens. Não parava de pensar em Alicia, tentava se concentrar até ouvir vozes no outro cômodo que parecia ser a sala. Beto estava pensativo, largado sobre o pequeno sofá, tentava encontrar uma maneira de fazer com que Raul não o culpasse pela fuga da galega! - É tudo culpa sua seu moleque! – berrou antes que o garoto pudesse se aproximar. – Você a deixou fugir! - Eu? – gaguejou, estava surpreso - É, você! – Beto se levantou, deu passos lentos até chegar ao garoto. - Mas eu estava com você, não podia imaginar que ela ia fugir, nem você percebeu que estava sem as chaves da moto e da casa. – Rodrigo tentava se explicar em vão - É isso que você vai dizer ao Raul? – indagou Beto Rodrigo não teve tempo para pensar em uma resposta, antes que pudesse se manifestar recebeu um soco no rosto. - É isso que você vai dizer ao Raul? – repetiu – seus olhos brilhavam em fúria - Você vai dizer ao Raul que estava de guarda quando a cadela fugiu, vai dizer que ela deve ter se aproveitado de sua ida ao banheiro. Vai dizer que ela deve ter roubado minhas chaves quando eu estava dormindo. Aproveitando que a porta estava aberta ela acabou fugindo e você é tão imprestável que não ouviu o barulho da moto. – Beto parecia estar fora de sim, ficou bem próximo do rosto do garoto e completou – Você vai dizer que a culpa é sua entendeu moleque? O garoto estava muito assustado. O homem havia mudado de humor repentinamente, resolveu de imediato concordar com o que ele disse fazendo apenas um gesto positivo com a cabeça, Beto estava visivelmente perturbado, deixou um sorriso sínico escapar pelo canto da boa, ajoelho-se e fez um carinho no queixo do garoto. - Eu tive que te machucar, mas não fique com raiva de mim, ainda vamos nos divertir muito. Você só precisa fazer o que eu mandar entendeu? – novamente o garoto fez um sinal positivo com a cabeça, sabia que estava entrando em uma fria, assumir a culpa pela fuga da galega para Raul seria quase que assinar uma sentença de morte. Beto aguardava a chegada de Raul, fazia algumas ligações em busca de notícias sobre o paradeiro de Alicia, estava nervoso e muito inquieto Rodrigo levou água e comida para Larissa, como havia prometido. Entrou no quarto de cabeça baixa, a promotora percebeu que o garoto estava machucado, pelo pouco que tinha ouvido dos gritos de Beto parecia que o garoto estava sendo acusado por ter deixado Alicia fugir, Larissa sentia pena do rapaz. - Esta tudo bem? - Sim. Trouxe comida e água. – Rodrigo se limitou a dizer apenas isso. Aproximou-se um pouco mais para entregar o prato de comida para a morena - Aqui a senhora vai ficar melhor. Pelo menos agora tem uma cama. – apesar da fisionomia triste o garoto ainda tinha animo para brincadeiras, deu as costas a Larissa e já estava saindo do quarto - - se me deixar ir, sua pena pode ser reduzida. Posso ajudá-lo rapaz. Rodrigo encarou a promotora. - Rodrigo, vamos ser realistas. Você não é burro já percebeu que esses seqüestradores perderam o controle da situação. Não tardará para a polícia me encontrar. Se me ajudar posso tentar um acordo com o ministério público. Pense menino, não é um simples seqüestro que temos aqui. Vítima em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção e grave sofrimento físico e moral a pena de reclusão é de dois a oito anos. Tentativa de homicídio cinco a vinte anos, crime de tortura, mais oito anos, uma infinidade de artigo do código penal que posso acusá-lo. Você está disposto à passa o resto da sua vida atrás das grades? Rodrigo parecia ficar ainda mais assustado ainda com as palavras de Larissa. - A senhora sabe que só faço o que me mandam. – gaguejou. – melhor esta atrás das grades do que morto. – afirmou o rapaz. Larissa balançou a cabeça em sinal de negação. O rapaz se preparava para sair, Larissa segurou pelo braço. Mudou de assunto algo a inquietava. - Você tem notícias dela? – o olhar preocupado da promotora era visível, Rodrigo respirou fundo e permaneceu calado - Por favor, preciso saber se ela está bem. – insistiu. O rapaz fraquejou. - Não sei da dona Alicia, o chefe ainda estava procurando ela. - Quem está procurando ela? –Larissa achou que era uma oportunidade de ter nomes - Melhor a senhora parar de fazer tantas perguntas, quando acharem ela a senhora vai saber de um jeito ou de outro! Rodrigo se desvencilhou das mãos de Larissa e saiu trancando a porta. A morena permaneceu ali pensativa.

Um comentário:

  1. Luh vc é uma ótima escritora,sou uma grande apreciadora de boas narrativas e uma grande fã sua.
    Nunk comentei nada aqui,porém resolvi comentar hj para te agradecer por este imenso prazer q vc me proporciona com seus contos,q nos prendem na leitura tão boa e nos transportam para dentro da história.
    Gostaria mto de poder conversar mais com vc e saber de onde vem a inspiração para os contos.Espero um dia poder ter este prazer.
    Estou no aguardo do próximo capítulo de "Por amor",ñ demore mto a postar,ok.
    Bjinhus.
    Priscilla - Belém/PA

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