Que bom vê-lo. – falou Larissa ao recebê-lo.
- Cedo demais para está por aqui? – disse o homem brincando.
- Isso aqui é umas das válvulas que bombeia meu coração. – respondeu sorrindo.
Os dois se sentaram, conversaram por um longo tempo.
- Franco me ligou. – falou o promotor.
Larissa mudou de semblante.
- Larissa será...
- Eu entendo o trabalho de Dr. Franco, mas o que ele quer não posso lhe dá.
- Você sabe quem foi?
- Me desculpe doutor, mas já disse tudo em meu depoimento se tiver qualquer lembrança nova eu serei a primeira a falar.
- E a Ruth Larissa? Longe desse escritório somos amigos e a Ruth? Não a vi mais.
Larissa sabia onde aquela conversa chegaria. Dr. Aguiar era não era
apenas seu superior, mas também um grande amigo. Os dois dividiam o
mesmo ciclo de amizade. Ele conhecia a sexualidade a amiga, conhecia sua
namorada, assim como Larissa sabia que ele era gay também. Muitas vezes
ele falou algumas suposições sobre o caso, advogado experiente, logo
matou a charada. Mas como ele sempre falou a Larissa “não é o que se
sabe e sim o que pode se provar num tribunal”. Larissa encarou o olhar
do amigo.
- O que quer Silvio? – seu tom foi seco.
O promotor ficou encarando a amiga por mais um tempo em silêncio,
Larissa sabia ser dura como uma rocha resolveu não se envolver. Mudou de
assunto.
- Pronta para trabalhar? – indagou mais sorridente. – crime passional, -
ele lhe entregou cópias do processo – o que não se faz por amor não é? –
mais uma vez lançou aquele olhar desafiador.
- O causado?
- Culpado. Queremos a condenação – afirmou o promotor.
- Mas, esse não é Dr. Miranda. – falou um tanto surpresa ao se tratar de um conhecido jurista.
- Pois é. Nada melhor que voltar a TV.
Silvio deu uma risada.
- Sacana você.
Silvio sabia que Larissa era a pessoa indicada, à jovem já estava
acostumada de lidar com esses processos que acabava ocupando os
telejornais. Os dois conversaram sobre o processo, nada fácil
principalmente de quando se tratava de um juiz de direito.
Depois
que o chefe saiu, Larissa jogou o processo sobre a mesa, consultou o
relógio até agora Camila não tinha lhe ligado, ansiosa por noticias
ligou para a assistente.
- Estou chegando ao prédio. – informou Camila.
- Direto na minha sala.
Minutos
depois Camila e Ingrid entraram na sala da promotora, aquela
investigação era particular Larissa exigiu absoluto sigilo até para seus
superiores.
As duas se posicionaram, no painel que tinham montado a primeira a fala foi Camila.
- O que temos? – perguntou Larissa.
- Maria Alicia Soares Albuquerque, nascida no dia 02 de setembro de
1986, 26 anos, segundo os registros da faculdade ela foi matriculada ano
passado, esta nos três período. Falei com alguns professores, embora
ela faltasse com freqüência os professores diziam que ela era uma boa
aluna, sempre participava da aula e tinha boas notas. Abandonou o curso
sem dá mais informações, até hoje a faculdade tenta entrar em contato
com ela...
- As amizades Dra. Lafaiete – falou Larissa.
Camila olhou contrariada.
- Ruth não era uma pessoa muito social.
- Alicia. – corrigiu Larissa, tensa.
- Alicia não era uma pessoa de muitas amizades, embora fosse muito
paquerada segundo alguns colegas de classe me informou, ela não tinha
muita amizade a não ser com uma mulher chamada Marcela Lutem Berg.
- A Marcela como não pensei nela – pensou Larissa.
- Anterior a faculdade o que temos?
- Ela residia numa comunidade chamada planetas dos macacos. Fica em
piedade, próximo do local onde a senhora foi encontrada, segundo dizem
ela era mulher de um traficante local. Depois foi morar no prédio no
bairro de boa viagem... – Ingrid continuava a fala as duas assistentes
montaram um dossiê completo da ex-namorada da promotora, que agora sabia
muitas coisas sobre ela. - o porteiro disse que faz tempo que ela não
vem ao apartamento, o que era muito estranho já que as contas são pagas
todos os meses, o mais interessante é que tem um homem que quase todos
os dias vai procurá-la.
Larissa ficou pensativa já sabia de quem se tratava, certo alivio pelo menos sabia que Raul estava atrás dela também.
- A família?
- Não conseguir muita coisa – falou Ingrid. – os pais morreram, ela
passou pelas casas dos tios, depois foi morar com as avós.
- Onde? – Larissa ficou curiosa.
- Arapiraca. Tem uma tia que mora aqui.
- Arapiraca – repetiu à promotora. – e por lá que vamos começar. – afirmou.
Larissa ficou lendo e relendo os papéis exaustivamente reavaliando tudo à medida que descobria, mas confusa ficava.
- Dra. Larissa tem mais uma coisa.
Camila e Ingrid se entreolharam.
- O que foi? - a morena encarou as duas assistente. – o que foi?
Ingrid
entregou uns relatórios e documentos confidenciais que ela e Camila
tinham conseguido. Larissa olhou os papéis, seu semblante mudou seu
corpo desabou na cadeira, engoliu em seco.
- Obrigado. – as palavras saíram quase inaudíveis
Camila entendia o porquê daquela reação. O conteúdo também lhe
deixou surpresa, principalmente porque ela conhecia Alicia. Muito tinha
simpatizado com a namorada da Larissa. No início não entendia o porquê
daquela investigação. Quando Larissa a chamou e Ingrid ao seu escritório
a morena pediu como um favor pessoal, não deu muitas explicações nem as
duas assistentes perguntaram. Trabalhando ali no Ministério Público
aprendeu quem há muitas perguntas sem respostas, sigilo era seu
passaporte de entrada e saída. Larissa sentiu como se tivesse levado um
soco no estômago, lia e relia aquele documento, sentia seu coração tão
oprimido. Passou a fazer julgamentos antecipados, tentava assimilar tudo
que estava escrito nos documentos, tentava manter o sangue frio, não
queria demonstrar sua reação na presença das assistentes. Agradeceu a
atenção e o cuidado que ambas tiveram e pediu que se retirassem.
Sozinha em seu escritório tentava encontrar uma explicação plausível
para tudo aquilo, mas só conseguia pensar em como foi enganada. Como
alguém poderia ser capaz de mentir daquela forma, tentou ser forte
conter sua tristeza, mas a dor que sentia era incontrolável, chorou
muito, tentando se livrar de todo aquele peso de uma vez só.
Larissa decidiu ir embora, no meio do caminho pensava em uma boa
desculpa por sua demora. Abriu a porta tentando não fazer muito barulho,
na esperança de que sua mãe já estivesse dormindo, antes mesmo de
fechá-la foi bombardeada por perguntas feitas por sua mãe. Tentou
tranqüilizá-la.
- Pra quê tanta preocupação, mulher? – disse num tom de brincadeira.
- Olha à hora minha filha. Não sabe o quanto é perigoso ficar na rua até tarde.
- Mãe a senhora está me tratando como uma adolescente.
- Fico com medo você na rua tão tarde, esses bandidos solto por ai – a
voz de dona Laura soou pavorosa, Larissa abraçou a mãe com carinho,
entendia seu medo.
- Desculpe. – falou a morena. – desculpe mãe.
- Já comeu?
Larissa pensou em mentir, não sentia a menor fome, mas conhecia a
mãe. Dona Laura foi colocar seu jantar enquanto ela tomava banho. Seu
coração apertava sempre que a filha saia pela porta. Àquela sensação de
medo não a deixou desde seqüestro, Larissa já não era a mesma, sua
alegria contagiante se evaporou dando lugar a sua tristeza constante. A
morena evitava as pessoas, estava sempre presa no quarto, pensativa com o
olhar vazio.
A morena foi para o quarto, sentou na cama, fechou os olhos passando as
mãos pelo rosto. Respirou fundo, não sabia no que pensar, nem como
agir, foi uma noite longa. Larissa conseguiu relaxar o corpo depois de
um banho quente, mas sua mente ainda fervilhava, caminhava de um lado
para o outro, pensava em Alicia. Alicia, Alicia, repetia seu nome
incansavelmente. Revia tudo que havia descobriu daquela mulher
misteriosa. Sua mãe chamou para jantar apesar da pouca fome Larissa
adorou a comida. Ficou conversou e brincou com o pai, sua mãe observava
registrando as gargalhada da filha, há quanto tempo não à via sorrir.
Depois de um tempo Larissa se despediu do pai e foi deitar. Mais uma vez
o duelo havia começado, mente e corpo, qual deles se entregaria
primeiro ao cansaço. Sua mente usava armamento pesado, Alicia era seu
melhor triunfo, a promotora não tinha como lutar, lembranças,
pensamentos, julgamentos, era feito em segundos. Porque o entender
parecia tão difícil para aquela mulher tão inteligente. Seu coração se
espedaçava a cada nova informação que recebia, era uma briga coração X
razão colocando até em dúvida a legitimidade das evidências, mas no
fundo Larissa sabia, as evidencias nunca mente. O amor e o ódio caminham
lado a lado e ela mais que ninguém sabia bem disso.
A promotora viu o dia amanhecer. Sua mente foi vencedora nesse
duelo. Larissa não chegou a dormi, consultou o relógio. Cedo demais.
Resolveu fazer a única coisa que realmente a fazia relaxar. Colocou uma
roupa de aeróbica e desceu, cumprimentou os funcionários do prédio,
chegou ao calçadão, ligou seu som MP3, alongou e iniciou a caminhada.
Correu até não haver mais fôlego, depois de uma hora sentia-se mais
leve, voltou para casa mais disposta, levou uma bronca da mãe por ter
saído sem o segurança. Ela já não se importava com os perigos que lhe
rodeava, precisava continuar sua busca pela verdade e pela justiça. Que
verdade? Que justiça? A dos homens ou a do seu coração? Veremos não é!
Saiu logo depois de um café reforçado teria o dia longo. Deu apenas uma
rápida passada no escritório precisava de uns documentos, o lugar
estava vazio era cedo demais, voltou ao carro dispensou o segurança
sentia necessidade de fazer aquilo sozinha, ligou o GPS digitou as
coordenadas, Arapiraca esse era seu novo destino.
A viagem foi tensa, ao longo de duas horas Larissa entrava na cidade. Cidade pequena, nada mais de 216.108 habitantes,
estacionou o carro em uma rua pouco movimentada. Larissa caminhava
pelas ruas, tentava imaginar uma mulher como Alicia morando naquele
lugar. Alguns olhares curiosos já lhe observava, a mulher acenava com a
cabeça, olhou para suas roupas, voltou ao carro e deixou a parte de cima
do seu terno, não queria chamar muita atenção que era difícil em cidade
pequena por onde passava sentia os olhares indiscretos das pessoas.
Tentou colher algumas informações com alguns moradores, mas as pessoas
tinham medo de falar com pessoas desconhecidas. Larissa já estava
desanimando, a cerca de uma hora no local e não tinha conseguido nada de
real valor, ela parou numa barraca para comprar água, uma senhora
falante dona Josefa que era vizinha de dona Marli, para surpresa de
Larissa que começou puxar conversa com a idosa. A senhora logo a
convidou para tomar um café.
- hum cheiro bom.
- Já, já trago um cafezinho para gente. – falou a senhora simpática.
- Então dona Josefa faz muito tempo que a senhora mora aqui?
- Minha vida toda minha filha, vi essa cidade crescer. – disse orgulhosa.
- Aqui parece ser uma cidade muito agradável, meus pais são do interior, nada como a tranqüilidade dessas terras.
Larissa ganhava aos poucos a confiança da mulher, usava de seu poder de
persuasão para conseguir a informações que queria. Pouco a pouco foi
entrando no assunto, dona Josefa era uma boa mulher e não via nenhuma
maldade nas perguntas que Larissa lhe fazia. A mulher saiu e logo voltou
com uma bandeja, com duas xícaras de café e alguns biscoitinhos.
- Que delicia – falou Larissa enchendo a mulher de elogio. – engraçado, amiga mãe tem uma amiga que já morou aqui.
Dona Josefa olhou curiosa.
- Quem minha filha, não tem uma alma que eu não conheça nessa cidade.
Larissa finalmente chegou a onde queria.
- Não sei bem o nome dela, Mariana eu acho – arriscou. Larissa colocou a xícara no centro – é alguma coisa com Mar...
- Não é a Marli não?
- hum não sei, me fale dessa Marli.
- Marli coitada, abandonada pelos filhos depois pela neta.
- Então não é essa não a amiga da minha mãe não teve filho, foi viúva
cedo coitada. Mas me diga dona Josefa como uma mulher pode ser
abandonada desse jeito. – Larissa tentou demonstrar indignação. O que
funcionou.
- Agente cria os filhos com tanto sacrifício para depois eles nos
abandonarem – a senhora falou com certo rancor na voz, Larissa apensou
sua mão com delicadeza – a Marli coitada... – a senhora começou a falar
sobre os filhos de dona Marli, em quanto isso - tentava analisar o que
poderia ser ou não útil.
- E a neta, foi embora também?
-
A minha filha, aquela ali não esperou muito tempo para ir embora,
andava por essas ruas como se tivesse um rei na barriga, foi embora para
Recife ainda novinha, não tinha nem 15 anos, depois de um tempo acabou
voltando, mal saia de casa, não falava com ninguém.
- Estava doente? – Larissa tentava não expor toda a sua curiosidade.
-
Não minha filha, estava grávida e assim que o menino nasceu ela foi
embora de novo, sumiu do dia pra noite, ninguém sabe o que ela aprontou
pra ir embora tão rápido e levar a coitada da Marli junto.
- Elas fugiram?
-
Não sei ao certo minha filha, em uma noite simplesmente elas foram
embora, sem se despedir de ninguém. Mais segunda as más língua dizem que
ela saiu fugida sim, sabe não quero parecer fofoqueira, mas a Marli
dizia que a neta tinha arrumado um homem que não era direito – Larissa
tomou um gole do café antes de fazer a próxima pergunta.
- A casa que elas moravam é muito longe daqui?
- Não, mas me diga, por que tantas perguntas sobre a família da Marli? –
a mulher parecia desconfiada. Larissa então retrocedeu.
-
Como eu disse a senhora meus pais são do interior. Estão pensando em se
mudar, mas não queriam mudar o estilo de vida, achei esse lugar tão
tranqüilo e como à senhora disse que a mulher e a neta foram embora, a
casa está vazia, pensei em procurar o dono e comprá-la.
- Ah minha filha, acho meio difícil você conseguir comprar alguma casa por aqui.
- Mas a senhora disse que as duas foram embora, a casa está livre não está?
- Estava. Semana passada a neta da Marli esteve aqui e negociou a venda
da casa com filho do Zé da venda. – Larissa quase se engasgou com o
biscoito.
- Pensei que a neta tivesse ido embora!
- Então minha filha, a azedinha da Alicia apareceu por aqui, parece que
só estão esperando os papéis para concluir a venda da casa.
- A senhora tem certeza? – Larissa estava nervosa.
- Sim, tenho sim perguntei até pela avó dela mais ela nem me respondeu.
- Bom a senhora não sabe onde eu poderia encontrá-la né? – dona Josefa
começou a desconfiar da curiosidade da convidada, Larissa percebeu,
mudou de tática. – se a casa for boa posso até fazer uma proposta
melhor, meus pais iriam gostar da cidade principalmente tendo uma
vizinha tão amável como à senhora.
Suas palavras conseguiram o efeito que desejava a mulher encheu-se de vida.
- Como disse ela já acertou com o Zé, mas tem muita casa boa por aqui.
Larissa tentava não deixar transparecer o quanto aquela notícia
tinha lhe abalado, respirou fundo, conversou mais um pouco a dona
Josefa, ainda parecendo estar interessada em comprar uma casa naquela
cidade. Despediu-se a mulher dizendo que daria mais uma volta pelo lugar
na esperança de encontrar alguma casa disponível, caminhou até o carro,
sentia seu coração bater forte, suas pernas estavam tremulas, não
conseguia acreditar que Alicia estivera ali há tão pouco tempo.
Respirava fundo, precisava tomar uma atitude, foi até o cartório da
cidade para obter mais informações. Agora usando suas credenciais de
promotora, pois ela sabia que o acesso seria mais fácil. Seu telefone
tocou era do escritório.
- Onde você está? O Dr. Aguiar está te procurando.
- Camila. Estou em Maceió, preciso que você encontre uma pessoa pra mim.
A cada segundo que passava Larissa que sentia que estava mais
perto. Longe dali alguém também corria contra o tempo para encontrar
Alicia.
- Melhor a senhora me dizer onde a vagabunda da sua sobrinha.
com essa demora pra postar! vc ta mim matando do coração de tanta ansiedade kkk
ResponderExcluirSe vc enfartar não vai perder os capítulos. rsrsr
ExcluirMeuuu Deus.. Que ansiedade eh essa?? Fico maluca na espera de uma nova historia...
ResponderExcluirCalma mulher. rsrss
ExcluirLuhh assim vc nos mata do coraçao.. Mas de 10 dias na espera... Mas to sempre aqui na espera...
ResponderExcluirJá postei ;)
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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