Capítulo nove
Numa certa manhã Alicia teve uma
forte discussão com Raul, o traficante queria levar o menino até a favela,
queria exibir o herdeiro a todos, tinha patrocinado uma grande festa na
comunidade, aquela briga Raul acabou agredindo fortemente Alicia. O homem saiu
com o menino. Raul deu um único vacilo, havia esquecido seu telefone.
Alicia já não podia
permitir que seu filho fosse de encontro com o mundo do pai, agüentaria tudo,
menos aquilo. Recorreu à única pessoa que poderia lhe ajudar. Era tudo ou nada.
Larissa estava em
reunião com suas assistentes e outro promotor, Foi interrompida por sua
secretária.
- Eu
não pedi para anotar os recados. – repreendeu, estava muito estressada, seu
chefe lhe cobrava mais produtividade em seu caso.
- Doutora –
a secretaria se aproximou da promotora e falou baixinho – tem uma mulher
querendo falar com a senhora, ela disse que é urgente, ela pediu para lhe dizer
que era sua namorada. Ela disse que você atenderia.
Larissa saiu
correndo da sala de reunião chegou ao escritório pegou o telefone.
- Alô.
- Oi. Você
conseguiu. – falou Alicia com a voz embargada.
- Alicia?
- Sou eu
amor. – Alicia ficou muito emocionada ao ouvir a voz de Larissa depois de tanto
tempo.
- Onde você
esta? – Larissa tentava acalmar o próprio coração.
- Ele matou
minha avó, ele está com meu filho, sei o mal que lhe fiz, mas preciso da sua
ajuda, eu preciso... – sua voz estava muito embargada, Larissa pode percebe que
a lourinha não estava bem.
- Ele te
machucou e a criança, onde você esta?
- Eu me
entrego à polícia, mas salve meu filho, você é a única pessoa que confio, só
tenho você... – Alicia já chorava. – eu tenho um filho de três anos Larissa, eu
não menti, eu não menti, ele a matou, agora também pode fazer o mesmo com
ele... – Alicia estava muito nervosa falava muito rápido.
- Onde você
esta? Alicia me diz onde você esta. – implorava.
- Ele me
trouxe para cá.
- Onde?
Alicia teve
que desligar, um segurança tinha visto ela ao telefone. Larissa sentiu o sangue
ferve.
Alicia foi surpreendida
por um segurança de Raul, Ronaldo a puxou pelo braço, arrancou o celular de
suas mãos, no visor havia uma mensagem informando que a chamada já havia sido
encerrada.
- Pra quem a
senhora estava ligando? – Alicia tentou disfarçar, mas não conseguia parar de
chorar, estava muito emocionada – Vamos, me diga. Com quem estava falando?! – o
homem exigia uma resposta.
- Não é o que
você está pensando, eu só estava tentando falar com Raul. – finalmente ela
conseguiu dizer algo, o homem a olhou meio desconfiado e nada mais disse.
Apenas a pediu para que se sentasse no sofá e para que ficasse quieta. Tentava
ligar para seu chefe, a ligação ia direto para a caixa postal, o sinal estava
muito ruim. Alicia acompanhava cada movimento do homem, sabia que ele estava
nervoso e que não pensaria duas vezes em dizer a Raul o que viu. Não podia
deixar que isso acontecesse, sabia que Raul seria capaz de matar seu filho
apenas para vê-la sofrer. Fez um gesto como se fosse se levantar, o homem
exigiu que ela ficasse sentada, Alicia virou o jogo.
- Quem você
pensa que é para me mandar ficar quieta! – O segurança não sabia o que dizer –
Sou a mulher do seu patrão, se eu quiser peço para ele matar você e dois tempos
só por me aborrecer. Dê-me logo esse celular.
Ronaldo ficou sem ação, já tinha ouvido falar da
fama de Alicia, sabia que ela era uma mulher perigosa, temeu por sua vida. Raul
fazia tudo para agradá-la. Alicia se aproximou rapidamente do homem e tomou o
celular de suas mãos, ligou para o numero pessoal de Raul, olhava para o
segurança com ar autoritário, o homem sentia todo o corpo tremer. Começou a
falar com Raul, pediu para que ele voltasse que tinha um assunto de extrema
importância para tratar com ele, a cada palavra dita Ronaldo recuava um pouco,
Alicia tinha conseguindo causar o efeito desejado.
- Se você
vir peça para que esse imprestável me leve até você! – depois de 3 minutos em
silêncio Alicia passou o celular para Ronaldo – Ele quer falar com você! – O
homem recebeu as instruções de onde o patrão estava Raul ordenou que levasse
Alicia para lá o mais rápido possível.
- Deixe-a
ficar com o celular para que possa me avisar quando tiver chegado aqui! – Raul
desligou a chamada, Ronaldo estava pálido, estendeu a mão e entregou o aparelho
para Alicia que mantinha um sorriso no canto dos lábios.
- Eu não
falo, se você não falar! – o homem apenas fez um sinal positivo com a cabeça.
- Vou buscar
o carro!
Alicia viu o homem sair pela porta ainda
assustado, desabou no sofá, aliviada por ter conseguido sair dessa. Apagou a
chamada feita para o escritório do Ministério Público. Trocou de roupa e quando
saiu de casa o segurança a aguardava no carro, Alicia buscava equilíbrio,
tentava se mantiver forte, não podia fraquejar logo agora. Estava tão
compenetrada em seus pensamentos que nem percebeu o olhar desconfiado de
Ronaldo. O segurança não ousou falar nada, estava com medo da mulher. Não
demorou muito para que chegasse a favela. Alicia sentiu um arrepio percorre seu
corpo quando saiu do carro, a mais de um ano que não pisava naquele lugar.
Re-viu alguns velhos conhecidos, a favela estava toda decorada, o pagode
patrocinado por Raul era um evento e tanto, todos da comunidade pareciam
satisfeitos. Depois de alguns passos chegou ao pequeno palacete que Raul
ostentava bem no centro da favela, tinha uma visão perfeita de tudo que
acontecia no lugar. Alicia avistou Raul sem camisa, sentado com o filho no
colo, exibia o garoto para as pessoas que passavam, praticamente berrava para
que vissem e adorassem seu herdeiro. Vinicius viu a mãe se aproximando e logo
tentou se desvencilhar do pai.
- Minha
Rainha finalmente chegou! – gritou Raul, Alicia deixou um sorriso amarelo
escapar, pensava apenas em proteger o filho, aproximou-se e pegou o garoto do
colo de Raul, sentou-se ao lado do seu glorioso “Rei”. A noite transcorria
animada. Raul bebia muito, recebia os agradecimentos de todos da comunidade,
apesar da cabeça estar a mil, Alicia tentava parecer feliz, sabia que Raul dava
um grande valor a tudo aquilo. Lá pelas 21h00min Vinicius já demonstrava
cansaço, cochilava no colo da mãe. Raul finalmente resolveu ir embora, mesmo
deixando evidente seu sinal de embriagues dispensou os seguranças e decidiu ir
dirigindo. Alicia não ousou contrariá-lo, depois de por Vinicius na cadeirinha
do acento de trás, entrou no carro e pós o cinto de segurança.
-
Vamos minha rainha! – Raul passou a mãos bruscamente em seu rosto, ela apenas
fez um sinal positivo com a cabeça, Alicia não sabia das surpresas que o
destino havia reservado para ela naquela noite!
Larissa deixou seu corpo recair sobre a cadeira
mais próxima, seu coração palpitava, sentia uma dormência nas mãos e nos pés,
era como se o sangue do seu corpo tivesse parado de circular por suas veias.
Tentava raciocinar, organizar as idéias, entender o que havia acontecido, mas
nada daquilo era possível, pois sua mente vibrava a única coisa em que
conseguia pensar:
- Ela está viva!
– deixou um sorriso escapar ao sussurrar a frase, já estava perdendo as
esperanças, então era de se entender o tamanho de sua felicidade e de sua
surpresa com aquela ligação. Depois de alguns minutos ainda sobre o impacto,
ligou para um amigo, pedindo para que rastreasse a última ligação. Depois de se
recompor voltou para a sala de reuniões, com uma agilidade antes nunca vista
por ela mesma, finalizou a reunião deixando todos satisfeitos com seus
argumentos. Aguava por resposta, ligou diversas vezes para seu amigo,
finalmente conseguiu o que queria.
- A
ligação é de um celular móvel algum ponto da zona sul, nas proximidades do
bairro de Boa Viagem.
- Obrigado,
Felipe.
- Me deve um
almoço. – brincou o policial.
Larissa colocou o
telefone no gancho deu uma risada nervosa.
- Eles não seriam
tão burros! – afirmou – ali seria o primeiro lugar que procuraria, mas não
procuramos por ser tão óbvio– repensou.
A promotora ligou o
interfone.
- Pois não!
- Localize
Draª. Lafaiete agora. A mande vir na minha sala imediatamente.
A secretária
demorou pouco mais de cinco minutos para localizar a advogada.
Camila bateu na porta.
-
Entre. Eu acabei de receber uma ligação... – Camila percebeu a excitação na voz
da promotora - da Alicia. - continuou - Ela está viva!
- Como? –
Camila arregalou os olhos, parecia mais surpresa que Larissa.
Larissa ponderou o tom.
- Foi isso
mesmo que você ouviu! Ela me ligou logo mais.
- E onde ela
esta? Como está? Com quem está? Larissa você tem noção do que está me dizendo?
- Claro que
tenho Camila, Alicia me ligou, não disse onde estava. Sua voz parecia nervosa,
falava muito rapidamente, ela está com aquele bandido.
-Temos que
chamar a polícia.
- Não! –
repreendeu Larissa. Liguei para o Felipe e pedi que rastreasse a ligação, ele
me disse que o sinal veio daqui. – Larissa apontou para o mapa que estava sobre
sua mesa.
- É o antigo
endereço da Alicia. Mas como? Larissa isso é bem próximo da sua casa, lembro
que fui lá por várias vezes, recebi a mesma resposta do porteiro, que não havia
ninguém no local.
- O
Raul deve ter subornado o homem para que não falasse nada. Eles podem estar o
tempo todo ali e eu não enxerguei, que droga! – Larissa bateu com o punho na
mesa. – Porque não fui ao lugar mais óbvio. – se questionava.
- Justamente
por isso mesmo, era óbvio demais eles voltarem para aquele apartamento, esse
homem sabe que você mora próximo dali, ou ele é burro demais ou esperto demais,
Larissa você volta a correr risco.
- Todo esse
tempo. Ela estava tão perto. – Larissa ficou em silêncio.
- Uma coisa
não se encaixa, porque não procurar a polícia invés de você, porque ela não
foge?
- Ela não
esta só Camila, Alicia realmente tem um filho ela não mentiria sobre isso esse
bandido esta em posse dos dois, ele é o pai do filho dela. Fugir seria um risco
muito grande que ela não correria.
- O que você
está pensando em fazer? Avisar a polícia?
- Não! –
Camila ficou ainda mais surpresa
- Como não
Larissa?! Não está pensando em você mesmo ir resgatá-los não é. Você só pode
está ficando louca, vou manda minha irmã te internar. Seja racionar, por favor!
- Eu não
quero e nem posso envolver a polícia nisso. Não ainda!
- Larissa
você mais do que ninguém sabe com que tipo de pessoa está lhe dando. Precisamos
avisar a polícia o mais rápido possível, saber o paradeiro de um dos homens
mais procurados do Estado, não é só um traficante pé de chinelo que estamos
tratando, mais de um psicopata, de um contrabandista. Em fim...
- Camila
entenda, eu não posso por a vida daquela criança em risco, preciso agir com
muita cautela e antes de tudo precisamos ter certeza de que ela está mesmo lá.
- Isso é
fácil. Vamos! – Camila já se dirigia ate a porta
- Mas como?
- Vem
comigo, eu tenho um plano.
- Camila eu
não quero você metida nisso, sei o quanto estou me arriscando com toda essa
estória e... – Camila não deixou que Larissa continuasse a falar, saiu puxando
a promotora pelo braço porta a fora. Depois de alguns minutos as duas chegaram
até o prédio onde ficava o apartamento de Alicia, estacionou em um local
distante, mas tinham uma ótima visualização da entrada do prédio, passaram horas
ali, Camila percebia a frustração estampada nos olhos de Larissa.
- Pode ter
sido um engano!
-
Impossível!
- Melhor
irmos estamos há horas aqui e não houve nenhuma movimentação estranha no
prédio. – Camila já havia ligado o carro.
- Não Camila,
eu não vou sair daqui até ter certeza!
- Já é quase
9 da noite Larissa, sabe há quanto tempo estamos aqui, varias pessoas já me
ligaram querendo saber de você inclusive sua mãe, não vai adiantar nada
ficarmos aqui. Larissa você ta me ouvindo?
Larissa parecia ter entrado em um transe, viu uma
caminhonete prata se aproximar, as batidas do seu coração chegavam a doer em
seu peito de tão fortes. Camila também sentiu seu corpo congelar ao olhar na
mesma direção que sua amiga. Viram o carro se aproximar vagarosamente, era
visível a embriagues do motorista, Alicia estava no banco do passageiro,
parecia nervosa, e no banco de trás puderam ver a cadeirinha que trazia o
pequeno Vinicius em um sono profundo. Larissa em um impulso tentou abrir a porta
do carro, Camila a impediu.
- O
que você pensa que vai fazer?
- É ela Camila,
é ela! – tinha os olhos rasos de água, estava tremula pálida - Eu
sei que é ela, mas não podemos simplesmente ir lá, lembra-se do garoto,
precisamos protegê-lo.
- Eu preciso
salva-la daquele monstro, você não sabe do que ele é capaz. – Larissa já não
conseguia controlar suas emoções, as lágrimas deslizavam por seu rosto, a
promotora estava em estado de choque, lembrava-se de todo mal que Raul foi capaz
de fazer contra ela.
O carro de Raul parou em frente à garagem. Larissa e
Camila puderam ver com clareza os ocupantes do carro, Alicia estava no banco do
passageiro, Raul tinha uma das mãos para fora, os dois pareciam estar discutindo,
no banco traseiro havia uma criança, o portão da garagem se abriu e o carro
entrou. Raul teve dificuldades para estacionar e sair do carro, estava
visivelmente alcoolizado, Alicia se apressou em sair do carro, foi até o banco
de trás e viu que Vinicius estava dormindo, retirou o garoto com cuidado para
que não acordasse, não queria que o menino visse o pai daquela forma. Sua
tentativa foi em vão, o garoto acabou acordando com o barulho que o pai fez ao
bater a porta do carro.
- Oi filho,
acordou? – falou baixinho
- Deixa que
levo meu menino. – Raul se aproximou.
- Ele já
está no meu colo, se não se mexer muito vai voltar a dormir, deixe que eu o
levo vá chamar o elevador!
Raul não se contrapôs, estava cansado e bêbado demais, não
tinha coragem nem para abrir a boca, ajudou apenas a levar a pequena
bolsa que continha os brinquedos do pequeno Vinicius, minutos depois de
entrarem no elevador chegaram até o andar do apartamento.
Em quanto isso Camila
tentava acalmar os ânimos de Larissa que estava altamente agitada.
- Tente se
acalmar, agora já sabe onde ele esta, isso é o mais importante, só precisamos
ser cautelosas agora e logo ele estará atrás das grades.
Larissa parecia não dar a mínima ao que Camila estava falando,
olhava fixamente para o pára-brisa, suas mãos estavam tremulas.
- Larissa!
– tocou o ombro da promotora – Nos já sabemos onde ela esta, isso já é muito,
vamos ajudá-la!
- Ela está
com ele isso sim importa. Você viu os três, parecia uma família feliz. –
Larissa nem se preocupou em esconder o ciúme e a angustia que sentia.
- Larissa
não seja irracional, não é hora de cobrar ciúmes, não sabemos em que condições
ele está mantendo ela.
- Ciúmes? –
Larissa tentou disfarçar dando uma risada meio nervosa – Sinto nojo desses
dois, cada vez mais eu vejo que foram feitos um para o outro – deu uma pausa e
respirou fundo – Vou colocar os dois na cadeia, você vai ver. – passou alguns
minutos em silêncio até se dar conta de que Camila não estava fazendo o caminho
para sua casa – Para onde você esta indo?
- Nunca que
ia te levar para casa nesse estado.
- Desde
quando você toma decisões por mim? - Camila relevou a grosseria de
Larissa, sabia que ela estava nervosa.
- Eu não
consegui te acalmar, mas tenho certeza que você vai ouvir a Isa, ela sim pode
te impedir de sair correndo e ir bater na porta daquele traficante, você
precisa raciocinar.
- Camila eu
não sou criança, sei me cuidar sozinha, além do mais não quero preocupar
ninguém, dê a volta e me leve para casa.
- Não vou
discutir com você Doutora Couto, você não está no seu estado normal e pode
colocar tudo a perde. Não tente fingir que não está magoada nem com ciúmes pela
cena que viu. Você está mais preocupada em ir atrás dela do que em prender o
Raul, eu no seu lugar faria o mesmo, mas esse momento é muito delicado e
crítico, sei que é difícil, mas você precisa por suas emoções de lado e pensar
com a razão só assim conseguiremos tirar a Alicia das mãos dele.
Larissa tentou argumentar, mas não conseguia negar o que
sentia, Camila estava completamente certa, a única coisa que ela pode fazer foi
ficar calada, chegou a casa Luiza, a loura estranhou a cara emburrada da
amiga.
- Vocês aqui
há essa hora, aconteceu alguma coisa?
-
Encontramos a Alicia, ela está com o Raul e o filho. – Camila deu logo a
noticia já que Larissa permaneceu calada, Luiza ficou sem saber o que dizer...
- Pela a sua
cara você deve está se perguntando o que nos estamos fazendo aqui já que você
não tem nada haver com esse caso, foi isso que eu tentei dizer pra essa ai -
Larissa lançou um olhar impaciente para Camila – Vem, vamos embora.
- Você,
senta aqui. – ordenou Luiza, Larissa fez uma cara feia antes de se sentar na
poltrona ao lado esquerdo da sala.
- Não entendo
por que vocês estão me tratando como se eu fosse uma criança.
- Será que é
por que você esta agindo como uma e daquelas bem teimosas? – Camila ironizou.
- Já chega
de tudo isso, eu vou pra casa. – Larissa ameaçou se levantar da poltrona, mas
desistiu depois de ver o olhar fulminante que Luiza lhe lançava.
- Ela não
pode sair daqui nesse estado.
- Claro que
não, vai acabar cometendo uma loucura. Você pode ir para casa, deixa que agora
eu cuido dela.
- Ta bom
então.
- Eu não vou
ficar aqui sentada vendo vocês duas decidirem o que posso e o que posso não
fazer. - Larissa levantou, atravessou a sala rapidamente, antes de abrir a
porta ouviu a voz grave e séria de Luiza.
- Você não
vai sair daqui, se ousar atravessar essa porta eu ligo para a polícia e conto
tudo entendeu? – Larissa deu a volta e firmou o olhar no de Luiza. – É isso
mesmo, eu conto tudo!
- Você não
tem esse direito! – Luiza estava séria, arqueou a sobrancelha esquerda, Larissa
sentiu o poder das palavras de sua amiga, caminhou em passos lentos até a
poltrona e voltou a se sentar, somente uma ameaça dessas para fazer com que ela
pensasse melhor.
- Pode
ir Camila, ela não vai a lugar nenhum. – Camila apenas fez um sinal positivo
com a cabeça, e saiu sem dizer nada, Larissa não estava chateada, sabia que
suas amigas só queriam seu bem, precisava mais do que nunca de uma orientação.
- Vem tomar
banho, te empresto uma roupa.
A morena não relutou muito,
estava triste, cansada, não tinha forçar para argumentar contra nada,
caminhou ao lado de Luiza pelo pequeno corredor, entrou no quarto que amiga
sempre manteve em sua casa especificamente para ela.Tomou um banho gelado, não
sabe ao certo quanto tempo passou de baixo do chuveiro sentindo a água fria lhe
cair sobre a cabeça, estava exausta. Voltou para a sala meio cabisbaixa, Duda
já havia chegado do hospital, Larissa ganhou um abraço forte da amiga sentia-se
acolhida com todo o carinho que ambas sentiam por ela. Duda não sabia muito bem
o que estava acontecendo, mas percebeu o clima tenso entre as duas, as três
mulheres estavam em silêncio até que Maria Luiza a filha mais nova de Duda
entrou na sala gritando pela mãe. A garotinha roubou a atenção de todas, falava
sobre seu dia na escola, de como tinha se divertido e de como estava com
saudades da mãe Duda. Larissa acompanhava os movimentos da pequena, chegou a
sorrir algumas vezes com a forma errada que ela pronunciava algumas palavras.
- É
difícil? – saiu quase como um sussurro, a promotora olhava fixamente para a
pequena Malu.
- Como? –
Duda indagou sem entender.
- É difícil
ter um filho? – Larissa não desviava os olhos da pequena.
- É muito
difícil sim, mas todo e qualquer sacrifício vale a pena.
Duda admirava o rosto da filha que havia pulado no
colo de Larissa, a pequena a considerava como tia, Larissa tinha um carinho
enorme pelos filhos e sobrinho de Luiza.
- Em
vários momentos, quando estávamos sozinhas ela me questionava, perguntava se eu
gostava de crianças, se pensava em ter filho, principalmente quando agente
passava o domingo por aqui com seus filhos o filho da Camila – Larissa
desabafava - Eu sempre desviava do assunto, na verdade nunca parei para pensar
nisso. Nunca teve espaço para uma criança na minha vida. Acho que acabei
deixando o tempo passar.
- A
Ruth te perguntava essas coisas? - questionou Duda
- Alicia, o
nome verdadeiro dela é Alicia! Sempre.
- Lembro que
vocês sempre estavam juntas o que acabou nos aproximando muito dela, ela fazia
mil perguntas sobre como cuidava das crianças, quando era o momento de explicar
sobre a condição sexual entre eu e a Isa. Ela me perguntava se a Isa queria ter
filhos, ela chegou a me confidenciar que tinha vontade de ter filhos. Alicia
gosta muito de criança – lembrou-se Duda, cheia de ternura na voz, Alicia
realmente tinha conquistado as amigas de Larissa, era uma amizade sincera - se
lembra no aniversário do João Gabriel, ela se meteu no meio da garotada e ficou
dançando brincando com eles. Quando vocês viam aqui era uma disputa entre Lucas
e a Malu pela atenção da tua namorada. - as três riram ao lembrar.
- Eu nunca
me vi sendo mãe acredita, sempre tive uma vida tão atribulada, que acabei
deixando o tempo passar. Não sei se tenho jeito para isso, não sei se seria uma
boa mãe, vejo você e a Isa, nem falo na Camila, aquela coitada se desdobrar em
mil para cuidar da carreira, cuidar do filho e ainda ter tempo para ela e
Amanda. Aquela menina amadureceu de tal forma que coloca todas nos no chinelo.
- E verdade.
Luiza estava até comentando comigo Camila rompeu com as expectativas de todos.
Larissa estava muito triste, Duda percebeu isso, Luiza
apenas observava a cena, sabia que a amiga estava chateada. Duda saiu para
colocar a filha para dormir.
- Vou
lá.
Duda levou a pequena no colo, ela já havia dormido. Luiza
mantinha o olhar fixo em Larissa que desviava.
-
Vamos lá para fora. – chamou Luiza.
Larissa não relutou, levantou-se de imediato e seguiu a
amiga até o jardim. Sentaram-se próximo a piscina, a morena sentia um enorme
peso em suas costas, não tinha mais lágrimas e sim um uma enorme tristeza em
seus olhos.
Meu Deus.. larissa tem que perdoa a alicia! Aiii que raiva desse tal raul, ele sempre estragando com tudo.. anciedde total
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