Alicia
estava apavorada, começou a gritar dentro do carro. Larissa estava com
medo, embora tentasse manter a calma, Alfredo parecia inerte aos gritos
de Alicia e as perguntas de Larissa que insistia em saber o que ele ia
fazer. O homem encapuzado disparou três tiros contra o carro, causando
ainda mais pânico. Por sorte o carro era blindado, Alfredo agiu com
precisão, girou o volante do carro fazendo o veículo colidir com outro,
os dois carros invadiram o calçadão por alguns metros assustando os
caminhantes. O segurança guiou o carro de volta à pista, conseguiu
despista os bandidos. Alicia está com os nervos à flor da pele, sabia do
que Raul era capaz. Alfredo acelerou o carro de forma inexplicável,
minutos depois já tinham chegado à casa de Larissa, Alicia já parecia
mais calma, pois sabia que ali Raul não ousaria tentar nada contra as
duas.
- Melhor mandar reforçar a segurança. – alertou o homem.
O corpo
de Larissa estava tremulo, embora já tivesse sofrido inúmeras ameaças,
nunca tinha lhe acontecido nada parecido, temia pela segurança da
namorada. Alicia por mais que tentasse, não conseguia se acalmar,
Alfredo a levou nos braços para o apartamento da morena. Larissa efetuou
alguns telefonemas, de imediato foi enviada uma viatura policial para a
porta do seu prédio. Ainda não conseguia raciocinar direito, ligou para
Luiza e pediu para que viesse, em menos de meia hora ela já estava lá.
- Como ela está? – perguntou a morena ainda aflita
- Calma,
ela vai ficar bem, tomou um calmante e já estava quase dormindo, mas e
você, como está? – Larissa abraçou a amiga com carinho, sentiu o sabor
salgado das lágrimas que lhe tomavam todo o rosto, uma angustia tomava
seu corpo.
- Não queria fazê-la passar por isso, ela não merece. – sua voz saia tremula.
- Você precisa tomar mais cuidado, graças a Deus que não aconteceu o pior.
- Sempre
sofro ameaças. – disse se afastando e enxugando as lágrimas, se
aproximou da varanda - Só que não passavam de ameaças. – respirou fundo
em quanto parecia admirar a vista de sua varanda. Isa se aproximou
segurando suas mãos a puxou até o sofá fazendo com que ela se sentasse.
Podia sentir o corpo de Larissa tremer, seus batimentos estavam
acelerados, aquela angustia estava lhe sufocando – Quando escolhi essa
área, sabia dos inimigos que poderia adquirir, mesmo assim dediquei à
vida inteira a esse trabalho. Me sinto completa profissional e
pessoalmente. Não vou deixar que esses vândalos... – disse em um tom
forte e seco, demonstrando sua indignação - Me tirem ou destruam o que
passei minha vida toda construindo, não vou desistir de minha carreira e
principalmente vou proteger minha mulher.
- Tenho
muito orgulho de você sabia! – disse Isa voltando a abraçar sua irmã –
Você não quer ir lá pra casa, parece ser mais seguro?
- Te
agradeço do fundo do coração, mas não vou levar meus problemas para sua
casa. Não quero incomodar sua família, você e a Duda têm duas crianças,
não posso expor a isso.
- Lary...
- Não se
preocupa, estou com segurança, a Ruth também. Já mandei descobrirem quem
sãos os autores desse atentado. – Larissa parecia decidida, Isa não
insistiu mais, recomendou descanso para as duas. Larissa ainda vagou
pela sala, andou de um lado para o outro, não tinha sono, caminhou até o
quarto e viu Ruth deitada na cama. Seu semblante tranqüilo, parecia não
ter passado por toda aquela aflição.
Nos
dias que se seguiram a promotora adotou um forte esquema de segurança.
Ruth não ficou imune, ainda amedrontada pelo acontecido, não saia do
apartamento de Larissa. Na verdade sentia medo do Raul, sabia do que ele
seria capaz se a encontra-se, deixava o celular desligado, faltou as
aulas por mais de uma semana. Iria deixar a poeira baixar e o ódio de
Raul diminuir, também tinha medo de levantar suspeitas diante de Larissa
e de todos os seguranças e políciais que estavam por perto.
Duas
semanas depois, Marcos o segurança destinado a Ruth a deixou na
faculdade, assim que entrou no campus, pediu para que ele a esperasse na
entrada sabia, ou ao menos imaginava que Raul não ousaria ir lá. O
segurança não gostou muito da idéia, mesmo assim acatou a ordem. Alicia
andava calmamente pelos corredores da faculdade, entrou no bloco C, e
antes de chegar a sua sala, sentiu alguém lhe puxar violentamente pelo
braço. Tentou gritar, mas sentiu uma mão tampar sua boca, abafando seu
grito, seus olhos estavam apavorados, a imagem de Raul a sua frente à
fez suar frio.
- Sua vagabunda, fica caladinha, sem alarde se não você morre aqui
mesmo. Vem comigo. – o homem tinha uma expressão de fúria, o ódio
transbordava de seus olhos, saiu arrastando Alicia para o
estacionamento.
- Pára
Raul, pára... Eu não sabia! – pedia em quanto tentava se desvencilhar
dos braços do traficante, o homem lhe deu dois tapas, um de cada lado do
rosto, a jogou contra um carro, segurou seus braços com força,
apertando seu pescoço com a outra mão, a mulher estava quase perdendo o
fôlego. – Parar! – implorou. Raul a soltou começou a xingar a mulher.
- Vadia desgraçada, vaca,
sua... – aproximou-se novamente da loirinha completamente amedrontada,
segurou seu queixo com força - Sua puta! Você não passa de uma puta. -
Alicia ouvia a tudo calada, não reagia as agressões para não piorar a
situação, o homem continuava distribuindo palavrões em cima dela. Quando
se deu por satisfeito, começou a andar de um lado para o outro, sentia
os olhares indiscretos das pessoas ao redor, por um instante percebeu
que estava fora de si. Foi recuperando o controle.
Alguns alunos se aproximaram do pátio, um deles cumprimentou Alicia, Raul se afastou.
- Melhor você ir embora, ela
me obrigou a andar com segurança, ele deve estar por perto. Pense bem,
não posso levantar suspeita, ela acionou a polícia, eles já me conhecem,
me interrogaram Raul.
- Isso só aconteceu por que você deu pra trás sua...
- Pensa no
que você ta dizendo seu idiota, quem atrapalhou seus planos foi o
segurança dela, não eu, fiz tudo como você pediu. Agora como ia imaginar
que aquela vadia ia levar um segurança, não podia fazer nada se não dá
uma de assustada, foi até bom que agora ela está ainda mais na minha
mão.
- Não é o que parece galega, você não fez o que mandei fazer.
- Raul,
assumir que deu tudo errado não vai te fazer menos homem, o erro não foi
meu e você sabe disso, melhor desiste em quanto é tempo. – a loirinha
deixava as palavras denunciaram seu temor.
- Não ouse
me trair sua vagabunda, você sabe do que eu sou capaz. – disse encarando
o olhar apavorado da loirinha. Aproximou os lábios do ouvido dela,
grudou seus corpos – Se você não fizer o que te mandei, eu mato aquela
vadia na sua frente, depois mato você! – Alicia sentiu seu corpo inteiro
tremer – Raul foi embora, Alicia sentia dor e angustia se espalharem
por todo o corpo, foi ao banheiro, se recompôs, e voltou à sala, já
tinha perdido o primeiro horário, entrou na sala e não cumprimentou
ninguém, uma de suas amigas lhe perguntou se estava tudo bem.
- Tá! Tá! – cuspiu a resposta, sua expressão deixava bem claro que não estava a fim de conversar.
- Vamos na
lanchonete você parece nervosa! – Marcela falou baixinho, a frase saiu
mais como um pedido, Alicia acompanhou a amiga até a cantina.
A
garota aparentava uma timidez que chamou a atenção da loirinha. Alicia
sentia que ela lhe inspirava confiança o que para a loirinha era
raridade. Alicia sempre foi uma mulher fechada, aprendeu a lhe dar com
todo tipo de gente, era expansiva com as pessoas, mais não confiava em
ninguém, tinha problemas em ter verdadeiros amigos. Suas experiências de
vida já tinham lhe ensinado que devemos confiar desconfiando. Mas com
Marcela era diferente, as duas tiveram uma empatia logo de cara, era uma
das poucas pessoas com quem Alicia falava, tinham a mesma idade e
muitos gostos semelhantes. Marcela vinha de uma classe social mais
privilegiada, o que não deixou à jovem se deslumbrar com a riqueza que
possuía, ao contrário travou uma luta imensa contra o sistema.
- Hein, está tudo bem mesmo?
- Sim! Não pareço bem. – falou de forma ríspida.
- Boa resposta! – falou meio sem graça – Alicia, o mistério em pessoa! – a ruivinha mantinha um tom de brincadeira.
- Já pedi para me chamar de Ruth. – repreendeu a ruivinha com seriedade na voz.
- Desculpe. Embora Alicia é um nome bem mais bonito. – sorriu.
- Se lembra que te contei que eu e Larissa sofremos um atentado?
- Claro, você ainda tá meio assustada com o que aconteceu não é?
- Sim, bastante!
Alicia
conseguiu desviar o assunto, Marcela percebeu a sensibilidade da amiga e
mudou de assunto. Depois da aula, Alicia encontrou Marcos na entrada da
faculdade.
- Tudo certo senhora Ruth?
- Sim me leve para minha casa. – ordenou.
Alicia
resolveu ir para seu próprio apartamento, precisava de um tempo sozinha.
Ficou muito tensa depois do encontro com Raul. Sentia uma raiva por
tudo ter dado errado, sabia que não duraria muito sendo um desafeto de
Raul. Sentia raiva de Larissa que não a informou que viria com um
segurança, não iria mudar de idéia em relação ao seqüestro, mas sabia
que de uma forma ou outra seria prejudicada, enfim, não tinha muitas
alternativas.
Capítulo cinco
O Seqüestro.
Sábado, as 19h00minhs da noite.
- Vamos lá amor, dar aquela corridinha no calçadão? – Larissa parecia animada.
- Já disse que não Lary, tô com cólica.
- Você está
é com preguiça isso sim. – se aproximou da loirinha, depositando
beijinhos em seu queixo, pescoço, bochecha. – Vamos, estamos muito
sedentárias, agente mal sai. Antes você adorava correr comigo.
- Lá fora é
muito perigoso. – Larissa ficou irritada, estava cansada de tudo isso,
cansada desse clausulo, desde o atentado não existia mais vida social
para as duas, que sempre gostaram de sair. Larissa seguia uma rotina
específica, de casa pro trabalho e vice versa, sempre que pretendia
sair, a loirinha fazia de tudo para convencê-la a ficar em casa. A
promotora sentia que no fundo Ruth havia ficado com trauma daquela
noite, porém ela não vinha mais sofrendo ameaças, parecia tudo muito
tranqüilo.
- Ruth é só
uma corrida, o que custa? Em uma hora no máximo estaremos de volta, não
vai acontecer nada. – Larissa insistia, mas a loirinha parecia não dar
bola – Você quer ficar em casa tudo bem... – levantou-se e terminou de
amarrar o tênis – Mas, eu não sou obrigada a ficar. Até daqui a pouco! –
a morena já esta quase batendo a porta até ouvir a namorada gritar.
- Espera!
Dez
minutos depois a duas desceram e foram ao calçadão, a noite estava
quente, céu estrelado, inúmeras pessoas caminhavam. As duas fizeram um
alongamento de 15 minutos antes de começarem a correr. Larissa parecia
feliz, adorava exercícios físicos, mas ainda, gostava de fazê-los juntos
com a namorada. Sua rotina havia sido alterada devido o medo que Ruth
sentia de sair de casa, sabia que isso era normal, as pessoas geralmente
ficam abaladas quando presenciam ou participam de situações trágicas ou
de muita tensão. Precisava ajudá-la a lutar contra esse trauma. Em
quanto corriam Larissa pôde perceber o olhar assustado da loirinha,
balançava a cabeça de um lado para o outro observando todos que
passavam, sentia algo estranho.
- Hei você
está ficando paranóica. Relaxa amor. – a morena fez sinal para que
diminuíssem o ritmo, pararam de correr e passaram a caminhar.
- Só acho que devemos ficar alerta, afinal de contas estamos sem nenhum segurança por perto.
- Eu estou aqui pra te proteger, não vai acontecer nada.
Larissa voltou a correr. Ruth a acompanhava, aceleravam cada vez
mais, correram durante uns trinta minutos voltando ao ponto inicial,
Ruth estava sem fôlego, à namorada, debochou.
- Você já
foi mais resistente. – brincou a promotora, a loirinha apenas sorriu –
Até que fim um sorriso. – Larissa se aproximou antes de enlaçar a
namorada em um abraço a ouviu dizer:
- Quero ver
se você me alcança. – Ruth voltou a correr deixando a morena para trás,
Larissa sabia que a loirinha adorava trapacear nas corridas, mas até
lhe deu vantagem, sabia que namorada estava fora de forma, quando já
estava quase alcançando a loirinha a viu parar.
- O que
foi? – Larissa perguntou ainda tomando fôlego, Ruth permaneceu calada,
percebeu um carro muito parecido com o de Raul, que as seguia desde que
saiu do prédio, uma onda de pavor lhe abateu congelando ser corpo –
Cansou foi? – Larissa parecia distraída, começou a fazer algumas
flexões, o carro se aproximou e parou bem próximo as duas. Alicia
reconheceu o homem dentro do carro. Era Beto, braço direito de Raul.
Alicia queria gritar, queria sumir daquele lugar, mas seu corpo não
reagia, viu os dois homens armados e encapuzados saírem de dentro do
carro, e caminharem em sua direção.
- Larissa,
corre! – em um impulso a loirinha gritou assustando a namorada, Larissa
olhou para trás, na direção em que Ruth olhava, viu os dois homens que
já estavam bem próximos, sentiu o corpo tremer, queria correr, mas não
saia do lugar, até sentir a mão da namorada a puxar pelo braço. As duas
correram como nunca, mesmo com todo esforço o homem conseguiu
alcançá-las. Primeiro pegou Ruth pelos cabelos, fazendo a loirinha cair
no chão, Larissa olhou para trás e se apavorou ao ver o homem com uma
arma apontada para a cabeça da namorada.
- Se der
mais um passo, eu atiro. – o homem gritou, a ação dos dois gerou pânico
nas pessoas que estavam no calçadão, Larissa permaneceu inerte.
- Vamos! - o
outro homem a puxou pelo braço arrastou as duas até o carro onde Beto
esperava. Tudo foi muito rápido, não havia tempo para reações.
- Entra ai vadia. – o homem berrou jogando Alicia dentro do carro.
- Me solte!
– Larissa tentava manter a calma, mas ao ver o olhar de pavor se
estender no semblante de Ruth se desesperou – Melhor calar sua boca se
não quiser morrer aqui mesmo. – falou Beto, partiram com o carro em alta
velocidade – Vamos fazer essas duas calarem a boca. – Larissa sentiu
uma pancada forte na face esquerda, logo depois foi à vez de Alicia
sentir o soco de João em seu rosto, a loirinha fechou os olhos e deixou
bem clara a expressão de dor em sua face.
- Não é
ela quem vocês querem. – Larissa tentava segurar as lágrimas, tentava
raciocinar, mantinha a mão sobre a pele quente onde tinha recebido o
soco, mas os homens pareciam não ouvir suas suplica. Bateram muito em
Alicia, claro que a mando de Raul, que queria se vingar pela traição da
amante – Parem, por favor. – Larissa tentava em vão impedir, o outro
homem passou a segura-la, em quanto João ainda batia em Alicia que
estava muito machucada e já não tinha forças para se defender.
Alicia já não sentia o corpo doer e sim a alma, arrependia-se da
idéia absurda que teve de ajudar Raul com sua vingança. Temia pela vida
de Larissa, suas lágrimas não se referiam à dor muscular que sentia,
chorava porque queria o perdão daquela mulher que única coisa que soube
fazer todo esse tempo foi amá-la.
- É a mim
que vocês querem, parem com isso, por favor. – Larissa estava
desesperada, também não tinha forçar para lutar contra o homem que era
sem dúvida bem mais forte que ela.
Alicia estava sangrando, Larissa fechava os olhos, não agüentava ver aqueles brutamontes batendo na mulher que amava.
– Por
favor... – não conseguiu completar a frase quando fitou os olhos
castanhos banhados em lágrimas, houve ali uma troca de sentimentos,
dores, medos.
- Solta
essa vadia! – ordenou Beto – Alicia olhou para Beto rapidamente, sentiu
um medo ainda maior, buscou os olhos de Larissa.
- Eu te
amo! – Larissa sussurrou de uma forma tão verdadeira que o calor de duas
palavras pareceu aquecer o frio no coração de Alicia.
O
amor chegou invadindo sua vida, lhe dando esperanças de ser feliz
novamente. Felicidade essa que parecia ter morrido quando seu casamento
com Guilherme chegou ao fim. Ruth lhe proporcionava sensações
desconhecidas, enchendo seus dias de alegria apenas por sua presença,
não foi difícil amá-la, apesar de pouco tempo juntas.
Agora
se culpava por fazer a mulher amava passar por aquilo. Alicia sentiu seu
coração apertar ao ouvir as palavras da promotora, de uma coisa tinha
certeza, não era uma farsa o tempo inteiro.
Alicia passou a
sentir o ar frio da noite dentro do carro, de uma forma rápida e
brusca, sentiu sua cintura ser puxada de forma violenta, foi empurrada
para fora do carro que ainda estava em movimento.
- Nãooooo! –
gritou Larissa, lutava contra os homens, seus olhos não acreditavam no
que via, a cena foi surreal, mordeu o braço do homem mais forte,
conhecido como Bodão, cravou os dentes com força na pele áspera do
brutamonte.
- Sua puta. – o homem perdeu a paciência e deu um soco na promotora que perdeu os sentidos.
Luh qnd vc aacabar esse conta cm ficou a amanda e a camila tah beijinhoss adorei a sua historiaa
ResponderExcluirCamila participa desse conto e Duda e Luiza tem pequenas passagens
Excluira história de Luiza e Duda merecia virar filme. Adoraria associar Duda a um rosto ;D kkkk
ResponderExcluir-Queen