sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Por Amor V

       Alicia estava apavorada, começou a gritar dentro do carro. Larissa estava com medo, embora tentasse manter a calma, Alfredo parecia inerte aos gritos de Alicia e as perguntas de Larissa que insistia em saber o que ele ia fazer.  O homem encapuzado disparou três tiros contra o carro, causando ainda mais pânico. Por sorte o carro era blindado, Alfredo agiu com precisão, girou o volante do carro fazendo o veículo colidir com outro, os dois carros invadiram o calçadão por alguns metros assustando os caminhantes. O segurança guiou o carro de volta à pista, conseguiu despista os bandidos. Alicia está com os nervos à flor da pele, sabia do que Raul era capaz. Alfredo acelerou o carro de forma inexplicável, minutos depois já tinham chegado à casa de Larissa, Alicia já parecia mais calma, pois sabia que ali Raul não ousaria tentar nada contra as duas.                                
    - Melhor mandar reforçar a segurança. – alertou o homem.
       O corpo de Larissa estava tremulo, embora já tivesse sofrido inúmeras ameaças, nunca tinha lhe acontecido nada parecido, temia pela segurança da namorada. Alicia por mais que tentasse, não conseguia se acalmar, Alfredo a levou nos braços para o apartamento da morena. Larissa efetuou alguns telefonemas, de imediato foi enviada uma viatura policial para a porta do seu prédio. Ainda não conseguia raciocinar direito, ligou para Luiza e pediu para que viesse, em menos de meia hora ela já estava lá.
    - Como ela está? – perguntou a morena ainda aflita
   - Calma, ela vai ficar bem, tomou um calmante e já estava quase dormindo, mas e você, como está? – Larissa abraçou a amiga com carinho, sentiu o sabor salgado das lágrimas que lhe tomavam todo o rosto, uma angustia tomava seu corpo.
    - Não queria fazê-la passar por isso, ela não merece. – sua voz saia tremula.
    - Você precisa tomar mais cuidado, graças a Deus que não aconteceu o pior.
    - Sempre sofro ameaças. – disse se afastando e enxugando as lágrimas, se aproximou da varanda - Só que não passavam de ameaças. – respirou fundo em quanto parecia admirar a vista de sua varanda. Isa se aproximou segurando suas mãos a puxou até o sofá fazendo com que ela se sentasse. Podia sentir o corpo de Larissa tremer, seus batimentos estavam acelerados, aquela angustia estava lhe sufocando – Quando escolhi essa área, sabia dos inimigos que poderia adquirir, mesmo assim dediquei à vida inteira a esse trabalho. Me sinto completa profissional e pessoalmente. Não vou deixar que esses vândalos... – disse em um tom forte e seco, demonstrando sua indignação - Me tirem ou destruam o que passei minha vida toda construindo, não vou desistir de minha carreira e principalmente vou proteger minha mulher.

   - Tenho muito orgulho de você sabia! – disse Isa voltando a abraçar sua irmã – Você não quer ir lá pra casa, parece ser mais seguro?

   - Te agradeço do fundo do coração, mas não vou levar meus problemas para sua casa. Não quero incomodar sua família, você e a Duda têm duas crianças, não posso expor a isso.

   - Lary...
    - Não se preocupa, estou com segurança, a Ruth também. Já mandei descobrirem quem sãos os autores desse atentado. – Larissa parecia decidida, Isa não insistiu mais, recomendou descanso para as duas. Larissa ainda vagou pela sala, andou de um lado para o outro, não tinha sono, caminhou até o quarto e viu Ruth deitada na cama. Seu semblante tranqüilo, parecia não ter passado por toda aquela aflição.
         Nos dias que se seguiram a promotora adotou um forte esquema de segurança. Ruth não ficou imune, ainda amedrontada pelo acontecido, não saia do apartamento de Larissa. Na verdade sentia medo do Raul, sabia do que ele seria capaz se a encontra-se, deixava o celular desligado, faltou as aulas por mais de uma semana. Iria deixar a poeira baixar e o ódio de Raul diminuir, também tinha medo de levantar suspeitas diante de Larissa e de todos os seguranças e políciais que estavam por perto.
        Duas semanas depois, Marcos o segurança destinado a Ruth a deixou na faculdade, assim que entrou no campus, pediu para que ele a esperasse na entrada sabia, ou ao menos imaginava que Raul não ousaria ir lá. O segurança não gostou muito da idéia, mesmo assim acatou a ordem. Alicia andava calmamente pelos corredores da faculdade, entrou no bloco C, e antes de chegar a sua sala, sentiu alguém lhe puxar violentamente pelo braço. Tentou gritar, mas sentiu uma mão tampar sua boca, abafando seu grito, seus olhos estavam apavorados, a imagem de Raul a sua frente à fez suar frio.
     - Sua vagabunda, fica caladinha, sem alarde se não você morre aqui mesmo. Vem comigo. – o homem tinha uma expressão de fúria, o ódio transbordava de seus olhos, saiu arrastando Alicia para o estacionamento.
    - Pára Raul, pára... Eu não sabia! – pedia em quanto tentava se desvencilhar dos braços do traficante, o homem lhe deu dois tapas, um de cada lado do rosto, a jogou contra um carro, segurou seus braços com força, apertando seu pescoço com a outra mão, a mulher estava quase perdendo o fôlego. – Parar! – implorou. Raul a soltou começou a xingar a mulher.
   - Vadia desgraçada, vaca, sua... – aproximou-se novamente da loirinha completamente amedrontada, segurou seu queixo com força - Sua puta! Você não passa de uma puta. - Alicia ouvia a tudo calada, não reagia as agressões para não piorar a situação, o homem continuava distribuindo palavrões em cima dela. Quando se deu por satisfeito, começou a andar de um lado para o outro, sentia os olhares indiscretos das pessoas ao redor, por um instante percebeu que estava fora de si. Foi recuperando o controle.
        Alguns alunos se aproximaram do pátio, um deles cumprimentou Alicia, Raul se afastou.
   - Melhor você ir embora, ela me obrigou a andar com segurança, ele deve estar por perto. Pense bem, não posso levantar suspeita, ela acionou a polícia, eles já me conhecem, me interrogaram Raul.
    - Isso só aconteceu por que você deu pra trás sua...
    - Pensa no que você ta dizendo seu idiota, quem atrapalhou seus planos foi o segurança dela, não eu, fiz tudo como você pediu. Agora como ia imaginar que aquela vadia ia levar um segurança, não podia fazer nada se não dá uma de assustada, foi até bom que agora ela está ainda mais na minha mão.
    - Não é o que parece galega, você não fez o que mandei fazer.
   - Raul, assumir que deu tudo errado não vai te fazer menos homem, o erro não foi meu e você sabe disso, melhor desiste em quanto é tempo. – a loirinha deixava as palavras denunciaram seu temor.
   - Não ouse me trair sua vagabunda, você sabe do que eu sou capaz. – disse encarando o olhar apavorado da loirinha. Aproximou os lábios do ouvido dela, grudou seus corpos – Se você não fizer o que te mandei, eu mato aquela vadia na sua frente, depois mato você! – Alicia sentiu seu corpo inteiro tremer – Raul foi embora, Alicia sentia dor e angustia se espalharem por todo o corpo, foi ao banheiro, se recompôs, e voltou à sala, já tinha perdido o primeiro horário, entrou na sala e não cumprimentou ninguém, uma de suas amigas lhe perguntou se estava tudo bem.
     - Tá! Tá! – cuspiu a resposta, sua expressão deixava bem claro que não estava a fim de conversar.
    - Vamos na lanchonete você parece nervosa! – Marcela falou baixinho, a frase saiu mais como um pedido, Alicia acompanhou a amiga até a cantina.
         A garota aparentava uma timidez que chamou a atenção da loirinha. Alicia sentia que ela lhe inspirava confiança o que para a loirinha era raridade. Alicia sempre foi uma mulher fechada, aprendeu a lhe dar com todo tipo de gente, era expansiva com as pessoas, mais não confiava em ninguém, tinha problemas em ter verdadeiros amigos. Suas experiências de vida já tinham lhe ensinado que devemos confiar desconfiando. Mas com Marcela era diferente, as duas tiveram uma empatia logo de cara, era uma das poucas pessoas com quem Alicia falava, tinham a mesma idade e muitos gostos semelhantes. Marcela vinha de uma classe social mais privilegiada, o que não deixou à jovem se deslumbrar com a riqueza que possuía, ao contrário travou uma luta imensa contra o sistema.
     - Hein, está tudo bem mesmo?
     - Sim! Não pareço bem. – falou de forma ríspida.
    - Boa resposta! – falou meio sem graça – Alicia, o mistério em pessoa! – a ruivinha mantinha um tom de brincadeira. 
    - Já pedi para me chamar de Ruth. – repreendeu a ruivinha com seriedade na voz.
    - Desculpe. Embora Alicia é um nome bem mais bonito. – sorriu.
    - Se lembra que te contei que eu e Larissa sofremos um atentado?
    - Claro, você ainda tá meio assustada com o que aconteceu não é?
    - Sim, bastante!
    Alicia conseguiu desviar o assunto, Marcela percebeu a sensibilidade da amiga e mudou de assunto. Depois da aula, Alicia encontrou Marcos na entrada da faculdade.
    - Tudo certo senhora Ruth?
    - Sim me leve para minha casa. – ordenou.
  Alicia resolveu ir para seu próprio apartamento, precisava de um tempo sozinha. Ficou muito tensa depois do encontro com Raul. Sentia uma raiva por tudo ter dado errado, sabia que não duraria muito sendo um desafeto de Raul. Sentia raiva de Larissa que não a informou que viria com um segurança, não iria mudar de idéia em relação ao seqüestro, mas sabia que de uma forma ou outra seria prejudicada, enfim, não tinha muitas alternativas.

Capítulo cinco

       O Seqüestro.

Sábado, as 19h00minhs da noite.
      
   - Vamos lá amor, dar aquela corridinha no calçadão? – Larissa parecia animada.
   - Já disse que não Lary, tô com cólica.
   - Você está é com preguiça isso sim. – se aproximou da loirinha, depositando beijinhos em seu queixo, pescoço, bochecha. – Vamos, estamos muito sedentárias, agente mal sai. Antes você adorava correr comigo.
   - Lá fora é muito perigoso. – Larissa ficou irritada, estava cansada de tudo isso, cansada desse clausulo, desde o atentado não existia mais vida social para as duas, que sempre gostaram de sair. Larissa seguia uma rotina específica, de casa pro trabalho e vice versa, sempre que pretendia sair, a loirinha fazia de tudo para convencê-la a ficar em casa. A promotora sentia que no fundo Ruth havia ficado com trauma daquela noite, porém ela não vinha mais sofrendo ameaças, parecia tudo muito tranqüilo.
    - Ruth é só uma corrida, o que custa? Em uma hora no máximo estaremos de volta, não vai acontecer nada. – Larissa insistia, mas a loirinha parecia não dar bola – Você quer ficar em casa tudo bem... – levantou-se e terminou de amarrar o tênis – Mas, eu não sou obrigada a ficar. Até daqui a pouco! – a morena já esta quase batendo a porta até ouvir a namorada gritar.
   - Espera!
        Dez minutos depois a duas desceram e foram ao calçadão, a noite estava quente, céu estrelado, inúmeras pessoas caminhavam. As duas fizeram um alongamento de 15 minutos antes de começarem a correr. Larissa parecia feliz, adorava exercícios físicos, mas ainda, gostava de fazê-los juntos com a namorada. Sua rotina havia sido alterada devido o medo que Ruth sentia de sair de casa, sabia que isso era normal, as pessoas geralmente ficam abaladas quando presenciam ou participam de situações trágicas ou de muita tensão. Precisava ajudá-la a lutar contra esse trauma. Em quanto corriam Larissa pôde perceber o olhar assustado da loirinha, balançava a cabeça de um lado para o outro observando todos que passavam, sentia algo estranho.
    - Hei você está ficando paranóica. Relaxa amor. – a morena fez sinal para que diminuíssem o ritmo, pararam de correr e passaram a caminhar.
   - Só acho que devemos ficar alerta, afinal de contas estamos sem nenhum segurança por perto.
   - Eu estou aqui pra te proteger, não vai acontecer nada.
          Larissa voltou a correr. Ruth a acompanhava, aceleravam cada vez mais, correram durante uns trinta minutos voltando ao ponto inicial, Ruth estava sem fôlego, à namorada, debochou.
    - Você já foi mais resistente. – brincou a promotora, a loirinha apenas sorriu – Até que fim um sorriso. – Larissa se aproximou antes de enlaçar a namorada em um abraço a ouviu dizer:
    - Quero ver se você me alcança. – Ruth voltou a correr deixando a morena para trás, Larissa sabia que a loirinha adorava trapacear nas corridas, mas até lhe deu vantagem, sabia que namorada estava fora de forma, quando já estava quase alcançando a loirinha a viu parar.
    - O que foi? – Larissa perguntou ainda tomando fôlego, Ruth permaneceu calada,  percebeu um carro muito parecido com o de Raul, que as seguia desde que saiu do prédio, uma onda de pavor lhe abateu congelando ser corpo – Cansou foi? – Larissa parecia distraída, começou a fazer algumas flexões, o carro se aproximou e parou bem próximo as duas. Alicia reconheceu o homem dentro do carro. Era Beto, braço direito de Raul. Alicia queria gritar, queria sumir daquele lugar, mas seu corpo não reagia, viu os dois homens armados e encapuzados saírem de dentro do carro, e caminharem em sua direção.
     - Larissa, corre! – em um impulso a loirinha gritou assustando a namorada, Larissa olhou para trás, na direção em que Ruth olhava, viu os dois homens que já estavam bem próximos, sentiu o corpo tremer, queria correr, mas não saia do lugar, até sentir a mão da namorada a puxar pelo braço. As duas correram como nunca, mesmo com todo esforço o homem conseguiu alcançá-las. Primeiro pegou Ruth pelos cabelos, fazendo a loirinha cair no chão, Larissa olhou para trás e se apavorou ao ver o homem com uma arma apontada para a cabeça da namorada.
     - Se der mais um passo, eu atiro. – o homem gritou, a ação dos dois gerou pânico nas pessoas que estavam no calçadão, Larissa permaneceu inerte.
   - Vamos! - o outro homem a puxou pelo braço arrastou as duas até o carro onde Beto esperava. Tudo foi muito rápido, não havia tempo para reações.
   - Entra ai vadia. – o homem berrou jogando Alicia dentro do carro.
   - Me solte! – Larissa tentava manter a calma, mas ao ver o olhar de pavor se estender no semblante de Ruth se desesperou – Melhor calar sua boca se não quiser morrer aqui mesmo. – falou Beto, partiram com o carro em alta velocidade – Vamos fazer essas duas calarem a boca.  – Larissa sentiu uma pancada forte na face esquerda, logo depois foi à vez de Alicia sentir o soco de João em seu rosto, a loirinha fechou os olhos e deixou bem clara a expressão de dor em sua face.
    - Não é ela quem vocês querem. – Larissa tentava segurar as lágrimas, tentava raciocinar, mantinha a mão sobre a pele quente onde tinha recebido o soco, mas os homens pareciam não ouvir suas suplica. Bateram muito em Alicia, claro que a mando de Raul, que queria se vingar pela traição da amante – Parem, por favor. – Larissa tentava em vão impedir, o outro homem passou a segura-la, em quanto João ainda batia em Alicia que estava muito machucada e já não tinha forças para se defender.
           Alicia já não sentia o corpo doer e sim a alma, arrependia-se da idéia absurda que teve de ajudar Raul com sua vingança. Temia pela vida de Larissa, suas lágrimas não se referiam à dor muscular que sentia, chorava porque queria o perdão daquela mulher que única coisa que soube fazer todo esse tempo foi amá-la.
    - É a mim que vocês querem, parem com isso, por favor. – Larissa estava desesperada, também não tinha forçar para lutar contra o homem que era sem dúvida bem mais forte que ela.
         Alicia estava sangrando, Larissa fechava os olhos, não agüentava ver aqueles brutamontes batendo na mulher que amava.
   – Por favor... – não conseguiu completar a frase quando fitou os olhos castanhos banhados em lágrimas, houve ali uma troca de sentimentos, dores, medos.
   - Solta essa vadia! – ordenou Beto – Alicia olhou para Beto rapidamente, sentiu um medo ainda maior, buscou os olhos de Larissa.
   - Eu te amo! – Larissa sussurrou de uma forma tão verdadeira que o calor de duas palavras pareceu aquecer o frio no coração de Alicia.
    O amor chegou invadindo sua vida, lhe dando esperanças de ser feliz novamente. Felicidade essa que parecia ter morrido quando seu casamento com Guilherme chegou ao fim. Ruth lhe proporcionava sensações desconhecidas, enchendo seus dias de alegria apenas por sua presença, não foi difícil amá-la, apesar de pouco tempo juntas.
       Agora se culpava por fazer a mulher amava passar por aquilo. Alicia sentiu seu coração apertar ao ouvir as palavras da promotora, de uma coisa tinha certeza, não era uma farsa o tempo inteiro.
Alicia passou a sentir o ar frio da noite dentro do carro, de uma forma rápida e brusca, sentiu sua cintura ser puxada de forma violenta, foi empurrada para fora do carro que ainda estava em movimento.
    - Nãooooo! – gritou Larissa, lutava contra os homens, seus olhos não acreditavam no que via, a cena foi surreal, mordeu o braço do homem mais forte, conhecido como Bodão, cravou os dentes com força na pele áspera do brutamonte.
   - Sua puta. – o homem perdeu a paciência e deu um soco na promotora que perdeu os sentidos.

3 comentários:

  1. Luh qnd vc aacabar esse conta cm ficou a amanda e a camila tah beijinhoss adorei a sua historiaa

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    1. Camila participa desse conto e Duda e Luiza tem pequenas passagens

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  2. a história de Luiza e Duda merecia virar filme. Adoraria associar Duda a um rosto ;D kkkk

    -Queen

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