Larissa
De repente um clarão, acordo no dia seguinte toda quebrada em uma cama de hospital, nossa a coisa está feia para o meu lado, tento sentar meu corpo está todo dolorido, perna quebrada, fratura exposta, inúmeros machucados e uma dor terrível na coluna. Espera... Estou começando a me lembrar: Estava saindo de uma festa em Acari interior do Rio Grande do Norte, lembro que saímos no meio da festa tinha brigado com Guilherme, ele com essa mania de ficar me controlando odeio isso estava apenas me divertindo, há que feio nem me apresentei não é me chamo Larissa Vieira Couto, Guilherme é o meu noivo, ou melhor, marido, porém vivemos em casa separadas, falar nele cadê ele? Jesus como eu vim parar aqui? Comecei a aperta a Campainha. Poxa que demora para alguém vir me ver, finalmente chegou à enfermeira.
- A senhoria já acordou? – não! Estou dormindo ainda, que pergunta mais idiota pensei, mas não falei melhor não ser mal educada.
- O que aconteceu? – estava confusa, ai está tudo doendo tentei sentar.
- A senhorita sofreu um acidente na BR 226 – lembrei o acidente aquele animal que apareceu no meio do nada, a luz e o Guilherme – Meu noivo ele está vivo? – já perguntei gritando nervosa.
- Calma senhorita, o Sr. Guilherme encontra-se bem, só teve alguns ferimentos superficiais. – essa notícia me deu um alívio.
- Quero vê-lo agora. – isso não foi um pedido e sim uma ordem precisava me certificar de que ele realmente estava bem.
- Vou chamá-lo, mas primeiro vou avisar ao médico que a senhorita acordou. – a mulher saiu.
Voltando ao momento do acidente, às coisas estão começando a clarear; discutimos feio, não lembro o motivo acho que deve ser bobagem. Nossa relação anda assim, tudo vira motivo de brigas, no final das contas resolvemos ir embora, minha cunhada insistiu para que dormíssemos lá, mas o seu irmão é teimoso queria ir embora a todo custo, rolou outra briga para ver quer quem ia dirigir, não tinha bebido ele já estava vendo estrelas, ele é chato têm mais ciúme do carro do que de mim, não deixa ninguém segura naquele volante; entramos no carro e pegamos estrada, moramos em Natal centro, Acari fica a 209 km, não sei o que Célia foi fazer morando nos cafundós de Judas, a família do Guilherme era toda de lá, fomos para o aniversário do filho dele, o Gui tem um filho do primeiro casamento chama-se Ótavio um amor de menino totalmente diferente da bruxa da sua mãe, pelo que vocês podem perceber eu e Marcy não nos damos muito bem ela não se conforma até hoje de Guilherme ter a deixado para ficar comigo, mas eu não estraguei o casamento de ninguém, conheci o Gui nos tribunais sou advogada ele também, nos esbarramos por acaso no fórum, acho que foi amor a primeira vista, ele já estava se separando eu só fui o motivo pra ele assinar os papéis do divórcio.
O médico entrou e me tirou das minhas divafações.
- Bom dia como esta se sentindo?
- Totalmente quebrada. – brinquei.
Dr. Ronaldo passou uma meia hora me examinado, assim que saiu entrou meu amor junto com minha mãe e meu pai. Adoro colo da mamãe, com 26 anos não consegui largar da saia da minha mãe ainda mais sendo filha única. Guilherme estava muito abatido. - Paixão você esta bem? - me abraçou, senti dor, ele me apertava com força seus olhos encheram de lágrimas. - Senti tanto medo de te perder, morreria se algo de ruim te acontecesse devido a minha imprudência.
- Eu estou bem amor.
Guilherme passou a tarde inteira comigo no hospital me explicou o que tinha acontecido. Voltando ao acidente, ele ligou o som colocando aquele rock pesado dele que eu tanto abomino, rolou até um certo estresse, tentei desligar inúmeras vezes, mas ele sempre ligava novamente, nesse desliga, liga, ele desviou a atenção por um minuto apenas da pista, quando olhamos apareceu acho que um animal na pista, Gui até tentou desviar, mas acabou batendo e perdeu o controle do carro mudamos atravessamos a pista e o clarão. Colidimos com outro veículo que vinha na direção oposta e aqui estamos graças a Deus o estrago não foi maior, porém o batimento todo do Guilherme foi porque não foi um animal que apareceu de repente na BR e sim uma pessoa, mas como íamos saber se estava tudo escuro, coitado, polícia rodoviária apareceu rapidinho enquadrou o Guilherme Art. 306, da Lei n. 9.503/97. Como ele se recusou a fazer o teste do etilômetro (bafômetro) foi conduzido a delegacia de polícia onde foi acusado de tentativa de homicídio já que já que ele dirigia bêbado e em alta velocidade, a vítima não morreu ainda. Guilherme estava encrencado, a vítima, bem a vítima, só fui saber que era uma mulher na manhã seguinte, quando fui saber dela. Afinal me sinto responsável também.
Dia antes
- Ela está em um estado pós-traumático chegou com um GCS se seis pressão 8.0x6.0 exames para traumatismo craniano, respiração irregular, pupila direita dilatada, avisem que estou chegando preciso de um respirador, quero raios-x. – disse o médico levando a mulher pra sala de cirurgia.
Passaram-se 4 horas desde que aquela mulher entrou na sala de cirurgia.
á Ela esta tendo uma parada 3 e 4 carreguem em 200 – disse o médico – De novo aumentem pra 400, estamos a perdendo – repetia o médico – Vamos lá moça, reaja, reaja. Isso! – o aparelho anuncia o coração volta a bater.
Dr. Ronaldo chegou para me ver.
- Doutor como está à mulher do acidente? – perguntei enquanto ele me examinava.
- Ela está em coma, Dr. Raul é o médico responsável – gelei
- Será que posso falar com ele?
- Claro, pedirei pra ele vir aqui.
Horas depois entrou Dr. Raul.
- Boa tarde, sou o Dr. Raul Queiroga.
- Prazer, Larissa Couto.
- A senhorita queria falar comigo?
- Sim gostaria de saber sobre a mulher do acidente, é uma mulher não? Como está, sua família já foi localizada?
- Infelizmente não conseguimos encontrar seus familiares, o quadro clínico dela é delicado houve um dano no cérebro, mas não sabemos a extensão ainda só podemos fazer uma nova avaliação quando ela acordar, esta estável agora para lhe ser sincero não sei como sobreviveu além do acidente ela estava baleada, a bala atingiu alguns órgãos, durante a cirurgia ela teve uma parada conseguimos reverter o quadro, porém ela está em coma.
- Nossa, mas ela está bem?
- Está viva as próximas horas serão decisivas.
- Gostaria de vê-la.
- Infelizmente não será possível ela está no CTI vamos aguardar.
- Quero que me mantenha informada sobre o estado dessa mulher, por favor.
- Tudo bem.
Que situação. Fiquei internada por mais três dias não que precisasse, mas por insistência da minha mãe. Cheguei em casa porém meu pensamento estava no hospital Guilherme disse que não conseguiram encontrar nenhum documento ou qualquer coisa que pudesse identificá-la, fiquei intrigada como uma pessoa pode aparecer do nada.
Tentei tirar a desconhecida da cabeça, a família do Gui se prontificou a pagar todas as despesas médicas dela, aos poucos fui me recuperando. Uma semana depois fui ao hospital sentia ainda algumas dores pelo corpo, depois de minha consulta fui até o consultório de Dr. Raul pedi pra vê-la e ele acabou deixando. Seguimos até o 4ºandar ela estava deitada repleta de aparelhos, como pude confundi-la com um animal.
- Quando ela vai acordar? – perguntei.
- Como já disse o cérebro dela sofreu um impacto muito grande durante o acidente encontramos pequenas sombras nos lóbulos frontais o que não explica por completo o coma. É provável que tenha sofrido uma hipoxia.
- O que é isso?
- Falta de oxigênio no cérebro.
- Sim mas...
- Acho pouco provável que ela saia do coma.
Depois dessas informações voltei pra casa, minha mente foi a mil puxa vida, pobre coitada será que a família dela já sabia? Não as autoridades ainda estavam procurando, mas sem sucesso, queiria ajudá-la procurei sempre me manter informada sobre estado.
- Posso entrar?
- O homem me olhou e sorriu, sempre bem simpático comigo quando ligava para saber de alguma novidade sobre a mulher – Claro como está se sentindo?
- Livre! É ótimo andar sem aquela bengala – risos – E ela doutor? Queria vê-la.
- Continua em coma.
- Mas já faz um mês.
- É pouco provável que ela saia desse estado.
- Tudo bem será que posso vê-la.
- Vamos.
Fui até o quarto da mulher, minhas pernas tremiam me sentia tão mal pelo o estado daquela moça Dr. Raul abriu a porta e entrei vagarosamente.
A enfermeira estava penteando seus cabelos me aproximei de sua cama, pude ver seu rosto adormecido tinha umas pequenas marquinhas de arranhões que provavelmente iam sumir com o tempo, olhei atentamente sua fisionomia era jovem seus cabelos louros, seus lábios finos, boca pequena, nariz afilado, tinha um rosto tão angelical aparentemente nos seus vinte e poucos anos o médico me deixou sozinha sentei ao lado da mulher e fiquei a observá-la.
- Moça me desculpe – sou idiota eu sei falar com uma pessoa inconsciente – Não tivemos culpa você apareceu no meio daquele breu, mas fique tranqüila agora que estou plenamente recuperada vou ajudar a encontrar sua família, agora seria interessante se você acordasse moça. – brinquei.
Fiquei mais um pouco ali falando besteiras para a mulher inconsciente, depois fui para casa estava disposta a procurar por sua família. Passei a visitar essa moça toda semana sempre e mantendo contato com Dr. Raul, o Guilherme não gostou muito estava respondendo processo e a coisa estava feia para o lado dele, fui até a delegacia saber mais informações sobre a desconhecida ninguém sabia de nada, ela encontrava-se sem documentos e não havia nenhuma queixa sobre desaparecimento ou seqüestro, segui para outras delegacias e nada, bem a mulher surgiu do nada mesmo. Passou-se muito tempo, um ano para ser exata e muitas coisas mudaram, tinha saído de casa e em um domingo aproveitei que o Guilherme tinha ido viajar.
- Vai sair filha?
- Vou , vou ver a moça – complicado ter que chamá-la de moça, mas não sabíamos o nome da coitada.
- Porque você não esquece essa mulher ? Você já fez o que podia acho uma perda de tempo visitar uma moribunda.
- Tchau mãe! - dei um beijo em sua face e sai, se ficasse provavelmente íamos discutir.
Não ia me tirar o pedaço passar algumas horas na companhia daquela moça, custava nada fazer uma visita, não entendo porque todos ficam me recriminando peguei o ônibus e fui embora para o hospital não ficava muito distante da minha casa 30 minutos apenas, no caminho liguei para o meu amor pra saber como andavam as coisas e como estava tudo bem subi até o quarto dela cumprimentei as meninas que já me conheciam no hospital cheguei ao quarto já conversando com ela.
- Boa tarde moça bonita! – falei mesmo ela era linda agora dava pra ver nitidamente sua tamanha beleza, me aproximei e sentei ao lado da cama como de costume – E ai como tem passado? Com certeza deve ter sentido minha falta, nem pude vir na quarta feira tive uma audiência, estou muito feliz porque ganhei a causa é como tinha te falado foi bem trabalhoso, mas valeu a pena se você tivesse boa podíamos sair pra comemorar, mas você é uma preguiçosa – acabou rindo das próprias bobagens que falava para a moça que ainda estava em coma – bem agora me diga como está se sentindo? Não seja mal educada mulher abre os olhos. – sempre pedia isso para ela.
Fiquei mais um tempo conversando com ela até que a mulher levantou da cama de supetão começou a arrancar os tubos e fios que estavam ligados ao seu corpo e ficou se debatendo fiquei tão nervosa, ela gritava caiu da cama ficou tremendo lá, foi tão rápido que não sei descrever direito então o médico chegou e aplicaram um sedativo nela que ela logo se acalmou colocaram na cama, mas ela continuava a se mexer como se tivesse tremendo não sei por que amarraram.
- Vem Larissa vamos conversar - disse Rosa uma das médicas residentes que estava de plantão fomos até lá fora.
¬- Isso significa que ela esta saindo do coma não é? – minha voz estava tremula fiquei muito assustada com a situação.
- Psicose de UTI, não é raro que as pessoas tenham momento de lucidez.
- Mas isso deve significar que ela pode esta saindo do coma. Não é? – não sei por que queria que fosse isso.
- Não tenho nada contra a esperança, mas é bastante improvável que ela saia do coma acho que Dr. Raul também pensa da mesma forma. – disse num tom frio e indiferente.
- Ela vai sair dessa, tem que sair. – falei alto mesmo sem querer queria acreditar nisso, com o tempo acabei criando um carinho por aquela mulher talvez fosse o sentimento de culpa, mas eu queria que ela tivesse uma segunda chance.
Cheguei em casa arrasada sentei-me em frente ao computador e fiquei fazendo busca na internet pra entender o que tinha acontecido poxa eu vi ela se mexer, se debater tem que ser alguma coisa boa ali, mas não era o que mostrava nas pesquisa quando maior é o período do coma maior é os danos no cérebro talvez todos tinham razão essa moça já era.
No hospital na manhã seguinte.
- O dano no cérebro pode ter sido conseqüência da pancada na cabeça não dá perde de oxigênio – diz Rosa.
- Enfim o resultado é o mesmo – diz outro médico.
- Alguma alteração? – perguntou Dr. Raul entrando na sala e examinando a moça – E ai senhorita ta na hora de acorda, tem uma pessoa muito preocupada com você – de repente a mulher levanta vagarosamente a mão esquerda. Seus olhos vão se abrindo os médicos ficam pasmos com aquilo.
- Ela está acordando, ela esta acordando – dizia Rosa.
- Dr. Raul deu um imenso sorriso – Liguem para Larissa.
Estava no escritório no meio de uma papelada danada, recebo a ligação do hospital meu coração da um salto daqueles, não esperava por boas notícias mal pude acreditar quando a mulher do outro lado da linha disse que a moça tinha acordado, ela acordou, finalmente acordou uma alegria estupenda surgiu em meu coração. Corro pra sala do Guilherme que estava em uma ligação fez sinal que esperasse, demorou cerca de 5 minutos depois que colocou o telefone no gancho dou um pulo nos braços dele.
- Ela acordou amor, acordou – disse eufórica.
- Desse jeito me derruba – disse me dando um beijo – Agora me diga o que você esta falando?
- Acabaram de ligar do hospital avisando a que a mulher acordou.
- E daí? – virou-se pra pegar uns papeis.
- Como assim e daí Guilherme essa mulher ficou em coma durante um ano, todos pensavam que ela ia morrer por nossa falta de responsabilidade e você fala e daí. – fiquei indignada tomei os papeis da mão dele e o encarei.
- Não olha para mim desse jeito, essa mulher acabou com minha vida estou arcando com todas as despesas médicas dela não tô? Já está de bom tamanho comparado a dor de cabeça que estou tendo com esse processo.
- Nos acabamos com a vida dela e você fala com tamanha indiferença.
- Ela apareceu do nada no meio de uma BR Larissa, não tive culpa nenhuma.
- Claro que teve você estava dirigindo a mais de 180km e ainda por cima estava bêbado.
- Que conversa é essa Larissa vai ficar do lado da desconhecida é isso, você me conhece sabe que foi um acidente.
- Tenha uma boa tarde Dr. Guilherme. – disse aos gritos sair batendo a porta.
Saí daquela sala muito irritada quase matamos a mulher, a família dele deve estar pensando que a ela tinha morrido eu precisava encontrá-los, mas primeiro preciso vê-la. Voltei a minha sala peguei minha bolsa e fui até o hospital meu coração batia mais que bateria de escola de samba quando cheguei ao seu quarto a enfermeira saia com uma bandeja.
- Olá Larissa.
- Oi Socorro, ela acordou mesmo?
- Acordou sim Dr. Raul veio examiná-la ainda pouco, ele aguarda por você.
- É recebi uma ligação será que posso vê-la?
- Que pergunta claro que sim você foi à única pessoa que acreditava que ela fosse acordar. Vou levar isso aqui e avisar a Dr. Raul.
- Obrigado.
Bem confesso que me deu uma tremedeira danada, minhas mãos suavam, meu coração coitadinho, minha mente estava a mil, afinal quando eu entrar o que vou dizer a ela “oi sou a mulher do cara que quase te matou” complicado né, fiquei ali parada naquele impasse entra num entrar, sentia um medo tão grande ao mesmo tempo uma curiosidade de vê-la acordada, girei o corpo e fui logo falar com Dr. Raul quando cheguei na metade do corredor parei olhei pra trás minha cabeça estava um turbilhão voltei coloquei a mão na maçaneta da porta respirei fundo e abri, entrei vagarosamente meus olhos foram direto pra cama, mas ela não estava ali entrei busquei-a ela estava na janela olhando para o céu fui me aproximando ela não deve ter notado minha presença.
- Olá! – ela continuava a olhar para o céu – Olá - falei mais alto ela se virou seus olhos negros se encontram nos meus, seu rosto pálido, olhar confuso, desci meu olhar para vê-la melhor estava bastante magra seus cabelos desalinhados e compridos – Sou Larissa tudo bem com você? – a cada passo que dava para frente ela dava um passo pra trás eu não sabia o que dizer ela olhou pra cama depois olhou pra mim, foi caminhando de costa até a cama e lá se deitou. - Sei que não me conhece estive no acidente que sofremos.
- Quem é você? – pude escutar sua voz fraca me atrevi a chegar mais perto ela ia se encolhendo na cama como se tivesse medo - Ta com medo de mim? Sou feia, mas não assusto – tentei brincar – Me diga moça como se chama?
- Não sei. – como assim não sabe? A antes de eu pedir maiores explicações Dr. Raul entrou na sala interrompendo nossa conversa.
- Boa tarde Larissa – disse simpaticamente – Pelo visto já conheceu nossa dorminhoca. – brincou a desconhecida olhava confusa para nós dois – Larissa um cafézinho na minha sala o que acha? – ele nem esperou eu responder pegou do meu ombro me conduzindo para fora da sala.
- Dr. Raul como... – fui enchendo o médico de pergunta.
- Pronto, agora podemos conversar melhor.
- Será que o senhor pode me explicar o que esta acontecendo? Perguntei o nome dela e ela disse que não sabe? Como assim não sabe? Afinal qual é o estado dela?
- Nesse tipo de caso Larissa um grau de amnésia temporária é esperado.
- Como assim amnésia a mulher perdeu a memória?
- Após um traumatismo craniano pode ocorrer a denominada amnésia lacunar: a pessoa não se recorda do acidente e de fatos que ocorreram imediatamente antes do mesmo. Isso é esperado nesse tipo de caso.
- Mas ela nem sabe quem é. Ela vai recuperar não vai?
- Precisamos fazer mais exames vamos começar o processo de reabilitação ela terá dificuldade na fala, déficits de atenção sua memória motora vai falhar.
- Não vai voltar à memória? Não estou entendendo nada do que esta falando.
- Calma ela já saiu do coma quando pensávamos que ela iria morrer.
- Vocês pensavam. Como posso ajudá-la a encontrar sua família se ela não lembrar nem como se chama se tiver marido, filhos, pai, mãe faz um ano, um ano doutor, mal consigo dormir pensando na situação dessa mulher.
- Calma Larissa vamos fazer uma nova bateria de exames neurológicos, você não tem responsabilidade com ela.
- Claro que tenho me sinto responsável por essa mulher, só vou sossegar quando ela estiver 100% recuperada. Ela é minha responsabilidade agora doutor então mova céus e terra pra ela recuperar essa memória.
- Não sou Deus Larissa farei tudo que estiver ao alcance da medicina.
- Ainda custo acreditar é muito azar para uma pessoa só se não bastasse passar um ano numa cama de hospital ainda por cima perde a memória sei não viu, sei não...
Pensei em voltar ao quarto da mulher, mas achei melhor ir embora precisava processar essas novas informações por essa eu não esperava, uma desmemoriada puxa vida era demais pra minha cabeça fiquei me colocando no lugar dela não devia ser nada agradável acordar um dia e não se lembrar de quem é, meu deu um frio na barriga em me ver naquela situação, precisava conversar com alguém liguei para minha amiga Dora marcamos num barzinho perto do seu trabalho passei 3 horas falando exaustivamente sobre esse assunto, coitada da Dora, depois fui para casa chegando lá encontro Guilherme sentado no sofá conversando com meu pai ainda estava chateada com ele, achava um absurdo sua indiferença assim que me viu entrar ele se levantou.
- Oi amor! - disse levantando e indo ao meu encontro selamos os lábios rapidamente e logo me afastei. – Vim dormir aqui. – eu doida para tomar um banho e descansar pensar em como as coisas iam ficar, ele diz que vai dormir aqui.
- Acho melhor...
- Como foi lá? – ele me conhecia foi logo perguntando sobre a mulher queria amenizar a situação.
- Não finja interesse – falei grosseiramente indo em direção ao corredor que leva ao meu quarto.
- Amor... – segurou meu braço de leve.
- Vou tomar um banho depois conversamos. – sai da sala.
Tomei um banho mais que demorado troquei de roupa sem pressa quando voltei à sala a mesa já estava posta, sentei á mesa junto com meus pais e o Guilherme.
- Desculpa o jeito que falei com você hoje não imaginei que essa situação pudesse ter mexido tanto com você, não entendo tanta preocupação.
- Eu fiquei feliz porque finalmente ela tinha acordado aquilo foi como se um peso tivesse tirado de minhas costas não entendo sua indiferença Guilherme os danos que causamos a essa mulher são irreparáveis, além de um ano perdido e todo o transtorno que devemos ter causado a sua família ela esta sem memória. Imagina você acordar um dia e não saber quem você é.
- Não tive culpa Larissa, foi um acidente quantas vezes vou ter que falar isso até você entender.
- O Guilherme tem razão filha foi um acidente ninguém teve culpa ele já esta pagando por seu descuido.
- Você sempre fica do lado dele mãe, a coisa não é bem assim sei que foi um acidente estive presente, mas pare pra pensar na vítima.
O jantar como vocês podem ter percebido foi bastante tenso o assunto girava em torno da desmemoriada, era complicado tentar argumente com aqueles três que só viam um lado da historia, mas em fim fazer o que o que importava era que fazer o possível pra reparar tamanho dano que causamos. Amanhã iria voltar ao hospital iria tentar conversar com a desconhecida me aproximar quem saber ela não se lembraria de alguma coisa que eu pudesse localizar sua família. Cancelaria algum compromisso era isso! Aquela mulher se tornou prioridade pra mim.
De repente um clarão, acordo no dia seguinte toda quebrada em uma cama de hospital, nossa a coisa está feia para o meu lado, tento sentar meu corpo está todo dolorido, perna quebrada, fratura exposta, inúmeros machucados e uma dor terrível na coluna. Espera... Estou começando a me lembrar: Estava saindo de uma festa em Acari interior do Rio Grande do Norte, lembro que saímos no meio da festa tinha brigado com Guilherme, ele com essa mania de ficar me controlando odeio isso estava apenas me divertindo, há que feio nem me apresentei não é me chamo Larissa Vieira Couto, Guilherme é o meu noivo, ou melhor, marido, porém vivemos em casa separadas, falar nele cadê ele? Jesus como eu vim parar aqui? Comecei a aperta a Campainha. Poxa que demora para alguém vir me ver, finalmente chegou à enfermeira.
- A senhoria já acordou? – não! Estou dormindo ainda, que pergunta mais idiota pensei, mas não falei melhor não ser mal educada.
- O que aconteceu? – estava confusa, ai está tudo doendo tentei sentar.
- A senhorita sofreu um acidente na BR 226 – lembrei o acidente aquele animal que apareceu no meio do nada, a luz e o Guilherme – Meu noivo ele está vivo? – já perguntei gritando nervosa.
- Calma senhorita, o Sr. Guilherme encontra-se bem, só teve alguns ferimentos superficiais. – essa notícia me deu um alívio.
- Quero vê-lo agora. – isso não foi um pedido e sim uma ordem precisava me certificar de que ele realmente estava bem.
- Vou chamá-lo, mas primeiro vou avisar ao médico que a senhorita acordou. – a mulher saiu.
Voltando ao momento do acidente, às coisas estão começando a clarear; discutimos feio, não lembro o motivo acho que deve ser bobagem. Nossa relação anda assim, tudo vira motivo de brigas, no final das contas resolvemos ir embora, minha cunhada insistiu para que dormíssemos lá, mas o seu irmão é teimoso queria ir embora a todo custo, rolou outra briga para ver quer quem ia dirigir, não tinha bebido ele já estava vendo estrelas, ele é chato têm mais ciúme do carro do que de mim, não deixa ninguém segura naquele volante; entramos no carro e pegamos estrada, moramos em Natal centro, Acari fica a 209 km, não sei o que Célia foi fazer morando nos cafundós de Judas, a família do Guilherme era toda de lá, fomos para o aniversário do filho dele, o Gui tem um filho do primeiro casamento chama-se Ótavio um amor de menino totalmente diferente da bruxa da sua mãe, pelo que vocês podem perceber eu e Marcy não nos damos muito bem ela não se conforma até hoje de Guilherme ter a deixado para ficar comigo, mas eu não estraguei o casamento de ninguém, conheci o Gui nos tribunais sou advogada ele também, nos esbarramos por acaso no fórum, acho que foi amor a primeira vista, ele já estava se separando eu só fui o motivo pra ele assinar os papéis do divórcio.
O médico entrou e me tirou das minhas divafações.
- Bom dia como esta se sentindo?
- Totalmente quebrada. – brinquei.
Dr. Ronaldo passou uma meia hora me examinado, assim que saiu entrou meu amor junto com minha mãe e meu pai. Adoro colo da mamãe, com 26 anos não consegui largar da saia da minha mãe ainda mais sendo filha única. Guilherme estava muito abatido. - Paixão você esta bem? - me abraçou, senti dor, ele me apertava com força seus olhos encheram de lágrimas. - Senti tanto medo de te perder, morreria se algo de ruim te acontecesse devido a minha imprudência.
- Eu estou bem amor.
Guilherme passou a tarde inteira comigo no hospital me explicou o que tinha acontecido. Voltando ao acidente, ele ligou o som colocando aquele rock pesado dele que eu tanto abomino, rolou até um certo estresse, tentei desligar inúmeras vezes, mas ele sempre ligava novamente, nesse desliga, liga, ele desviou a atenção por um minuto apenas da pista, quando olhamos apareceu acho que um animal na pista, Gui até tentou desviar, mas acabou batendo e perdeu o controle do carro mudamos atravessamos a pista e o clarão. Colidimos com outro veículo que vinha na direção oposta e aqui estamos graças a Deus o estrago não foi maior, porém o batimento todo do Guilherme foi porque não foi um animal que apareceu de repente na BR e sim uma pessoa, mas como íamos saber se estava tudo escuro, coitado, polícia rodoviária apareceu rapidinho enquadrou o Guilherme Art. 306, da Lei n. 9.503/97. Como ele se recusou a fazer o teste do etilômetro (bafômetro) foi conduzido a delegacia de polícia onde foi acusado de tentativa de homicídio já que já que ele dirigia bêbado e em alta velocidade, a vítima não morreu ainda. Guilherme estava encrencado, a vítima, bem a vítima, só fui saber que era uma mulher na manhã seguinte, quando fui saber dela. Afinal me sinto responsável também.
Dia antes
- Ela está em um estado pós-traumático chegou com um GCS se seis pressão 8.0x6.0 exames para traumatismo craniano, respiração irregular, pupila direita dilatada, avisem que estou chegando preciso de um respirador, quero raios-x. – disse o médico levando a mulher pra sala de cirurgia.
Passaram-se 4 horas desde que aquela mulher entrou na sala de cirurgia.
á Ela esta tendo uma parada 3 e 4 carreguem em 200 – disse o médico – De novo aumentem pra 400, estamos a perdendo – repetia o médico – Vamos lá moça, reaja, reaja. Isso! – o aparelho anuncia o coração volta a bater.
Dr. Ronaldo chegou para me ver.
- Doutor como está à mulher do acidente? – perguntei enquanto ele me examinava.
- Ela está em coma, Dr. Raul é o médico responsável – gelei
- Será que posso falar com ele?
- Claro, pedirei pra ele vir aqui.
Horas depois entrou Dr. Raul.
- Boa tarde, sou o Dr. Raul Queiroga.
- Prazer, Larissa Couto.
- A senhorita queria falar comigo?
- Sim gostaria de saber sobre a mulher do acidente, é uma mulher não? Como está, sua família já foi localizada?
- Infelizmente não conseguimos encontrar seus familiares, o quadro clínico dela é delicado houve um dano no cérebro, mas não sabemos a extensão ainda só podemos fazer uma nova avaliação quando ela acordar, esta estável agora para lhe ser sincero não sei como sobreviveu além do acidente ela estava baleada, a bala atingiu alguns órgãos, durante a cirurgia ela teve uma parada conseguimos reverter o quadro, porém ela está em coma.
- Nossa, mas ela está bem?
- Está viva as próximas horas serão decisivas.
- Gostaria de vê-la.
- Infelizmente não será possível ela está no CTI vamos aguardar.
- Quero que me mantenha informada sobre o estado dessa mulher, por favor.
- Tudo bem.
Que situação. Fiquei internada por mais três dias não que precisasse, mas por insistência da minha mãe. Cheguei em casa porém meu pensamento estava no hospital Guilherme disse que não conseguiram encontrar nenhum documento ou qualquer coisa que pudesse identificá-la, fiquei intrigada como uma pessoa pode aparecer do nada.
Tentei tirar a desconhecida da cabeça, a família do Gui se prontificou a pagar todas as despesas médicas dela, aos poucos fui me recuperando. Uma semana depois fui ao hospital sentia ainda algumas dores pelo corpo, depois de minha consulta fui até o consultório de Dr. Raul pedi pra vê-la e ele acabou deixando. Seguimos até o 4ºandar ela estava deitada repleta de aparelhos, como pude confundi-la com um animal.
- Quando ela vai acordar? – perguntei.
- Como já disse o cérebro dela sofreu um impacto muito grande durante o acidente encontramos pequenas sombras nos lóbulos frontais o que não explica por completo o coma. É provável que tenha sofrido uma hipoxia.
- O que é isso?
- Falta de oxigênio no cérebro.
- Sim mas...
- Acho pouco provável que ela saia do coma.
Depois dessas informações voltei pra casa, minha mente foi a mil puxa vida, pobre coitada será que a família dela já sabia? Não as autoridades ainda estavam procurando, mas sem sucesso, queiria ajudá-la procurei sempre me manter informada sobre estado.
- Posso entrar?
- O homem me olhou e sorriu, sempre bem simpático comigo quando ligava para saber de alguma novidade sobre a mulher – Claro como está se sentindo?
- Livre! É ótimo andar sem aquela bengala – risos – E ela doutor? Queria vê-la.
- Continua em coma.
- Mas já faz um mês.
- É pouco provável que ela saia desse estado.
- Tudo bem será que posso vê-la.
- Vamos.
Fui até o quarto da mulher, minhas pernas tremiam me sentia tão mal pelo o estado daquela moça Dr. Raul abriu a porta e entrei vagarosamente.
A enfermeira estava penteando seus cabelos me aproximei de sua cama, pude ver seu rosto adormecido tinha umas pequenas marquinhas de arranhões que provavelmente iam sumir com o tempo, olhei atentamente sua fisionomia era jovem seus cabelos louros, seus lábios finos, boca pequena, nariz afilado, tinha um rosto tão angelical aparentemente nos seus vinte e poucos anos o médico me deixou sozinha sentei ao lado da mulher e fiquei a observá-la.
- Moça me desculpe – sou idiota eu sei falar com uma pessoa inconsciente – Não tivemos culpa você apareceu no meio daquele breu, mas fique tranqüila agora que estou plenamente recuperada vou ajudar a encontrar sua família, agora seria interessante se você acordasse moça. – brinquei.
Fiquei mais um pouco ali falando besteiras para a mulher inconsciente, depois fui para casa estava disposta a procurar por sua família. Passei a visitar essa moça toda semana sempre e mantendo contato com Dr. Raul, o Guilherme não gostou muito estava respondendo processo e a coisa estava feia para o lado dele, fui até a delegacia saber mais informações sobre a desconhecida ninguém sabia de nada, ela encontrava-se sem documentos e não havia nenhuma queixa sobre desaparecimento ou seqüestro, segui para outras delegacias e nada, bem a mulher surgiu do nada mesmo. Passou-se muito tempo, um ano para ser exata e muitas coisas mudaram, tinha saído de casa e em um domingo aproveitei que o Guilherme tinha ido viajar.
- Vai sair filha?
- Vou , vou ver a moça – complicado ter que chamá-la de moça, mas não sabíamos o nome da coitada.
- Porque você não esquece essa mulher ? Você já fez o que podia acho uma perda de tempo visitar uma moribunda.
- Tchau mãe! - dei um beijo em sua face e sai, se ficasse provavelmente íamos discutir.
Não ia me tirar o pedaço passar algumas horas na companhia daquela moça, custava nada fazer uma visita, não entendo porque todos ficam me recriminando peguei o ônibus e fui embora para o hospital não ficava muito distante da minha casa 30 minutos apenas, no caminho liguei para o meu amor pra saber como andavam as coisas e como estava tudo bem subi até o quarto dela cumprimentei as meninas que já me conheciam no hospital cheguei ao quarto já conversando com ela.
- Boa tarde moça bonita! – falei mesmo ela era linda agora dava pra ver nitidamente sua tamanha beleza, me aproximei e sentei ao lado da cama como de costume – E ai como tem passado? Com certeza deve ter sentido minha falta, nem pude vir na quarta feira tive uma audiência, estou muito feliz porque ganhei a causa é como tinha te falado foi bem trabalhoso, mas valeu a pena se você tivesse boa podíamos sair pra comemorar, mas você é uma preguiçosa – acabou rindo das próprias bobagens que falava para a moça que ainda estava em coma – bem agora me diga como está se sentindo? Não seja mal educada mulher abre os olhos. – sempre pedia isso para ela.
Fiquei mais um tempo conversando com ela até que a mulher levantou da cama de supetão começou a arrancar os tubos e fios que estavam ligados ao seu corpo e ficou se debatendo fiquei tão nervosa, ela gritava caiu da cama ficou tremendo lá, foi tão rápido que não sei descrever direito então o médico chegou e aplicaram um sedativo nela que ela logo se acalmou colocaram na cama, mas ela continuava a se mexer como se tivesse tremendo não sei por que amarraram.
- Vem Larissa vamos conversar - disse Rosa uma das médicas residentes que estava de plantão fomos até lá fora.
¬- Isso significa que ela esta saindo do coma não é? – minha voz estava tremula fiquei muito assustada com a situação.
- Psicose de UTI, não é raro que as pessoas tenham momento de lucidez.
- Mas isso deve significar que ela pode esta saindo do coma. Não é? – não sei por que queria que fosse isso.
- Não tenho nada contra a esperança, mas é bastante improvável que ela saia do coma acho que Dr. Raul também pensa da mesma forma. – disse num tom frio e indiferente.
- Ela vai sair dessa, tem que sair. – falei alto mesmo sem querer queria acreditar nisso, com o tempo acabei criando um carinho por aquela mulher talvez fosse o sentimento de culpa, mas eu queria que ela tivesse uma segunda chance.
Cheguei em casa arrasada sentei-me em frente ao computador e fiquei fazendo busca na internet pra entender o que tinha acontecido poxa eu vi ela se mexer, se debater tem que ser alguma coisa boa ali, mas não era o que mostrava nas pesquisa quando maior é o período do coma maior é os danos no cérebro talvez todos tinham razão essa moça já era.
No hospital na manhã seguinte.
- O dano no cérebro pode ter sido conseqüência da pancada na cabeça não dá perde de oxigênio – diz Rosa.
- Enfim o resultado é o mesmo – diz outro médico.
- Alguma alteração? – perguntou Dr. Raul entrando na sala e examinando a moça – E ai senhorita ta na hora de acorda, tem uma pessoa muito preocupada com você – de repente a mulher levanta vagarosamente a mão esquerda. Seus olhos vão se abrindo os médicos ficam pasmos com aquilo.
- Ela está acordando, ela esta acordando – dizia Rosa.
- Dr. Raul deu um imenso sorriso – Liguem para Larissa.
Estava no escritório no meio de uma papelada danada, recebo a ligação do hospital meu coração da um salto daqueles, não esperava por boas notícias mal pude acreditar quando a mulher do outro lado da linha disse que a moça tinha acordado, ela acordou, finalmente acordou uma alegria estupenda surgiu em meu coração. Corro pra sala do Guilherme que estava em uma ligação fez sinal que esperasse, demorou cerca de 5 minutos depois que colocou o telefone no gancho dou um pulo nos braços dele.
- Ela acordou amor, acordou – disse eufórica.
- Desse jeito me derruba – disse me dando um beijo – Agora me diga o que você esta falando?
- Acabaram de ligar do hospital avisando a que a mulher acordou.
- E daí? – virou-se pra pegar uns papeis.
- Como assim e daí Guilherme essa mulher ficou em coma durante um ano, todos pensavam que ela ia morrer por nossa falta de responsabilidade e você fala e daí. – fiquei indignada tomei os papeis da mão dele e o encarei.
- Não olha para mim desse jeito, essa mulher acabou com minha vida estou arcando com todas as despesas médicas dela não tô? Já está de bom tamanho comparado a dor de cabeça que estou tendo com esse processo.
- Nos acabamos com a vida dela e você fala com tamanha indiferença.
- Ela apareceu do nada no meio de uma BR Larissa, não tive culpa nenhuma.
- Claro que teve você estava dirigindo a mais de 180km e ainda por cima estava bêbado.
- Que conversa é essa Larissa vai ficar do lado da desconhecida é isso, você me conhece sabe que foi um acidente.
- Tenha uma boa tarde Dr. Guilherme. – disse aos gritos sair batendo a porta.
Saí daquela sala muito irritada quase matamos a mulher, a família dele deve estar pensando que a ela tinha morrido eu precisava encontrá-los, mas primeiro preciso vê-la. Voltei a minha sala peguei minha bolsa e fui até o hospital meu coração batia mais que bateria de escola de samba quando cheguei ao seu quarto a enfermeira saia com uma bandeja.
- Olá Larissa.
- Oi Socorro, ela acordou mesmo?
- Acordou sim Dr. Raul veio examiná-la ainda pouco, ele aguarda por você.
- É recebi uma ligação será que posso vê-la?
- Que pergunta claro que sim você foi à única pessoa que acreditava que ela fosse acordar. Vou levar isso aqui e avisar a Dr. Raul.
- Obrigado.
Bem confesso que me deu uma tremedeira danada, minhas mãos suavam, meu coração coitadinho, minha mente estava a mil, afinal quando eu entrar o que vou dizer a ela “oi sou a mulher do cara que quase te matou” complicado né, fiquei ali parada naquele impasse entra num entrar, sentia um medo tão grande ao mesmo tempo uma curiosidade de vê-la acordada, girei o corpo e fui logo falar com Dr. Raul quando cheguei na metade do corredor parei olhei pra trás minha cabeça estava um turbilhão voltei coloquei a mão na maçaneta da porta respirei fundo e abri, entrei vagarosamente meus olhos foram direto pra cama, mas ela não estava ali entrei busquei-a ela estava na janela olhando para o céu fui me aproximando ela não deve ter notado minha presença.
- Olá! – ela continuava a olhar para o céu – Olá - falei mais alto ela se virou seus olhos negros se encontram nos meus, seu rosto pálido, olhar confuso, desci meu olhar para vê-la melhor estava bastante magra seus cabelos desalinhados e compridos – Sou Larissa tudo bem com você? – a cada passo que dava para frente ela dava um passo pra trás eu não sabia o que dizer ela olhou pra cama depois olhou pra mim, foi caminhando de costa até a cama e lá se deitou. - Sei que não me conhece estive no acidente que sofremos.
- Quem é você? – pude escutar sua voz fraca me atrevi a chegar mais perto ela ia se encolhendo na cama como se tivesse medo - Ta com medo de mim? Sou feia, mas não assusto – tentei brincar – Me diga moça como se chama?
- Não sei. – como assim não sabe? A antes de eu pedir maiores explicações Dr. Raul entrou na sala interrompendo nossa conversa.
- Boa tarde Larissa – disse simpaticamente – Pelo visto já conheceu nossa dorminhoca. – brincou a desconhecida olhava confusa para nós dois – Larissa um cafézinho na minha sala o que acha? – ele nem esperou eu responder pegou do meu ombro me conduzindo para fora da sala.
- Dr. Raul como... – fui enchendo o médico de pergunta.
- Pronto, agora podemos conversar melhor.
- Será que o senhor pode me explicar o que esta acontecendo? Perguntei o nome dela e ela disse que não sabe? Como assim não sabe? Afinal qual é o estado dela?
- Nesse tipo de caso Larissa um grau de amnésia temporária é esperado.
- Como assim amnésia a mulher perdeu a memória?
- Após um traumatismo craniano pode ocorrer a denominada amnésia lacunar: a pessoa não se recorda do acidente e de fatos que ocorreram imediatamente antes do mesmo. Isso é esperado nesse tipo de caso.
- Mas ela nem sabe quem é. Ela vai recuperar não vai?
- Precisamos fazer mais exames vamos começar o processo de reabilitação ela terá dificuldade na fala, déficits de atenção sua memória motora vai falhar.
- Não vai voltar à memória? Não estou entendendo nada do que esta falando.
- Calma ela já saiu do coma quando pensávamos que ela iria morrer.
- Vocês pensavam. Como posso ajudá-la a encontrar sua família se ela não lembrar nem como se chama se tiver marido, filhos, pai, mãe faz um ano, um ano doutor, mal consigo dormir pensando na situação dessa mulher.
- Calma Larissa vamos fazer uma nova bateria de exames neurológicos, você não tem responsabilidade com ela.
- Claro que tenho me sinto responsável por essa mulher, só vou sossegar quando ela estiver 100% recuperada. Ela é minha responsabilidade agora doutor então mova céus e terra pra ela recuperar essa memória.
- Não sou Deus Larissa farei tudo que estiver ao alcance da medicina.
- Ainda custo acreditar é muito azar para uma pessoa só se não bastasse passar um ano numa cama de hospital ainda por cima perde a memória sei não viu, sei não...
Pensei em voltar ao quarto da mulher, mas achei melhor ir embora precisava processar essas novas informações por essa eu não esperava, uma desmemoriada puxa vida era demais pra minha cabeça fiquei me colocando no lugar dela não devia ser nada agradável acordar um dia e não se lembrar de quem é, meu deu um frio na barriga em me ver naquela situação, precisava conversar com alguém liguei para minha amiga Dora marcamos num barzinho perto do seu trabalho passei 3 horas falando exaustivamente sobre esse assunto, coitada da Dora, depois fui para casa chegando lá encontro Guilherme sentado no sofá conversando com meu pai ainda estava chateada com ele, achava um absurdo sua indiferença assim que me viu entrar ele se levantou.
- Oi amor! - disse levantando e indo ao meu encontro selamos os lábios rapidamente e logo me afastei. – Vim dormir aqui. – eu doida para tomar um banho e descansar pensar em como as coisas iam ficar, ele diz que vai dormir aqui.
- Acho melhor...
- Como foi lá? – ele me conhecia foi logo perguntando sobre a mulher queria amenizar a situação.
- Não finja interesse – falei grosseiramente indo em direção ao corredor que leva ao meu quarto.
- Amor... – segurou meu braço de leve.
- Vou tomar um banho depois conversamos. – sai da sala.
Tomei um banho mais que demorado troquei de roupa sem pressa quando voltei à sala a mesa já estava posta, sentei á mesa junto com meus pais e o Guilherme.
- Desculpa o jeito que falei com você hoje não imaginei que essa situação pudesse ter mexido tanto com você, não entendo tanta preocupação.
- Eu fiquei feliz porque finalmente ela tinha acordado aquilo foi como se um peso tivesse tirado de minhas costas não entendo sua indiferença Guilherme os danos que causamos a essa mulher são irreparáveis, além de um ano perdido e todo o transtorno que devemos ter causado a sua família ela esta sem memória. Imagina você acordar um dia e não saber quem você é.
- Não tive culpa Larissa, foi um acidente quantas vezes vou ter que falar isso até você entender.
- O Guilherme tem razão filha foi um acidente ninguém teve culpa ele já esta pagando por seu descuido.
- Você sempre fica do lado dele mãe, a coisa não é bem assim sei que foi um acidente estive presente, mas pare pra pensar na vítima.
O jantar como vocês podem ter percebido foi bastante tenso o assunto girava em torno da desmemoriada, era complicado tentar argumente com aqueles três que só viam um lado da historia, mas em fim fazer o que o que importava era que fazer o possível pra reparar tamanho dano que causamos. Amanhã iria voltar ao hospital iria tentar conversar com a desconhecida me aproximar quem saber ela não se lembraria de alguma coisa que eu pudesse localizar sua família. Cancelaria algum compromisso era isso! Aquela mulher se tornou prioridade pra mim.
Meninas queridas,
ResponderExcluireu adoro os comentários de vocês, mas ficar chamando vocês de anônimas é chato e eu nunca sei se estou falando com a mesma pessoa. Vocês podem continuar publicando como anônimas, mas no final dos comentários deixem um nome para que eu possa identificar vocês. Só peço que todas não escolham o mesmo se não ao invés de falar com 10 anônimos falarei com 10 Xenas.
Bjj mulherada
Esse conto tem a ver com o outro, né? Então essa mulher deve ser a Luiza..
ResponderExcluirInteressante. Por favor, publica o próximo capítulo logo..
Dahmer.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirÉ a continuação do outro sim.
Excluirobrigada por se identificar ;)
Oi
ResponderExcluirSinto que a Luiza não morreu não...
Aguardo novo capítulo.
Obrigada por nos presentear com tão bonitos contos
Maria João (Portugal)
Legal uma leitora Portuguesa.
ExcluirApareça sempre.
:)
Oi
ExcluirAdorei sei conto "Minha Doce Prostituta", embora tenha ficado triste com o "pseudo final que lhe arranjou".
Agora sim estou feliz e aguardando ansiosamemnte os capítulos seguintes.
Sua escrita me encanta.
Tem mais contos escritos? Por favor me diga se seim e onde os poderei ler.
Bjs Maria João (Portugal)
ahhhhhhhhh. ainda bem que a Isa não morreu...
ResponderExcluirporque se ela tivesse morrido depois do tempão que eu passei lendo aquele conto. eu iria arrumar um jeito de te encontrar luh e iria te estrangular. rsrsrsrsrs mentirinha, mas que eu ia ficar muito pé da vida eu ia.
Calin
Calin,
Excluircolega é só uma história se você me matar que vai atualizar o blog? Ainda tem a terceira parte desse conto, pense bem essa não é uma boa idéia :p
Acho que pra compensar essa agonia que você está causando em nós, deveria postar uns 3 capítulos atras do outro.
ResponderExcluirhihi brinks
Carine
Exploradora :p
Excluirconcordo plenamente com voce carine,essa mulher gosta de judiar, ainda bem que eu nao sofro do coraçao pois ja tinha morrido,ahahahah.
ResponderExcluirluh parabens que estoria mais linda a emoçao a cada capitulo
beijos
cecilia
Eu sou tão boazinha :)
Excluirsei boazinha, voce sabia que me fez chorar quando descreveu a cena de duda se despedindo da sua amada, as lagrimas nao pude conter.Tu judeia mais ate que eu gosto
Excluirbeijos ;)e fica com DEUS
cecilia
Meu deus, chorei dms qnd a Luiza morreu e lagrimas vieram aos olhos de saber q ela nao morreu! Ela nao pode ficar com essa Larissa nao! Ela eh da Duda!!! To morrendo de ansiedade...
ResponderExcluirLu
Calma, ainda têm muita história pela frente
ExcluirConcordo ela nao pode ficar cm essa Larissa,ela tem q voltar logo pra Duda(as duas sao o casal mais lindo q vi)...
ResponderExcluiraaah estou mt anciosa pra saber a continuação...cm sera q a Duda esta cm tudo isso e cm ela vai ficar quando souber q Isa nao morreu *u*
Vanny
Pelamor posta o proximo guria kk
ResponderExcluirCarine
Já postei !!
ResponderExcluirLendo em 2017
ResponderExcluirTá completo ?
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