Tamires
- Está na hora de acordar moça – dizia o médico ao examiná-la.
- O quadro dela continua o mesmo, nenhuma mudança...
Escutava vozes ao longe que ficava cada vez mais alta.
- Ela esta se mexendo olhem. – disse uma enfermeira.
- Vamos lá moça acorde. – pedia Dr. Raul.
Fui abrindo os olhos lentamente, às imagens estavam desfocadas sentia uma grande dor na cabeça, aquela claridade irritava meus olhos, um homem barbudo aproximou-se falando coisas que eu não entendia. Percebi a presença de outras pessoas, todos falavam ao mesmo tempo, quando minha vista foi clareando pude ver inúmeros médicos a minha volta.
- Liguem para Larissa. – disse o homem barbudo.
Estava completamente atordoada.
Depois de tantos exames fiquei sozinha no quarto observei tudo atentamente, sentei na cama. Uma mulher morena entrou com uma bandeja, não sabia o que era aquilo ela sentou-se ao meu lado e ofereceu, olhei-a desconfiada ela levou a colher a minha boca era uma comida pastosa comi sem reclamar depois que ela me alimentou voltou a sair. Levantei da cama minhas pernas estavam fracas por pouco não cair, escutava barulhos que vinham de fora, fui segurando nas paredes até chegar à janela fiquei a observar não sei quanto tempo passei ali, levantei meu rosto pra receber os raios solares, o céu estava tão azul, escutei ao longe uma voz, parecia tão familiar.
- Olá! – silêncio - Olá – a mulher falou mais alto fiquei assustada ela vinha em minha direção, procurei a cama, ela falava coisas que eu não compreendia. Larissa esse era seu nome e o meu qual era? O homem barbudo mais uma vez entrou na sala, falou alguma coisa para mulher e depois eles saíram.
Na manhã seguinte me levaram para fazer inúmeros exames, me sentia cansada, as pessoas me olhavam com curiosidade escutavam todos me chamando da “desmemoriada”. A enfermeira me levou ao banheiro senti a água fria caindo em meu corpo uma sensação maravilhosa, ela falava comigo mais nunca lhe respondia, ela falou de novo aquele nome “Larissa” a encarei ela abriu um sorriso.
- Larissa foi à única que acreditava que você fosse acordar! Não deixou de vir visitá-la uma semana que fosse, ligava todos os dias. – Larissa gosto desse nome, a mulher tagarelava depois do banho me trouxe uma roupa segundo ela foi Larissa que mandou hoje pela manhã. – Ficou ótima em você embora esteja bem magrinha.
A mulher era simpática, mas todos ali, para mim eram desconhecidos, deitei na cama tinha uma tv no quarto, Socorro esse era o nome da enfermeira deixou ligada fiquei fascinada com o que via era como se eu nunca tivesse visto antes, uma sensação de vazio me abateu, a cabeça agora doía muito, escutei um batido na porta uma mulher foi entrando. Uma mulher morena, de altura mediana, cabelos castanhos bem curtos lisos. Olhei-a atentamente, era ela.
- Boa tarde moça bonita. – ela entrou naquele quarto embora eu estivesse séria sentia uma imensa paz, ela caminhou em minha direção e me abraçou, não correspondi ao abraço fiquei assustada – Não sabe o quanto fico feliz em te ver acordada. – disse se afastando e me olhando, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da minha cama. Eu permanecia com o olhar na porta.
- Hei! – ela me tocou no braço virei pra encarar-la ela tinha os olhos bem pretos – Queria ter vindo logo cedo, mas tive que passar no fórum para dar entrada em uns papéis sou advogada. – ela começou a se explicar.
- Quem é você? – perguntei.
- Ela deu meio sorriso – Larissa Vieira Couto a seu dispor – ela estendeu a mão, olhei pra suas mãos eram pequenas e macias logo ela apertou a minha com delicadeza. – E você moça como se chama?
- Eu não sei. – baixei o olhar me sentia confusa.
- Não precisa ficar assim Dr. Raul disse que é normal esse período de amnésia, logo, logo sua memória voltará. – não senti segurança em suas palavras.
- Você me conhece?
- Não, sofremos um acidente de carro depois te explico.
Aquela mulher passou a tarde toda ali comigo, porém fiquei o tempo todo calada ela tagarelava vez ou outra fazia uma piada sem graça alguma e começava a rir de si própria, estava anoitecendo quando ela disse que tinha que ir.
Quando ela foi embora voltei a sentir a sensação de vazio, fiquei um tempo a pensar, pensar em que? Nada, não me lembro de quem sou, nem de quem fui é um tanto frustrante, minha cabeça voltou a doer muito, apertei insistentemente a Campainha à enfermeira apareceu, era uma dor muito forte comecei a gritar logo o médico veio e me sedou acordei na manhã seguinte, me sentia fraca me levaram de um lado para o outro fazendo exames, só pude voltar a ver Larissa a tarde, ela chegou estava com um terninho feminino e uma pasta na mão. Estava muito charmosa chegou me cumprimentando.
- Oi sou eu de novo, como esta se sentindo? – não lhe respondi encolhi na cama, ela sentou-se ao lado. – Não pude vir logo cedo estava numa audiência. Peguei uma causa difícil fiquei sabendo que você não se sentiu bem ontem?
- Quem sou?
- Eu não sei...
Fechei os olhos e virei o rosto sentia meu coração comprimido senti o toque suave das mãos daquela mulher, ela nada disse apenas segurou minha mão quando virei o rosto vi algumas lágrimas saindo daqueles olhos, ela deu um sorriso singelo me fixei naquele olhar, queria saber quem sou, estava tudo escuro para mim.
- Queria poder te ajudar... – ela disse- senti tristeza em sua voz – O acidente que aconteceu com você, era o meu namorado que estava dirigindo, você apareceu do nada tentamos desviar, mas já tínhamos batido em você.
- Não me lembro de nada. As pessoas me falam não consigo entender.
- Você sofreu uma pancada muito forte na cabeça chegou a ter uma hemorragia interna depois da cirurgia, teve uma parada conseguiram te reanimar você acabou entrando em coma, seu estado era tão delicado que pensaram que não fosse sobreviver.
- Quanto tempo fiquei em coma?
- Um ano e dois meses. Tentei procurar por sua família, mas não consegui você estava sem documentos fui a quase todas as delegacias da cidade é como se você tivesse surgido do nada.
Soltei sua mão e virei o rosto fechei os olhos bem forte comecei a chorar, não sabia por que, as lágrimas apenas vinham, Larissa voltou a segurar minha mão eu queria ficar sozinha precisava entender era tudo tão estranho, tão confuso, acho que ela percebeu isso se despediu e saiu do quarto.
Larissa
Sai daquele quarto arrasada, ver aqueles olhos chorosos me deixou muito abalada, uma raiva misturada com angustia, me senti impotente por ter sido incapaz de ajudar aquela mulher, por não ter encontrado sua família, aquela coitada estava perdida no mundo não tinha ninguém, precisava ajudá-la passei a noite em claro em busca de uma solução praquela situação me veio uma idéia a mente, na manhã seguinte voltei ao hospital para falar com Dr. Raul.
- Então doutor, ela me parece bem melhor.
- Fisicamente ela está bem, está ganhando peso, sua fala não foi prejudicada, coisa que pensei que fosse ser prejudicada...
- A memória dela quando volta? – interrompi.
- Já disse que não é assim tão fácil vamos começar o processo de reabilitação.
- Você acha que ela já esta bem para sair do hospital? – ele me olhou com surpresa diante de minha pergunta.
- Ainda não Larissa. - foi categórico.
- Quando estará?
- Porque o interesse que ela tenha alta encontrou algum parente?
- Não, infelizmente não, mas assim que ela estiver boa vou levá-la pra minha casa doutor. – era isso mesmo que ia fazer tinha tomado uma decisão.
- Larissa, vamos com calma as coisas não são tão simples.
- Apenas quero saber quando ela poderá ter alta? – quis terminar o assunto.
- Larissa ela tem danos cerebrais permanentes há um centro de reabilitação onde você podia mandá-la se quer tanto ajudar - lá, estive falando com um amigo e eles têm umas abordagens mais sofisticadas o que não podemos oferecer aqui. Ela ainda não tem controle sobre suas emoções não sabe conter a raiva, ontem mesmo ela teve uma crise por pouco não agrediu a enfermeira é muito delicado seu quadro clínico.
- Não importa doutor ela tem sido muito amável comigo, cedo ou tarde ela terá alta e como vai ser? Ela não tem para onde ir. Então morará comigo até eu encontrar sua família fará esse tratamento e tanto outros que for necessário, mas não quero deixar essa mulher sozinha, pelo menos em casa ela estará sendo bem cuidada. Acho que não vai ser num hospital que ela possa recuperar a memória. – aquela conversa já estava me irritando.
- Pense bem não vai ser nada fácil ela vai ter oscilação de humor, e...
- Já disse homem do céu cuidarei legalmente para que ela fique sobre minha responsabilidade, ela vai pra minha casa e caso encerrado. – sem querer acabei falando mais alto que gostaria Dr. Raul não voltou a insisti.
- Tudo bem então, pedi pra fazer uma nova tomografia e refazer alguns exames veremos por hora ela permanece no hospital. – disse ele extremamente sério.
Tinha tomado uma decisão ia cuidar daquela mulher era o mínimo que podia fazer cheguei em casa e contei ao meus pais minha decisão, no início acharam um absurdo levar aquela mulher para dentro de casa, mesmo de contragosto me apoiaram, minha mãe ficou um tanto preocupada como sabem sou pouco favorecida de dinheiro moramos numa casa modesta num bairro simples, batalhei muito para concluir a faculdade de Direito, meus pais são pessoas de bom coração não iam negar ajuda a uma pessoa que estivesse precisando e eu me sentia responsável por ela e nada nem ninguém podia tirar isso de mim, decidi não contar ao Guilherme minha decisão pelo menos até a mulher ter alta sabia que ele seria terminantemente contra então para que arrumar aborrecimentos antes da hora. Passei acompanhar de perto a evolução do quadro dela ia visitá-la todos os dias, no início ela ficava meio que assustada parecia um bicho do mato aos pouco fui ganhando sua confiança, ela já falava comigo sempre que me via abria um sorriso. Duas semanas depois tinha chegado à hora, fisicamente ela estava muito bem ganhou peso rapidamente sua aparência não podia esta melhor, cheguei para conversar com ela.
- Hei vamos ver um nome pra você, eu sei que você é bonita ficar te chamando de moça bonita o tempo todo não dá, pensei em te chamar de Marília o que acha? – ela fez uma cara feia – Bárbara, Juliana, Kátia, Letícia, Isabella – quando falei o último nome ela me olhou de um jeito.
- Isabella... – ela disse baixinho ficou pensativa.
- Hei esta lembrando de alguma coisa?
- Não só que esse nome... – será que esse nome é de alguém que ela conheça pensei ou pode até ser seu próprio nome - Me chame como quiser Larissa. – disse ela.
- Gosto muito de Tamires, o que achas?
- Tamires... – ela ficou séria depois sorriu - Tamires. – repetiu inúmeras vezes achei tão engraçado que cai na risada.
- Então Srta. Tamires. – ela sorriu. – Precisamos conversar, bem acho que Dr. Raul falou com você.
- Ele disse que terei alta daqui a dois dias – ela fez uma cara que me partiu o coração – O que será de mim Larissa? Não me lembro de nada, nada... – ela se encolheu na cama.
- Não fica assim, por favor, não sabe o quanto dói aqui – levei sua mão a meu coração, realmente doía sentia um carinho imenso por aquela desconhecida, não tem aquele sentimento que brota sem nos darmos conta, não sabia explicar, pois é - Justamente sobre isso que quero conversar sei que sua família não apareceu queria te convidar para morar na minha casa – ela arregalou os olhos dei um sorriso estrondoso – Não precisa abrir esse olhão – arregalei os olhos também brincando – Enquanto não encontramos sua família poderia morar comigo isso é se quiser dividir a casa com dois velhos rabugentos, um cachorro e uma bagunceira como eu. – disse brincando ela caiu na risada.
- Não posso aceitar você já fez muito por mim. – disse tímida.
- Não fiz nada, você precisa de um lar até voltar sua memória como você pode perceber sou uma mulher simples, moro num bairro simples com meus pais, minha casa não tem luxo algum, mas serás recebida de coração te daremos todos os subsídios para se manter, não quero que você vá pra nenhum centro de reabilitação lá deve ser tudo tão frio, indiferente venha comigo Tamires. – pedi.
- E sua família vai querer uma desconhecida dentro da sua casa?
- Quanto a isso não se preocupe já conversei com meus pais eles te receberão de braços abertos.
- Não quero dar trabalho! Mas não tenho para onde ir, aceito sim Larissa muito obrigado nunca esquecerei de sua tamanha generosidade. – recebi seu abraço surpresa ela me apertava com força depois deu um beijo na minha bochecha, quando encarei seus olhos ela ficou corada, acabei debochando dela.
- Tamy.
- risos – Você mal me dá um nome já me apelida é? – brincou.
- Tamy apenas para mim, descobri uma coisa a seu respeito faz tempo que estou pra comentar toda vez esqueço – ela me olhou séria – Uma coisa é certa você gosta de mulher – cai na gargalhada ela ficou tão vermelha, tão vermelha de vergonha achei muito fofo – Toda vez que a enfermeira Laís entra aqui você não tira os olhos dela, já vi você dando uma observada no meu decote também – mais riso Tamires ficou toda encabulada eu me acabava de rir. - Pode ficar tranquila graças à educação dos meus pais fui criada com mente aberta para mim o importante é amar e ser amada indiferente do sexo, mas vai dizer que não estou certa, como advogada tenho um faro aguçado.
- Apenas acho Laís bonita assim como você – disse ela tão tímida que mal dava para escutar.
- Sei não viu... Sei não... Vai dizer que o Dr. Antonio não é lindo um coroa daquele eu pegava – brinquei.
- Prefiro Dra. Mariana. – disse ela se supetão se entregando toda e ficando ainda mais envergonhada.
- Estou apenas te zoando você terá tempo pra se conhecer e descobrir o que realmente gosta.
Nós duas rimos, definitivamente ela era lésbica com o tempo passei a estudá-la precisava conhecê-la, entende-la, aprendi a ler seus sinais acho que foi isso que facilitou em nossa relação acabei conseguindo ganhar a sua confiança cedo, tratá-la como uma amiga não era um esforço para mim ela precisava de carinho e proteção não deve ser nada fácil perder sua identidade, o fato dela ser gay ou não pouco me importava pelo que pude observar ela era sim, meus pais nunca deram importância pra isso sempre me ensinou que cada um deve encontrar a felicidade do lado de quem quer que seja, o importante e ser feliz consigo mesmo o resto é o resto, eu particularmente sou bem resolvida na minha opção sexual tenho alguns amigos que são gays e me dou super bem com eles, consultei o relógio e já estava tarde me despedir de Tamires adorei esse nome sabia.
-Tamy tenho que ir?
- Mas já.
- Já o que? Mulher sei que minha companhia é muito agradável, mas combinei em passar na casa do Guilherme.
- Amanhã você vem?
- Hum me deixa eu pensar... – fiz cara de pensativa – Você está muito mal acostumada viu, quer me ver todos os dias é? – brinquei – Venho sim tá. – dei um beijo e me levantei e sair.
Sai do hospital fui direto pra casa do Gui, mas nem demorei muito lá, estava tendo jogo e o apartamento estava cheio de homem bebendo e gritando esculhambando o juiz vocês devem imaginar, acabei saindo de fininho cheguei em casa minha mãe estava em guerra, tirava o móvel, coloca móvel, meu pai já estava impaciente eu acabei entrando na faxina, no fim das contar a arrumação ficou perfeita compramos outra cama pra colocar no meu quarto tiramos minha estantes de livros pra ganhar mais espaço, dei uma arrumada no meu guarda-roupa reservei um espaço pra ela colocar suas coisas, depois de tudo organizado tomei aquele super banho e cair na cama o dia tinha sido agitado, estava muito cansada logo adormeci. Poxa dois dias se passam rápidos acordei logo cedo mal tinha conseguido dormi uma ansiedade que chegava a me irritar tomei logo um banho gelado pra despertar, me arrumei e fui para o escritório fingir que trabalhava! To brincando claro que trabalho até demais para ser sincera, embora eu andasse muito insatisfeita queria dar vôos mais altos, porém acabei aceitando a proposta de trabalhar com o Guilherme ele insistia tanto e teve uma baita pressão dos meus pais sabe como é, acabei cedendo, mas não posso reclamar para uma advogada recém formada trabalhar num escritório bem conceituado na cidade é uma sorte e tanto, mas não tem aquele ditado trabalhar para família... sei não viu... Sei não... Deixa pra lá.
É impressionante como às horas demoram a passar quando agente mais quer, olhava o relógio a cada 5 minutos Dr. Raul disse que ia assinar a alta de Tamires no início da tarde fui falar com Guilherme afinal nem tinha contado a ele ainda.
- Posso entrar? – disse colocando a cabeça para dentro da sala.
- Precisa perguntar ? – deu meio sorriso. – Já disse que te amo hoje?
- Humm, faz dois dias que não escuto isso. – o abracei por trás dando um beijo no pescoço.
- Sei que ando meio ausente com você, mas olha isso aqui – mostrou os inúmeros processos em sua mesa.
- Ela sai do hospital hoje. – disse ainda encostada a cabeça no ombro dele esperei reação.
- Ela já esta bem?
- Está sim.
- Um problema a menos. – falou com aquele tom de indiferença que tanto odeio.
- Ela vai lá pra casa.
Ele se virou para me olhar.
- Você esta de brincadeira não é?
- Não, está tudo pronto para sua chegada.
- Larissa você só pode estar ficando doida, tem certeza que não bateu com a cabeça também naquele acidente, como você pode levar uma desconhecida para casa Larissa – Guilherme tinha o pavio muito curto foi aumentando o tom de voz.
- Você queria que eu a deixasse a míngua? – continuei com um tom de voz baixo ele voltou a se sentar sentei na cadeira em frente à mesa.
- Não. Podemos alugar um apartamento ou uma casa sei lá ela não precisa morar necessariamente na sua casa.
- Ela vai morar lá em casa. – disse firme ele sabia que quando eu decidia não tinha argumento certo pra me fazer mudar de idéia.
- Seus pais o que acham dessa idéia insana?
- Eles me apóiam quero que você vá comigo buscá-la afinal esse tempo todo você nunca a viu.
- Não posso como pode ver estou cheio de trabalho tenho uma audiência às 15h.
- Ok então! – sai da sala pisando duro, senti raiva dele. Não ia esperar até as 16h peguei minha bolsa e fui para o hospital.
- Está na hora de acordar moça – dizia o médico ao examiná-la.
- O quadro dela continua o mesmo, nenhuma mudança...
Escutava vozes ao longe que ficava cada vez mais alta.
- Ela esta se mexendo olhem. – disse uma enfermeira.
- Vamos lá moça acorde. – pedia Dr. Raul.
Fui abrindo os olhos lentamente, às imagens estavam desfocadas sentia uma grande dor na cabeça, aquela claridade irritava meus olhos, um homem barbudo aproximou-se falando coisas que eu não entendia. Percebi a presença de outras pessoas, todos falavam ao mesmo tempo, quando minha vista foi clareando pude ver inúmeros médicos a minha volta.
- Liguem para Larissa. – disse o homem barbudo.
Estava completamente atordoada.
Depois de tantos exames fiquei sozinha no quarto observei tudo atentamente, sentei na cama. Uma mulher morena entrou com uma bandeja, não sabia o que era aquilo ela sentou-se ao meu lado e ofereceu, olhei-a desconfiada ela levou a colher a minha boca era uma comida pastosa comi sem reclamar depois que ela me alimentou voltou a sair. Levantei da cama minhas pernas estavam fracas por pouco não cair, escutava barulhos que vinham de fora, fui segurando nas paredes até chegar à janela fiquei a observar não sei quanto tempo passei ali, levantei meu rosto pra receber os raios solares, o céu estava tão azul, escutei ao longe uma voz, parecia tão familiar.
- Olá! – silêncio - Olá – a mulher falou mais alto fiquei assustada ela vinha em minha direção, procurei a cama, ela falava coisas que eu não compreendia. Larissa esse era seu nome e o meu qual era? O homem barbudo mais uma vez entrou na sala, falou alguma coisa para mulher e depois eles saíram.
Na manhã seguinte me levaram para fazer inúmeros exames, me sentia cansada, as pessoas me olhavam com curiosidade escutavam todos me chamando da “desmemoriada”. A enfermeira me levou ao banheiro senti a água fria caindo em meu corpo uma sensação maravilhosa, ela falava comigo mais nunca lhe respondia, ela falou de novo aquele nome “Larissa” a encarei ela abriu um sorriso.
- Larissa foi à única que acreditava que você fosse acordar! Não deixou de vir visitá-la uma semana que fosse, ligava todos os dias. – Larissa gosto desse nome, a mulher tagarelava depois do banho me trouxe uma roupa segundo ela foi Larissa que mandou hoje pela manhã. – Ficou ótima em você embora esteja bem magrinha.
A mulher era simpática, mas todos ali, para mim eram desconhecidos, deitei na cama tinha uma tv no quarto, Socorro esse era o nome da enfermeira deixou ligada fiquei fascinada com o que via era como se eu nunca tivesse visto antes, uma sensação de vazio me abateu, a cabeça agora doía muito, escutei um batido na porta uma mulher foi entrando. Uma mulher morena, de altura mediana, cabelos castanhos bem curtos lisos. Olhei-a atentamente, era ela.
- Boa tarde moça bonita. – ela entrou naquele quarto embora eu estivesse séria sentia uma imensa paz, ela caminhou em minha direção e me abraçou, não correspondi ao abraço fiquei assustada – Não sabe o quanto fico feliz em te ver acordada. – disse se afastando e me olhando, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da minha cama. Eu permanecia com o olhar na porta.
- Hei! – ela me tocou no braço virei pra encarar-la ela tinha os olhos bem pretos – Queria ter vindo logo cedo, mas tive que passar no fórum para dar entrada em uns papéis sou advogada. – ela começou a se explicar.
- Quem é você? – perguntei.
- Ela deu meio sorriso – Larissa Vieira Couto a seu dispor – ela estendeu a mão, olhei pra suas mãos eram pequenas e macias logo ela apertou a minha com delicadeza. – E você moça como se chama?
- Eu não sei. – baixei o olhar me sentia confusa.
- Não precisa ficar assim Dr. Raul disse que é normal esse período de amnésia, logo, logo sua memória voltará. – não senti segurança em suas palavras.
- Você me conhece?
- Não, sofremos um acidente de carro depois te explico.
Aquela mulher passou a tarde toda ali comigo, porém fiquei o tempo todo calada ela tagarelava vez ou outra fazia uma piada sem graça alguma e começava a rir de si própria, estava anoitecendo quando ela disse que tinha que ir.
Quando ela foi embora voltei a sentir a sensação de vazio, fiquei um tempo a pensar, pensar em que? Nada, não me lembro de quem sou, nem de quem fui é um tanto frustrante, minha cabeça voltou a doer muito, apertei insistentemente a Campainha à enfermeira apareceu, era uma dor muito forte comecei a gritar logo o médico veio e me sedou acordei na manhã seguinte, me sentia fraca me levaram de um lado para o outro fazendo exames, só pude voltar a ver Larissa a tarde, ela chegou estava com um terninho feminino e uma pasta na mão. Estava muito charmosa chegou me cumprimentando.
- Oi sou eu de novo, como esta se sentindo? – não lhe respondi encolhi na cama, ela sentou-se ao lado. – Não pude vir logo cedo estava numa audiência. Peguei uma causa difícil fiquei sabendo que você não se sentiu bem ontem?
- Quem sou?
- Eu não sei...
Fechei os olhos e virei o rosto sentia meu coração comprimido senti o toque suave das mãos daquela mulher, ela nada disse apenas segurou minha mão quando virei o rosto vi algumas lágrimas saindo daqueles olhos, ela deu um sorriso singelo me fixei naquele olhar, queria saber quem sou, estava tudo escuro para mim.
- Queria poder te ajudar... – ela disse- senti tristeza em sua voz – O acidente que aconteceu com você, era o meu namorado que estava dirigindo, você apareceu do nada tentamos desviar, mas já tínhamos batido em você.
- Não me lembro de nada. As pessoas me falam não consigo entender.
- Você sofreu uma pancada muito forte na cabeça chegou a ter uma hemorragia interna depois da cirurgia, teve uma parada conseguiram te reanimar você acabou entrando em coma, seu estado era tão delicado que pensaram que não fosse sobreviver.
- Quanto tempo fiquei em coma?
- Um ano e dois meses. Tentei procurar por sua família, mas não consegui você estava sem documentos fui a quase todas as delegacias da cidade é como se você tivesse surgido do nada.
Soltei sua mão e virei o rosto fechei os olhos bem forte comecei a chorar, não sabia por que, as lágrimas apenas vinham, Larissa voltou a segurar minha mão eu queria ficar sozinha precisava entender era tudo tão estranho, tão confuso, acho que ela percebeu isso se despediu e saiu do quarto.
Larissa
Sai daquele quarto arrasada, ver aqueles olhos chorosos me deixou muito abalada, uma raiva misturada com angustia, me senti impotente por ter sido incapaz de ajudar aquela mulher, por não ter encontrado sua família, aquela coitada estava perdida no mundo não tinha ninguém, precisava ajudá-la passei a noite em claro em busca de uma solução praquela situação me veio uma idéia a mente, na manhã seguinte voltei ao hospital para falar com Dr. Raul.
- Então doutor, ela me parece bem melhor.
- Fisicamente ela está bem, está ganhando peso, sua fala não foi prejudicada, coisa que pensei que fosse ser prejudicada...
- A memória dela quando volta? – interrompi.
- Já disse que não é assim tão fácil vamos começar o processo de reabilitação.
- Você acha que ela já esta bem para sair do hospital? – ele me olhou com surpresa diante de minha pergunta.
- Ainda não Larissa. - foi categórico.
- Quando estará?
- Porque o interesse que ela tenha alta encontrou algum parente?
- Não, infelizmente não, mas assim que ela estiver boa vou levá-la pra minha casa doutor. – era isso mesmo que ia fazer tinha tomado uma decisão.
- Larissa, vamos com calma as coisas não são tão simples.
- Apenas quero saber quando ela poderá ter alta? – quis terminar o assunto.
- Larissa ela tem danos cerebrais permanentes há um centro de reabilitação onde você podia mandá-la se quer tanto ajudar - lá, estive falando com um amigo e eles têm umas abordagens mais sofisticadas o que não podemos oferecer aqui. Ela ainda não tem controle sobre suas emoções não sabe conter a raiva, ontem mesmo ela teve uma crise por pouco não agrediu a enfermeira é muito delicado seu quadro clínico.
- Não importa doutor ela tem sido muito amável comigo, cedo ou tarde ela terá alta e como vai ser? Ela não tem para onde ir. Então morará comigo até eu encontrar sua família fará esse tratamento e tanto outros que for necessário, mas não quero deixar essa mulher sozinha, pelo menos em casa ela estará sendo bem cuidada. Acho que não vai ser num hospital que ela possa recuperar a memória. – aquela conversa já estava me irritando.
- Pense bem não vai ser nada fácil ela vai ter oscilação de humor, e...
- Já disse homem do céu cuidarei legalmente para que ela fique sobre minha responsabilidade, ela vai pra minha casa e caso encerrado. – sem querer acabei falando mais alto que gostaria Dr. Raul não voltou a insisti.
- Tudo bem então, pedi pra fazer uma nova tomografia e refazer alguns exames veremos por hora ela permanece no hospital. – disse ele extremamente sério.
Tinha tomado uma decisão ia cuidar daquela mulher era o mínimo que podia fazer cheguei em casa e contei ao meus pais minha decisão, no início acharam um absurdo levar aquela mulher para dentro de casa, mesmo de contragosto me apoiaram, minha mãe ficou um tanto preocupada como sabem sou pouco favorecida de dinheiro moramos numa casa modesta num bairro simples, batalhei muito para concluir a faculdade de Direito, meus pais são pessoas de bom coração não iam negar ajuda a uma pessoa que estivesse precisando e eu me sentia responsável por ela e nada nem ninguém podia tirar isso de mim, decidi não contar ao Guilherme minha decisão pelo menos até a mulher ter alta sabia que ele seria terminantemente contra então para que arrumar aborrecimentos antes da hora. Passei acompanhar de perto a evolução do quadro dela ia visitá-la todos os dias, no início ela ficava meio que assustada parecia um bicho do mato aos pouco fui ganhando sua confiança, ela já falava comigo sempre que me via abria um sorriso. Duas semanas depois tinha chegado à hora, fisicamente ela estava muito bem ganhou peso rapidamente sua aparência não podia esta melhor, cheguei para conversar com ela.
- Hei vamos ver um nome pra você, eu sei que você é bonita ficar te chamando de moça bonita o tempo todo não dá, pensei em te chamar de Marília o que acha? – ela fez uma cara feia – Bárbara, Juliana, Kátia, Letícia, Isabella – quando falei o último nome ela me olhou de um jeito.
- Isabella... – ela disse baixinho ficou pensativa.
- Hei esta lembrando de alguma coisa?
- Não só que esse nome... – será que esse nome é de alguém que ela conheça pensei ou pode até ser seu próprio nome - Me chame como quiser Larissa. – disse ela.
- Gosto muito de Tamires, o que achas?
- Tamires... – ela ficou séria depois sorriu - Tamires. – repetiu inúmeras vezes achei tão engraçado que cai na risada.
- Então Srta. Tamires. – ela sorriu. – Precisamos conversar, bem acho que Dr. Raul falou com você.
- Ele disse que terei alta daqui a dois dias – ela fez uma cara que me partiu o coração – O que será de mim Larissa? Não me lembro de nada, nada... – ela se encolheu na cama.
- Não fica assim, por favor, não sabe o quanto dói aqui – levei sua mão a meu coração, realmente doía sentia um carinho imenso por aquela desconhecida, não tem aquele sentimento que brota sem nos darmos conta, não sabia explicar, pois é - Justamente sobre isso que quero conversar sei que sua família não apareceu queria te convidar para morar na minha casa – ela arregalou os olhos dei um sorriso estrondoso – Não precisa abrir esse olhão – arregalei os olhos também brincando – Enquanto não encontramos sua família poderia morar comigo isso é se quiser dividir a casa com dois velhos rabugentos, um cachorro e uma bagunceira como eu. – disse brincando ela caiu na risada.
- Não posso aceitar você já fez muito por mim. – disse tímida.
- Não fiz nada, você precisa de um lar até voltar sua memória como você pode perceber sou uma mulher simples, moro num bairro simples com meus pais, minha casa não tem luxo algum, mas serás recebida de coração te daremos todos os subsídios para se manter, não quero que você vá pra nenhum centro de reabilitação lá deve ser tudo tão frio, indiferente venha comigo Tamires. – pedi.
- E sua família vai querer uma desconhecida dentro da sua casa?
- Quanto a isso não se preocupe já conversei com meus pais eles te receberão de braços abertos.
- Não quero dar trabalho! Mas não tenho para onde ir, aceito sim Larissa muito obrigado nunca esquecerei de sua tamanha generosidade. – recebi seu abraço surpresa ela me apertava com força depois deu um beijo na minha bochecha, quando encarei seus olhos ela ficou corada, acabei debochando dela.
- Tamy.
- risos – Você mal me dá um nome já me apelida é? – brincou.
- Tamy apenas para mim, descobri uma coisa a seu respeito faz tempo que estou pra comentar toda vez esqueço – ela me olhou séria – Uma coisa é certa você gosta de mulher – cai na gargalhada ela ficou tão vermelha, tão vermelha de vergonha achei muito fofo – Toda vez que a enfermeira Laís entra aqui você não tira os olhos dela, já vi você dando uma observada no meu decote também – mais riso Tamires ficou toda encabulada eu me acabava de rir. - Pode ficar tranquila graças à educação dos meus pais fui criada com mente aberta para mim o importante é amar e ser amada indiferente do sexo, mas vai dizer que não estou certa, como advogada tenho um faro aguçado.
- Apenas acho Laís bonita assim como você – disse ela tão tímida que mal dava para escutar.
- Sei não viu... Sei não... Vai dizer que o Dr. Antonio não é lindo um coroa daquele eu pegava – brinquei.
- Prefiro Dra. Mariana. – disse ela se supetão se entregando toda e ficando ainda mais envergonhada.
- Estou apenas te zoando você terá tempo pra se conhecer e descobrir o que realmente gosta.
Nós duas rimos, definitivamente ela era lésbica com o tempo passei a estudá-la precisava conhecê-la, entende-la, aprendi a ler seus sinais acho que foi isso que facilitou em nossa relação acabei conseguindo ganhar a sua confiança cedo, tratá-la como uma amiga não era um esforço para mim ela precisava de carinho e proteção não deve ser nada fácil perder sua identidade, o fato dela ser gay ou não pouco me importava pelo que pude observar ela era sim, meus pais nunca deram importância pra isso sempre me ensinou que cada um deve encontrar a felicidade do lado de quem quer que seja, o importante e ser feliz consigo mesmo o resto é o resto, eu particularmente sou bem resolvida na minha opção sexual tenho alguns amigos que são gays e me dou super bem com eles, consultei o relógio e já estava tarde me despedir de Tamires adorei esse nome sabia.
-Tamy tenho que ir?
- Mas já.
- Já o que? Mulher sei que minha companhia é muito agradável, mas combinei em passar na casa do Guilherme.
- Amanhã você vem?
- Hum me deixa eu pensar... – fiz cara de pensativa – Você está muito mal acostumada viu, quer me ver todos os dias é? – brinquei – Venho sim tá. – dei um beijo e me levantei e sair.
Sai do hospital fui direto pra casa do Gui, mas nem demorei muito lá, estava tendo jogo e o apartamento estava cheio de homem bebendo e gritando esculhambando o juiz vocês devem imaginar, acabei saindo de fininho cheguei em casa minha mãe estava em guerra, tirava o móvel, coloca móvel, meu pai já estava impaciente eu acabei entrando na faxina, no fim das contar a arrumação ficou perfeita compramos outra cama pra colocar no meu quarto tiramos minha estantes de livros pra ganhar mais espaço, dei uma arrumada no meu guarda-roupa reservei um espaço pra ela colocar suas coisas, depois de tudo organizado tomei aquele super banho e cair na cama o dia tinha sido agitado, estava muito cansada logo adormeci. Poxa dois dias se passam rápidos acordei logo cedo mal tinha conseguido dormi uma ansiedade que chegava a me irritar tomei logo um banho gelado pra despertar, me arrumei e fui para o escritório fingir que trabalhava! To brincando claro que trabalho até demais para ser sincera, embora eu andasse muito insatisfeita queria dar vôos mais altos, porém acabei aceitando a proposta de trabalhar com o Guilherme ele insistia tanto e teve uma baita pressão dos meus pais sabe como é, acabei cedendo, mas não posso reclamar para uma advogada recém formada trabalhar num escritório bem conceituado na cidade é uma sorte e tanto, mas não tem aquele ditado trabalhar para família... sei não viu... Sei não... Deixa pra lá.
É impressionante como às horas demoram a passar quando agente mais quer, olhava o relógio a cada 5 minutos Dr. Raul disse que ia assinar a alta de Tamires no início da tarde fui falar com Guilherme afinal nem tinha contado a ele ainda.
- Posso entrar? – disse colocando a cabeça para dentro da sala.
- Precisa perguntar ? – deu meio sorriso. – Já disse que te amo hoje?
- Humm, faz dois dias que não escuto isso. – o abracei por trás dando um beijo no pescoço.
- Sei que ando meio ausente com você, mas olha isso aqui – mostrou os inúmeros processos em sua mesa.
- Ela sai do hospital hoje. – disse ainda encostada a cabeça no ombro dele esperei reação.
- Ela já esta bem?
- Está sim.
- Um problema a menos. – falou com aquele tom de indiferença que tanto odeio.
- Ela vai lá pra casa.
Ele se virou para me olhar.
- Você esta de brincadeira não é?
- Não, está tudo pronto para sua chegada.
- Larissa você só pode estar ficando doida, tem certeza que não bateu com a cabeça também naquele acidente, como você pode levar uma desconhecida para casa Larissa – Guilherme tinha o pavio muito curto foi aumentando o tom de voz.
- Você queria que eu a deixasse a míngua? – continuei com um tom de voz baixo ele voltou a se sentar sentei na cadeira em frente à mesa.
- Não. Podemos alugar um apartamento ou uma casa sei lá ela não precisa morar necessariamente na sua casa.
- Ela vai morar lá em casa. – disse firme ele sabia que quando eu decidia não tinha argumento certo pra me fazer mudar de idéia.
- Seus pais o que acham dessa idéia insana?
- Eles me apóiam quero que você vá comigo buscá-la afinal esse tempo todo você nunca a viu.
- Não posso como pode ver estou cheio de trabalho tenho uma audiência às 15h.
- Ok então! – sai da sala pisando duro, senti raiva dele. Não ia esperar até as 16h peguei minha bolsa e fui para o hospital.
Cadê a continuação??? Me apaixonei por essa história... to doida pra ver o proximo capitulo .... Cuida logo...
ResponderExcluirSousa, H.
Calma amanhã tem mais ;)
ExcluirAdorando a história :)
ResponderExcluirQue bom hj tem mais.
ExcluirLuh o "hoje" foi ontem =[
Excluirai eu fico enchendo o saco e voce me chama de apressadinha haha
Carine
Postei hoje.
ExcluirTô gripada...
Ah sim, melhoras então *-*
ExcluirCarine
tenho q fazer a ligação das 3 histórias. A Tamires é a Iza. Mas e a outra história? Qual é a ligação? Pq ela matou? Quem ela matou?
ResponderExcluirAtt.
Ti
Você me confundiu.
ResponderExcluirVamos lá a primeira e a segunda estão diretamente ligadas e a terceira histórias usa uma personagem da segunda.
A ISA NUNCA MAIS VAI VER A MINA DELA?????????????
ResponderExcluirAliás, que 3 histórias? Tô perdida, tõ sim.
ResponderExcluirSei que é você é a continuação de Minha Doce Prostituta você vai ver o que aconteceu na vida de Duda e se Luiza realmente morreu.
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