Cap – 2. Sem solução.
O dia se feze os raios de sol penetraram na fresta entre as cortinas do quartoiluminando apenas parte dele. Lara incomodada com a claridadedespertou-se, tentou se levantar, mas a dor nas costas pela noite maldormida a impediu, fez mais uma tentativa até se por de pé.Olhou-se no espelho e mais uma vez se assustou, não pela cicatriz,até porque já havia quase se acostumado com ela e já nãoincomodava tanto, mas pelas olheiras que a cada dia aumentavam. Foiaté o bar e avistou sua companheira... a garrafa já estava quase nofinal, mas quem se importava, no armário acima do balcão no fundoda cozinha ainda tinham mais, pouco importava se era whisky outequila, a bebida sempre lhe fazia esquecer.
Sentou-se napoltrona preferida do pai e se afundou bebendo no bico da garrafa,péssimo habito, odiava aquilo, mas ninguém estava vendo... “Quemliga” - Pensava.
Alcançou ocontrole em cima da mesinha de centro e ligou a TV enorme que ficavano centro da parede. Passou um por um dos canais, não procurandoalgo interessante, só passando... O prazer era iminente, nada comoapertar o botão chanel e mudar os canais na tentativa desesperada delimpar a mente. Parou de brincar com os botões e deixou o controlesobre a mesa pensando ter desligado o aparelho.
- É verdade que John Royer está envolvido nisto?
- Que tolice, todos sabemos que Royer morreu num acidente à quase dez meses.
- Há especulações de que o corpo nunca foi encontrado.
- A entrevista acabou. Sem mais comentários.”
“Repórter: Senhor ministro, como pretende acabar com essa violência que assombra nossa cidade?
Ministro: É só uma questão de tempo até os pegarmos.
Lara aindanão estava bêbada nem totalmente sóbria, mas sabia que essasespeculações eram reais. Já tinha ouvido falar sobre a volta deJohn Royer. Aquele suposto acidente de carro já deu muito o quefalar na época, e se realmente fosse verdade ele não era o únicoque voltava dos mortos. Preferiu não pensar nisso agora, a garrafaainda não estava vazia e pretendia acabar com ela logo.
A fome bateutao impetuosa, não sabia dizer há quanto tempo não comia... Nem seimportava, o tempo não fazia diferença mesmo. Abriu a geladeirapara ver o que podia comer, ou melhor, devorar... NADA. “Quepatético” - Pensou. - DROGA – gritou. - Acabou a cerveja! -Deixou escapar uma gargalhada escandalosa tipica de embriagados...fechou a geladeira e deslizou as costas até cair no chão. O choroveio mais uma vez como uma onda avassaladora, o desespero de nãoconseguir sair daquela situação, o desespero de não saber o quefazer. Assim como veio o pranto se dissipou de repente. Lara selevantou e jogou a garrafa vazia no sofá.
Depois de umbanho gelado Lara vestiu qualquer roupa que encontrou jogada peloquarto e foi até a cozinha fazer uma nova caça à comida nageladeira, encontrou uma embalagem de lasanha congelada e a jogou nomicro-ondas programando o descongelamento.
“E agoravamos falar do mundo dos negócios...
- Rick, o que tem a nos dizer sobre bolsa de valores?
- Bom dia Felip, o petróleo ainda continua em alta e esse é um otimo momento para investimentos. Inclusive eu aconselho investir na Belfort, essa tá prometendo viu.
- Poxa Rick, o que eu estou esperando então!?”
O barulho daTV não a estava incomodando, mas não prestava muita atenção nonoticiário...
- E então Felip, já está sabendo da ultima?
- Lara Foster?
- Essa mesma.
- Que escândalo não é?
- A morena bem sucedida de Beltcity não aparece na Foster & Associados há mais de um mês.
- Quem sabe não está tirando umas férias.
- Pode ser, mais isso lhes deu um prejuízo de mais de cinco milhões de dólares.
- Uau Rick!
- É de surpreender. Se continuar assim o conselho pode eleger um novo presidente, a morena está literalmente por fora.
- É... Parece que o legado da família está indo por água a baixo. Obrigada pela presença Rick, agora vamos aos comerciais, não saia daí, voltamos já.
Lara sabiaque teria de aparecer um dia na empresa, mas não se sentia pronta.Como apareceria com aquela cicatriz horrivel no rosto? comoexplicaria? Na verdade não devia explicação nenhuma, mas arealidade é que não queria ver ninguém, não queria aqueles puxasacos no seu pé. Sabia que há muito não conseguia cuidar dosnegócios da família, sabia que não fazia bem o papel de mulher nocomando, ninguém ali concordava com o modo como conduzia a empresa,nem mesmo precisavam concordar, apenas sabia trazer lucros e isso eraaceitável. Mas e agora? As negociações estavam pendentes, muitoscontratos perdidos pela sua ausência, se não fizesse algo agorapoderia falir a empresa que seu pai fundou com tanto esforço. DilanFoster teria feito tanto em vão? Mesmo assim, ainda não se sentiapreparada.
Depois detanto pensar em tudo e não decidir nada ouviu os bips do micro-ondase saltou como um leão em cima de sua presa para devorar o primeiroprato de comida desde... muito tempo.
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