segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sei que é você XIV



   - Tudo bem senhor.

            Amanda saiu daquele consultório com um grande problema nas mãos, sabia a dor de cabeça que teria com a Maria Eduarda, respirou fundo, procurou forças para enfrentar sua amiga briguenta, saiu no hospital a sua procura. Não a encontrou, ela já tinha ido embora. Amanda procurou a mãe, Andréia tinha a mesma opinião que Amanda, sabia que em hipótese alguma Duda poderia continuar sendo médica de Luiza.

   - Você apenas falou a verdade.
   - Mas mãe Duda deve esta querendo me fuzilar, ela esperava pelo meu apoio.
   - Amanda parece que quanto mais falo mais vocês duas não aprendem. Aqui tanto você quanto Maria Eduarda são médicas. Enquanto vocês estiverem com esse jaleco e nas dependências desse hospital vocês são apenas duas profissionais que visão unicamente o bem estar e a saúde do paciente. E a paciente em questão pediu para Duda ser substituída por você.  

Amanda entedia bem o que a mãe queria dizer.

   - Luan já tinha cogitado essa possibilidade, mas estava com uma resistência, depois que Luiza fez o pedido ele não tinha mais desculpa, ele confia no seu profissionalismo. Duda compreendera isso. – Andréia deu o assunto por encerrado.

            Amanda voltou ao trabalho, o dia foi longo e cansativo acabou entrando numa cirurgia que durou horas. Chegou em casa tarde da noite, estava exausta. Duda a esperava.
   - Você é uma traíra. – disse Duda ao ver a amiga entrando na sala.
            Amanda não tinha forças para brigar, deixou que sua amiga jogasse toda raiva que estava sentindo, no final abraçou a amiga com carinho dando seu ombro para que ela chorasse. Duda sofria, sofria mais que nunca, aquela situação estava ficando insustentável, chorou copiosamente.
   - Vamos achar uma forma de fazê-la lembrar. – disse Amanda sua voz gerou uma tranqüilidade na amiga.
   - Mas eu estou fora, como posso ajudar?
   - Duda! Como profissionais da saúde temos obrigação de aprender tudo, mas todo mundo sabe que minha área não tem nada haver com nervos, cérebro nem nada referente, quero entender isso aqui, venho dedicado toda minha residência para descobrir o maior número de mistério que se passa aqui. – Amanda apontou no peito de Duda. – Eu e Luiza sempre demos duro naquele hospital, assim como você sempre deu pra conseguir o destaque que conseguiu, posso esta no caso da Luiza, mas você é bem mais competente que eu, vamos fazer juntas esse trabalho.
   - Vou te ajudar miguxa, em tudo. – disse Duda enxugando as lágrimas.
   - So não se aproxime da Luiza, porque se isso acontecer você pode romper o fio que as ligam.
   - Tudo bem. Você me ajuda? – pediu – Não consigo sozinha.
   - Você não esta sozinha... Somos uma única família Maria Eduarda. Você é minha irmã esqueceu!
Amanda abraçou mais uma vez a amiga. Ali seria o início de uma longa caminhada.

Enquanto isso...

            Assim que Larissa chegou em casa, Luiza aproximou-se estava muito agitada seu dia tinha sido cheio. Depois do café, Heloisa levou a filha a uma consulta mesmo contra sua vontade. Saíram de lá e foram ao shopping onde Heloisa tem seu ateliê junto com sua loja, Luiza adorou o trabalho da mãe, sem menor constrangimento pediu a mãe para empregá-la. Os funcionário pareciam ter visto fantasma ao ver Luiza entrando pela porta, Heloisa já tinha alertado aos funcionários e pediu pra que eles agissem com naturalidade. Isa passou a tarde inteira na loja da mãe, ria, brincava, Heloisa chegou a chorar discretamente, seu coração nunca se sentiu tão feliz como estava se sentindo. Ela conseguiu conquistar a filha por completo, Isa a amava como nunca tinha amado a mãe antes, Heloisa tornou-se um porto seguro, tinha carinho, confiança e muito respeito pela mãe. Isa chegou e abraçou a mãe com carinho. Heloisa ficou emocionada.
  
   - Te adoro de paixão mãe.
   - Também te adoro de paixão guria.

            Isa foi almoçar com Isabella sua prima e com Lucas que não se agüentou e procurou a amiga de longa data. O almoço não podia ser melhor, Lucas e Luiza agiam como muita proximidade.
   - Quero que você conheça a minha mulher. – falou.
Isabella e Lucas se entreolharam Isa percebeu.
   - Sei que deve ser estranho pra vocês, dizem que eu era muito apaixonada por aquela doutora. Mas não lembro.
   - Você sempre foi apaixonada por Maria Eduarda. – disse Lucas.
   - Na verdade Luiza, a Duda foi à única pessoa que você já amou na vida.
Isa não gostou do que ouviu, foi pra casa cabisbaixa.
Adiando o inevitável!
Depois do jantar as três conversavam animadamente, Larissa aproveitando a oportunidade, já que Luiza estava tão bem humorada, resolveu falar com quem estava trabalhando. Isa não gostou do que ouviu, logo mostrou sua indignação, no momento de raiva chegou a culpar a mãe, dizendo que tinha armado toda aquela situação para que ela e Larissa mudassem de vez para a cidade. Heloisa calmamente explicou que não sabia das atitudes da filha.

   - Camila desde pequena tem adoração por você, a muitas coisas do seu passado que você precisa saber. – Heloisa tinha uma expressão triste - Na hora certa, você saberá.
   - Camila a ama Tamires, de uma chance a ela! – pediu Larissa.
   - Aquela guria! – Luiza falou com um sotaque pesado, Larissa gargalhou.
   - Eita que gaucha arretada! - Disse Larissa abraçando-a - Vamos convidá-la para jantar conosco. - falou Lary, Isa olhou desconfiada. - Ela passou a tarde inteira com a cara de gato abandonado só faltou se oferecer.

Heloisa sorriu, sabia que era bem capaz de sua filha suplicar por isso.

- É serio amor!
Luiza estava se sentindo pressionada, embora sentisse falta de Camila, não queria vê-la. Ainda estava tudo muito confuso.
   - Ainda não! – falou baixinho
Enquanto isso:
   - É um absurdo, um grande absurdo!!! –Gritava Duda com Lucas.
   - Não amoré, é antiético. – disse Lucas
   - Sou médica daquela mulher, não podem me tirar no caso.
   - Duda...
   - Ela esta aqui, esta aqui e nem ao menos posso vê-la. –chorava
            Os dias foram intensos na vida daquelas pessoas, Luiza se sentia cada vez mais a vontade na presença da mãe e da prima, durante uma consulta com Dr. Brito, tratou de manter uma certa distancia por mais que Amanda tentasse ser simpática, ela entendia a frieza da cunhada.
   - Camila esta sofrendo muito com sua indiferença. –falava Amanda em quanto examinava Luiza.
   - Faça unicamente seu trabalho, Dra. Amanda. – disse seca.
Amanda parou o que estava fazendo, e encarou a mulher a sua frente.
   - Não Luiza, não posso fazer apenas meu trabalho, vejo minha mulher chorando noite e dia, por sua causa, Camila sempre nutriu um grande carinho por você. Não é possível que você não sinta nada.
Luiza começou a sentir-se mal, teve flashes intensos, acabou desmaiando.
   Horas depois...
Acordou, sentia-se fraca, a cabeça latejava, seu olhos se focaram na pessoa a sua frente, seu coração começou a bater de forma descompassada.
   - O que vai fazer? – indagou Isa assustada.
   - Quero apenas checar seus batimentos. – Duda caminhou para o lado da cama, afastou um pouco do tecido e posicionou o estetoscópio, Luiza sentiu sua pele queimar ao sentir o toque daquela mulher. Seus olhos examinavam minuciosamente o rosto da médica, Duda pode ouvir os batimentos acelerados de Isa. Ela ergueu o rosto de Luiza com um pequeno toque, os olhos se cruzaram, um misto de emoções invadiu o corpo de ambas, Duda procurou forças para não perder o controle, depois de examinar sua pupila afastou-se, Isa ainda a encarava, seu olhar era confuso.
   - Melhor descansar. – disse Duda, dando passos para trás. – Sente alguma coisa?
Duda desviou o olhar para o prontuário.
   - Dor de cabeça. – respondeu - Onde esta a Larissa?
Duda a olhou de forma triste.
   - Ela já foi avisada.
A conversa foi interrompida por Dr. Brito. O homem a olhou surpresa.
   - Ela esta cansada e sua pupila esta dilatada. – apressou-se a dizer.
   - Obrigada Dra. Lins, eu assumo daqui.
Duda saiu do quarto, assim que fechou a porta, conseguiu respirar.
   - Meu Deus, me dê forças. – pediu, Duda engoliu as lágrimas e voltou ao trabalho, podia ouvir os cochichos de seus companheiros de trabalho. – Vão trabalhar seus desocupados.
   - Você esta bem? – perguntou Larissa preocupada
   - Estou!
   - Camila esta ai, veio comigo, esta muito aflita.
   - A mande entrar.
            Larissa ficou surpresa, esperava mais resistência de Isa. Camila entrou e sua irmã a recebeu com um sorriso nos lábios.
   - Saudades guria. – disse Isa.
Camila abraçou a irmã em quanto chorava.
   - Quero que você faça parte da minha vida. Gosto de você guria.
A loirinha não sabia se ria ou se chorava.
   - Janta lá em casa hoje á noite?
   - Sim. –Luiza respondeu com um grande entusiasmo.
            Isa recebeu alta, sentia-se melhor, ao sair avistou Maria Eduarda que se aproximava dela. Larissa conversou cordialmente com Duda enquanto Isa permanecia calada apenas observando. O jantar foi agradável a loira ficou completamente encantada com o sobrinho Lucas, quanto mais tempo ficava mais gostava da companhia daquelas pessoas. Nas semanas seguintes Isa teve inúmeros pesadelos chegou a ser socorrida umas três vezes, se recusava terminantemente fazer a cirurgia. Ela sentia medo, medo da morte, medo do que viria caso recuperasse a memória. Sua recusa gerou brigas intermináveis com sua mulher. Larissa não aceitava a recusa de Luiza. O clima ficava mais tenso.
   - Se vocês realmente gostam de mim como dizem que gostam vão ter me aceitar mesmo sem memória, não quero saber quem fui. Estou feliz assim. Não vou fazer cirurgia nenhuma. Esse assunto esta encerrado. – gritou Isa para seus familiares durante um jantar.
            Ninguém voltou insistir nesse assunto, pelo menos por ora. Dr. Brito resolveu seguir outra linha de tratamento que acabou dando certo. Isa já não tinha aquelas dores intensa, seus flashes de memória se tornaram cada vez mais inexistente. Sentia-se mais tranqüila. Três meses depois as coisas foi entrando nos eixos, finalmente ela e Larissa se mudou pra seu apartamento. Isa começou a trabalhar no ateliê da mãe o que lhe fazia muito bem, aos poucos foi se soltando entre os funcionários que param de vê-la como um fantasma. Outra coisa que foi mudando foi seu relacionamento com a Larissa que acabou sendo abalado. Em meio de sua felicidade Isa se sentia insegura em seu casamento, notou que estava distante da mulher. Larissa estava cada dia mais envolvida com o trabalho, no fundo ela estava chateada por Isa não ter aceitado se operar.
   - Oi!!! – falou Isa abraçando a mulher que estava cozinhando.
   - Oi. - respondeu.
   - Ainda chateada? – perguntou Isa mesmo sabendo da reposta.
   - Até quando você vai se esconder? – perguntou Larissa encarando a mulher. Isa recuou desviando o olhar.
   - De novo não! - resmungou.
   - É seu filho Luiza.
   - Não estou pronta.
   - Você nunca estará.
   - Larissa as coisas não são tão fáceis.
   - Passei a tarde inteira na companhia daquele menino, não sabe o que esta perdendo.
   - Camila não tem esse direito.

             Larissa jogou o pano de prato na mesa e saiu da cozinha. Estava irritada. Há três semanas ela acabou conhecendo o pequeno João Gabriel, durante uma visita que fez a Heloisa o menino tinha vindo passa o dia com a avó. João logo simpatizou com Larissa. Ele era um menino inteligente e muito esperto. Muito se parecia com a mãe. Depois de longas horas Lary voltou pra casa, lembrou-se de uma visita inusitada que recebeu dias antes em seu escritório.

Dias antes...

   - Olá! Boa tarde, gostaria de falar com a Dra. Larissa Couto.
   - A senhora tem hora marcada?
   - Não, mas diga é a Maria Eduarda Lins. Ela me recebera.

A secretária afastou-se e foi até a sala. Minutos depois voltou.

   - Senhora Maria Eduarda, por favor, Dra. Larissa vai recebê-la.
           
            Duda acompanhou a secretária até a sala de Larissa. Assim que entrou a morena se aproximou para cumprimentá-la. Duda não pode deixar de olhar Larissa dos pés a cabeça. Sentiu-se desanimada Larissa era uma mulher extremamente atraente, sua simpatia e sua simplicidade era o que mais cativava as pessoas. Deu o braço a torce com o tempo acabou ficando mais próxima dela, já que Larissa tinha se tornado além de professora uma grande amiga de Camila.

   - Confesso que estou surpresa com sua visita. – disse Larissa – Tudo bem?
   - Imagino! – falou Duda. – Espero que não esteja atrapalhando.
   - Fique tranqüila, não esta atrapalhando. Sente-se.

   As duas se cumprimentaram cordialmente. Depois Duda sentou Larissa sentou-se na cadeira ao lado.

   - Então?- indagou Larissa curiosa com aquela visita.
   - Precisava falar com você. – Duda tinha um tom de voz de nervosismo Lary percebeu.
   - Falar comigo! Certo do que se trata?

            A conversa foi longa, Maria Eduarda abriu seu coração, Larissa escutou pacientemente tudo que a Duda falava, ora e outra se mostrou surpresa ao saber do passado da mulher com quem vivia, também ficou muito comovida ao saber dos infortúnios que ambas passaram para poder ficar juntas. Larissa sentiu cada palavra que Duda lhe dizia, podia ver o sofrimento e o desespero nos olhos daquela mulher.

   - Sinto muito... – respondeu com sinceridade.
   - Luiza não é apenas a única mulher que amo, mas também a mãe dos meus filhos. – dizia com a voz embargada.  – Não é fácil criar dois filhos sozinha. Mesmo tendo todo apoio do Lucas é que pai da Maria Luiza ainda é muito complicado. João Gabriel nunca se recuperou da perda da mãe, até hoje ele sofre por não ter Isa por perto. Ultimamente ele tem muitos problemas de relacionamento, tem pesadelos constantes. Ele chama por Luiza em seus delírios. Não sei como, ele a viu no shopping. Tentei dizer que era uma pessoa parecida com a mãe. – pausou Larissa ofereceu um pouco de água. – Aconteceu com meu filho o mesmo que aconteceu comigo. Ele viu Luiza, agora o pequeno esta achando que esta louco. João Gabriel tem dez anos, sempre foi uma criança saudável, mas ultimamente anda muito triste.

   - Não deve ser fácil pra ele que é tão pequeno.
   - Desde que Luiza reapareceu tenho o preparado para lhe contar que sua mãe na verdade não esta morta. Vou contar pra ele, Larissa. Meu filho tem o direito de saber.
   - Isa não se sente pronta para conhecê-lo. – ficou em silêncio - Embora...
   - Embora o quê?
   - Luiza tem vontade de conhecer o menino, mas esta com medo.
   - Você precisa me ajudar. – pediu.
   - Não sei como posso ajudá-la Maria Eduarda, não posso obrigar Tamires aceitar uma família que ela desconhece.
   - Quero minha mulher de volta Larissa!
Larissa engoliu em seco.
   - Você a ama? – perguntou Duda, estava séria.
   -Tamires é muito especial para mim, temos um relacionamento...
   - Fiz uma pergunta clara e objetiva, você a ama?
   - Eu gosto...
   - Estou perguntando se a ama Larissa? – Duda aumentou o tom.
            Larissa não sabia o que responder, sentia um imenso carinho por Luiza, até uma paixão arrebatadora mais toda aquela atração, todo aquele carinho estava longe de um amor de verdade.
   - Eu a amo mais que minha própria vida. – disse Duda – Ela também me ama, pode esta esquecida, mas aquela mulher me ama. Ela mais que ninguém lutou bravamente pra ficar comigo... O destino não nos colocaria duas vezes no mesmo caminho se não tivesse uma razão para isso. Posso fazê-la enxergar Larissa, posso fazê-la me amar como sempre me amou.
   - Eu... Eu... – as palavras de Duda causaram uma turbulência na emoção de Larissa.
 Duda percebeu o impacto de suas palavras. Enxugou as lágrimas e falou claramente.
   - Preciso que você a deixe.
   - Não posso fazer isso. – contestou Lary.
   - Você pode sim. Se não a ama deixe que eu faça isso. Luiza é uma mulher sofrida, a muito custo voltou a acreditar no amor, ela merece que alguém a ame com toda a força do seu ser. Você não pode fazer isso.
   - Eu amo ela. – faltou segurança na voz.
   - Não ama! – gritou Duda. – Pode gostar dela, mas não a ama. Luiza esta ludibriada por você, confundiu a gratidão com amor, você é a única pessoa que pode fazê-la olha para dentro. Dentro dela. Larissa dê uma chance a Luiza...
   - Porque você acha que ela não pode ter esquecido definitivamente você. Porque acha que ela não pode me amar de verdade? Os sentimentos mudam Maria Eduarda. – tentou argumentar.
   - Você tem razão Larissa, os sentimentos mudam. Mas amor de verdade apenas se ama uma vez. Aquele que bate e que fica, não importa quantas pessoas passem em nossa vida. Se tenho essa certeza toda, foi porque aquela mulher que hoje nem lembra meu nome me ensinou a isso. Acredito no amor que me uniu a aquela doce prostituta.
Larissa ficou sem argumento, sua cabeça fervilhava.
   - Maria Eduarda não sei o que pensar. – se entregou.
   - Luiza só começara olhar pra sua família se você a deixar. Deixe pelo menos ela ter certeza do que realmente sente.
            Duda e Larissa encerram a conversa. Desde desse dia as coisas mudaram para Larissa. Larissa sentia-se confusa, sentia-se triste diante de toda aquela situação começou a colocar em dúvida seu relacionamento com a Tamires. O sofrimento daquela jovem mulher a incomodava se colocou em seu lugar inúmeras vezes. Não sabia o que fazer. Num final de semana viajou a Natal, precisava da mãe, tinha difíceis decisões a tomar. Isa ficou apreensiva, algo a deixava em alerta. Queria viajar com Larissa mais Larissa pediu para viajar sozinha.
  - Não sei o que fazer mãe!
   - Você sabe o que fazer, minha filha.
            Larissa sentiu seu coração pesado. Embora as dúvidas já tinha decidido seu destino no instante que deixou se aproximar de Amanda e da Duda. Buscou força para o que estava por vi. Sua decisão causaria muita tristeza. Diante desse impasse percebeu a importância que Luiza representava em sua vida. Era apaixonada por Isa, mas sabia que aquela mulher merecia mais. Chegou em casa no domingo teve uma surpresa, o apartamento estava muito desorganizado estranhou lembrando da mulher que era extremamente organizada. Escutou os choros abafados. Foi até o quarto Isa estava encolhida na cama, chorava.
   - O que aconteceu? – perguntou Larissa se assustando.
Isa abraçou Larissa que força.
   - Não me deixa... – implorava. – Eu não quero te perder...
            O coração de Larissa ficou apertado, há minutos atrás tinha decidido ter uma conversar definitiva com Tamires. Mas agora vendo ela assim tão indefesa não tinha coragem de deixá-la. Larissa demorou a noite toda acalmando a mulher, as duas acabaram fazendo amor.
            Na manhã seguinte tinha um clima estranho. Isa olhava para Larissa com cara toda desconfiada.
   - Esta se sentindo melhor? – indagou Lary tentando quebrar aquele clima estranho.
   - No sábado eu o encontrei.
A morena olhou confusa. Os olhos das duas se cruzaram então ela entendeu.
   - Não estou entendendo.
   - Sábado eu o vi Larissa. – os olhos de Isa encheram de lágrimas. – Estava sozinha me sentia muito triste, estava com medo de que você me deixasse, queria conversar com alguém. – tomou fôlego – Então resolvi fazer uma visita a minha mãe, so que ela não estava em casa, o porteiro disse que tinha saído para casa da Camila junto com a Bella. Acabei indo pra lá ia fazer uma surpresa. So que quando cheguei lá tinha uma festa de aniversário. Aniversário de um primo da Amanda. De longe avistei um garoto loirinho, dos olhos azuis, assim que me viu ele parecia assustado, se escondeu atrás da Maria Eduarda. Naquele mesmo instantes milhares de flashes tomaram conta da minha mente, muitas lembranças daquele menino foram ficando clara. Acabei desmaiando. Sai da casa da Camila transtornada. Lembro do menino correndo atrás de mim me chamando de mãe. Já não tinha o olhar assustado.  
   - Amor! - Larissa abraçou a loira.
   - Senti tanto medo quando meu olhar cruzou com o olhar daquele menino. Uma força maior me mandando recuar. Se você estiver comigo eu posso vê-lo.
   - Estarei sempre como você Tamires. – Larissa abraçou Isa com carinho.
            Depois do café Larissa deixou Isa no trabalho e seguiu pro escritório, assim que chegou encontrou com a Maria Eduarda no saguão ela parecia muito nervosa.
   - Bom dia. – cumprimentou Larissa ao chegar.
   - Bom dia. – respondeu à recepcionista - Larissa! – chamaram.
Larissa mais uma vez não se mostrou surpresa ao ver Maria Eduarda ali.
   - Bom dia Duda.
   - Oi, bom dia, preciso falar com você!
   - Eu sei... Vamos para minha sala.
   Larissa e Duda subiram até o escritório.
   - Acabei de saber. Ela o conheceu.
   - É. Agora o rejeita.
   - Ela não o rejeita so esta com medo.
   - João Gabriel já foi rejeitado antes por Luiza e não imagina o sofrimento que aquele menino passou. Agora estou vendo acontecer à mesma coisa, não posso deixar acontecer. Larissa agora mais que nunca você precisa se separar de Luiza.
   - Sinto muito Duda mais não posso fazer isso.
   - Porque não?
   - Porque eu prometi que nunca a deixaria. – falou Larissa num tom alto, sentia-se frustrada. – A deixa ela ser Feliz comigo.
   - Eu deixaria Larissa se eu tivesse certeza que você realmente a ama. – os olhos de Larissa ficaram cheios d’água, estava ficando cansada. – O amor que sinto é tão grande que a felicidade dela esta a cima da minha, se a felicidade dela é você eu abriria mão do meu amor por ela.
   - Eu não a amo. – confessou Larissa sua voz saia embargada. – Tamires é uma mulher extraordinária, nos damos bem como casal, nos damos bem na cama, mas é só pele. – Duda fez uma cara feia ao ouvir a última frase – Sinto um carinho imensurável por aquela mulher, uma gratidão por te ajudado a salvar meu pai. Sou apaixonada por sua pessoa mais não a amo. Quero ficar com ela, mas não sei se serei capaz de amá-la como você a ama. Não posso magoá-la Maria Eduarda. Ela gosta de mim.
   - Termina com ela Larissa. Devolve-a pra mim. – implorou Duda.
Larissa não ia perpetuar aquela situação só estava adiando o final. Enxugou as lágrimas e olhou bem nos olhos da Duda.
   - Deixarei que ela decida. Mas Duda se ela escolher ficar comigo, juro por tudo que é mais sagrado, vou mover céus e terra pra amar aquela mulher como merece.
   - Se ela me escolher? – perguntou Duda parecendo àquela menina de 20 anos que se apaixonou por Isa.
   - Se o amor de vocês for tão forte como todos dizem que é. Vou me sentir a mulher mais feliz do mundo por ter devolvido a Luiza pro seu verdadeiro amor.
Duda deu um sorriso torto, foi até Larissa e abraçou. Seu coração sentia-se aliviado.
   - Você terá que conquistá-la sozinha. – informou Larissa. – Não posso deixá-la, não necessariamente.  
   - Larissa.
   - Duda, você terá que agir com calma, farei o possível para introduzi-la na vida da Tamy. Você terá que conquistá-la.
   - Tudo bem já fiz isso uma vez. So queria te pedi uma coisa. – Duda fitou.
   - O quê?
   - Não durma mais com minha mulher.
Larissa deu uma gargalhada.
   - Meio difícil não é?
Duda fez uma cara feia. Larissa então a tranqüilizou.
   - Tudo bem.
   - Sem sexo Larissa. Conheço a Luiza muito bem, sei do fogo daquela mulher. – Larissa deu outra risada, o pouco que conhecia a Duda percebeu que ela era uma mulher bem ciumenta.
   - Vou tentar! – respondeu.
   - Como assim vai tentar? Como Isa vai te esquecer se você continua transando com ela.
   - Como você mesmo disse...
   - Larissa não me faça bater em você.
Larissa riu.
   - Esta bom vou tentar resistir a Tamires.
Ali Larissa e Duda selaram uma grande amizade lá na frente.
     Larissa tinha um grande desafio a seguir, não seria nada fácil introduzir Duda na vida da Tamires, mas para isso contava com a ajuda da família. Os dias se passaram as coisas foram esfriando entre a morena e a loira, Larissa já não sedia os desejos da Luiza, o que gerava algumas brigas. Isa não conseguia entender a frieza da mulher. Sempre tiveram uma vida sexual tão ativa. Agora ela mal podia tocar na morena que ela sempre vinha com uma desculpa.
   -O que esta acontecendo Larissa? – perguntou Luiza irritada.
   - Não estou afim Isa... Estou morrendo de dor de cabeça... – tentava se desculpa.
   - Você nunca esta afim. Me diz o que esta acontecendo que não estou entendendo. Sempre nos damos tão bem agora... – Isa tinha tristeza na voz. – Você esta fria comigo. Já não somos aquele casal...
Larissa encarou aqueles olhos negros triste.
   - Acho que não esta dando mais certo Tamy... – a voz de Larissa estava tremula. Há muito tempo vinha adiando aquela conversa.
   - Não faz isso... – pediu recuando.
   - Acho que precisamos de um tempo. – falou Larissa segurando o choro.
   - Não...
   - Tamy, as coisas mudaram não finja que não se importa com sua família que eu sei que se importa. Você precisa se reaproximar do seu filho, das pessoas que fizeram parte de sua historia. – Lary se referia a Duda.  
   - Você esta terminando comigo por causa deles?
   - Não Luiza! Estou terminando porque as coisas mudaram só você que não quer aceitar isso, mesmo que não queria nem goste você é casada com a Duda. Teve uma historia com ela, isso muda as coisas. Me sinto mal diante dessa situação, sinto como se estivesse roubando você.
   - Eu gosto de você Larissa. – gritou - Não pode me obrigar gostar daquela mulher.
   - Talvez até goste, mas tenho dúvidas Tamy... Sinto muito... – Larissa já não segurava as lágrimas que foram invadindo sua face.
   - Mesmo que você me deixar não vou voltar com aquela mulher. Não vou... – esbravejou saindo do quarto.
          A separação foi inevitável. Luiza saiu daquela relação ressentida, estava extremamente magoada por Larissa ter desistido dela. Criou ainda mais raiva por Maria Eduarda, Isa acabou indo morar com a mãe. Nas semanas seguintes Isa entrou numa tristeza profunda estava inconformada por ter perdido a Larissa. Larissa também não ficou nada bem com o rompimento percebeu que gostava da loirinha mais do que imaginava.
   - Me arrependi sabia. – falou Larissa enquanto almoçava com Camila e a Duda.
   - Nem venha Larissa Luiza é minha mulher.
   - Deus sabe o quanto estou me segurando para não procurá-la e pedi que me perdoasse.
Uma onda de pavor tomou conta de Duda.
   - Você gosta da minha irmã não é Lary?
   - Descobrir que gosto mais do que eu pensava, Camila. Sinto falta das gargalhadas, das brigas devido minhas bagunças, de nossas corridas no calçadão, sinto falta da companhia, sinto falta do sexo. Aii como é bom.
Duda deu umas tapas nas costa de Lary.
   - Sua pervertida, pare de falar de como minha mulher é boa na cama.
Camila e Larissa deram uma gargalhada.
  - Eu espero que você a faça feliz viu. Se não vou pegar ela de volta pra mim. – ameaçou Larissa em tom de brincadeira, mas Duda ficou em alerta.
       Na semana seguinte Luiza foi à clínica tinha uma consulta marcada. O destino lhe fazia algumas reservas, depois que saiu da sala de dr. Brito foi movida pela curiosidade, saiu caminhando pelos corredores dos hospitais, aquilo lhe parecia tão familiar. Chegou à pediatria, seu coração foi acelerando. Um menino corria pelo corredor e esbarrou nela. Os olhos de ambos se cruzaram, Isa sentiu seu coração acelerar de forma desordenada, um filme foi passando em sua frente, inúmeras imagem daquele menino sugiram tão claras. Ele deu um passo pra trás, seus olhos pareciam hipnotizado, refletiam medo, alegria. Sua voz saia rouca. Um misto de emoções ocuparam o coração dos dois.
- Mamãe Isa... – disse o menino seus olhos já enchiam de lágrimas.
Luiza permanecia perplexa.
- Mamãe Isa... – repetia o menino dessa vez abraçando o corpo da mãe com toda sua força que possuía.
        Ao senti aquele pequeno corpo contraído com o seu Isa desabou num vendaval de emoções, abraçou o menino e chorava copiosamente. A alegria que sentia era indescritível. Ambos choravam sem parar. Duda não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Segurou na parede para não cair. Ficou observando aquela cena que parecia surreal. Foi se aproximando vagarosamente. Isa percebeu a presença de Duda. Levantou o olhar para encará-la.
   - É o meu filho – perguntou ainda com a voz chorosa.
Duda abriu um sorriso que iluminou a escuridão dos olhos de Luiza. Que mergulhou naquele sorriso.
   - É sim, é o seu filho.
           João Gabriel não parecia confuso embora estivesse um pouco assustado com aquela situação. Um mês antes Duda com a ajuda de Heloisa contaram ao pequeno o que aconteceu de verdade. A psicóloga ajudo-as explicar para o menino.  Depois de muitas sessões de terapia, muito dialogo com a Duda o menino finalmente conseguiu entender. O difícil era conter o seu desejo de ver a mãe já que Luiza tinha resistência. Duda sentiu medo de que o filho fosse rejeitado mais uma vez pela mãe biológica já que ele desenvolveu grandes problemas psicológico em rejeição.
   - Ele esta doente? – Isa teve uma atitude inusitada. Ajoelhou-se e começou a examinar o menino Duda achou muito engraçado.
   - Já estou bem mãe! – falou o menino de desvencilhando da mãe. Isa olhou envergonhada. – mainha Duda me disse que a senhora sofreu um acidente e que perdeu a memória. Nem se lembra da gente. – disse o menino seus olhos brilhavam e felicidade, voltou a abraça Luiza.
   - Tia Larissa disse que a senhora me ama muito mesmo que não se lembre de mim.
   - Ele conhece a Larissa. – explicou Duda.
   - Pelo visto a Larissa conquistou a família inteira. – disse Isa sarcástica.
   - Não é a toa que você foi fisgada por ela. – ironizou Duda.
João Gabriel permanecia abraçado a Luiza, parecia que tinha medo de que ela fugisse.
   - O que ele tem?
   - Uma virose apenas. Esse pivete anda tomando muito sorvete vai ficar gordo.
   - Mamãe quando é que a senhora vai voltar para casa?
Isa sentiu um embrulho no estômago. Não sabia o que responder.
   - Quando você vai voltar pra casa? – foi Duda quem perguntou dessa vez.
   - Preciso ir. – Isa tentou se soltar.
João Gabriel começou a chorar, Isa sentiu seu coração doer ao ver aquele menino chorando.
   - Moro na casa da sua avó, quando sentir saudade vá me visitar. – falou.
   - A senhora não me quer não é! – falou o menino cheio de raiva. – vá embora então... - o menino empurrou Luiza e saiu correndo. Nesse mesmo instante Isa teve uma lembrança que lhe deixou apavorada, lembrou de um menino de quatro anos idade, ela estava sentada no piado ele se se aproximou seus olhos estava vermelho de tanto chorar.
- não quero que seja minha mamãe... – dizia o menino empurrando suas pernas.
Naquele mesmo instante Isa foi atrás do filho, Duda a segurou pelo braço.
   - Ele já foi rejeitado por você uma vez. Não vou permitir que faça de novo. – disse Duda seriamente. Isa então recuou. Duda saiu atrás do filho.
        Aquele encontrou abalou muito Luiza, ela voltou pra casa muito triste chorou a tarde inteira, sentia falta de Larissa. Por ironia do destino Larissa lhe ligou, percebeu o quando Tamires precisava dela. Saiu do escritório mais cedo, Isa foi para seu apartamento. Passaram a tarde inteira conversando. Isa chorava copiosamente, descreveu tudo que sentiu ao ver aquele menino. Contou da lembrança que teve, lembrança essa que lhe deixava um gosto amargo na boca.
   - Luiza. Vá morar com a Maria Eduarda. Fique perto do seu filho.
Isa encarou Larissa confusa não entendia o que ela quis dizer.
   - Prove para si mesmo que seu passado não tem mais importância. Se dê a certeza de suas novas escolhas. Olhe pra dentro Tamires.
   - Larissa.
   - Sabe o que penso. Que você esta com medo de se redescobrir. A médica dedicada que sempre foi. A mulher apaixonada que é pela Duda. A mãe extraordinária... Você esta com medo de se conhecer.
Isa ficou longos minutos em silêncio.
   - Não sei se consigo.
   - Você é mais forte que pensa.

6 comentários:

  1. Pelo amor de Deus eu quero mais ;-;
    Dahmer.

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  2. Que dê certo isso né, Isa e Duda pfvr. (of luh cade voce n vejo seus comentarios mais)
    Carine.

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  3. LINDO LINDO LINDO E LINDO
    AHHH TO LOKA PRA VER A ISA MORANDO COM A DUDA NO MINIMO VAI SER EXCITANTE HAHA;;; A DUDA NA MSM CASAA QUE A LUIZA E NAO PODER NEM DAR UM BJINHO NELA HAHA;; ESSA EU QUERO VER..PF POSTE RAPIDO.BJOO

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  4. AH MAIS UMA COISA NEH EU SOU NOVA AQUI NESSA HISTORIA PQ DESCOBRI O BLOG A POUCO TEMPO MAS POSSO DIZER QUE JA AMEI TUDO JA LI ''MINHA DOCE PROSTITUTA'' E ESSA HISTORIA ATE HJE COM CERTEZA É A MAIS LINDA QUE JA LI PARABENS PARA A AOUTORA DE VERDADE!
    VOU COMENTAR OS CAPITULOS MAIS RECENTES DESSA AQUI
    BJOOO

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  5. nada até agora ;-;
    dahmer.

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  6. De quanto em quanto tempo vc costuma postar as continuaçoes da sua historia?
    (Mary)

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