segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Por Amor II

Dois meses depois


   - Oi pai.

   - Filho! – os dois homens abraçam emocionados.

   - Vou te tirar daqui pai! Juro que vou te tirar daqui, depois vou acabar com a vida daquela cadela.

        Malbec tinha um semblante pesado, embora estivesse na cadeia sua vida atrás das grades não era das piores, lá encontrou muitos criminosos que lhe deviam favores. O traficante tinha suas regalias, porém ele não estava bem, sentia falta de sua liberdade. Por dentro estava consumido em desespero, os anos agora lhe pesavam, sentia-se cansado. Para ele estar preso era pior que a morte, ja tinha traçado seu destino. Ali marcou o destino de muitas pessoas que sofreriam num futuro próximo.
   - Você é o novo rei! – disse o velho – Você meu pupilo é quem manda agora naquela porra!
   - Pai!
   - Volte para casa e assuma meu lugar! Faça o que tenha que fazer! Você que está no comando agora. – afirmou o homem.
         Pupilo era assim que aquele homem gostava de chamar o filho, o abraçou carinhosamente, despediu-se em silêncio. Raul não conseguiu compreender a atitude do pai. Agora seu passado tornará seus pesadelos. Todo sofrimento que causou a muitas famílias, se multiplicaram dentro de si, Malbec se entregou a angustia e desistiu da vida. Naquela mesma noite foi encontrado morto em sua cela, tinha se enforcado. Raul recebeu a notícia da morte do pai, foi tomado pelo desespero. A dor deu lugar ao ódio, procurou culpado para aquele sofrimento. Jurou vingança, aquela que tinha lhe proporcionado tamanho dissabor.
         Enquanto trabalhava em outro caso Larissa recebe a notícia o homem tinha se suicidado na cadeia.
   - Sua morte não terá sido em vão meu pai! – dizia o homem chorando diante do caixão do pai. – Vou vingá-lo. Nunca mais aquela mulher terá paz.
         Raul jurou vingança. A dor que sentia era tamanha, jovem aos 25 anos de idade, muito cedo iníciou na vida do crime. Sempre esteve as sombras do pai. Agora com sua morte, precisava assumir seu lugar. Comandava um império. Um homem de muitas mulheres, porém a única que assumia era a jovem Alicia, uma moça pobre sem muitas escolhas, os dois viviam juntos a algum tempo, ela sabia de sua vida criminosa, além de tudo era um homem infiel e violento. Mesmo assim se via submissa aquele homem, laços a prendiam a ele.
      Raul tinha plano, se dedicou nos meses seguintes em solidificar ainda mais seu império, sem esquecer seu maior objetivo que era acabar com a vida daquela que ele considerava responsável pela morte de seu pai. Estudava cada passo da Larissa. Sabia seus horários, os lugares que freqüentava, as pessoas com quem se relacionava, finalmente tinha conseguido o que queria. Estava a um passo de executar sua vingança.

Capítulo dois

O plano

   - E ai, ta tudo certo para hoje à noite? – perguntou para a mulher sentada a sua frente.
   - Claro. Tudo em cima. – a mulher deixou escapar um sorriso no canto da boca
         Suelén era uma das amantes de Raul, uma ruiva alta de corpo escultural. O homem teve a idéia de fazer a amante se aproximar de Larissa, já que depois de uma grande pesquisa, descobriu que ela era gay. Raul tinha homens vigiando Larissa 24 horas por dia e um detetive particular pode lhe passar informações sobre todo passado da morena.
        O homem não queria perder nenhum detalhe, quanto mais demorava em executar sua vingança maior será o ódio que o consumia. A ruiva aceitou o convite feito por Raul se aproximaria de Larissa, o que Raul deseja era que as duas tivessem um caso, isso era apenas a primeira fase de seu plano.
       Suelén usava um vestido preto, deixando a mostra suas curvas. Por uma coincidência forçada, participaria de um congresso sobre direito penal onde Larissa era palestrante. Se fazendo passar por estudante de direito, a ruiva tentava a todo custo de aproximar da promotora, no final da palestra resolver ir até a morena que cumprimentava alguns amigos. Depois de muita insistência de sua parte, algumas indiretas e olhares lançados de forma tentadora, à única coisa que a ruiva conseguiu foi um cartão com os números e email de Larissa. Instruída por Raul, a ruiva queria mais, tentou de forma sedutora chamar Larissa para uma saidinha, mas a morena foi bem clara e direta.
   - Desculpe, não estou disponível. – a voz firme e suave, fez com que a ruiva finalmente desistisse.
        De volta à casa a ruiva informou que plano não havia dado certo e teve que enfrentar a ira do homem.
   - Você é mesmo uma vagabunda imprestável. – gritou.
   - Eu fiz o melhor que pude. Você que deve ter se enganado, ela não deve ser sapata como poderia resistir a mim? – fez uma pose sexy totalmente vulgar.
   - Sai da minha frente sua vagaba não quero mais ver sua cara.
   - Mas Raul, eu preciso do dinheiro que você me prometeu. – o homem se aproximou da ruiva, acariciou sua nuca entrelaçando sua mão nos fios de seus cabelos, aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou:
   - Você quer dinheiro... Então vai rodar a bolsinha lá no calçadão, sai agora da minha frente antes que te mate, sua vaca! – empurrou a mulher com força contra a parede, a pobre coitada saiu correndo da sala.
   Olhos atentos e bem escondidos presenciaram toda a cena de Raul e a ruiva.
        Alicia estava cansada, apesar de ter um lugar que aparentava ser importante na vida do traficante, na verdade só era mais uma. Queria mais que um título de mulher oficial, para isso teria que mostrar ao homem que podia confiar nela. Queria deixar de ser a mulherzinha passiva que tudo sabe, mas nada faz. No dia seguinte acordou cedo, foi até o escritório onde Raul se reunia com alguns de seus comparsas, pediu para ficar sozinha com ele, disse que tinha algo sério a lhe falar.
   - Tudo bem, seja rápida, não estou em um dos meus melhores dias. – o homem falou friamente.
   - Eu sei, vou ser clara e objetiva como você gosta. – respirou fundo – Eu sei do seu plano, contra a promotora.
        Raul arregalou os olhos, apesar de manter Alicia como sua “mulher”, seguia os ensinamentos do seu pai, manter a esposa sempre longe de seus negócios.
   - Como, o que foi que você disse?
   - Antes de ficar nervoso, me escute, uma mulher como essa tal promotora nunca iria se interessar por aquela vagabunda que contratou. – Raul não parecia acreditar no que sua mulher dizia. O plano contra a Larissa era coisa guardada a sete chaves, como descobriu.
   - Como você sabe?
   - Não sou burra, escute ela é uma mulher fina, chique, experiente, deve ter sacado logo que ela era uma pilantra. – Raul permanecia calado até ouvir a seguinte frase – Eu posso ajudar você.
   - Hahahahaha. – gargalhou em voz alta – Você? – Raul menosprezava a capacidade de Alicia, achava que só era uma mulher bonita, isenta de qualquer intelecto.
   - Por que não? Pelo menos, mais inteligente do que ela sou, e é claro bem menos vulgar. Eu sei que consigo. Aquela vadia vai entrar na minha. – tentava expressar segurança.
   - Como você pode ter certeza? – duvidou mais não rejeitou a possibilidade.
   - Eu me garanto e você sabe disso. – Alicia deu um sorriso confiante.
   - Eu não sei... Você vai ter que trepar com aquela vadia.
Alicia fez cara de nojo.
   - Vai ter coragem galega, de trepar com aquela vadia?
Alicia pensou por um momento, sabia que teria que fazer isso, mas o desejo de liberdade era maior.
   - Nem sempre trepar quer dizer sentir prazer.
 O homem balançou a cabeça negativamente.
   - Talvez, pode ser uma boa idéia, apesar de não gostar nenhum pouco de saber que aquela vadia vai comer minha mulher.
   - Ela nunca vai suspeitar de mim.
   -Tá, você me convenceu.
   - Mais tem um, porém.
   - Um, porém? – o homem a olhou curioso.
   - Eu quero o dobro do que você ia pagar aquela idiota.
   - Você está doida mulher!
   - Se eu não fizer o trabalho direito nem precisa me pagar, agora se eu conseguir o que você quer. Quero o dobro.
Raul ficou pensativo por alguns instantes.
- Ok!


        Alicia voltou para casa animada, sabia que aquele era o primeiro passo para sua independência. Raul nunca deixou que nada lhe faltasse, sempre lhe deu do bom e do melhor, mas ela estava cheia daquela vida, queria mais, muito mais.

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