Cap - 14 - Chamado da alma.
Sexta-Feira
Em Terê...
Novamente Paula saiu da mesa de jantar se desculpando como havia feito na noite anterior. Ia para o quarto e ficava pensando no seu objeto de desejo: Tarine.
Tomou um banho e jogou se na cama ainda nua, enrolada apenas com a toalha. Ficou de costas no colchão de olhos fechados envolta em seus pensamentos, quando sentiu um peso na cama ao seu lado.
- Hum... Tava me esperando é? – Sussurrou Thiago já a livrando da toalha.
Paula assustou se e tentou contestar, mas sua boca já havia sido invadida pela língua de Thiago.
Paula relutava, mas não conseguia se livrar. E quando Thiago finalmente lhe deu brecha o empurrou e disse:
- Para Thiago! Eu não estou muito bem, por favor me deixe descansar.
- O que? Paula já faz três noites que você não me deixa nem te tocar o que está havendo? – Perguntou incrédulo.
Paula havia desistido da tarefa difícil de esquecer Tarine se entregando á Thiago, nesses dias que se passaram. A última tentativa na Segunda-Feira, não conseguiu sentir nada além de dores, mas deixou que Thiago fosse até o fim para que não desconfiasse. A última coisa que queria era revelar a ele seus sentimentos pela melhor amiga.
Thiago não quis discutir, deixou a no quarto batendo a porta atrás de si. Não agüentava todo aquele desprezo, decidiu tomar um drink na sala de estar. Serviu se de uma dose de wisky puro, logo mais um, e outro, perdeu as contas de quantos havia entornado. Decidiu ir dormir, subiu as escadas com muito esforço – estava alterado – Parou de frente a porta de seu quarto e olhou para o quarto onde Paula dormia. O seu estado era lastimável, deixou que a bebida tomasse conta de seu corpo e mente e entrou no quarto de Paula.
Paula dormia tranquilamente ainda coberta pela toalha. Despertou se ao sentir o peso de Thiago sobre si. Sentiu o cheiro forte de bebida, e retesou todo o seu corpo ao perceber o que a aguardava. Relutou bravamente, mas as forças não se comparavam. Thiago a segurou pelos braços acima da cabeça com uma de suas mãos e com a outra afastou as suas pernas. Não houve como fugir, tentava gritar, mas a boca de Thiago abafava o seu grito. Paula mordeu com força o lábio de Thiago... Nada adiantou, sentiu até o gosto do sangue, porém ele não parou. Sentiu seu membro penetrando a, com força, em movimentos rápidos. Sentiu dor, muita dor. Seu pênis a penetrava sem piedade, chorou... Gritou, mas tudo era em vão. Não deixou de lutar nem por um instante, suas forças já se esvaiam, mas não desistiu. Tentou livrar os seus braços, não conseguia. Era uma tortura impiedosa... O odiou... Quis morrer... Quis... Tarine. Percebeu que ele não pararia enquanto não acabasse. Pensou em Tarine, em como a queria ali para defendê-la, para confortá-la. Deixou se levar pelas lembranças da infância, tudo para que aquele momento passasse... Enfim... Thiago deitou se sobre ela, ofegante. Feliz, mal sabia o mal que havia feito, que a havia perdido para sempre.
Paula o empurrou para que saísse de cima de si. Levantou se.
- Sai do quarto Thiago. Saia daqui. Não quero mais te ver. Eu vou embora, nenhum minuto mais nessa sua mísera vida pense em me procurar. – Disse gritando, sem se preocupar em acordar os pais de Thiago.
Thiago saiu do quarto, dando se conta do mal que havia feito. Não pensou, não agiu de maneira correta, e agora era tarde. Não quis dizer nada. Não adiantaria naquele momento.
Paula entrou debaixo da água fria, esfregando o corpo com o sabonete, como se isso ajudasse a apagar os momentos de tortura de sua mente e de sua vida. Chorou compulsivamente, gritou...
No Rio...
Tarine dormia tranquilamente em sua cama, sonhava com Gabrielle, o mesmo sonho de todas as noites... Um beijo... Derrepente uma angustia, Paula apareceu no sonho. Estava correndo de algo, gritando o seu nome, e chorando.
Tarine acordou assustada...
“Paula...”
Pegou o celular e ligou... Chamou, e não atendeu... Ligou novamente, nada... Mais uma vez e Paula atende.
Em Teresópolis...
Paula escuta o celular tocar e sai do banheiro ainda nua e atende, sem olhar no visor. Sentia que era Tarine, não precisava olhar. Ela sempre esteve ao seu lado nos momentos difíceis. Sempre pressentia quando as coisas não iam bem.
- Alô! – Atendeu como se já soubesse que era ela.
- Paula. Sou eu. – Disse Tarine.
- Eu sei... – E começou a chorar sem parar.
- Paula pelo amor de Deus o que houve amiga?
Paula continuou chorando.
- Paula, escuta. Não fica assim, estou indo te buscar agora. Me dê o endereço.
Tudo que Paula queria era isso, que Tarine a viesse buscar. Deu o endereço.
- Já estou indo amiga. Fica calma, daqui uma hora estou ai. – Disse Tarine tentando acalmá-la.
No Rio...
“To indo te buscar amiga... não se preocupe” – Disse pra si mesma.
Não quis pensar no que podia ter acontecido, só queria ir ao encontro dela. Pegou as chaves do carro e sai em direção á Teresópolis.
Em Teresópolis...
Paula reuniu suas roupas, e saiu do quarto em silêncio para não acordar ninguém. Esperou Paula do lado de fora. Uma hora e vinte minutos depois Tarine encostou o carro na frente da casa. Paula entrou no carro e se olharam... Antes de qualquer pergunta, se abraçaram, como se o mundo não mais existisse, ficaram naquele abraço por muito tempo, não se sabe dizer exatamente quanto tempo... Soltaram-se do abraço e se olharam, não disseram mais nada, os lábios apenas ameaçaram se encontrar, se aproximaram uma da outra lentamente, os olhos não se desviavam. O beijo quase aconteceu... Eu disse QUASE. – Sempre tem alguma coisa que atrapalha desta vez não seria diferente.
- Tarine, vamos, preciso sair daqui... Esquecer esse lugar.
Ela mesma... Quem diria... – Comentário á parte –
Tarine se sentiu estranha... Rejeitada. Fingiu não se importar. Ligou o carro e nada disse.
Seguiram pela Av. Delfim Moreira, e um temporal começou a cair.
- Paula, não podemos sair nessa chuva. Vamos procurar um hotel.
Paula apenas concordou. Nada disseram durante todo o caminho.
- Veja! Uma placa de hotel... Vamos seguir nessa direção. – Disse Tarine virando em direção ao sentido da placa.
Encontraram o hotel. Simples... Mas era a única opção no momento.
Desceram do carro abraçando se para aproveitar o casaco que Tarine usou para cobri-las. O contato dos corpos despertaram em ambas novamente um sentimento estranho. Não para Paula, apenas para Tarine.
Chegaram na recepção e pediram um quarto.
- Temos apenas uma suíte disponível senhoritas. – Disse a recepcionista.
Paula ficou roxa de vergonha quando Tarine olhou em sua direção esperando uma aprovação. Colocou a mão sobre a nuca e desviou o olhar.
- Tudo bem. Ficaremos apenas esta noite. – Disse Tarine.
Seguiram o rapaz que lhes mostraram o caminho até a suíte. Entraram no quarto e sentaram se na cama.
- E então... Quer conversar? – Perguntou Tarine.
- Não! Só quero descansar. E... – Hesitou por um momento... – E... Deitar abraçada com você Tarine... Pode fazer isso por mim?
Tarine olhou a nos olhos e respondeu lhe dando um abraço apertado. Não poderia resistir, não queria...
- Isso quer dizer SIM? – Perguntou se livrando delicadamente do abraço.
- Claro que sim Paulinha. – Disse e beijou sua boca. Não sabia o que lhe dera, mas um desejo enorme tomou conta de si.
Paula assustou se, mas não impediu, entregou se num beijo ardente.
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