Cap. 23 – Mistérios do Destino.
As duas almas e os dois corpos agora se separavam, seguiriam seus rumos, refariam seus próprios destinos...
Estavam decididas, uma á não voltar atrás, e outra á não interferir na escolha. Mas os MISTERIOS DO DESTINO, os quais nos mostram caminhos diversos, os quais nos deixam a escolha, desta vez tomou proporções diferentes. E quando o destino resolve tomar as rédeas, nem mesmo as escolhas nos são oferecidas.
Paula pediu ao taxista que á levasse até o escritório de advocacia onde entregaria os papeis que faltavam... Deu o endereço.
Tarine seguiu em direção ao seu apartamento para trocar a roupa, afinal era madrinha do casamento de Gabrielle, mesmo assim ficaria responsável pelos ajustes finais e organização, mesmo que de longe. Entraria com o irmão de Luiz. No carro, cansada do silêncio e de chorar ligou o rádio...
“Agora com vocês mais um sucesso pra você que está aí chorando de amores... Essa Paixão de Guilherme e Santiago...” – Disse o locutor.
O taxista pediu permissão á Paula para aumentar o volume do rádio, pois gostava muito da musica que iria tocar.
- Por mim tudo bem... – Respondeu Paula.
Logo a música começou a tocar...
“Eu me rendo você me pegou,
Seu amor de mim não sai.
É demais a minha dor,
Hoje estou á seus pés e fugir não dá mais...”
Ao mesmo tempo Tarine ouvia a música atentamente...
“Essa paixão me machucou,
Dentro de mim um grande amor ficou.
Meu coração você feriu,
Me enfeitiçou de amor depois sumiu.”
Paula não pode deixar de se emocionar, viu na canção a história de sua vida, preferiu se distrair, mas a música ficava ainda mais profunda...
“Eu tentei quis evitar,
Mas não deu eu me entreguei.
Uma noite e nada mais,
Eu te amei e me apaixonei...”
Tarine já não segurou as lágrimas, deixou que rolassem ao longo da música que tocava no fundo de seu coração.
“Diga por Deus onde foi que eu errei,
A saudade faz,
Eu te amar de mais...”
Paula chorou copiosamente. Em sua mente nada mais que Tarine e a vontade imensa de correr para os seus braços, mas provavelmente estaria com Gabrielle. Desistiu.
- Algum problema moça? Quer que eu pare. – Perguntou o motorista
- Não... Estou bem, por favor continue, se puder ir mais depressa... Tenho um vôo ainda. – Respondeu enxugando as lágrimas.
E continuaram as duas cada uma em seu rumo, nada tinham a fazer, as escolhas já haviam sido feitas, agora era esperar e esquecer...
13:35
Na igreja...
- Gaby, você está... Linda... Meu Deus... – Disse Tarine ao entrar na sala de espera da igreja onde Gabrielle se preparava e ajeitava os últimos detalhes...
Se olharam nos olhos. Um turbilhão de emoções bailaram entre ambas... Felicidade... Amizade... Pêsames... Enfim, todo sentimento bom e ruim...
Gabrielle sentiu seu coração acelerar ao sentir o toque de Tarine em seu rosto...
- Gaby... Eu sinto muito... Sinto muito não ter te dado o amor que eu queria...
- Mas pode Tarine... É só me pedir... É só pedir que eu cancelo tudo e fico com você... Me peça... – Disse Gabrielle sustentando o olhar.
Tarine se afastou por um instante, virou lhe as costas como se quisesse esconder sua tristeza e surpresa.
- Mariana... – Disse Gabrielle.
- O que? – Perguntou Tarine que não entendeu o que significava aquele nome.
- Mariana. – Repetiu e levou a mão ao colar.
Um silêncio, Gabrielle se sentou e começou a contar...
- Ela me deu esse colar quando partiu... Foi numa tarde de Maio, há quinze anos atrás... Era meu aniversário de debutante, eu me lembro como se fosse ontem... Meu primeiro amor... Éramos amigas, assim como você e Paula. Foi uma escolha dura... A pior que tive que fazer... Tive que deixa-la ir... Assim como você está fazendo agora Tarine... Eu me arrependo, nunca mais consegui amar ninguém, até encontrar o Luiz... E agora você...
- Você o ama? – Perguntou Tarine. Fingindo ignorar a ultima frase.
- Amor não é a palavra certa Tarine... Há coisas que gosto nele.
- Então... Como pode simplesmente viver uma vida de mentiras? – Perguntou Tarine indignada.
- Não é uma mentira Tarine, eu apenas fiz uma escolha... Uma escolha da qual me arrependo hoje... Não faça igual Tarine... Confesso que se você me pedisse eu largaria tudo pra ficar com você... Mas... Sei quem você ama... Não cometa o mesmo erro Tarine...
Tarine se aproximou de Gabrielle e se abaixou para ficar de sua altura.
- Eu... Quero você... – Disse Tarine acariciando o rosto de Gabrielle...
- Sei que não... Não me iluda Tarine... Nunca seremos felizes. - Disse Gabrielle virando o rosto.
- E será feliz com ele? – Perguntou Tarine pousando a mão sobre a de Gabrielle, o que não lhe causou o arrepio de sempre.
- Tive a chance de ser feliz... E não quis... Não perca a chance que tem... Vai atrás dela Tarine. – Disse Gabrielle segurando forte a mão da outra.
- É tarde... Demais... E ela está com... Outra... – Disse olhando para o nada como se sentindo a dor da lembrança do beijo apaixonado entre Paula e Arlete.
- Não será tarde se você correr... Vai Tarine... Não seja teimosa. – Disse Gabrielle fingindo se de brava.
14:10
Paula chegou ao aeroporto atrasadissima, precisava logo efetuar o Check-in. Chegou no balcão da empresa aérea e apresentou a identidade.
- Boa tarde Senhora... Qual o destino? – Perguntou a atendente.
- Felicidade – Respondeu Paula.
- Como? – Perguntou a atendente.
- Digo... Paris... Paris. – Corrigiu Paula.
Estava tão perdida em seus pensamentos que nem percebeu a cara da atendente: “Passageira louca...”. – Pensou...
Tarine sai correndo da igreja de vestido e cabelo preso em um penteado... Pegou um Táxi e pediu...
- Não dirija... Voe... Até o Galeão – Disse Tarine se ajeitando no banco de trás do táxi.
Da igreja de Nossa senhora da Candelária até o aeroporto eram 20 min, o transito livre á esta hora da tarde facilitou para que o motorista realmente provasse sua eficiência, chegou ao aeroporto em 15 min.
14:25
Depois de despachar as bagagens ficou no saguão esperando... aguardando não sabe o que fora da sala de embarque. Ainda tinha esperança de que talvez...
“Melhor desistir ela não virá...” Levantou se e seguiu para a sala de embarque.
- Paulaaaa. – Gritou Tarine assim que a viu se levantar e parar na porta da sala de embarque.
Paula parou, endureceu os músculos...
“Meu Deus... Estou ouvindo coisas...”
Sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos ruins e entrou na sala de embarque.
Tarine sabia que depois que ela entrasse não permitiriam que a seguisse. Mais uma vez, havia chegado tarde demais.
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