Cap – 2 - Revelação
Tarine respirou fundo como que para aliviar toda a tensão. Disse de uma só vez:
- Eu acho que sou lésbica! Pronto falei – Disse e se afundou na cadeira evitando olhar nos olhos da amiga.
- O que? - Gritou Paula. – Você é lésbica? – Gritou ainda mais. Tarine se levantou e tapou a boca da amiga com a mão.
- Paula olha o escândalo. Sua louca!
Tarine livrou sua boca e sentou se novamente em sua cadeira. O silencio ainda tomava conta da sala.
- Não vai dizer nada? – Perguntou Tarine.
- Como você sabe disso? Já beijou alguma? Já... Tran...
- Não. – Interrompeu.
- Então como pode saber?
- Não sei... Alias eu sei, mas... Olha vou te contar tudo só fica quietinha e não grita.
Paula assentiu com um leve gesto de cabeça.
Tarine contou como se esbarrou com Gabrielle, e como foi o seu encontro com ela, descreveu a mulher, as reações, o sentimentos que lhe percorreram durante a semana, do que havia pensado todos esses dias.
- Tarine! – Disse ficando boquiaberta. – Isso é... Estranho. – e fez uma cara engraçada.
- Eu sei Paula. Mas você é minha amiga e tem que me ajudar com isso. Eu to ficando louca. Eu sonho com ela, eu a vejo na rua, em todos os rostos em todos os lugares, eu tenho que encontrá-la novamente e você vai me ajudar.
- Eu? Olha Ta... Isso é loucura, você só pode estar delirando. Vou te levar no meu analista.
- Paulaaaa! Para com isso! Eu não sou nenhuma neurótica... Tá bom... Olha só... Eu queria que me ajudasse. Que ficasse do meu lado.
Um silêncio pairou entre ambas.
- Tá sua louca... O que quer que eu faça?
- Não sei!
E riram muito.
- Se quer conquistar essa mulher tem que ter um plano não?
- Plano?
- É.
- Que plano?
- Comece convidando a para sair.
- Eu nem sei onde ela mora, nem onde trabalha... Só um cartão de um restaurante que ela deixou cair e eu devo ter colocado em minha bolsa.
- Então... Como é que quer que eu te ajude? – Disse já prevendo a resposta.
- Aí que você entra...
- Não... Não... Não... Tá louca? Não vou investigar ninguém.
- Vamos lá Paulinhaaaa – Disse fazendo uma cara suplicante. - Me ajuda vai. Não vai ser a primeira vez que você dá uma de espiã. Por favorêêê.
- Ai! Tarine, você não existe. Naquele tempo eu era uma desocupada e você me fez chantagem.
- Não quero saber. Você é minha amiga e tem a obrigação de me ajudar. Se vira. Preciso de informações sobre ela. Já te ajudei muito nessa vida... Agora é sua vez.
- Ai! Mais chantagem... Emocional agora... Ta bom me dá uma semana ok!
- Uma semana? Não posso esperar tudo isso.
- Tarine eu tenho trabalho a fazer aqui no escritório. Na posso simplesmente largar tudo aqui assim e ceder aos seus caprichos.
- Caprichos? Não são caprichos Paula. Dois dias
- O que? Não... Não mesmo. Cinco dias.
- Três dias e eu faço todo o seu trabalho.
Paula pensou um pouco:
- Fechado.
- E você começa hoje.
- Hoje?
- Agora!
- Aqui está. – Paula depositou uma pilha de papeis sobre a mesa de Tarine.
- Paula! Como você deixa acumular tanta coisa assim?
- Estávamos sem sistema semana passada se lembra? Tivemos que fazer tudo manual sua assistente terminou hoje de passar tudo para o computador, mas os orçamentos com os terceirizados quem tem que fazer somos nós... Então ao trabalho...
- Paula. Tomara que você me venha com boas noticias porque se não eu vou ficar muito revoltada com você e torcer esse teu pescoço.
- Fique tranqüila, estou indo agora mesmo no restaurante do cartão que você me entregou.
- Tá bom! Não deixe de me manter informada.
- Ok! Tchau.
Tarine olhou para a pilha de papeis sobre sua mesa, respirou fundo:
- É por uma boa causa.
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